MÁRCIO GOMES ARAÚJO DIOGO PÁDUA KROHLING ANÁLISE DE FATORES ERGONÔMICOS EM UM ARMAZÉM GERAL DE CAFÉ DO MUNICÍPIO DE MARECHAL FLORIANO, ES.



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Transcrição:

MÁRCIO GOMES ARAÚJO DIOGO PÁDUA KROHLING ANÁLISE DE FATORES ERGONÔMICOS EM UM ARMAZÉM GERAL DE CAFÉ DO MUNICÍPIO DE MARECHAL FLORIANO, ES. Trabalho apresentado ao Departamento de Engenharia Elétrica e de Produção da Universidade Federal de Viçosa como parte das exigências para a conclusão do curso de Engenharia de Produção. Orientador Prof. Luciano José Minetti VIÇOSA MINAS GERAIS - BRASIL 2007

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 6 1.1. Importância e caracterização do problema 6 1.2. Objetivos 7 2. REVISÃO DE LITERATURA 7 2.1. Ergonomia 7 2.1.1. Perfil dos colaboradores 8 2.1.2. Avaliação da carga de trabalho físico 2.1.2.1. Freqüência cardíaca 8 9 2.1.3. Riscos ambientais 9 2.1.3.1. Ruído 10 2.1.3.2. Iluminação 11 2.1.3.3. Poeira 12 2.2. Padronização de café em grão cru 12 3. MATERIAL E MÉTODOS 14 3.1. Caracterização do local de estudo 14 3.2. Perfil dos colaboradores 14 3.3. Atividades desenvolvidas 15 3.4. Determinação da carga de trabalho físico 19 3.5. Análise dos fatores ambientais no local de trabalho 19 3.5.1. Ruído 19 ii

3.5.2. Iluminação 20 3.5.3. Poeira 20 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 20 4.1. Análise das atividades desenvolvidas e condições de trabalho 20 4.2. Análise da carga de trabalho físico 21 4.3. Análise dos fatores ambientais 21 4.3.1. Ruído 22 4.3.2. Iluminação 22 4.3.3. Poeira 23 5. CONCLUSÃO 23 6. SUGESTÕES DE MELHORIA 24 7. REFERÊNCIAS 26 ANEXOS 27 Anexo 1 27 Anexo 2 28 iii

LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Controle dos entroncamentos das tubulações... 15 Figura 2 - Saída das pedras do catador de pedras... 16 Figura 3 - Peneirão classificador de grãos... 16 Figura 4 - Densimétricas... 17 Figura 5 - Densimétrica e o saco para retirada do resíduo... 17 Figura 6 - Enchimento dos silos e correia transportadora... 18 Figura 7 - Tempo de Exposição X Decibéis... 22 iv

LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Classificação da carga de trabalho físico (freqüência cardíaca)... 9 Tabela 2 - Tabela descritiva dos riscos ambientais... 9 Tabela 3 - Níveis de iluminamento recomendados... 11 v

ARAÚJO, Márcio Gomes e KROHLING, Diogo Pádua. Análise de fatores ergonômicos em um armazém geral de café do município de Marechal Floriano, ES. 2007, 20f.. Trabalho de Graduação (Curso de Engenharia de Produção) Universidade Federal de Viçosa. 1. INTRODUÇÃO 1.1. Importância e caracterização do problema No contexto de um mundo globalizado, as empresas estão constantemente buscando novas tecnologias, visando melhorar seus produtos e seus serviços prestados e, com isso, garantir a sua sobrevivência. Porém, alguns problemas aparecem durante a implantação destas modificações, em sua maioria no aspecto humano, onde o homem tem que se adaptar a todas estas mudanças no processo de produção, sendo que estas mudanças podem muitas vezes não se adequar a ele, que está diretamente ligado ao processo produtivo. Os estudos ergonômicos visam harmonizar o sistema de trabalho adaptando-o ao ser humano, através da análise da tarefa, da postura e dos movimentos do operador, assim como das suas exigências físicas e psicológicas. Com isso, há reduções da fadiga e do estresse dos colaboradores e, conseqüentemente, aumento da eficiência e do rendimento das atividades. A ergonomia tem contribuído significativamente para melhorar as condições do trabalho humano (MINETTE, 1996). Isso implica em compromisso pessoal e prazer em trabalhar, que é a condição essencial para a qualidade de produtos e serviços de uma organização (BOM SUCESSO, 1997). A avaliação da carga física de trabalho, para vários colaboradores do mundo, vem sendo uma questão central, inclusive para os que trabalham em setores mais modernos e com esforços físicos menores. Em análises ergonômicas do trabalho, utilizam-se os índices fisiológicos, objetivando constatar os limites das atividades físicas que um indivíduo é capaz de exercer. Tais índices determinam a duração da jornada de trabalho, a duração e a freqüência das pausas, de acordo com a capacidade física do colaborador (SOUZA e MACHADO, 1991). Já as condições desfavoráveis como, por exemplo, vibração, níveis de ruído elevados, poeira excessiva, luminosidade ineficiente e temperatura inadequada causam 6

desconforto no ambiente de trabalho, aumentando os riscos de acidentes, podendo provocar assim sérios danos à saúde dos colaboradores. Nas operações no setor de separação mecânica de grãos de café, o colaborador realiza diversas movimentações e esforços, sendo que suas atividades são realizadas em diferentes posições, assim estando sempre exposto a ruídos elevados, variações de temperatura e luminosidade, dentre outros fatores. 1.2. Objetivos O objetivo geral deste trabalho foi estudar os fatores ergonômicos relacionados às atividades realizadas pelos colaboradores do posto de trabalho do setor de separação mecânica de grãos de café em um armazém geral de café, no município de Marechal Floriano-ES, visando a redução dos riscos de acidentes e doenças do trabalho, o bem-estar, a melhoria da produtividade e a adequação às normas e leis regulamentadoras do trabalho. Especificamente, os objetivos foram os seguintes: Analisar o perfil dos colaboradores; analisar as atividades realizadas pelos colaboradores; avaliar a carga de trabalho físico; e caracterizar os fatores de ambiente de trabalho (ruído, luminosidade e poeira). 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1. Ergonomia A ergonomia surgiu através da necessidade de responder às insatisfações dos colaboradores. Porém, o diagnóstico e a utilização dos conhecimentos não eram levantados. Todavia, a vantagem ainda dominante era em relação aos conselhos preciosos e aos fatos que correspondiam às demandas de determinada empresa, sem prejudicar o trabalho industrial por se realizar em um curto período tempo. A análise ergonômica do trabalho originou-se dos ergonomistas franceses e o seu objetivo não era mais fazer com que a tarefa fosse descrita pela direção da empresa, e sim analisar as atividades de trabalho envolvendo 7

a análise da demanda, a proposta de contrato, a análise do ambiente, da situação de trabalho, da restituição dos resultados, das recomendações ergonômicas com as intervenções e a eficiência das mesmas (WISNER, 1994). A ergonomia deve ser aprofundada em diversas situações, visando o tempo e o espaço, observando os fatores externos que podem alterar a atividade do homem e por em evidência os problemas gerais e suas possíveis soluções (SANTOS & FIALHO, 1997). 2.1.1. Perfil dos colaboradores Segundo MINETTE (1996), o principal componente que determina o sucesso ou o fracasso de um sistema de trabalho é o colaborador. O que se observa é que nem todos os colaboradores são iguais e, portanto, diferentes tipos de funções exigem diferentes habilidades dos seus ocupantes (IIDA, 1990). O conhecimento do perfil e das opiniões dos colaboradores envolvidos nas atividades de padronização de café em grão cru, a respeito do trabalho, é útil na implementação da melhoria de suas condições atuais de trabalho, nas novas formas de treinamento, nas prevenções de acidentes, entre outras. Portanto, devem ser feitos estudos paralelos para saber o que é ideal para cada situação de trabalho, evitando assim que os colaboradores exerçam suas atividades por um longo período de tempo e não se adaptem ao trabalho (LOPES, 1996). 2.1.2. Avaliação da carga de trabalho físico De acordo com SILVIA (1999), os índices fisiológicos têm como objetivo determinar o limite de atividades físicas que um colaborador pode exercer. A autora então sugere que os índices fisiológicos podem determinar a jornada de trabalho, a duração e a freqüência de pausas, de acordo com a capacidade física do indivíduo. A capacidade aeróbica e a freqüência cardíaca são utilizadas freqüentemente como índices fisiológicos. No presente trabalho, a freqüência cardíaca foi o índice escolhido. 8

2.1.2.1. Freqüência cardíaca A freqüência cardíaca, geralmente expressa em batidas por minuto (bpm), pode ser realizada através da palpação de artérias e do uso de medidores eletrônicos de freqüência cardíaca (ALVES, 2001). A indicação clara da existência de fadiga veio com a medida da freqüência cardíaca durante a realização das atividades, onde se evidenciou que em uma jornada de trabalho de 8 horas, o valor da freqüência cardíaca não deve exceder 110 batimentos por minuto (COUTO, 1995). Com base na freqüência cardíaca, pode-se classificar a carga de trabalho físico, como mostra a Tabela 1. Tabela 1 Classificação da carga de trabalho físico (freqüência cardíaca) Carga de Trabalho Físico Freqüência cardíaca em bpm Muito leve < 75 Leve 75 100 Moderadamente pesada 100 125 Pesada 125 150 Pesadíssima 150 175 Extremamente pesada > 175 Fonte: IIDA, 1990. 2.1.3. Riscos ambientais Segundo DELLA ROSA e COLCAIOPPO (1993), risco ambiental é uma denominação genérica que se refere aos possíveis agentes de doenças profissionais encontrados em uma atividade ou local de trabalho. Os riscos ambientais podem ser divididos de acordo com a Tabela 2. Tabela 2 - Tabela descritiva dos riscos ambientais Riscos Descrição Físicos Ruído, calor, frio, pressões, umidade, radiações ionizantes e não ionizantes, vibrações etc. 9

Químicos Biológicos Ergonômicos Acidentes Poeiras, fumos, gases, vapores, névoas, neblinas etc. Fungos, vírus, parasitas, bactérias, protozoários, insetos etc. Levantamento e transporte manual de peso, monotonia, repetitividade, responsabilidade, ritmo excessivo, posturas inadequadas de trabalho, trabalho em turnos etc. Arranjo físico inadequado, iluminação inadequada, incêndio e explosão, eletricidade, máquinas e equipamentos sem proteção, quedas e animais peçonhentos. Fonte: Internet: http://www.btu.unesp.br/cipa/mapaderisco02.htm A presença de fontes de tensão no ambiente de trabalho, como excesso de temperatura, ruídos e vibração, iluminação inadequada e poeira excessiva contribuem para uma condição desfavorável de trabalho. No presente trabalho, os fatores ambientais considerados pesquisados foram ruídos, iluminação e poeira. 2.1.3.1. Ruído O ruído é uma mistura complexa de diversas vibrações, sendo medido em uma escala logarítmica, cuja unidade é o decibel (db). O ouvido humano é capaz de perceber desde intensidades sonoras próximas de zero, até potências de 10 13 superiores, equivalentes a 130dB. Acima deste valor, o aparelho pode sofrer danos irreversíveis (IIDA, 2005). O tempo de exposição ao ruído alto pode causar sobrecarga do coração, acarretando secreções anormais de hormônios e tensões musculares. Isso tudo é causado pela aceleração da pulsação, aumento da pressão sangüínea e estreitamento dos vasos sangüíneos. Tal exposição pode ter como conseqüências mudanças no comportamento como nervosismo, fadiga mental, baixo desempenho do trabalho, provocando também altas taxas de absenteísmo e rotatividade (GERGES, 1992). De acordo com as normas brasileiras, a máxima exposição diária permissível sem o uso de um protetor auricular é de 85 decibéis. Entretanto, exposições superiores são permitidas, desde que o tempo de exposição seja reduzido pela metade com o aumento de 5 decibéis no nível de ruído. De acordo com SILVIA (2003), na aquisição de um protetor auditivo, deve-se considerar fatores como conforto do usuário, a durabilidade, a facilidade de higienização e a aceitação pelo trabalhador. Além disso, deve-se selecionar os tipos adequados destes protetores para o trabalho, sendo estes do tipo concha ou do tipo de inserção. 10

2.1.3.2. Iluminação Uma boa iluminação pode ser entendida como a existência de um conjunto de condições, em determinado ambiente, no qual o ser humano pode desenvolver suas tarefas visuais com o máximo de acuidade e precisão e menor esforço. A falta ou o excesso de iluminação no local do trabalho pode aumentar a fadiga visual, a incidência erros e a taxa de acidentes. Na iluminação correta dos ambientes de trabalho, dois fatores merecem destaque: a intensidade da iluminação, geralmente expressa em lux e a luminância, que é a sensação de brilho e de ofuscamento, percebida por uma pessoa, a partir de uma fonte de luz, ou refletida por uma superfície (COUTO, 1995). Os níveis de iluminamento recomendados para algumas tarefas típicas estão mencionados na Tabela 3. Tabela 3 Níveis de iluminamento recomendados Tipo Iluminação geral de ambientes externos Iluminação geral para locais de pouco uso Iluminação geral em locais de trabalho Iluminamento recomendado (lux) 5 50 20-50 100-150 200 300 400-600 1000* - 1500* Iluminação localizada 1500-2000 Tarefas especiais 3000-10000 (*) Pode ser combinado com a iluminação total. Fonte: IIDA, 2005. Exemplos de aplicação Iluminação externa de locais públicos, como ruas, estradas e pátios. Iluminação mínima de corredores e almoxarifados, zonas de estacionamento. Escadas, corredores, banheiros, zonas de circulação, depósitos e almoxarifados. Iluminação mínima de serviço. Fábricas com maquinaria pesada. Iluminação geral de escritórios, hospitais e restaurantes. Trabalhos manuais pouco exigentes. Oficinas em geral. Montagem de automóveis, indústria de confecções. Leitura ocasional e arquivo. Sala de primeiros socorros. Trabalhos manuais precisos. Montagem de pequenas peças, instrumentos de precisão e componentes eletrônicos. Trabalhos com revisão e desenhos detalhados. Trabalhos minuciosos e muito detalhados. Manipulação de peças pequenas e complicadas. Trabalhos em relojoaria. Tarefas especiais de curta duração e de baixos contrastes, como em operações cirúrgicas. 11

2.1.3.3. Poeira Poeiras são aerodispersóides sólidos com granulações invisíveis (menores de 0,2 mícrons) ou visíveis (10 a 150 mícrons). Aqueles menores que 5 mícrons flutuam no ar durante muito tempo, sendo que os menores a 3 mícrons atingem os alvéolos pulmonares. Resultam de operações de trituração, moagens, explosões e polimentos (IIDA, 2005). 2.2. Padronização de café em grão cru O café é uma semente, proveniente de um arbusto. As diferentes regiões, variedades genéticas, tratos culturais, processos pós-colheita, clima, modos de secagens e armazenamento provocam variações de paladar e da fisionomia da semente. Esta grande quantidade de fatores determina uma grande variação nos lotes de café, exigindo assim a necessidade de uma forma universal de classificação do café verde ou em grãos crus. A partir dessa classificação do café e das necessidades dos clientes, surgiram diversas máquinas destinadas a ajudar os armazéns gerais, cooperativas e exportadores a padronizar os lotes de café. A padronização é realizada por paladar, através de um teste de degustação, e depois pelo aspecto físico, que retira os grãos defeituosos e separa por tamanho, cor e forma. O setor analisado neste trabalho inclui toda a separação física, que ocorre através de quatro tipos de máquinas, a saber: Catadores de pedras: retiram as pedras através de vibração, inclinação e colunas de ar, impulsionando as pedras para cima e o café para baixo. Assim, o café segue pelo sistema e as pedras caem em um saco localizado atrás da máquina; Classificadoras (Peneirões): realizam a separação de acordo com o tamanho e a forma dos grãos através de peneiras com furos e formas de diferentes espessuras sobrepostas e, através da vibração e inclinação do conjunto, o café é enviado a diferentes destinos já separados por tamanho; Mesas densimétricas: através de um colchão de ar, realiza a separação dos grãos com densidade menor (cascas, mal formados, brocados e chochos) dos mais densos, 12

através da regulagem da quantidade de ar, da inclinação da mesa e da disposição das paletas na saída das máquinas, conforme o tipo e a finalidade do café; Seletoras (eletrônicas): separam o café por cor através de células fotoelétricas, onde os grãos imperfeitos (pretos, ardidos, preto-verdes e os verdes) que ainda estão no lote são expelidos por jatos de ar e enviados para silos de resíduos (este é o nome dado para o café comercializado no mercado interno). Já os grãos para comércio externo são enviados para outros silos. As principais tarefas realizadas na separação mecânica de café em grão cru são: - Regulagem e controle das máquinas: As máquinas devem ser reguladas no início do processamento do lote e no caso de ter ocorrido alguma variação no tipo do café. Este processo ocorre através do método da tentativa e erro. O operador deve ficar atento a possíveis alterações nos níveis de ruído da máquina, assim como no acúmulo de algum barbante ou corpo estranho na saída ou entrada das máquinas. As eletrônicas recebem uma atenção maior pela complexidade de suas operações. Um operador controla estas máquinas na maior parte da sua jornada de trabalho, mas isto não impede que ele execute as demais tarefas. O outro operador cuida de todas as outras atividades, podendo realizá-la sozinha ou em conjunto com o operador das eletrônicas. - Controle dos transportes verticais e horizontais: O café entra no sistema a granel, através de elevadores de caneca (transportes verticais), onde é içado para dentro de silos ou desce por gravidade dentro de tubos metálicos inclinados até as máquinas. O café armazenado nos silos pode também ser transportado através de correias transportadoras (transportes horizontais) para outras máquinas ou áreas da empresa. Os operários são responsáveis por todos estes transportes, assim como, em regulá-los para que não haja sobrecarga ou baixa utilização. Todas as máquinas e transportes são ligados e desligados em dois painéis de controle localizados dentro do posto de trabalho. - Enchimento dos silos: Os topos dos silos estão interligados por escadas e plataformas para que os colaboradores possam direcionar, através das correias transportadoras móveis, o café para determinado silo. O café de um silo não pode ser misturado com o de outro, sendo que os colaboradores não podem esquecer de atualizar o quadro com a informação do tipo de café e o código do silo. 13

- Troca de lotes: Quando acaba a separação de um lote, dependendo do tipo do café, todos os equipamentos e máquinas devem ser limpos. Um tipo de café pode influenciar negativamente no paladar de outros mais refinados. Essa tarefa ocorre esporadicamente, pois paralisa o sistema por longos períodos e mobiliza muitas pessoas. 3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1. Caracterização do local de estudo Este trabalho foi realizado com dados coletados em um armazém geral de café na região serrana, no município de Marechal Floriano, no Estado do Espírito Santo. A jornada de trabalho na empresa tinha duração de 9h 30min no período de segunda a sexta, iniciando às 7h e finalizando às 17h 30min. O intervalo para o almoço tinha duração de 1h, entre 11h e 12h. Nessa jornada, dois colaboradores realizam as atividades, sendo que um deles controla as eletrônicas e ajuda no enchimento dos silos, e o outro controla as demais máquinas. O posto de trabalho é constituído por 10 silos, 2 catadores de pedras, 2 peneirões, 3 densimétricas, 2 painéis de controle, transportes verticais e horizontais e 12 eletrônicas. O setor de padronização de café, em grão cru ou verde, produz os lotes de café vendidos pela empresa. A produção anual varia conforme a situação mundial do setor. O setor produtivo tem capacidade aproximada de produzir 1500 sacas de 60 quilos por dia, e fica localizado no centro do armazém. 3.2. Perfil dos colaboradores A população pesquisada foi composta por 4 funcionários que atuavam nas atividades de operação no posto de trabalho do setor de padronização de café de um armazém geral, nas atividades de enchimento de silo, regulagem e limpeza das máquinas e equipamentos. A população caracteriza-se pela baixa escolaridade dos colaboradores, e um nível reduzido de otimização das atividades. Através das entrevistas, ficou claro também o 14

excesso de dores e reclamações dos funcionários, alguns desses com dores generalizadas no sistema músculo-esquelético ao final da jornada de trabalho. O café da manhã e da tarde, o almoço e o jantar são fornecidos pela empresa, assim como a moradia para quem reside em outras cidades ou outro estado. A maioria dos trabalhadores reside perto da empresa e usam a bicicleta como meio de locomoção até o trabalho. 3.3. Atividades desenvolvidas Os colaboradores, antes de ligarem as máquinas, revisam todo o posto de trabalho e repõem, caso seja necessário, os materiais utilizados, como por exemplo, a sacaria e o barbante utilizados no fechamento das sacas de resíduo da densimétrica e do catador de pedras. Na realização deste fechamento, um colaborador costura manualmente as sacas e as coloca em pilhas simples, próximas à densimétrica, para posterior retirada por outros colaboradores. Após receber as ordens de produção, o colaborador liga as máquinas e os transportes, e regula as tubulações através dos volantes (Figura 1). Logo após, ele destrava a saída de café do silo (onde está o café a ser processado) e regula todas as máquinas. No catador de pedras, o colaborador o regula de forma que saia uma menor quantidade possível de café junto com as pedras (Figura 2). Ele controla a polia da máquina, a fim de monitorar a sua vibração, para fazê-la funcionar mais rápido ou mais devagar, dependendo da demanda. Assim, uma manutenção preventiva desta máquina é feita de acordo com o barulho que esta emite quando a polia está danificada. Figura 1 Controle dos entroncamentos das tubulações 15

PEDRAS E CAFÉ SOMENTE CAFÉ Figura 2 Saída das pedras do catador de pedras Já no peneirão, o colaborador analisa a vazão ao subir numa escada (Figura 3) até uma plataforma, controlando-a na própria máquina e, de forma manual, na saída do silo. Além disso, ele retira amostras periódicas para controlar a porcentagem de cafés menores que estão passando no meio dos grandes. Esse processo é feito da seguinte maneira: Ele recolhe uma amostra no silo, do qual está saindo o café para o peneirão, e a leva para uma sala localizada ao lado da sala das eletrônicas. Ali, ele pesa 100g da amostra numa balança e faz uma peneiração manual. Assim, ele constata se o café está sendo peneirado corretamente na máquina. Se este não estiver sendo peneirado corretamente, ele precisa controlar o vazamento do peneirão com as válvulas, para que os cafés não se misturem. PENEIRA DE CIMA ( BURACOS MAIORES) Figura 3 Peneirão classificador de grãos Em especial, na densimétrica (Figura 4), o colaborador permanece a maior parte do seu tempo, devido à necessidade de retirar os resíduos em sacarias (Figura 5), quando o 16

volume é pequeno. Por sua vez, as paletas de madeira são bastante sensíveis às mudanças de padrão do café processado, necessitando assim de constante regulagem. Além disso, ele controla oito puxadores localizados ao lado dessas máquinas, a fim de regular a quantidade e a precisão do ar que é jogado nos grãos, válvulas que regulam a inclinação das máquinas e sua vibração e, finalmente, utiliza também os controles localizados embaixo destas. A manutenção feita nessas máquinas é corretiva, trocando-se os quatro rolamentos, mesmo se apenas um estragar. Figura 4 Densimétricas Figura 5 Densimétrica e o saco para retirada do resíduo Para controlar o enchimento dos silos, o funcionário precisa subir até eles através das escadas e das passarelas (Figura 6), a fim de mudar a posição da correia transportadora, empurrando-a com as mãos. Porém, há uma correia transportadora que é movimentada 17

através de cabos de aço. Ele, então, gira a catraca com uma alavanca e determina a posição correta da correia transportadora através de marcações. É importante lembrar que, no controle final do enchimento dos silos, é necessário ajeitar o café com um rodo para que se tenha a carga máxima. Figura 6 Enchimento dos silos e correia transportadora A limpeza de todo o sistema é uma atividade eventual, consistindo em limpar todos os equipamentos e máquinas. Todo o café acumulado dentro dos elevadores, máquinas, correias transportadoras e silos é retirado com o auxílio de jatos de ar pressurizado. No Anexo 1, está mostrado um fluxograma tarefa versus atividade, para um melhor entendimento destas. A avaliação da carga de trabalho física e os fatores condicionantes do ambiente de trabalho foram realizados durante a realização de todas as atividades descritas. 3.4. Determinação da carga de trabalho físico A carga de trabalho físico foi avaliada por intermédio do levantamento da freqüência cardíaca durante a jornada de trabalho, em diversas atividades. Os dados foram coletados e analisados por meio do sistema da Polar Vantage NV, formado por três partes: um receptor digital de pulso, uma correia elástica e um transmissor com eletrodos. O transmissor foi fixado na altura do tórax do colaborador, por meio da correia elástica, emitindo sinais de freqüência, que foram captados e armazenados pelo receptor de pulso em intervalos de tempo predeterminados. Ao término da coleta de dados, os dados foram 18

transferidos para um computador onde puderam ser analisados por intermédio de um software desenvolvido pelo próprio fabricante do equipamento. Para a coleta de dados da freqüência cardíaca, o equipamento foi fixado ao trabalhador no início e retirado no final do expediente. Os valores de freqüência cardíaca foram armazenado s no intervalo de 5 em 5 segundos, durante toda a jornada de trabalho. Esses dados permitiram calcular a carga cardiovascular do trabalho, conforme metodologia proposta por APUD (1989), que corresponde à percentagem da freqüência cardíaca durante o trabalho, em relação à freqüência cardíaca máxima utilizável. Tal metodologia está representada nos Anexo 2. 3.5. Análise dos fatores ambientais no local de trabalho 3.5.1. Ruído Os níveis de ruído existentes foram medidos por um instrumento digital chamado dosímetro da marca B2, que fornece a dose média de ruído em decibéis [db(a)] durante uma jornada de trabalho. Um aparelho é colocado no ombro do colaborador, perto do seu ouvido, tendo a função de armazenar o nível de ruído a que o colaborador está exposto durante a sua jornada de trabalho, gerando um gráfico (Tempo de Exposição versus Decibéis) no computador ou num receptor portátil, posteriormente. Os dados obtidos pelo aparelho foram comparados com as normas prescritas na NR 15 anexo n o 1, da Portaria nº 3.214/78, do Ministério do Trabalho e Emprego. 3.5.2. Iluminação A avaliação da luminosidade foi feita no campo de trabalho, utilizando um luxímetro digital com fotocélula, da marca Lutron LX-101, entendendo-se como campo de trabalho os diversos locais onde o trabalhador executa alguma atividade. As leituras foram realizadas no decorrer do dia, iniciando-se às 7 horas com término as 17h 30 min, sendo as leituras realizadas de 2 em 2 horas. 19

3.5.3. Poeira A semente de café libera uma película, que provoca a poeira dentro das instalações do posto. Esta poeira origina-se do atrito das sementes de café com a superfície das máquinas e equipamentos. Houve então uma impossibilidade da realização de uma análise laboratorial da poeira, a fim de verificar a existência ou não de substâncias tóxicas na mesma, que seria muito dispendiosa tanto financeiramente, quanto em termos de tempo. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1. Análise das atividades desenvolvidas e condições de trabalho No espaço estudado, observaram-se pequenas distâncias entre as máquinas, além de roldanas expostas, quinas, alavancas e motores em áreas de risco, expondo os colaboradores a acidentes. Inclusive, através de entrevistas, constataram-se dois acidentes relacionados ao fato das roldanas expostas, sendo um que o colaborador foi puxado pela manga da camisa por um motor, quase caindo da plataforma, e o outro em que houve a perda dos dedos de um colaborador em um motor sem proteção. As escadas, plataformas e passarelas, pelas quais os colaboradores sobem nas máquinas e andam por todo o local de trabalho possuem dimensões indevidas, de acordo com COUTO (1995), sendo que os colaboradores podem escorregar nas mesmas, sendo este, então, um risco fatal de acidente. Neste tipo de risco, também se enquadram as escadas de acesso a alguns silos, que são extremamente altas e desprovidas de quaisquer proteções ou plataformas intermediárias. Quanto ao clima do local de trabalho, os colaboradores relataram que, no verão, a temperatura é elevada e o ambiente fica abafado pela falta de ventilação, fato decorrente da concentração desnecessária de sacarias dentro do posto. Nas atividades de retirar as sacas (aproximadamente 50 kg) de resíduos das máquinas densimétricas, costurá-las e armazená-las, o colaborador encontra-se em um trabalho pesado e em uma má postura. 20

Quanto à sinalização de segurança (placas, avisos, faixas de segurança etc.) e ao posicionamento de extintores, não se encontrou nenhum tipo de sinalização e os extintores estavam mal localizados. Ainda em relação a segurança, observou-se a falta e o uso incorreto de alguns EPI s (Equipamentos de proteção individual), assim como a falta de treinamento para prevenção de acidentes e o baixo conhecimento dos colaboradores em relação ao assunto. 4.2. Análise da carga de trabalho físico A carga de trabalho físico, de acordo com COUTO (1995), não deve exceder 110 batimentos por minuto numa jornada de trabalho de 8 horas, fato que não ocorreu no ambiente de trabalho. Devido às diversas pausas e às atividades não serem muito cansativas, a carga de trabalho físico não se constituiu em um problema para os colaboradores. 4.3. Análise dos fatores ambientais 4.3.1. Ruído De acordo com a NBR 10152, norma brasileira registrada no INMETRO; (117.023-6 / I2), o nível de ruído deve ser de 85 decibéis [db(a)] para um período de seis horas de trabalho. No local de trabalho, foi constatado um ruído constantemente alto, chegando a atingir até 108 db aproximadamente, conforme ilustra o gráfico (Figura 7) abaixo. As quedas nos índice de ruído são atribuídas, principalmente, às saídas do funcionário do posto de trabalho. Quanto ao uso de protetores auriculares, a empresa oferece aquele tipo concha, que segundo os trabalhadores os incomodam devido ao desconforto. Isso faz com que os mesmos não usem corretamente os protetores. Ainda, observou-se um fato interessante, onde um colaborador estava utilizando algodões nos ouvidos para proteger-se do ruído, ainda alegando que sua medida funcionava. 21

Minha filha pede para eu abaixar o som, pergunta se estou ficando surdo - relato de um colaborador que trabalha no posto há doze anos. Decibéis [db(a)] Tempo de Exposição (h) Figura 7 - Tempo de Exposição X Decibéis 4.3.2. Iluminação De acordo com a NR17, no item 5.3.1, A iluminação geral deve ser uniformemente distribuída e difusa. Entretanto, notou-se uma má distribuição da iluminação geral (não uniforme), além da falta de algumas lâmpadas e do bloqueio da entrada de luz natural devido à sujeira das telhas transparentes. Em todo o posto de trabalho, de acordo com as medições do luxímetro, a iluminação deixava a desejar, sendo extremamente ruim em alguns pontos. Particularmente, nos setores de realização das atividades, onde o iluminamento deve ser de cerca de 600 lux, foram encontradas medições de menos de 300 lux. Nos corredores e entre as máquinas, bem como nas escadas, foram encontradas medições inferiores a 100 lux e, nas eletrônicas, onde a cor dos grãos é um gargalo do sistema produtivo, encontraram-se medições inferiores a 400 lux, onde deveria ser de cerca de 800 lux. 4.3.3. Poeira A poeira excessiva foi a maior reclamação dos colaboradores, sendo evidente em toda o setor produtivo da empresa. Ela se forma de pequenas películas que se desprendem 22

do café durante o processamento deste. Há instalado um filtro de poeira que é ligado somente à entrada de café de algumas máquinas, não sendo então eficiente, e muito menos suficiente para resolver o problema. A poeira, quando inalada em longo prazo, pode causar doenças respiratórias, sendo que em curto prazo, dificulta a respiração. Outro aspecto prejudicial é o estorvamento da visão e irritação dos olhos. Quanto à utilização de máscaras, muitos dos colaboradores não têm consciência da gravidade de não usá-las. Tem dia que acordo e tiro uma resma preta dos cantos dos olhos relato de um colaborador que trabalha em todo o setor produtivo. 5. CONCLUSÃO A jornada de trabalho diária encontra-se acima da permitida por lei. O setor de processamento tem jornada dupla, funcionando em dois turnos de segunda-feira a sextafeira, com duas horas para jantar no turno da noite e uma hora para almoço no turno do dia. Apesar disso, a jornada semanal passa seis horas do permitido pela lei. O ambiente de trabalho e marcado pelo excesso de poeira, odor não muito forte de café e alto nível de ruído no processo de separação, como em outros setores da empresa. Em decorrência do trabalho pesado, segundo os colaboradores, o maior problema da profissão e a falta de pausas programadas. Quanto à carga de trabalho físico, esta não se mostrou como um problema para os colaboradores. Quanto aos fatores ambientais, o ruído se encontra bem acima do permitido, bem como a iluminação, que é ineficiente e insuficiente em todo o posto de trabalho. A poeira, por sua vez, caracteriza-se como o principal problema da empresa. Assim, todos esses problemas mencionados ocorrem simultaneamente. Portanto, esse conjunto de problemas é o que pode causar acidentes e reduzir a produtividade dos colaboradores no posto de trabalho e, em decorrência destes fatos, há uma redução da produtividade da empresa. Em síntese, fazer esta análise ergonômica do trabalho (AET) demonstrou a real importância de um estudo ergonômico, mostrando que em um ambiente de trabalho existem 23

muitos fatores e situações que influenciam no comportamento humano e, conseqüentemente, em sua produtividade. 6. SUGESTÕES DE MELHORIA Proteger as roldanas e motores, arredondar as quinas expostas e consertar os puxadores das densimétricas; estudar um projeto viável e seguro para a construção de escadas no posto de trabalho, além de criar plataformas intermediárias nas escadas de acesso aos silos; retirar sacarias e outros materiais desnecessários do posto de trabalho para facilitar a ventilação, que pode ser também melhorada abrindo-se janelas em algumas partes estratégicas, fato que também iluminaria naturalmente o local. O uso de ventiladores é indevido, pois espalhariam a poeira ainda mais no ambiente; colocar um apoio abaixo das sacas nas densimétricas para facilitar o trabalho dos colaboradores e adquirir carrinhos de transporte para estas sacas; de acordo com a 1 NR26 do MTE, deve-se usar a cor vermelha para designar os equipamentos de combate a incêndios, cor branca delimitar os locais para passagem de pessoas, cor verde para designar os materiais e receptáculos de segurança do trabalho e cor laranja para as roldanas e motores expostos. Deve-se também providenciar uma saída de incêndio, de acordo com a 2 NR23; Providenciar legendas para os volantes dos silos, que sejam explicativas e legíveis para os responsáveis pelo seu controle, além de placas sinalizadoras (saída de incêndio, uso obrigatório de EPIs, algum tipo de aviso de perigo etc.); Procurar fazer uma manutenção preventiva, mensalmente. Em especial, para as eletrônicas BSM, deve-se adquirir transistores para seus cartões; Providenciar EPIs tais como abafadores e máscaras para os colaboradores, a fim de reduzir o ruído excessivo que as máquinas emitem e protegê-los da poeira excessiva existente no ambiente. Deve-se providenciar também um receptáculo para que 1 NR26: Norma Regulamentadora 26: Sinalização de Segurança 2 NR23: Norma Regulamentadora 23: Proteção contra Incêndios 24

sejam colocados estes equipamentos, além de um treinamento para os colaboradores a fim de saberem como utilizá-los e conservá-los; Aumentar e melhorar a iluminação de todo o posto de trabalho, tanto a natural como a artificial, principalmente onde o colaborador realiza suas atividades. Nas eletrônicas, onde os grãos são selecionados de acordo com sua cor, deve existir uma iluminação especial, assim como nas máquinas densimétricas e nos peneirões; Limpar constantemente as máquinas e todo o local, para evitar danos que possam vir a comprometer a produtividade da empresa e a segurança dos trabalhadores. Nas eletrônicas, as caixas de luz aonde os grãos são selecionados devem ser limpas cuidadosamente com auxílio de um jato de ar; Conscientizar os trabalhadores quanto aos problemas colocados, mostrando-lhes que isto é importante para eles e para a empresa. 25

7. REFERÊNCIAS ALVES, J.U, Analise ergonômica das atividade de propagação vegetativa de Eucalyptus spp. em viveiros. Viçosa, MG: UFV, 2001. 94p. Tese Universidade federal de Viçosa, 2001. BOM SUCESSO, E.P. Reconquistando o prazer de trabalhar. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO SOBRE COLHEITA E TRANSPORTE FLORESTAL, 3, 1997, Vitória. Anais... Vitória: SIF; DEF, 1997, p 1-4 COUTO, H.A. Ergonomia aplicada ao trabalho: o manual técnico da máquina Belo Horizonte: Ergo, 1995. v.1, 353p. humana. DELLA ROSA, H.V. & COLCAIOPPO, S. A contribuição da higiene e da toxicologia ocupacional. São Paulo, 1993. GERGES, S.N.Y. Ruído: fundamentos e controles. Florianópolis, UFSC, 1992. 600p. IIDA, I., Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgard Blucher, 1990. 465p. IIDA, I., Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgard Blücher, 2005. LOPES, E.S. Diagnóstico do treinamento de operadores de máquinas na colheita de madeira. Viçosa MG: UFV, 1996. 137p. MINETTE, L.J. Análise de fatores operacionais e ergonômicos na operação de corte florestal com motosserra. Viçosa, MG: UFV, 1996. 211 p. Tese (Doutorado em Ciências Florestal) Universidade Federal de Viçosa, 1996. SANTOS, N. & FIALHO, F. Manual de análise ergonômica do trabalho. Curitiba: Gênesis, 1997. SILVA, K.R. Analise de fatores ergonômicos em marcenarias do município de viçosa, MG. Viçosa, MG: UFV, 1999.123p. Tese de mestrado Universidade Federal de Viçosa, 1999. SILVA, K.R. Analise de fatores ergonômicos em industrias do pólo moveleiro de Ubá, MG. Viçosa, MG: UFV, 2003.123p. Tese de doutorado Universidade Federal de Viçosa, 2003. SOUZA, A.P., MACHADO, C.C. Estudo ergonômico em operações de exploração florestal. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO SOBRE EXPLORAÇÃO E TRANSPORTE FLORESTAL, 1, 1991, Belo Horizonte. Anais... Viçosa, MG: SIF, 1991. p.198-226. WISNER, A., A inteligência no trabalho: textos selecionados de ergonomia. São Paulo, FUNDACENTRO, UNESP, 1994. 190p. 26

ANEXOS Anexo 1 Tarefa X Atividade Regulagem e controle das máquinas Controle dos transportes Enchimento dos silos Troca de lotes Ajuste das máquinas Revisão do posto de trabalho e ligação das máquinas Controle dos entroncament os das tubulações Controle do enchimento dos silos Controle dos catadores de pedras Controle das classificadoras Controle das mesas densimétricas Controle das seletoras Fluxograma Tarefa versus Atividade 27

Anexo 2 A carga cardiovascular é da pela seguinte equação: CCV = (FCT FCR)/(FCM FCR)x100 em que: CCV = carga cardiovascular, %; FCT = freqüência cardíaca de trabalho; FCM = freqüência cardíaca máxima (220- idade); FCR = freqüência cardíaca de repouso. A freqüência cardíaca limite (FCL) em bpm para a carga cardiovascular de 40% é obtida pela seguinte fórmula: FCM = 0,40 x (FCM FCR) + FCR Quando a carga cardiovascular ultrapassa 40% acima da freqüência cardíaca limite, para reorganizar i trabalho, foi determinado, segundo APUD (1989), o tempo de repouso necessario, pela equação: T r = H t (FCT FCL) / (FCT FCR) em que T r = tempo de repouso, descanso ou pausa, em minutos; H t = duração do trabalho, em minutos. FONTE: IIDA, 2005. 28