XII Congresso Brasileiro de Meteorologia, Foz de Iguaçu-PR, 2002

Documentos relacionados
ESTRUTURA VERTICAL DA TROPOSFERA ASSOCIADA COM NUVENS CUMULUNIMBUS E NIMBUSTRATUS EM PELOTAS, RS

3194 UM ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO DAS NUVENS Ns E Cb EM PELOTAS

PROGRAMA DE DISCIPLINA

XII Congresso Brasileiro de Meteorologia, Foz de Iguaçu-PR, 2002

Deydila Michele Bonfim dos SANTOS 1 Natalia FEDOROVA 2 Vladimir LEVIT 3 Antônio Marcos Delfino de ANDRADE 4

CONDIÇÕES PARA FORMAÇÃO DE NEVOEIRO EM PELOTAS - PARTE IV - MÉTODO DE PREVISÃO.

CONDIÇÕES SINÓTICAS ASSOCIADAS À OCORRÊNCIA DE CHUVA INTENSA EM PELOTAS-RS EM MAIO DE INTRODUÇÃO

FORMAÇÃO DE VÓRTICES NO CAMPO DE NEBULOSIDADE SOBRE A AMÉRICA DO SUL. PARTE I. NEBULOSIDADE CICLOGENÉTICA ATRAVÉS DOS DADOS DE SATÉLITE.

BOLETIM PROJETO CHUVA - 22 DE JUNHO DE 2011

XII Congresso Brasileiro de Meteorologia, Foz de Iguaçu-PR, 2002

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS INSTITUTO DE CIÊNCIAS ATMOSFÉRICAS COORDENAÇÃO DE GRADUAÇÃO EM METEOROLOGIA PROGRAMA DE DISCIPLINA

PREVISÃO DE TEMPERATURAS MÁXIMAS PARA PELOTAS

BOLETIM PROJETO CHUVA 24 DE JUNHO DE 2011

BOLETIM PROJETO CHUVA 14 DE JUNHO DE 2011

UFPA- FAMET- Brasil- Belém-

ANÁLISE DE UM CASO DE FRENTE QUENTE OBSERVADA NA AMÉRICA DO SUL

ANÁLISE SINÓTICA DE UM EVENTO DE CHUVA INTENSA OCORRIDO NO SUL DO RIO GRANDE DO SUL.

PLANO DE ENSINO OBJETIVOS

XII Congresso Brasileiro de Meteorologia, Foz de Iguaçu-PR, 2002

ESTUDO DE UM CASO DE CHUVAS INTENSAS EM PELOTAS-RS

PARÂMETROS TÍPICOS PARA A OCORRÊNCIA DE NEVOEIRO DE RADIAÇÃO. Parte I: CARACTERÍSTICAS EM SUPERFÍCIE

BOLETIM PROJETO CHUVA 21 DE JUNHO DE 2011

ESTUDO OBSERVACIONAL DE UMA FRENTE QUENTE OCORRIDA NA REGIÃO SUL DO BRASIL

Classificação Termodinâmica das Radiossondagens em Belém durante o experimento BARCA

Análise preliminar dos parâmetros convectivos nos eventos de trovoadas sobre o CLA

1. Introdução. Emerson Mariano da Silva

Comparação de perfis verticais observados e simulados obtidos com o modelo WRF

XII Congresso Brasileiro de Meteorologia, Foz de Iguaçu-PR, 2002

A ocorrência de tempo severo sobre o Estado de São Paulo causado pelo vórtice ciclônico em altos níveis: um estudo de caso

ANÁLISE SINÓTICA E DE MESOESCALA DE EVENTO CICLOGENÉTICO OCORRIDO NO DIA 07 DE JUNHO DE 2011

Docente da UFPA e Pós Graduação em Ciências Ambientas (PPGCA).

ANÁLISE DA EVOLUÇÃO E DA ESTRUTURA DO SISTEMA CONVECTIVO DE MESOESCALA ATRAVÉS DOS DADOS DE RADAR E DE SATÉLITE

Fernando Pereira de Oliveira 1,*, Marcos Daisuke Oyama 2

ESTUDO DE NEVOEIRO EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Meteorologia para Montanhistas. Ana Cristina Palmeira / Fellipe Romão Meteorologista UFRJ

Tempestades severas, tornados e mortes em Buenos Aires. Um evento meteorológico sem precedentes?

Análise da chuva intensa que atingiu a Grande São Paulo no dia 08 de setembro de 2009

ANÁLISE DA EVOLUÇÃO E DA ESTRUTURA DO SISTEMA CONVECTIVO DE MESOESCALA ATRAVÉS DOS DADOS DE RADAR E DE SATÉLITE. PARTE I: DESCRIÇÃO GERAL

ÍNDICES DE INSTABILIDADE PARA PREVISÃO DE CHUVA E TEMPESTADES SEVERAS. Maria Assunção F. Silva Dias

Frente fria provoca deslizamentos e mais de 30 mortes na região serrana do RJ

Análise da variação da temperatura e precipitação em Belém em anos de El Niño e La Niña.

BOLETIM PROJETO CHUVA 25 DE JUNHO DE 2011

RELAÇÃO ENTRE ÍNDICES DE INSTABILIDADE E OCORRÊNCIA DE CONVECÇÃO EM URUGUAIANA NO PERÍODO DE MARÇO DE 2007 A FEVEREIRO DE

ESTUDO DA VARIABILIDADE DA REFRAÇÃO APÓS A PASSAGEM DE UM CCM SOBRE RIO GRANDE DO SUL

Novembro de 2012 Sumário

Tópico 2. ACA Intodução à Meteorologia de Mesoescala. A previsão dos Sistemas Convectivos de Mesoescala (SCM)

Vórtices ciclônicos em altos níveis sobre o Nordeste do Brasil

1) Análise Sinótica e ambiente pré-convectivo

Estudo de um caso de frente fria secundária sobre o sul do Brasil.

Weather report 27 November 2017 Campinas/SP

Análise sinótica de trovoadas ocorridas em Setembro de 2009 ao Norte de Cabo Verde

Evento de Chuva Intensa e Granizo no Rio de Janeiro

Dezembro de 2012 Sumário

BOLETIM DIÁRIO DO TEMPO

CONDIÇÕES ATMOSFÉRICAS ASSOCIADAS A UM EVENTO SEVERO EM PELOTAS-RS

SIMULAÇÃO DO FURACÃO CATARINA USANDO O MODELO MM5

Novembro de 2012 Sumário

Abril de 2011 Sumário

Novembro de 2012 Sumário

Acumulado significativo no Acre ultrapassa média mensal

1 Universidade Federal de Itajubá

Evento extremo de chuva no dia 06 de abril de 2012 em Teresópolis-RJ

Novembro de 2012 Sumário

Estudo de um evento convectivo intenso sobre o estado de Alagoas

Análise das Condições de Tempo Observadas no dia 10/11/2009.

XII Congresso Brasileiro de Meteorologia, Foz de Iguaçu-PR, 2002

Atmosfera pré-convectiva: Desafios e alternativas para a meteorologia operacional. Fabricio Polifke COPPE/UNIG

RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO

Extremo de chuva no Rio de Janeiro provocado por uma área de Baixa Pressão

Abril de 2011 Sumário

Dezembro de 2012 Sumário

CARACTERÍSTICAS DA PRECIPITAÇÃO SOBRE O BRASIL NO VERÃO E OUTONO DE 1998.

VARIAÇÃO DE UMIDADE E TEMPERATURA PERANTE OS SISTEMAS SINÓTICOS ATUANTES EM ALAGOAS, ESTUDO DE CASO.

ESTUDO DO CICLO DE VIDA DE UMA LINHA DE INSTABILIDADE ATRAVÉS DE DADOS DE RADAR METEOROLOGICO

Prof. Dr. Antonio Jaschke Machado. Questão ( 1 ). Os principais constituintes da atmosfera terrestre são:

Prof. Dr. Antonio Jaschke Machado. Questão ( 1 ). Segundo Wallace e Hobbs (2006), a disciplina ciência atmosférica relacionase à(ao):

CARACTERIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES ATMOSFÉRICAS ATRAVÉS DO NÚMERO DE RICHARDSON GRADIENTE

PERFIL VERTICAL DO VENTO DE UM CCMT DESENVOLVIDO EM AMBIENTE DE DIPOLO DE TSM

Dutra, km 40, Cachoeira Paulista SP Brasil,

Análise de estabilidade. O diagrama Skew T Log p. Método da parcela; Isóbaras, isotermas, isolinhas de razão de mistura de saturação;

PREVISÃO CLIMÁTICA TRIMESTRAL

Dezembro de 2012 Sumário

Estudo de Sistemas Convectivos de Mesoescala no Sul da América do Sul utilizando o Modelo WRF

ESTUDO DE FENÔMENO INTENSO NA CIDADE DE SALVADOR-BA EM MAIO DE 2009 Deydila Michele Bonfim dos Santos 1 Carlos Alberto Ferreira Gisler 2

PREVISÃO CLIMÁTICA TRIMESTRAL

OCORRÊNCIA DE BAIXAS TEMPERATURAS EM JANEIRO DE 1991

Novembro de 2012 Sumário

Chuva extrema causa impacto em no leste de Santa Catarina no dia 09 de março de 2013

Abril de 2011 Sumário

Tempestade de granizo causa impactos significativos sobre áreas de SP, MG, RJ e do DF em dezembro de 2009.

INFORMATIVO CLIMÁTICO

Dados ambientais. Previsão do tempo. Imagem de satélite GOES

Abril de 2011 Sumário

Abril de 2011 Sumário

Abril de 2011 Sumário

Análise de quatro casos de advecção de nebulosidade rasa no Sul do Brasil por atuação de Anticiclones Transientes na região CBM

XII Congresso Brasileiro de Meteorologia, Foz de Iguaçu-PR, 2002

Novembro de 2012 Sumário

ATUAÇÃO DO PAR ANTICICLONE DA BOLÍVIA - CAVADO DO NORDESTE NAS CHUVAS EXTREMAS DO NORDESTE DO BRASIL EM 1985 E 1986

Condições atmosféricas no semi-árido nordestino durante a penetração de um sistema frontal

Transcrição:

PRIMEIROS RESULTADOS DE UM ESTUDO SOBRE A FORMAÇÃO DE NUVENS STRATUS NO SUL DO BRASIL Natalia Fedorova 1, Maria Helena de Carvalho 2, Fernando Cristian Nunes 2 1 Universidade Federal de Alagoas, 2 Universidade Federal de Pelotas, Brasil natalia@dimin.net; mhelena@cpmet.ufpel.tche.br ABSTRACT The objective of this paper is to define the atmospheric structure for the days during which stratus () clouds are observed in Pelotas. The frequency of the days with clouds was analyzed. The biggest frequency of these clouds occurred during the cold months of the year (from May to October). The convective available potential energy (CAPE) of the atmosphere was calculated. The temperature and humidity vertical sections were classified for the days which presented these clouds. Patterns of the atmospheric vertical structure were elaborated and it was then determined a typical vertical structure for the formations of clouds. 1. INTRODUÇÃO As nuvens ratus () são nuvens de baixos níveis e os processos principais de formação das mesmas são o resfriamento do ar próximo da superfície e o processo de turbulência (Vasquez, 2000). O conhecimento sobre a formação e dissipação destas nuvens é imprescindível para a previsão do tempo e para a segurança do transporte, tanto rodoviário quanto aeronáutico. Para a previsão da probabilidade da formação de nuvens de baixos níveis e de nevoeiro, foi desenvolvido um sistema operacional para o Aeroporto de Melbourne, Austrália (ern, 2001). Os preditores utilizados neste sistema são os valores previstos dos seguintes parâmetros: temperatura do ponto de orvalho (prevista para 15 horas local), temperatura do ar (prevista para 15 horas local) e pressão (prevista para 9 horas local). No esquema também estão incluídos os dados observacionais sobre as nuvens (foram observadas ou não nuvens às 6 ou às 9 horas locais do dia anterior ao dia da previsão) e a situação sinótica associada. A estrutura do esquema de previsão das nuvens baixas e do nevoeiro, a qual será desenvolvida no National Weather Service, USA, está descrita em Gurka e Mosher (2001). Está previsto incluir neste esquema os dados climatológicos, a identificação das nuvens de baixos níveis e do nevoeiro usando-se dados de satélite e radar e, além disso, os resultados dos modelos numéricos. Num modelo de previsão de nuvens estratiformes e de nevoeiro de radiação, o qual foi desenvolvido para Alemanha, além dos parâmetros tradicionais, ou seja, distribuição horizontal do vento, temperatura potencial e umidade específica, foram incluídos dados sobre a vegetação (Bott, 2001). A interação entre os processos na camada limite e as correntes de ar úmido na camada de vegetação foi descrita em Siebert et al. (1992). O tempo de formação e de dissipação do nevoeiro e das nuvens baixas depende das características da vegetação. Bott (2001) acentuou que para a previsão das nuvens de baixos níveis é necessária a informação sobre os movimentos descendentes de grande escala. A subsidência de grande escala é o fator que controla a evolução das nuvens. Particularmente, o autor notou que movimentos verticais da ordem de 0,6 cm s 1 suprimem o desenvolvimento vertical das nuvens. Um modelo numérico da formação das nuvens sobre a superfície do mar foi desenvolvido por Bott et al. (1996). Os autores encontraram pouca informação sobre as nuvens no Brasil. Pelos dados de Fedorova et al. (2002a) a quantidade de dias com precipitações fracas associadas a nuvens variaram de 14 durante nove meses de um ano de La Niña até 19 durante a mesma quantidade de meses de um ano de El Niño. Os valores e a variação da precipitação total mensal e da precipitação média mensal de cada chuva, associados às nuvens, foram pequenos. As precipitações associadas com estas nuvens não ultrapassaram 4,3 mm/24h nos anos de La Niña e de El Niño e 7,4 mm/24h no ano normal (2002b). O objetivo deste trabalho é o estudo da freqüência de desenvolvimento das nuvens no sul do Brasil e da estrutura vertical das mesmas. Um objetivo adicional é elaborar as primeiras recomendações para a previsão de curto prazo deste tipo de nebulosidade. 3514

2. MATERIAL E MÉTODOS XII Congresso Brasileiro de Meteorologia, Foz de Iguaçu-PR, 2002 Especialmente para a realização deste trabalho foram observadas as nuvens ocorridas na cidade de Pelotas RS, na estação meteorológica do Centro de Pesquisas Meteorológicas (CPMET) da UFPEL durante um período de 4 anos ( de agosto de 1997 a julho de 2001). Os dados do modelo NCEP (National Center for Environmental Prediction, Washington) são básicos para a elaboração da previsão de tempo pelos meteorologistas do CPMET. Utilizando os dados deste modelo para 12 TMG nos níveis padrões de 1000 hpa até 300 hpa, foram construídos perfis verticais de temperatura e umidade para os dias em que foram observadas as nuvens para a cidade de Pelotas. A elaboração do perfil vertical simulado foi feito devido à ausência de radiossondagem em Pelotas e, por outro lado, devido à utilização diária dos dados do modelo NCEP para elaboração da previsão de tempo. Para todos os perfis verticais foi calculada a energia potencial de convecção ou energia de instabilidade (CAPE, convective available potential energy, Bluestein, 1993, Vasquez, 1994 e Dusan, 1995) pelo método descrito em Fedorova e Khan (1999). As passagens das frentes foram verificadas por imagens de satélite no canal infravermelho, da mesma maneira como foi descrito em Fedorova e Carvalho (2000). 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 Freqüência das nuvens durante o ano Os dados da tabela 1 mostram que as nuvens, durante todos os anos, foram observadas, em média, por mês, em 13% dos dias analisados. Estas nuvens foram registradas um pouco mais freqüentemente nos meses de maio e outubro (em 19 e 17% dos dias analisados por mês, respectivamente). Nos meses frios do ano (de junho a setembro) a mesma freqüência foi bastante estável com 14% por mês. Além disso, uma freqüência bastante alta foi registrada no mês de janeiro. A freqüência das nuvens para cada mês de todos os anos analisados está apresentada na tabela 2. Estes dados mostram que esta freqüência varia muito de um ano para outro e de um mês para outro, ou seja, de zero (em vários meses) até 43% no mês de abril de 1998. No mesmo ano, em geral, foi registrada uma freqüência maior de nuvens (as nuvens foram observadas em 20% dos dias analisados) do que nos outros anos. Estas nuvens foram observadas mais raramente no ano de 2000 (em 7% dos dias analisados). A menor variação da freqüência das nuvens de um ano para outro para o mesmo mês foi observada nos meses de julho ( de 6% no ano de 2000 até 19% no ano de 2001), de setembro ( de 10% no ano de 2000 até 20% no ano de 1997) e de dezembro ( de 0% no ano de 2001 até 10% no ano de 1997). A maior variação da mesma foi nos meses de janeiro, fevereiro, março e abril com o máximo variação em abril ( de 0% no ano de 2001 até 43% no ano de 1998). Tabela 1 - Freqüência das nuvens durante todos os anos analisados. D é a quantidade de dias com nuvens, DD é a quantidade de dias com observações F é a freqüência (em porcentagem relativamente aos dias com observações) das nuvens por mês. Mês D DD F 1 18 118 15,2 2 10 102 9,8 3 10 124 8,1 4 17 120 14,2 5 19 101 18,8 6 18 119 14,5 7 18 124 14,5 8 18 124 14,5 9 17 120 14,2 10 21 123 17,0 11 11 117 9,4 12 5 117 4,3 182 1409 12,9 3515

Tabela 2 - Freqüência de nuvens durante os anos analisados. As abreviações são como na tabela 1. Mês 1997 1998 1999 2000 2001 D DD F D DD F D DD F D DD F D DD F 1 - - - 5 31 16,1 9 25 36,0 4 31 12,9 0 31 0,0 2 - - - 9 26 34,6 0 24 0,0 1 24 4,2 0 28 0,0 3 - - - 10 31 32,3 0 31 0,0 0 31 0,0 0 31 0,0 4 - - - 13 30 43,3 2 30 6,7 2 30 6,7 0 30 0,0 5 - - - 8 31 25,8 2 8 25,0 2 31 6,4 7 31 22,3 6 - - - 2 30 6,7 4 30 13,3 2 30 6,7 10 29 34,5 7 - - - 6 31 19,4 4 31 12,9 2 31 6,4 6 31 19,4 8 7 31 22,3 7 31 22,6 4 31 12,9 0 31 0,0 - - - 9 6 30 20,0 4 30 13,3 4 30 13,3 3 30 10,0 - - - 10 5 31 16,1 5 30 16,7 3 31 9,7 8 31 25,8 - - - 11 7 30 23,3 2 27 7,4 2 30 6,7 0 30 0,0 - - - 12 3 31 9,7 1 24 4,2 1 31 3,2 0 31 0,0 - - - 28 153 18,3 72 352 20,4 35 332 10,5 24 361 6,6 23 211 10,9 3.2 Análise da estrutura dos perfis verticais de temperatura e umidade associados às nuvens Os perfis verticais de temperatura e umidade, construídos para os dias com nuvens foram divididos em três grupos de acordo com a distribuição das camadas úmidas e a estabilidade do ar em baixos níveis da atmosfera (figuras 1, 2 e 3). A quantidade de casos de cada grupo foi 28, 29 e 5, respectivamente. No primeiro grupo foram incluídos os casos com atmosfera úmida e condicionalmente instável. Os casos com atmosfera estável nos baixos níveis da atmosfera foram incluídos no grupo II. Os casos dos grupos I e II tinham CAPE+ somente em baixos níveis da atmosfera ou não a tinham. Os casos restantes tinham CAPE+ em médios e altos níveis ou em toda a atmosfera e por este motivo foram agrupados (grupo III). Uma descrição mais detalhada será apresentada abaixo. Os perfis do primeiro (I) grupo foram divididos em três subgrupos (figura 1): subgrupo Ia (13 casos) apresenta altos valores de umidade (T-Td < 3 o C) e pequenos valores de CAPE+ (em média 40 J/Kg) em baixos níveis da troposfera (até, em média, 871 hpa); subgrupo Ib (10 casos) apresentava camadas úmidas (T-Td < 3 o C) um pouco mais altas do que as mesmas dos perfis do grupo Ia, ou seja, até 828 hpa; o perfil em geral foi semelhante àquele do grupo Ia, mas não foi registrada CAPE+; subgrupo Ic (5 casos) mostra perfis parecidos com os do grupo Ib, com exceção de que o ar em baixos níveis apresentava-se um pouco mais seco (3< T-Td < 6 o C). 3516

a). b). c). Figura 1 Esquemas de perfis verticais de temperatura e umidade do grupo I: a) subgrupo Ia, b) subgrupo Ib e c) subgrupo Ic. Os números no quadrado cinza são os valores máximos de T-Td; os números sem quadrados são a altura (em hpa) da camada úmida. A área em cinza escuro é a região de CAPE+. Os perfis do segundo (II) grupo (figuras 2a e b) foram divididos em dois subgrupos de acordo com a estabilidade em baixos níveis da troposfera: subgrupo IIa (5 casos) apresentava ar úmido (T-Td 1 o C) somente à superfície e camadas de isotermia até 925 hpa; subgrupo IIb (24 casos) mostrou inversão de temperatura na camada superficial até 1000 hpa e ar bastante úmido (T-Td < 5 o C) até, em média, 645 hpa. Figura 2 Esquemas de perfis verticais de temperatura e umidade dos grupos II e III: a) subgrupo IIa, b) subgrupo IIb e c) grupo III. Os números nos quadrados são as alturas da camada de inversão; o número sublinhado é a base da área de CAPE+; as outras abreviações são como na figura 1; 3517

Os perfis do terceiro (III) grupo (figura 2c), como já foi citado anteriormente, apresentavam valores significativos de CAPE+ (em média, 311 J/Kg, tabela 3) e áreas com CAPE+ foram registradas em médios e altos níveis da troposfera (acima de, em média, 750 hpa). Em altos e/ou médios níveis da troposfera foram observadas, também, camadas de ar mais úmido (5 o C<T-Td<7 o C ). É importante enfatizar que em todos os dias com perfis verticais dos tipos IIa e III foram observadas, de manhã, nuvens Ci e/ou As, as quais posteriormente foram substituídas por e estavam associadas com a passagem de frentes. Tabela 3 - Dias com nuvens, durante os quais foi observado o perfil vertical da troposfera do grupo III; os valores de CAPE+ e os níveis (N), acima dos quais foram registrados estes valores de CAPE. Dias CAPE+ (J/Kg) N (hpa) 24.11.1997 317,3 700 06.11.1998 114,4 540 21.12.1998 285,4 910 05.01.1999 429,3 800 14.01.2000 410,4 800 Médias 311,4 750 4. CONCLUSÕES As seguintes informações podem ser utilizadas para a previsão de curto prazo de nuvens : as nuvens podem ser desenvolvidas durante todos os meses do ano; a quantidade máxima de dias com estas nuvens por mês, observada no período estudado, foi 13; elas se formam mais regularmente nos meses frios do ano (de maio até outubro); na maioria dos casos associados com nuvens, a estrutura vertical da troposfera apresenta uma inversão de temperatura na camada superficial até 1000 hpa e ar bastante úmido (T-Td < 5 o C) até 640 hpa; mais raramente, a estrutura vertical da troposfera apresenta altos valores de umidade (T-Td < 3 o C), ar condicionalmente instável e pequenos valores de CAPE+ até 870 hpa; uma seção vertical da troposfera, associada às nuvens, pode não apresentar valores de CAPE+ em baixos níveis e, nestes casos, o ar úmido e condicionalmente instável estende-se para níveis mais altos, do que nos casos com CAPE+, ou seja, até 830 hpa; camadas de isotermia até 925 hpa, ar muito úmido (T-Td 1 o C) à superfície e, também, uma estrutura vertical da troposfera com CAPE+ acima de 750 hpa foram associadas com a entrada e passagem de frentes, quando de manhã foram observadas nuvens Ci e/ou As, as quais posteriormente foram substituídos por ; 5. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo suporte para o desenvolvimento deste trabalho. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOTT, A. PAFOG A new efficient forecast model of radiation fog and low level stratiform clouds. In: 2 nd International Conference on Fog and Fog Collection. Anais...Canada, 529-533, 2001. BOTT, A., TRAUTMANN, T., ZDUNKOWSKI, W. A numerical model of the cloud-topped planetary boundarylayer: radiation, turbulence and spectral microphysics in marine stratus. Quart. J. Roy. Meteor. Soc., 122, 635-667, 1996. BLUESTEIN, H. B. Observations and theory of weather systems. In: Synoptic - dynamic meteorology in midlatitudes. Oxford: Oxford University Press, 1993, v. 2, 595p. 3518

DJURIC, D. Weather Analysis. New Jersey: Prentice Hall, 1994, 304p. FEDOROVA N., CARVALHO, M. H. Processos sinóticos em anos de La Niña e de El Niño. Parte II: Zonas frontais. Rev. Bras. Met., v.15, n.2, 57-72, 2000. FEDOROVA, N., KHAN,V. M., Análise de complexo convectivo de mesoescala sobre o sul do Brasil. Rev. Bras. Meteorol., v. 14, n. 1, p. 35-48, 1999. FEDOROVA, N., LEVIT, V.CARVALHO, M.H. Sistemas e processos sinóticos associados às precipitações na cidade de Pelotas nos anos de La Niña e de El Niño. Parte II: Sistemas e processos sinóticos associados às precipitações muito intensas, intensas, médias e fracas. Submetido à publicação na Rev. Bra. Met. 2002a. FEDOROVA, N., LEVIT, V.CARVALHO, M.H. Sistemas e processos sinóticos associados às precipitações na cidade de Pelotas nos anos de La Niña e de El Niño. Parte III: Variações mensais das precipitações associadas a diferentes sistemas sinóticos. Submetido à publicação na Rev. Bra. Met. 2002b GURKA, J., MOSHER, F. R. eps to improve ceiling and visibility forecasts for aviation. In: 2 nd International Conference on Fog and Fog Collection. Anais...Canada, 521-524, 2001. SIEBERT, J.A., BOTT, A., ZDUNKOWSKI, W. Influence of a vegetation-soil model on the simulation of radiation fog. Beitr. Phys. Atmosph., 65, 93-106, 1992. STERN, H., PARKYN, K. A web-based Melbourne Airport fog and low cloud forecasting technique. In: 2 nd International Conference on Fog and Fog Collection. Anais...Canada, 509-512, 2001. VASQUEZ, T. Weather Forecasting Handbook. Garland, Texas, Weather Graphics Technologies, 2000. 98 p. 3519