Embaixada Verde: Energia e Recursos Hídricos

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Transcrição:

Embaixada Verde: Energia e Recursos Hídricos O projeto Embaixada Verde transformou a Embaixada da Itália em Brasília em um laboratório de experiências ecosustentáveis. A iniciativa faz parte da estratégia ambiental mais ampla Farnesina Verde. O objetivo é comprovar como as soluções oferecidas pela Green Economy podem representar, também em períodos de conjuntura econômica desfavorável, sistemas sustentáveis não apenas do ponto de vista da preservação do meio ambiente, mas também daquele econômico-financeiro. Graças ao projeto Embaixada Verde, a sede diplomática recebeu o reconhecimento Green Building Plus Rina, emitido pelo Gruppo Rina Registro Italiano Naval, que validou-a como edifício eco-sustentável. Embaixada Verde

Energia A planta fotovoltaica foi projetada e realizada graças a colaboração da empresa italiana Enel Green Power e ao apoio das autoridades brasileiras competentes em matéria: a Companhia Energética de Brasília (CEB), a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) e a Universidade de Brasília (UnB). Com uma capacidade instalada equivalente a 49,01 KW, a Embaixada dispõe da segunda maior planta fotovoltaica ativa no Brasil, atrás apenas daquela de Tauá (Ceará). Número de painéis fotovoltaicos 405 Área ocupada pela planta 600 m 2 Potência instalada 49,01 kw Produção de energia estimada 86.162 kwh/ano Consumo médio de energia 453.371 kwh/ano Consumo estimado depois da instalação da planta 367.209 kwh/ano Economia de energia 17% Redução na emissão de CO 2 7,6 Tn/ano Vita útil da planta 30 anos Embaixada Verde - Energia

Troca de energia com a rede elétrica É o aspecto que torna o sistema ainda mais conveniente economicamente, permitindo o uso de uma parte da energia produzida que, de outro modo, seria perdida. O excesso de produção, realizado quando a irradiação solar é consistente, portanto, é cedido à rede elétrica que restituirá a quantidade análoga de energia nos períodos nos quais o consumo supera a produção. A realização da troca de energia foi possível em via experimental graças a um acordo com a CEB, enquanto não havia ainda uma possibilidade prevista pela normativa brasileira. A Aneel divulgou a resolução normativa número 482, em 17 de abril de 2012, que estabelece as condições gerais para o acesso de microgeração e minigeração distribuída aos sistemas de distribuição de energia elétrica e o sistema de compensação de energia elétrica. Embaixada Verde - Energia

Abatimento dos custos Com o sistema de geração distribuída fotovoltaica, operante desde o início de 2011, o consumo de energia elétrica mensal da Embaixada Italiana foi reduzido em 17% em relação ao ano anterior. Dado que o custo da planta é aproximadamente de R$ 350 mil, o tempo de amortização teórico da mesma seria de 17-18 anos. Tal período é teórico porque: o sistema foi construído com custos europeus menores do que os atualmente encontrados no Brasil alta taxa de juros brasileira Para um usuário brasileiro é possível afirmar que com a economia realizada pelos painéis haveria um retorno de 80% do investimento realizado na construção da planta. Tais condições são inevitavelmente destinadas a melhorar em tempos relativamente breves, devido a: redução no custo de realização da planta aumento de sua produtividade aumento no custo da energia elétrica previsível redução das taxas de juros Custo da planta R$ 349.400,00 Conta do consumo da eletricidade em 2011 R$ 120.000,00 Economia da energia 17% Economia em 2011 R$ 20.400,00 Embaixada Verde - Energia

0:00 1:30 3:00 4:30 6:00 7:30 9:00 10:30 12:00 13:30 15:00 16:30 18:00 19:30 21:00 22:30 Demanda típica/dia antes/após a geração distribuída fotovoltaica Consumo energético mensal antes/após a geração distribuída fotovoltaica kw 80 70 60 50 kw 45000 40000 35000 30000 40 30 20 10-25000 20000 15000 10000 5000 0 Horas 7/4/2010 6/4/2011 2010 2011 Embaixada Verde - Energia

Projeto pioneiro O projeto Embaixada Verde fomenta o mercado nacional de equipamentos e serviços ligados a esse tipo de fonte renovável, o que causará a diminuição dos custos de instalação e disseminação do sistema fotovoltaico no Brasil. Do ponto de vista científico, a instalação na Embaixada serve como exemplo de geração distribuída fotovoltaica, tema a ser pesquisado intensamente pela comunidade científica brasileira, contribuindo assim para agregar valor e adaptar a tecnologia fotovoltaica para as condições naturais do país. Graças a contribuição das empresas Led Brasil e Pramac, teve-se início a troca das lâmpadas convencionais por lâmpadas LED. Embaixada Verde - Energia

Uma contribuição para uma política energética de respeito ao meio ambiente Para plantas de grandes dimensões, no atual estado de desenvolvimento das tecnologias, os painéis fotovoltaicos normalmente não são competitivos com as fontes tradicionais. São, porém, muito competitivos já hoje, para plantas de pequenas e médias dimensões em quanto podem produzir economias relevantes para os usuários. Installed base Delta capacity Expected Growth CAGR 2011-20 Investments 2011 2010 (GW) 2011 (GW) 10-11 (GW) % Min % Max % bn Hydro ~1,007 ~1,039 +32 3 2 2 ~62 Wind ~197 ~241 +44 22 10 14 ~58 Biomass ~60 ~64 +4 7 6 25 ~8 Solar ~39 ~66 +28 69 13 25 ~105 Geothermal ~11 ~11 +0,2 2 7 11 ~2 TOTAL ~1313 ~1,421 +107 8.2 5 8.7 ~235 Fonte: EPIA, GWEC, BNEF, EER (2011); WEO 2011 New Polices scenario (2020 min); industry reports - McKinsey (2020 max); EGP estimates Embaixada Verde - Energia

Recursos Hídricos O sistema de fitodepuração integrada e reutilização das águas residuais do complexo da Embaixada da Itália foi construído por um grupo de empresas italianas e brasileiras (Ecomachine, Texep, CMO, Edilbras e Idéias) reunidas na sociedade Ecoideias. Custo da planta (sem custos da mão de obra) R$ 116.000,00 Vida útil da planta 25 anos Economia anual estimada sobre o consumo de águas para a irrigação dos jardins 20% do volume de água recuperada Volume tratável da planta de fitodepuração min 4 m 3 /dia max. 60 m 3 /dia Volume estimado tratável mensalmente Economia hídrica anual Tempo estimado de retorno do investimento 100 mc 1.200 mc 5 anos Embaixada Verde Recursos Hídricos

Um sistema fechado do ponto de vista hídrico A água não contem poluentes e pode ser recuperada e reutilizada para irrigação do jardim e demais usos internos, para depois retornar novamente à planta de fitodepuração. As águas cinzas e negras produzidas pela sede são coletadas na planta de fitodepuração Depois que os resíduos sólidos são sedimentados nas fossas de decantação, as águas passam para um reservatório onde começa a fase orgânica do processo Em seguida, as águas entram em contato com as raízes das plantas, que absorvem naturalmente os compostos presentes As águas entram em contato com as bactérias presentes ao interno do reservatório, as quais rompem os resíduos orgânicos em moléculas inorgânicas simples Uma primeira filtragem mecânica acontece quando as águas, seguindo um caminho descendente, atravessam vários extratos do terreno Embaixada Verde Recursos Hídricos

Consumir menos água e não produzir descargas de poluentes Plantas deste tipo permitem uma redução notável dos custos para a construção de uma nova rede de esgotos, evitando despesas para a depuração das águas, reduzem os volumes de aquisição hídrica consumo e ajudam a respeitar a normativa sobre o tratamento das águas. Para conjuntos residenciais de até cerca duas mil pessoas, este método representa uma alternativa válida com relação ao tradicional sistema de esgotos e tratamento das águas residuais. Embaixada Verde Recursos Hídricos

A realização de uma planta de depuração comporta uma série de vantagens: Custos de construção reduzidos e de gestão insignificantes Redução dos custos para a construção de uma nova rede de esgotos Diminuição nos volumes de aquisição hídrica Não requer o uso de substâncias Pode melhorar e embelezar a paisagem Não produz mau-cheiro Embaixada Verde Recursos Hídricos

Financiamento dos sistemas: um EMPRÉSTIMO VERDE? O projeto Embaixada Verde demonstra que tanto o fotovoltaico como a fitodepuração podem ter, em determinadas circunstâncias ambientais, tempos de retorno dos investimentos muito inferiores à duração das plantas. Existem, portanto, as condições para que uma instituição bancária estude propostas financeiras para a realização dos sistemas em questão, recuperando o empréstimo com cotas para pagar baseado nas economias das contas elétrica e hídrica. Enquanto para a fitodepuração estas circunstâncias são viáveis de acordo com a experiência da Embaixada. Para o sistema fotovoltaico o projeto continuará a coletar elementos úteis, graças a colaboração com o Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade de Brasília, para que tais propostas financeiras possam ser elaboradas de maneira conveniente, considerando a evolução de três variáveis: taxa de juros, custo e economia da planta e custo da eletricidade. Embaixada Verde