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Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível n , da 1ª Vara Cível e da Fazenda Pública da Comarca de Paranavaí,

IV - APELACAO CIVEL

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TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO APELAÇÃO CÍVEL Nº /SP

: MIN. DIAS TOFFOLI :MUNICÍPIO DE VENÂNCIO AIRES : FLÁVIO CÉSAR INNOCENTI E OUTRO(A/S)

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

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Agravo de instrumento interposto com o fim de reformar o r. despacho que denegou seguimento ao recurso de revista.

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/2013/ / (CNJ: )

Transcrição:

RECURSO ESPECIAL Nº 1.584.529 - CE (2016/0029957-6) RELATOR : MINISTRO MOURA RIBEIRO RECORRENTE : CARTÓRIO JOÃO MACHADO 7º OFICIO DE PROTESTO DE TITULOS ADVOGADO : ALEXANDRE ONOFRE MACHADO E OUTRO(S) RECORRIDO : JORGE LUIZ JANJA QUEZADO ADVOGADO : JOÃO GUILHERME JANJA XIMENES INTERES. : DALLAS DERIVADOS DE PETRÓLEO LTDA EMENTA CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL PROPOSTA CONTRA CARTÓRIO DO 7º OFICIO DE PROTESTO DE TITULOS E OUTRO. PROTESTO INDEVIDO DE CHEQUE PRESCRITO. PROCEDÊNCIA. APELO ESPECIAL DO CARTÓRIO. ENTIDADE QUE NÃO POSSUI PERSONALIDADE JURÍDICA. ILEGITIMIDADE PASSIVA RECONHECIDA. EXTINÇÃO DO FEITO, QUANTO A ELA. ACÓRDÃO EM DESCONFORMIDADE COM A JURISPRUDÊNCIA ASSENTADA NESTA CORTE. PRECEDENTES. REFORMA DO JULGADO. NECESSIDADE. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. DECISÃO O presente recurso decorre de ação de indenização por danos morais ajuizada por JORGE LUIZ JANJA QUEZADO contra DALLAS DERIVADOS DE PETRÓLEO LTDA. (POSTO MARINA) e o CARTÓRIO JOÃO MACHADO 7º OFICIO DE PROTESTO DE TITULOS, em razão do indevido protesto de cheque que lhe fora furtado. A ação foi julgada procedente, a fim de condenar os demandados ao pagamento da quantia de R$ 4.000,00 (quatro mil reais), a título de danos morais, devidamente corrigidos, bem como ao pagamento de R$ 40,00 (quarenta reais por dano material, valores a serem suportados de modo equitativo e igualitário entre as demandadas, e ainda ao pagamento de honorários advocatícios fixados em 10% do valor da condenação, igualmente rateados entre os réus. Interposta apelação por ambos os demandados, a Corte cearense negou-lhes provimento, em acórdão a seguir ementado: APELAÇÕES CÍVEIS. RESPONSABILIDADE CÍVEL. PRELIMINARES. ILEGITIMIDADE PASSIVA DO CARTÓRIO DE PROTESTOS. REJEITADA. CERCEAMENTO DE DEFESA. REJEITADA. CHEQUE PRESCRITO LEVADO A PROTESTO. PROTESTO INDEVIDO. DANO MORAL PRESUMIDO. RECURSOS Documento: 58382911 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 09/03/2016 Página 1 de 5

NÃO PROVIDOS. Não há falar que a responsabilidade cível é apenas pessoal donotário e/ou oficial de registro, titular de delegação do Poder Público, tanto que se admitir o Cartório como pessoa formal e, nesta extensão, dotado de capacidade processual e legitimidade ad causam. Não houve alteração da causa de pedir após a contestação e nem que o Juízo acolheu tese nova inserida na réplica, posto que esta abordou a tese em defesa; além do mais, a sentença se baseou na causa de pedir contida na exordial qual seja, que o dano moral decorreu da tardia apresentação do título para protesto, inexistindo o propalado cerceamento de defesa; A baixa do protesto se faz impositiva, já que prescrito o crédito que legitimaria o restritivo, razões suficientes a impor a condenação em danos morais; Quanto aos danos morais, não há dúvidas que o comando de protesto de título prescrito não se encontra acobertado pelo direito, além de ter causado induvidoso abalo de crédito, o que impõe a indenização respectiva. Recursos conhecidos, com rejeição de preliminares e, no mérito, não provido (e-stj, fls. 349). Os embargos de declaração foram rejeitados (e-stj, fl. 416/425). Nas razões do apelo nobre, interposto com fundamento no art. 105, III, a e c, da Constituição Federal, CÍCERO MOZART MACHADO, Tabelião do 7º Ofício de Protesto de Títulos (Cartório João Machado) alegou violação dos arts. 1º, 11, e 22 da Lei nº 8.935/94 e 38 da Lei nº 9.492/97. Sustentou, em suma, que o Cartório não tem legitimidade passiva ad causam, uma vez que a presente demanda não se trata de eventual reparação civil por danos causados no exercício notarial, mas sim, de insurgência voltada contra o indevido protesto de título prescrito. O recurso foi admitido na origem (e-stj, fl. 468/474), ascendendo os autos a esta Corte, sendo-me distribuídos. É o relatório. DECIDO. (1) Do prequestionamento A questão atinente a legitimidade do Cartório para figurar no processo foi suficientemente analisada pela sentença (e-stj, fls. 227/239) e pelo acórdão recorrido (e-stj, fl. 336/350), estando, assim, satisfeito o requisito do prequestionamento da questão federal invocada. Documento: 58382911 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 09/03/2016 Página 2 de 5

(2) Da divergência jurisprudencial O acórdão recorrido manteve a sentença que reconheceu a legitimidade do Cartório do 7º Ofício de Notas e Protesto de Títulos (Cartório João Machado) para figurar no polo passivo da demanda visando reparação moral pelo indevido protesto de cheque prescrito. Ocorre que tal entendimento está em desconformidade com a orientação firmada nesta Corte, nos termos dos precedentes a seguir consignados: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. TRIBUTÁRIO. SERVIÇOS DE REGISTROS PÚBLICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS. AUSÊNCIA DE PERSONALIDADE JURÍDICA. ILEGITIMIDADE AD CAUSAM. PRECEDENTES. INCIDÊNCIA DA SÚMULA Nº 83 DO STJ. 1. Esta Corte já se manifestou no sentido de que os serviços de registros públicos, cartorários e notariais não detêm personalidade jurídica, de modo que quem responde pelos atos decorrentes dos serviços notariais é o titular do cartório. Logo, o tabelionato não possui legitimidade para figurar no polo ativo da presente demanda repetitória tributária. Precedentes: AgRg no REsp 1.468.987/SP, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 11/03/2015; AgRg no REsp 1.462.169/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, Segunda Turma julgado em 20/11/2014, DJe 4/12/2014. 2. Agravo regimental não provido. (AgRg no REsp 1.360.111/SP, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, Segunda Turma, julgado em 5/5/2015, DJe 12/5/2015) RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. RECONHECIMENTO DE FIRMA MEDIANTE ASSINATURA FALSIFICADA. RESPONSABILIDADE CIVIL. OFÍCIO DE NOTAS. ILEGITIMIDADE PASSIVA. AUSÊNCIA DE PERSONALIDADE JURÍDICA E JUDICIÁRIA. 1. Consoante as regras do art. 22 da Lei 8.935/94 e do art. 38 da Lei n.º 9.492/97, a responsabilidade civil por dano decorrente da má prestação de serviço cartorário é pessoal do titular da serventia à época do fato, em razão da delegação do serviço que lhe é conferida pelo Poder Público em seu nome. 2. Os cartórios ou serventias não possuem legitimidade para figurar no pólo passivo de demanda indenizatória, pois são desprovidos de personalidade jurídica e judiciária, representando, apenas, o espaço físico onde é exercida a função pública delegada consistente na atividade notarial ou registral. 3. Iegitimidade passiva do atual titular do serviço notarial ou registral pelo pagamento de débitos atrasados do antigo titular. 4. Doutrina e jurisprudência acerca do tema, especialmente Documento: 58382911 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 09/03/2016 Página 3 de 5

precedentes específicos desta Corte. 5. Recurso especial provido. (REsp 1177372/RJ, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, Rel. p/ Acórdão Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, Terceira Turma, julgado em 28/6/2011, DJe 1º/2/2012) RECURSO ESPECIAL - CARTÓRIO EXTRAJUDICIAL - TABELIONATO - INTERPRETAÇÃO DO ART. 22 DA LEI N. 8.935/94 - LEI DOS CARTÓRIOS - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - RESPONSABILIDADE CIVIL DO TABELIONATO - LEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM - AUSÊNCIA - RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO. 1. O art. 22 da Lei n. 8.935/94 não prevê que os tabelionatos, comumente denominados "Cartórios", responderão por eventuais danos que os titulares e seus prepostos causarem a terceiros. 2. O cartório extrajudicial não detém personalidade jurídica e, portanto, deverá ser representado em juízo pelo respectivo titular. 3. A possibilidade do próprio tabelionato ser demandado em juízo, implica admitir que, em caso de sucessão, o titular sucessor deveria responder pelos danos que o titular sucedido ou seus prepostos causarem a terceiros, nos termos do art. 22 do Lei dos Cartórios, o que contrasta com o entendimento de que apenas o titular do cartório à época do dano responde pela falha no serviço notarial. 4. Recurso especial improvido. (REsp 911.151/DF, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA, Terceira Turma, julgado em 17/6/2010, DJe 6/8/2010) RECURSO ESPECIAL - NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL - NÃO OCORRÊNCIA - SERVIÇOS NOTARIAIS E DE REGISTRO - NATUREZA JURÍDICA - ORGANIZAÇÃO TÉCNICA E ADMINISTRATIVA DESTINADOS A GARANTIR A PUBLICIDADE, AUTENTICIDADE, SEGURANÇA E EFICÁCIA DOS ATOS JURÍDICOS - PROTESTO - PEDIDO DE CANCELAMENTO - OBRIGAÇÃO DE FAZER - TABELIONATO - ILEGITIMIDADE DE PARTE PASSIVA RECONHECIDA - AUSÊNCIA DE PERSONALIDADE - RECURSO IMPROVIDO. [...]. II - Segundo o art. 1º da Lei n 8.935/94, que regulamentou o art. 236 da Constituição Federal, os serviços notariais e de registro são conceituados como "organização técnica e administrativa destinados a garantir a publicidade, autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos". Dispõe, ainda, referida Lei que os notários e oficiais de registro gozam de independência no exercício de suas atribuições, além de que estão sujeitos às penalidades administrativas previstas nos arts. 32, 33, 34 e 35, no caso de infrações disciplinares previstas no art. 31 da mesma Lei. III - Os cartórios extrajudiciais - incluindo o de Protesto de Títulos - Documento: 58382911 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 09/03/2016 Página 4 de 5

são instituições administrativas, ou seja, entes sem personalidade, desprovidos de patrimônio próprio, razão pela qual, bem de ver, não possuem personalidade jurídica e não se caracterizam como empresa ou entidade, afastando-se, dessa forma, sua legitimidade passiva ad causam para responder pela ação de obrigação de fazer. IV - Recurso especial improvido. (REsp 1097995/RJ, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA, TERCEIRA TURMA, julgado em 21/9/2010, DJe 6/10/2010). Configurado o dissenso interpretativo, é de se acolher a pretensão deduzida no especial, a fim de afastar a legitimidade passiva ad causam do Cartório do 7º Ofício de Notas e Protesto de Títulos (Cartório João Machado), extinguindo o feito, quanto a ele, nos termos do art. 267, VI, do Código de Processo Civil. Nessas condições, DOU PROVIMENTO ao recurso especial, para reconhecer a ilegitimidade passiva do recorrente. Condeno o recorrido JORGE LUIZ JANJA QUEZADO ao pagamento de honorários advocatícios em favor do patrono do recorrente, que ora fixo em R$ 1.000,00 (mil reais), nos termos do art. 20, 4º do CPC. Publique-se. Intimem-se. Brasília/DF, 04 de março de 2016. MINISTRO MOURA RIBEIRO Relator Documento: 58382911 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 09/03/2016 Página 5 de 5