ASSEMBLEIA NACIONAL GABINETE DO PRESIDENTE DISCURSO DE S.E. O PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA NACIONAL NA CERIMÓNIA DE JURAMENTO DE BANDEIRA DOS RECRUTAS DA 2ª INCORPORAÇÃO MILITAR DE 2013 Senhor Ministro da Presidência do Conselho de Ministros e da Defesa Nacional, Senhor Chefe de Estado-Maior das Forças Armadas, Senhores Combatentes da Liberdade da Pátria, Senhores Oficiais, Sargentos e Praças, Senhoras e Senhores Representantes de Instituições, Senhoras e Senhores Trabalhadores Civis da Forças Armadas, Distintos Convidados, Minhas Senhoras e meus Senhores: Aproveito o ensejo para expressar os agradecimentos ao Senhor Ministro da Presidência do Conselho de Ministros e da Defesa Nacional, Dr. Jorge Tolentino, pelo honroso convite para presidir a este acto de Juramento de Bandeira dos Recrutas da 2ª Incorporação de 2013. Para mim é gratificante participar nesta solenidade e poder desfrutar da companhia das mais ilustres entidades aqui presentes, bem como da população de São Vicente que, ano após ano, vem dignificando ainda mais esta cerimónia de muito significado para as Forças Armadas. O acto de Juramento de Bandeira foi sempre e continua a ser, entre nós, um acontecimento de relevo que envolve não só os militares e as respectivas famílias, como também a própria sociedade. A presença massiva da população aqui é prova inequívoca da importância do acto. 1
Constitui, indubitavelmente, um dos momentos-forte da instituição castrense que, para além de marcar o rito de passagem do militar da condição de recruta à de soldado, também serve para testar o grau de respeito e de credibilidade de que goza a instituição junto da sociedade. Este Juramento de Bandeira permite-nos revisitar a história e recordar o momento fundador, aquele dia 15 de Janeiro 1967 quando, ainda na noite colonial, algumas dezenas de jovens, prestaram juramento em Cuba, perante Amílcar Cabral, e assumiram a histórica missão de lutar pela conquista da nossa Independência. Nessa altura, bem longe do seu querido Cabo Verde, imbuídos de um profundo sentimento patriótico, lançaram as sementes do que viria a ser mais tarde as Forças Armadas Nacionais. Alguns desses patriotas estão presentes nesta cerimónia, outros já não se encontram no mundo dos vivos, mas a todos queria expressar o profundo sentimento de gratidão deste povo. Sóis os nossos Heróis Nacionais e o facho que acendeste em Cuba é hoje assumido pelos jovens militares que acabam de prestar o Juramento à Bandeira. Estou seguro de que é com orgulho no presente e de olhos postos no horizonte, que as Forças Armadas recebem estes jovens, numa constante renovação que é sinónimo e garante do futuro que se quer construir. Espero que, na linha do que é tradição nas Forças Armadas caboverdianas, estes novos militares também incorporem a cultura de liderança e pugnem pelo permanente sentido de missão, pela noção do dever, pelo orgulho de ser militar e pelo estrito cumprimento das normas de execução e de disciplina. Para se conseguir esses pressupostos, é imperativo que se dê relevância à valorização do capital humano, quer através da formação e treino e numa maior exigência nas competências técnicas, profissionais e de comando, quer através da promoção de uma cultura do mérito, repercutindo o desempenho no desenvolvimento da carreira e promovendo a diferenciação enquanto factor de motivação. Minhas Senhoras e meus Senhores: Cabo Verde se revê e se orgulha das suas Forças Armadas. O prestígio e a credibilidade desta instituição, junto da sociedade cabo-verdiana, crescem a cada dia, como atestam os sucessivos estudos de opinião, como sendo aquela que inspira maior grau de confiança. Tal prestígio, 2
bem como a utilidade e eficácia são igualmente reconhecidos na subregião e pelos parceiros internacionais. Assim, graças ao seu profissionalismo e competência, as nossas Forças Armadas tem participado em exercícios conjuntos e integrado forças de manutenção de Paz, sempre com muita dedicação e um desempenho de que Cabo Verde se orgulha. Elas têm contribuído, pois, para a elevação do prestígio e do nome do país, revelando-se autênticos Embaixadores. A participação nessas missões traduz a opção política de defesa constante da Paz e um dever de utilidade e de solidariedade para com a comunidade internacional. A par dessa meritória participação, fora do país, em missões a bem da Paz, logo, pacíficas, as Forças Armadas cabo-verdianas têm revelado enorme eficácia nas missões humanitárias e de bem-estar da população, aqui no arquipélago, sempre que para tal foram solicitadas. Refiro-me às intervenções nas áreas da protecção ambiental, da protecção civil (calamidades, epidemias, etc.), da busca e salvamento no mar, da fiscalização da Zona Económica Exclusiva, da luta contra a pirataria e o crime organizado transnacional, nomeadamente o narcotráfico e o tráfico de pessoas. Esta atitude evidencia o quanto as nossas Forças Armadas estão atentas aos novos reptos que lhe são colocados pela sociedade e às exigências decorrentes dos tempos actuais. É o reconhecimento de que hoje, os desafios e as ameaças são de natureza completamente diferente. Mas importa reconhecer que as nossas Forças Armadas têm sabido adaptar-se às novas demandas, enfrentando com zelo e competência os desafios emergentes. O clima de paz social em que vivemos, e que a elas somos profundamente tributários, permite canalizar as energias para as ingentes tarefas de desenvolvimento do país, atitude que não se pode dissociar do facto de esta instituição se revelar uma autêntica escola de cidadania. Permitam-me realçar, a propósito, a mais-valia que vem representando o Programa Soldado-Cidadão que tem permitido capacitar com qualificação profissional em diversas áreas, muitos militares do serviço efectivo normal, preparando-os para a inserção no mercado de trabalho em melhores condições, após a passagem à disponibilidade. Trata-se, indiscutivelmente, de um programa nobre e útil e que deve ser acarinhado e ampliado, de modo a beneficiar um cada vez maior número de soldados. 3
Minhas Senhoras e meus Senhores: Graças a uma postura, a todos os títulos, exemplar e republicana, garantiram as condições para que estes trinta e oito anos de Cabo Verde independente fossem de uma caminhada sem sobressaltos, com estabilidade, segurança e tranquilidade, proporcionando êxitos em praticamente todos os sectores da vida deste país. Como todos sabemos, a Paz, a estabilidade e a segurança, constituem os principais recursos estratégicos que nos têm permitido trilhar o caminho do desenvolvimento. As Forças Armadas são o principal garante desse capital. Sem veleidades e inequivocamente, elas têm sido o baluarte do Estado de Direito Democrático, remetendo-se aos Quartéis e submetendo-se à Ordem Constitucional. É esta atitude que reforça a sua credibilidade e confere confiança à classe política ao mesmo tempo em que contribui para o aumento do capital de prestígio do país. Caras e caros Soldados: É com um sentimento de orgulho que constato a presença, entre vós, de cerca de uma dúzia de jovens do sexo feminino. Trata-se de uma presença demonstrativa de que, mesmo nas condições mais exigentes e extremas, nos limites das capacidades física, psicológica, de coragem e de dedicação, a Nação pode contar com as nossas valorosas e combativas mulheres. Espero que estas jovens encontrem nesta instituição as condições adequadas para o seu acolhimento de forma a propiciar a sua permanência. Ao abrir as suas portas à presença feminina, as Forças Armadas estão a dar um contributo de primeiro plano para a materialização dos ideais de igualdade e equidade de género, condição indispensável ao pleno exercício da cidadania em Cabo Verde. Agindo de tal sorte, as Forças Armadas, mais uma vez, revelam-se como um dos principais cultores e pilares da Democracia e do Estado de Direito Democrático. Caras e caros Soldados recém-jurados: Acabamos de testemunhar, com emoção, satisfação e orgulho, o vosso compromisso solene de, a partir deste momento, colocar inteiramente as vossas capacidades físicas e intelectuais e, acima de tudo, o vosso sentimento patriótico ao serviço da Pátria, com todas as consequências daí advenientes. 4
Quer isto dizer que estão dispostos a cumprir escrupulosamente as leis vigentes no país e se for necessário dar a própria vida em prol da Pátria. Constitui de facto motivo de orgulho para a Nação quando seus filhos não poupam sacrifícios e esforços para a defesa e preservação das conquistas da Independência e da Democracia. A sociedade e as Forças Armadas esperam de vós, elevados padrões de comportamento, qualidades morais e cívicas para o cumprimento com êxito das vossas obrigações, não comuns em qualquer outra organização. Sejam exemplo para os outros jovens para que estes se inspirem em vós e possam seguir o mesmo caminho, com igual entusiasmo. Termino, exortando a todos, militares e civis das Forças Armadas, a preservarem o espírito patriótico e de missão que vos caracteriza e a empenharem, ainda mais, na consecução da nobre missão desta Instituição de que tanto nos orgulhamos. Muito Obrigado pela vossa atenção! São Vicente, 17 de Novembro de 2013 5