Oh Meu Deus Ultra Trail Serra da Estrela 104 km (que acabaram por ser cerca de 115 km)



Documentos relacionados
Era uma vez, numa cidade muito distante, um plantador chamado Pedro. Ele

DANIEL EM BABILÔNIA Lição Objetivos: Ensinar que devemos cuidar de nossos corpos e recusar coisas que podem prejudicar nossos corpos

RECUPERAÇÃO DE IMAGEM

Afonso levantou-se de um salto, correu para a casa de banho, abriu a tampa da sanita e vomitou mais uma vez. Posso ajudar? perguntou a Maria,

Campanha de Advento Setor da Catequese do Patriarcado de Lisboa

Os encontros de Jesus. sede de Deus

Português Língua Estrangeira Teste (50 horas)

Ernest Hemingway Colinas como elefantes brancos

Ficha Técnica: Design e Impressão Mediana Global Communication

Áustria Viena. Foi uma grande surpresa o facto de todos os alunos andarem descalços ou de pantufas.

A Cura de Naamã - O Comandante do Exército da Síria

A Reprodução da Galinha


Mostra Cultural 2015

Altimetria. Ao nível do mar, com uma temperatura de 15ºC a pressão é de hpa ou Hg. (segundo a ISA iremos ver mais à frente)

O céu. Aquela semana tinha sido uma trabalheira!

Frequentemente você utiliza certos termos que não

História: Vocês querem que eu continue contando a história do Natal? Maria e José seguiam para Belém,

OS AMIGOS NÃO SE COMPRAM

O que procuramos está sempre à nossa espera, à porta do acreditar. Não compreendemos muitos aspectos fundamentais do amor.

ENTRE FRALDAS E CADERNOS

Anexo A Categorização das respostas dos alunos às questões antes de ensino e pós-ensino na Actividade de Aprendizagem 1

A MULHER QUE ESTAVA PERTO DO

Segundo Relatório de Intercâmbio de Longa Duração

Transcriça o da Entrevista

GRADUADO EM EDUCAÇÃO SECUNDÁRIA PROVA LIVRE. Exercício 3 ÂMBITO DE COMUNICAÇÃO: PORTUGUÊS

A DIVERSIDADE NA ESCOLA

Mais que um workshop, uma verdadeira experiência fotográfica.

Anexo Entrevista G1.1

NA LOJA DE CHAPÉUS. Karl Valentin. Personagens. Vendedora. Valentin ATO ÚNICO

Tenho um espelho mágico no porão e vou usá-lo.

Era uma vez um príncipe que morava num castelo bem bonito e adorava

2015 O ANO DE COLHER ABRIL - 1 A RUA E O CAMINHO

Os dois foram entrando e ROSE foi contando mais um pouco da história e EDUARDO anotando tudo no caderno.

LOURENÇO LOURINHO PRACIANO 1

Três Marias Teatro. Noite (Peça Curta) Autor: Harold Pinter

Começamos a viagem com a tentativa de comprar uma botija de gás propano Repsol compatível com a nossa saída livre. Nada feito

Em algum lugar de mim

Ta u. luta contra a malária SAMPLE ONLY: NOT FOR DISTRIBUTION. com comprimidos de artemeter/lumefantrina (AL)

Após o término da Segunda Guerra Mundial foram trabalhar no SíNo Quinta das Amoreiras, de propriedade de Augusto Camossa Saldanha, aqui entre Miguel

FOTO-AVENTURA. Nikon D mm. f/ ISO zoom - FOTOGRAFIA PRÁTICA

chuva forte suas filhas não estavam em casa, decidiram chamar moradores vizinhos a ajudar a encontrá-las. Procuraram em cada casa, loja e beco que

Campanha Nacional de Escolas da Comunidade Colégio Cenecista Nossa Senhora dos Anjos Gravataí RS. Cohab B

Caros irmãos e amigos. A graça e a paz do Senhor Jesus. Grandes coisas tem feito o Senhor por nós por isso estamos alegres.

KIT CÉLULA PARA CRIANÇAS: 28/10/15

KIT CÉLULA PARA CRIANÇAS:

Proposta de Lei da Imigração Inovações que mudam a vida das pessoas

Como fazer contato com pessoas importantes para sua carreira?

Caridade quaresmal. Oração Avé Maria. Anjinho da Guarda. S. João Bosco Rogai por nós. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Bom dia a todos!

Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na cerimônia de inauguração do Centro de Especialidades Odontológicas de Campo Limpo

Grandes coisas fez o Senhor!

A Maquina de Vendas Online É Fraude, Reclame AQUI

Para onde vou Senhor?

Categorias Subcategorias Unidades de registo. Situação. Sai da escola e ia para casa da minha mãe (F1) Experiência de assalto

Sinopse I. Idosos Institucionalizados

Entrevista exclusiva concedida pelo Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao SBT

A Sociedade dos Espiões Invisíveis

HINÁRIO O APURO. Francisco Grangeiro Filho PRECISA SE TRABALHAR 02 JESUS CRISTO REDENTOR

Ultra-Maratona de Trail 101 Peregrinos Ponferrada (Espanha)

INQ Já alguma vez se sentiu discriminado por ser filho de pais portugueses?

Presidência da República Casa Civil Secretaria de Administração Diretoria de Gestão de Pessoas Coordenação Geral de Documentação e Informação

Os encontros de Jesus O cego de nascença AS TRÊS DIMENSÕES DA CEGUEIRA ESPIRITUAL

Olga, imigrante de leste, é empregada nessa casa. Está vestida com um uniforme de doméstica. Tem um ar atrapalhado e está nervosa.

5 Equacionando os problemas

PREGAÇÃO DO DIA 08 DE MARÇO DE 2014 TEMA: JESUS LANÇA SEU OLHAR SOBRE NÓS PASSAGEM BASE: LUCAS 22:61-62

este ano está igualzinho ao ano passado! viu? eu não falei pra você? o quê? foi você que jogou esta bola de neve em mim?

Delicadesa. Deves tratar as pessoas com delicadeza, de contrário elas afastar-se-ão de ti. Um pequeno gesto afectuoso pode ter um grande significado.

Dedico este livro a todas as MMM S* da minha vida. Eu ainda tenho a minha, e é a MMM. Amo-te Mãe!

2ª Feira, 2 de novembro Rezar em silêncio

MOISÉS NO MONTE SINAI Lição 37

Tendo isso em conta, o Bruno nunca esqueceu que essa era a vontade do meu pai e por isso também queria a nossa participação neste projecto.

Presidência da República Casa Civil Secretaria de Administração Diretoria de Gestão de Pessoas Coordenação Geral de Documentação e Informação

Estórias de Iracema. Maria Helena Magalhães. Ilustrações de Veridiana Magalhães

PASSEIO NO BOSQUE. Página 1 de 8-10/04/ :18

Produtividade e qualidade de vida - Cresça 10x mais rápido

DOURO BIKE RACE. Um empeno com prazer. Amarante de 13 a 16 de Setembro de 2012

Pretérito Imperfeito do Indicativo

1.000 Receitas e Dicas Para Facilitar a Sua Vida

Viagem a Dornes e Sertã

Unidade 4: Obedeça ao Senhor Neemias e o muro

Freelapro. Título: Como o Freelancer pode transformar a sua especialidade em um produto digital ganhando assim escala e ganhando mais tempo

USUÁRIO QUE APANHOU NA PRISÃO, SOFREU

UMA ESPOSA PARA ISAQUE Lição 12

Assunto: Entrevista com a primeira dama de Porto Alegre Isabela Fogaça

Sou Helena Maria Ferreira de Morais Gusmão, Cliente NOS C , Contribuinte Nr e venho reclamar o seguinte:

SAMUEL, O PROFETA Lição Objetivos: Ensinar que Deus quer que nós falemos a verdade, mesmo quando não é fácil.

Roteiro para curta-metragem. Aparecida dos Santos Gomes 6º ano Escola Municipalizada Paineira NÃO ERA ASSIM

BIKE PERSONAL TRAINER O TREINO DE CICLISMO DEPOIS DOS 50 ANOS

Experiência na Amazônia Capítulo 4: Todos acamparão aqui, mas a Zero-Dez vai pro outro lado do rio

Artur Pastor. Artur Pastor *Filho

4ª - Sim, já instalei o programa em casa e tudo. Vou fazer muitas músicas e gravar-me a cantar nelas também.

Estudo de Caso. Cliente: Rafael Marques. Coach: Rodrigo Santiago. Duração do processo: 12 meses

HINÁRIO O APURO. Francisco Grangeiro Filho. Tema 2012: Flora Brasileira Araucária

1 de :02

O Manuel trouxe um papel para dar ao ao senhor Miguel que lhe deu um lindo anel com um grande camafeu mas quem o quer ter na mão não há outra

José e Maria partem para Belém Lucas 2

Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na cerimônia de lançamento do Programa Nacional de Saúde Bucal

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA GRAVIDEZ: A EXPERIÊNCIA DA MATERNIDADE EM INSTITUIÇÃO DADOS SÓCIO-DEMOGRÁFICOS. Idade na admissão.

Transcrição:

Oh Meu Deus Ultra Trail Serra da Estrela 104 km (que acabaram por ser cerca de 115 km) É, com certeza absoluta, uma das provas mais duras realizadas em Portugal. Não só pela altimetria, mas também pela distância e dificuldades do terreno. O Clube MBCP fez-se representar por 6 Atletas, todos eles inscritos para a prova rainha, ou seja, o Ultra-Trail, pois também havia o Trail (50 km) e o Mini-Trail (20 km). Mas vamos ao relato da prova. Saída de Lisboa no carro do Hugo Luz, onde eu (Jorge Lanzinha) também me incluía, por volta das 17.45h. E, lá fomos em direção a Manteigas, no coração da Serra da Estrela, onde chegámos por volta das 20.30h. Os restantes atletas, Miguel Cruz, Fernando Alcides, Eduardo Rodrigues, Francisco Reis e mais um atleta que tinha pedido boleia, de seu nome Tiago Dionísio, saíram de Lisboa por volta das 20.30h. Passagem pelo pavilhão Municipal onde ficaríamos a pernoitar, para marcar lugar e tentar apanhar colchões de ginásio, para não ficarmos a dormir com as costas tão perto do chão. Infelizmente para os outros 4 atletas, quando chegámos só havia 2 colchões Deixámos o lugar marcado no pavilhão e fomos tratar do jantar. Ora como Covilhanense que sou e conhecedor da região, digo eu, e como no ano passado tinha jantado, e bem, no restaurante que nos tinham aconselhado, lá fomos procurar uma das iguarias da região: Feijocas!! O Hugo ficou-se pela Chanfana. Jantar finalizado, fomos em direção ao secretariado, para ouvirmos o briefing da prova e levantar dorsais. No briefing, o organizador falou na extrema dureza da prova em alguns sítios do percurso e naquilo que podia vir a ser um grande contratempo. As condições climatéricas que estavam previstas para a noite que antecedia a prova e para o dia da prova. E, as previsões não podiam estar mais certas. Durante a noite de 6.ª feira para sábado, caíram 2 ou 3 cargas de água, que parecia que o teto do pavilhão ia cair, passe o exagero.

Quando me levantei por volta das 6h, vim espreitar a rua, continuava chovendo intensamente. A vontade de sair era nula, mas conhecendo o organizador, sabia que este nunca iria anular a prova, a não ser que a GNR de Montanha o obrigasse a isso. Depois de tomado o pequeno-almoço e vestir a roupa adequada às condições climatéricas que estavam na rua, fomos para a zona de partida. Esta não distava muito do pavilhão. Feito o controlo zero, estamos prontos para a partida.

A partida foi dada às 7h. Saída dentro de Manteigas para rapidamente entrarmos num trilho onde já tínhamos que vencer uma certa inclinação. Aqui, mais ou menos, já tínhamos definido como é que iria ser feito o Ultra-Trail, no que a parcerias, se assim lhe pudermos chamar, diz respeito. O Francisco Reis assumia as despesas sozinho. Eu, o Hugo Luz e o Tiago Dionísio, encetávamos uma parceria que nos havia de levar quase desde o início ao fim da prova. O Fernando Alcides, o Eduardo Rodrigues e o Miguel Cruz, encetavam outra parceria, que não iria até ao fim. Mais adiante será explicado o porquê. Vencida a subida, entramos numa zona de estradões em que a progressão é rápida. Rapidamente chegamos ao rio Mondego, e vamos com ele durante uns bons quilómetros, chegando mesmo a atravessá-lo de uma margem para outra, através de uma ponte de madeira.

Ao atravessarmos o rio Mondego, iniciamos uma subida ingreme que nos irá levar a trilhos com alguma dificuldade em termos técnicos. São trilhos com muita rocha, pedra solta e raízes de árvores. Todo o trilho requer atenção redobrada.

Mais uns poucos quilómetros em estradão e chegamos à estação meteorológica das Penhas Douradas, onde também se encontram instaladas uma série de antenas de comunicações.

De seguida iniciamos uma descida que nos irá levar ao 1.º posto de abastecimento. Neste abastecimento estamos com cerca de 16,5 km e 2h15m de prova. Continuamos a descer em direção ao rio Zêzere, que iremos acompanhar em quase todo o vale glaciar, num trilho que nos irá levar à Nave de Sto. António.

Chegada à Nave de Sto. António: aqui recordo-me de acampamentos com amigos durante a minha adolescência. Era um sítio de eleição, para onde íamos passar uma semana, ou mais, durante o verão. É um local magnífico, com uma espécie de relvado, que segundo o que é dito, só existe na Serra da Estrela e numa outra serra na Suíça. Na altura em que fazia os acampamentos, existiam muitas casas clandestinas. Neste momento só existe a capela, tudo o mais foi deitado abaixo.

Saída da Nave de Sto. António, em direção ao Centro de Limpeza de Neve, para entrarmos no alcatrão e fazer cerca de 2 km nesse mesmo alcatrão até entrar num trilho, de seu nome Caminho do Major, que nos irá levar à Torre. Este caminho tem como pano de fundo todo o vale e a estrada que vai para Unhais da Serra, bem como a barragem do Padre Alfredo. Benemérito que resolveu mandar construir esta e mais outras duas barragens a seguir a esta. As barragens abastecem Unhais da Serra. Paisagem fabulosa!

Este trilho (caminho do Major), que vai em direção à Torre, irá primeiramente passar pela zona da Santa. É uma imagem de uma Santa, Senhora da Boa Estrela, padroeira dos pastores, que foi esculpida nas rochas de granito em baixo relevo e fica no chamado Covão do Boi.

Estamos a cerca de 3 km da Torre, para onde somos levados pela estrada de alcatrão. E foi pelo alcatrão porque o trilho que devíamos fazer que nos levaria à Torre, estava cheio de neve e a GNR de Montanha não autorizou a passagem por este trilho. Chegados à Torre, estamos com cerca de 36 km (mais 6 do inicialmente previsto, fruto de ajustes que tiveram que ser feitos por causa da neve) e com cerca de 6h15m de prova. 2.º abastecimento. Neste abastecimento há comida sólida (uma canja quente) e líquida. É tempo de retemperar forças. Mas não se pode estar muito tempo parado. A temperatura está a baixar e nota-se o frio. Pelo que, rapidamente abastecemos e saímos.

Começamos a fazer a descida que nos irá levar de novo à Nave de Sto. António. Na descida cruzamo-nos com o Fernando Alcides e o Eduardo Rodrigues. Perguntamos se está tudo bem, ao que eles respondem afirmativamente e informam que o Miguel Cruz vem um pouco mais atrás. O que é confirmado por nós. O Miguel Cruz, vinha num andamento mais calmo, mas vinha bem.

A descida devia ter sido toda ela feita pelo alcatrão até novamente à zona do Centro de Limpeza de Neve, mas eu, e o Hugo Luz e o Tiago Dionísio, chegamos a uma zona onde vimos fitas a balizarem o caminho que nos trazia por dentro da Nave de Sto. António, e lá metemos por este caminho. A progressão é mais lenta, devido ao terreno, mas também fizemos menos 1 km, pois foi encurtar terrenos até ao Centro de Limpeza de Neve. Aqui somos levados para o lado esquerdo, por forma a virmos para Manteigas, mas agora por cima e do lado direito do Vale de Manteigas. Iniciamos a descida que nos irá levar até Manteigas. Estamos com cerca de 44 km e com 7h23m de prova. Já deu para perceber que a estimativa que tínhamos para fazer a prova em cerca de 17h, já não vai ser conseguida. A zona por onde andamos não é muito técnica, mas é de progressão lenta, pois existe muita rocha e muitos arbustos (Zimbro) queimados, mas cujas raízes perduram e dificultam a progressão. Nesta zona, tenho que reconhecer, ia já um bocado cansado, e com uma dor na zona acima da virilha, mais propriamente na dobradiça que une a perna com a anca. Mas fui gerindo, o Hugo Luz à frente com o Tiago Dionísio a impor ritmo e eu no encalço.

Já se avista Manteigas, mas para lá chegarmos, ainda temos que fazer um trilho, todo ele a descer, tipo calçada romana, cheio de pedra e rocha. A massacrar o músculo. O Tiago Dionísio, aqui, foi-se embora e chegou ao 3.º abastecimento uns quantos minutos à nossa frente.

Chegamos a Manteigas e ao 3.º abastecimento, com 56 km e 9h10m e prova. Havia uma sopa quente de legumes, estava 5*. Mais água, coca-cola, café, chá e comida variada. Troco de camisola de 1.ª camada, visto um novo jersey do Clube, troco de meias, abasteço a mochila com água, gels e barras; para aliviar a dor, tomo um Brufen 600 e digo ao Hugo Luz que estou pronto para sair. Entretanto tinham entrado neste abastecimento o Fernando Alcides e o Eduardo Rodrigues. Estavam bem, sem problemas e bem dispostos. Como já estávamos prontos para sair e eles tinham acabado de entrar, arrancámos. Aqui terminava a prova dos Trilhos (50 km). Fomos ovacionados à saída, pois as pessoas que estavam presentes e o organizador, acharam que éramos uns heróis por encetarmos àquela hora a 2.ª parte do percurso. Aqui ficaram cerca de 20 atletas que já não quiseram fazer a 2.ª parte da prova. Saída novamente de Manteigas pelo mesmo trilho, até fletir para a direita, para fazermos a 2.ª parte da prova. Esta 2.ª parte, iria ser no sentido contrário à que fizemos o ano passado, na 1.ª parte. Começamos a fazer uma subida algo íngreme e penosa, quase toda em estradão. Vamos acompanhados com chuva, não muita. Esta volta irá levar-nos ao Ski Parque, mas ainda temos um abastecimento líquido pelo meio (4.º abastecimento, só líquidos). Este acontece cerca dos 78 km e 12h25m de prova. Nesta fase, houve um atleta que já não ia bem fisicamente e juntou-se a nós. Por outro lado, o Hugo Luz vinha com alguns problemas de estômago e tínhamos que vir a gerir estas duas situações.

Continuamos a descida em direção ao Ski Parque. A dado momento, aparece o Fernando Alcides, e as notícias não eram nada boas. O Eduardo Rodrigues estava com problemas na planta dos pés e tinha ficado no abastecimento a tentar recuperar e à espera do Miguel Cruz, para ver se conseguia vir com ele. Só quando chegámos ao final da prova é que soubemos que o Eduardo tinha desistido, pois não conseguia sequer andar.

A equipe agora era constituída por 5 atletas. E, lá fomos andando, gerindo as situações atrás descritas. Entretanto começa a cair a noite. Não conseguimos chegar ao Ski Parque de dia. 5.º abastecimento. Estamos com cerca de 92 km e 14h45m de prova, mesmo junto ao Ski Parque. Abastecimento novamente com sopa, cai bem e está novamente 5*, ou então àquela hora já tudo está bom O Hugo já não consegue comer bem. Bebeu um chá com bastante açúcar e comeu uma sopa. Os restantes, comemos, bebemos, tiramos umas pedras de dentro dos sapatos, abastecemos e saída em direção ao Poço do Inferno. Mas para lá chegarmos ainda tínhamos que vencer uma subida que começava nos 581m (Ski Parque) e nos levaria até aos 1.179m. Isto já com mais de 90 km nas pernas!! A subida é feita a um ritmo lento, mas sempre com os 5 atletas a incentivarem-se, outra coisa não era de esperar. Já não há fotografias. Ou, por outra, ainda há, mas à Lua. Esta estava no dia em que se podia ver melhor e o Fernando Alcides sacou a fotografia seguinte. Pena na altura estar um tanto ou quanto nublado.

Chegamos ao trilho do Poço do Inferno (o Poço do Inferno é uma cascata de quase 10m de altura e é formada pela ribeira de Leandres) com cerca de 102 km e 17h45m de prova, e, como o nome indica, foi mesmo um inferno!!, para fazermos aquele km (não sei se chega a ter esta distância). É um trilho praticamente todo ele feito em rocha granítica, com precipícios vários, a requerer toda a atenção e cuidado. Aqui e apesar de debilitado, quem fez o percurso à frente foi o Hugo. Abrindo caminho para o resto da rapaziada. O relógio GPS que levava tinha parado por falta de pilha, no início deste trilho. Mas quando chegamos ao 6.º e último abastecimento, devíamos estar com cerca de 103,5 km e quase 19h de prova. No último abastecimento, não havia sopa, mas havia bebidas e comidas várias, entre elas uma Bôla de carne e outra de atum. Compostos, o Hugo já pouco conseguia comer, lá partimos para os últimos 11 km que nos trariam de regresso a Manteigas. Com exceção de um trilho a descer num misto de terra e pedras, a grande maioria foi feita em estradão. Com os quilómetros a passar íamo-nos aproximando de Manteigas, era visível pela iluminação noturna. Chegámos às 3h26m da manhã, com 20h26m de prova e cerca de 115 km. Parabéns a todos os que acabaram. Foi uma prova com uma dureza acima da média. As condições climatéricas ajudaram ao sucesso da chegada. Ao Eduardo Rodrigues, uma palavra de apreço e de valentia. Não é fácil tomar a decisão de desistir, muito menos a faltarem cerca de 28 km para finalizar a prova. Continua a treinar, para o ano há mais!! Outra ao Miguel Cruz, pela sua tenacidade e teimosia, pois terminou a prova em 23h20m!! A nota menos positiva no que à organização diz respeito, é o facto de ter posto parte dos atletas a fazer o Poço do Inferno de noite, quando poderia e deveria fazê-lo durante o dia.

As classificações dos atletas do Clube Millennium bcp foram as seguintes: 27. Francisco Reis 18h24m29s; 43. Jorge Lanzinha 20h26m56s; 44. Hugo Luz - 20h26m57s; 45. Fernando Alcides - 20h26m58s; 51. Miguel Cruz 23h20m37s.