Monitoramento da contaminação residual do solo de um antigo aterro de Passo Fundo RS

Documentos relacionados
MONITORAMENTO DA ATENUAÇÃO NATURAL DO SOLO DE COBERTURA EM UM ATERRO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS EM PASSO FUNDO, RS

MECANISMO DE ATENUAÇÃO NATURAL DE METAIS EM SOLOS DE ANTIGAS ÁREAS DE DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

Nailsondas Perfurações de Solo Ltda

Tecnologias para disposição final de resíduos sólidos urbanos em municípios de pequeno porte. Dr. Cristiano Kenji Iwai

LEVANTAMENTO DOS RESÍDUOS GERADOS PELOS DOMICÍLIOS LOCALIZADOS NO DISTRITO INDUSTRIAL DO MUNICÍPIO DE CÁCERES

V AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA CONSUMIDA NO MUNICÍPIO DE CAIÇARA DO NORTE - RN

SÍNTESE DE ZEÓLITAS DO TIPO 4A A PARTIR DE CINZAS VOLANTES: QUANTIFICAÇÃO DE METAIS TRAÇOS NA MATÉRIA-PRIMA E NO PRODUTO FINAL

FABIANO BARRON FURLAN PROPOSTA DE UM SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE DADOS DO MEIO FÍSICO PARA AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO AMBIENTAL DE ÁREAS CONTAMINADAS

IV Seminário de Iniciação Científica

Coeficientes de distribuição de metais pesados em solos de São Paulo. Luís Reynaldo F. Alleoni ESALQ/USP Dep. de Ciência do Solo

TRATAMENTO DE ÁGUA: SISTEMA FILTRO LENTO ACOPLADO A UM CANAL DE GARAFFAS PET

ANÁLISE DA ALCALINIDADE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS UTILIZADAS NO IFC-CÂMPUS CAMBORIÚ. Instituto Federal Catarinense, Camboriú/SC

Efeitos da adubação nitrogenada de liberação lenta sobre a qualidade de mudas de café

2 03/11 Relatório Final R.A. O.S. O.A. PU. 1 30/09 Alterado Endereço do Terreno R.A. O.S. O.A. PU

ABNT NBR Amostragem de água subterrânea em poços de monitoramento - Métodos de purga

ENG. ELVIRA LÍDIA STRAUS SETOR DE RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS

Adubação orgânica do pepineiro e produção de feijão-vagem em resposta ao efeito residual em cultivo subsequente

3 Os hidrocarbonetos e a importância de seu estudo no ambiente

3º Congresso Internacional de Tecnologias para o Meio Ambiente. Bento Gonçalves RS, Brasil, 25 a 27 de Abril de 2012

Engenharia de Software II

MODELOS INTUITIVOS DE VIGAS VIERENDEEL PARA O ESTUDO DO DESEMPENHO ESTRUTURAL QUANDO SUJEITAS A APLICAÇÃO DE CARREGAMENTOS

Implantação de um serviço de limpeza terminal a vapor em salas operatórias

UTILIZAÇÃO DE SENSORES CAPACITIVOS PARA MEDIR UMIDADE DO SOLO.

CARACTERIZAÇÃO DE LODO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTOS SANITÁRIOS PARA USO AGRÍCOLA

USO DO BIOSSÓLIDO COMO SUBSTRATO NA PRODUÇÃO DE MUDAS DE AROEIRA (Schinus terenbinthifolius Raddi)

Biogás. Página 1 de 5

Artigo. Resumo. Abstract. Introdução. Materiais e Métodos. 64 Revista Analytica Agosto/Setembro 2013 nº 66

TIJOLOS DE ADOBE ESCOLA DE MINAS / 2015 / PROF. RICARDO FIOROTTO / MARTHA HOPPE / PAULA MATIAS

REUTILIZAÇÃO DE BORRACHA DE PNEUS INSERVÍVEIS EM OBRAS DE PAVIMENTAÇÃO ASFÁLTICA

TECNOHIDRO Projetos Ambientais

III-072 CONTRIBUIÇÃO PARA O ESTUDO E AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO CARBONO NITROGÊNIO NA COMPOSTAGEM


DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA A COMPRESSÃO SIMPLES DO MACIÇO ROCHOSO GRANITO IMARUI - ESTUDO DE CASO

Unidade de Medida A0010

Propriedades Geotécnicas das Argilas Moles da Estrada de Transporte de Equipamentos Pesados do COMPERJ

EFEITO DO PRODUTO DIFLY S3 NO CONTROLE DO CARRAPATO BOOPHILUS MICROPLUS EM BOVINOS DA RAÇA GIR, MESTIÇA E HOLANDESA

AVALIAÇÃO DOS INDICADORES DE BALNEABILIDADE EM PRAIAS ESTUARINAS

Feijão-vagem cultivado sob adubação orgânica em ambiente protegido.

A presença de Outliers interfere no Teste f e no teste de comparações múltiplas de médias

Veracel Celulose S/A Programa de Monitoramento Hidrológico em Microbacias Período: 2006 a 2009 RESUMO EXECUTIVO

Curso de Engenharia de Produção. Organização do Trabalho na Produção

ANÁLISE QUÍMICA DE TECIDO VEGETAL E DE RESÍDUOS AGROINDUSTRIAIS. Objetivos: ANÁLISES QUÍMICAS DE TECIDO VEGETAL E DE RESÍDUOS AGROINDUSTRIAIS

Gerência de Monitoramento da Qualidade do Ar e Emissões. Fundação Estadual do Meio Ambiente. Março/2016

No contexto das ações de Pesquisa e Desenvolvimento

Determinação de alumínio presente em água de lodo residual do tratamento de água do município de Lages

USO DE HORMÔNIOS INDUTORES DE OVULAÇÃO (GnRH e hcg) SOBRE A TAXA DE RECUPERAÇÃO EMBRIONÁRIA EM ÉGUAS MANGALARGA MARCHADOR

Análise Qualitativa no Gerenciamento de Riscos de Projetos

ALTERNATIVAS E IDEIAS SUSTENTÁVEIS PARA UMA MELHOR UTILIZAÇÃO DO LIXO ATRAVÉS DA RECICLAGEM E REAPROVEITAMENTO

A ÁLISE TITRIMÉTRICA

INFLUÊNCIA DOS AGREGADOS GRAÚDOS RECICLADOS DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO PREDIAL NAS PROPRIEDADES DO CONCRETO FRESCO E ENDURECIDO

Propriedades dos Precipitados

O POTENCIAL DE INOVAÇÃO E A QUESTÃO DA PROPRIEDADE INTELECTUAL NAS INDÚSTRIAS DA REGIÃO NOROESTE DO RS 1

A dissertação é dividida em 6 capítulos, incluindo este capítulo 1 introdutório.

IT-045.R-2 - INSTRUÇÃO TÉCNICA PARA ELABORAÇÃO DE MÉTODOS FEEMA (MF)

Universidade Federal de Viçosa Centro de Ciências Agrárias Departamento de Solos

Modelo Entidade Relacionamento (MER) Professor : Esp. Hiarly Alves

Final 8 de Maio de 2010

Aspectos gerais sobre preparo de amostras. Joaquim A. Nóbrega

Teoria dos erros em medições

Gestão ambiental e gerenciamento de resíduos. Prof. ª Karen Wrobel Straub

Sondagem rotativa. Elementos de prospecção geotécnica. Apresentação dos resultados. Profa. Geilma Lima Vieira

GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS NO DF:

Monitoria nos Cursos de Química EAD

Desafios da Gestão Municipal de Resíduos Sólidos

RELATÓRIO FINAL. AVALIAÇÃO DO PRODUTO CELLERON-SEEDS e CELLERON-FOLHA NA CULTURA DO MILHO CULTIVADO EM SEGUNDA SAFRA

PRIMEIROS RESULTADOS DA ANÁLISE DA LINHA DE BASE DA PESQUISA DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA

Data Envelopment Analysis in the Sustainability Context - a Study of Brazilian Electricity Sector by Using Global Reporting Initiative Indicators

Eixo Temático ET Desenvolvimento de Estratégias Didáticas

ANEXO 6 Análise de Antropismo nas Unidades de Manejo Florestal

BIODISPONIBILIDADE POTENCIAL DE CÁDMIO E ZINCO EM SEDIMENTOS SUPERFICIAIS NO SACO DO ENGENHO, BAÍA DE SEPETIBA, RIO DE JANEIRO

MANUAL DO AVALIADOR O que é uma Feira de Ciência? Por que avaliar os trabalhos? Como os avaliadores devem proceder?

Análise de amostras de alimentos mais produtiva com o Agilent ICP-MS 7700x

Universidade Federal do Paraná - Setor de Ciências da Terra

III VALOR AGRÍCOLA E COMERCIAL DO COMPOSTO ORGÂNICO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS DA USINA DE IRAJÁ, MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO

Química Geral I. Experimento 3 Tendências Periódicas


III-258 UTILIZAÇÃO DA COMPOSTAGEM NA PRODUÇÃO DE ESPÉCIES PAISAGÍSTICAS DESTINADAS A ARBORIZAÇÃO URBANA NO MUNICÍPIO DE VIÇOSA - MG

Auditoria de Meio Ambiente da SAE/DS sobre CCSA

CALAGEM, GESSAGEM E AO MANEJO DA ADUBAÇÃO (SAFRAS 2011 E

MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO APSUS

PARALISIA CEREBRAL: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ACERCA DA INCLUSÃO ESCOLAR

ABORDAGENS METODOLÓGICAS NA ELABORAÇÃO DE PLANOS MUNICIPAIS DE SANEAMENTO BÁSICO

BANHO DE CROMO BRILHANTE

PLANILHA ELETRÔNICA PARA PREDIÇÃO DE DESEMPENHO OPERACIONAL DE UM CONJUNTO TRATOR-ENLEIRADOR NO RECOLHIMENTO DO PALHIÇO DA CANA-DE-AÇÚCAR

Estudo sobre a dependência espacial da dengue em Salvador no ano de 2002: Uma aplicação do Índice de Moran

RETROSPECTIVA DESCRITIVO-ANALÍTICA DA GESTÃO DOS RESÍDUOS ORGÂNICOS NA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA.

EFEITO DO INTERVALO DE CORTE NA CONCENTRAÇÃO DE MACRO E MICRONUTRIENTES DA BRACHIARIA BRIZANTHA cv. MG5

FISPQ (Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos) VANTAGE LIMPA CARPETES E TAPETES

Legislação para metais pesados em fertilizantes no Brasil

CARTOGRAFIA DE RISCO

CEIMIC Análises Ambientais Ltda. "Química Analítica do Meio Ambiente com Qualidade Internacional"

menu NISAM20 04 menu inic ial próxima

Gerenciamento dos Riscos do Projeto (PMBoK 5ª ed.)

Utilização de Lodo de Esgoto para Fins Agrícolas

Análise espacial do prêmio médio do seguro de automóvel em Minas Gerais

Eletrólise. Energia elétrica. Energia química. pilhas

EVTEA - H Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental das Hidrovias

TQS - SISEs Parte 10 Fundações em bloco sobre 3 estacas sem baldrame e sobre 1 estaca com baldra

Descrever o procedimento para realização do monitoramento da ETE no Porto de Itajaí.

QUÍMICA TAISSA LUKJANENKO

Transcrição:

Monitoramento da contaminação residual do solo de um antigo aterro de Passo Fundo RS Rubens Marcon Astolfi 1, Vagner Schuler Berté 2, Gabriel Cavelhão 3, Evanisa F. R. Q. Melo 4 1 Graduando em Engenharia Ambiental da Universidade de Passo Fundo (rubensastolfi@hotmail.com) 2 Graduando em Engenharia Ambiental da Universidade de Passo Fundo (vagnerberte@gmail.com) 3 Graduando em Engenharia Ambiental da Universidade de Passo Fundo (cavelhao@yahoo.com.br) 4 Professora do Curso de Engenharia Ambiental da Universidade de Passo Fundo (evanisa@upf.br) Resumo Esta pesquisa apresenta os teores de contaminação de um solo de uma antiga área de disposição de resíduos sólidos do município de Passo Fundo-RS, denominado Invernadinha, e a sua capacidade de atenuação natural, qualitativa e quantitativamente, o qual recebeu diversos tipos de resíduos sólidos gerados neste município variando de industriais, domésticos e até hospitalares. Objetivou-se analisar a contaminação residual de uma antiga área de disposição de resíduos sólidos. A área foi dividida em três locais de estudo de acordo com o tempo de disposição desses resíduos: Branco que é a testemunha ou área sem disposição, Área de disposição Recente (ADR) e Área de disposição Antiga (ADA). Foram realizadas análises de metais, química, microbiológica e ensaio de respirometria. Verificou-se que na ADA há maior contaminação com metais do que na ADR. Quanto à decomposição da matéria orgânica observou-se que a ADA liberou mais CO 2 do que o Branco. Palavras-chave: Contaminação de solos. Resíduos Sólidos. Evolução do CO 2. Área Temática: Resíduos Sólidos. 1. Introdução Os resíduos gerados pela população vêm se tornando com o passar do tempo uma preocupação maior para as autoridades, o principal desafio é dar destino correto a esses rejeitos, um destino nem tanto correto que vem sendo adotado é o uso de lixões, ou aterros não controlados. As conseqüências dessas atitudes são facilmente identificadas e percebidas pelas populações que vivem aos arredores desses locais. Os principais problemas gerados, segundo Tressoldi (1998), são: a proliferação de vetores de doença, geração de maus odores e, contaminação do solo, das águas subterâneas e da biota, pelos lixiviados resultantes do processo de decomposição dos resíduos, são alguns exemplos do que acontece na maioria dos municípios brasileiros. Se o local não atende os requisitos legais e não possui a qualidade que um bom aterro controlado deve ter, certamente problemas irão acontecer inclusive à contaminação do solo, que é o enfoque desse estudo. A forma mais sujeita de contaminação pode ocorrer através do lixiviado resultante da decomposição, que leva compostos tóxicos em solução, como os metais. Solos possuem características únicas quando comparados aos outros componentes da

biosfera (ar, água e biota), pois se apresentam não apenas como um dreno para contaminantes, mas também como um tampão natural, que controla o transporte de elementos químicos e outras substâncias para a atmosfera, hidrosfera e biota (KABATA-PENDIAS & PENDIAS, 2001). A contaminação do solo acontece sempre que são adicionadas substâncias estranhas no mesmo, e direta ou indiretamente esta poluindo a água, o ar, a vegetação da área e proximidades. Se tornado uma preocupação ambiental, uma vez que, geralmente, interfere no ambiente global da área afetada (solo, águas superficiais e subterrâneas, ar, fauna e vegetação), podendo mesmo estar na origem de problemas de saúde pública. Segundo Guilherme (1999), especialmente na década de 90, a poluição do solo tem merecido especial atenção, sendo mundialmente reconhecida como um problema que pode representar sérios riscos à saúde humana e à qualidade do meio ambiente. A recuperação ambiental de locais de disposição de resíduos sólidos é outro desafio o qual a maneira mais utilizada é a recuperação natural dessas áreas, pelos altos custos dos métodos convencionais utilizados na recuperação. Para isso é importante um monitoramento, destes locais, e avaliar a progressão dessa contaminação com o tempo, que é o objetivo desse trabalho. 2. Metodologia O aterro Invernadinha situa-se junto a BR-285, entre o Campus da Universidade de Passo Fundo e a Embrapa-Trigo, com área correspondente a 50.985,67m 2. O monitoramento do solo foi realizado com amostras coletadas em três áreas do aterro: 1. Branco (área sem disposição); 2. Área de Disposição Recente (ADR); 3. Área de Disposição Antiga (ADA); (Figura 1).

Figura 1 Mapa da Área do Aterro Invernadinha As coletas de solo foram feitas com uma pá de corte, a uma profundidade de 0-0,2 m, e acondicionadas em sacos plásticos, fracionado por quarteamento pelo método (DAER DNER PRO 199/96). Foram realizadas as análises de metais para os três pontos da área em dois períodos no ano de 2008, o qual pôde se comparar com outros estudos realizados na área anteriormente. Também foi realizada análise química do solo nos três pontos, análise microbiológica na ADA e monitoramento da evolução de CO 2 por respirometria na ADA e no branco. A análise de metais seguiu o método 3050B da U.S Environmental Protection Agency (EPA,1996) e os resultados foram comparados com os valores orientadores da CETESB (2005), analisaram-se os seguintes metais: Ni, Cd, Pb, Zn, Cu, Cr, Co. A análise química foi realizada segundo Tedesco (1995) avaliando-se argila, ph, Matéria Orgânica (MO), CTC, macro e micronutrientes, entre outros. As análises microbiológicas foram realizadas somente na ADA com: contagem de aeróbios mesófilos viáveis seguindo MAPA SDA, (2003) e isolamento e identificação conforme MacFaddin, Lippincott & Wilkins, (2000). Para a Evolução do CO 2 foi utilizado 0,5kg de cada fração de solo, sendo que estas foram colocadas em vidros hermeticamente fechados juntamente com 30mL de Hidróxido de Sódio (NaOH) na concentração de 0,4 mol.l -1. O tempo de resposta utilizado foi de 4 (quatro) dias, ou seja, este tempo foi o intervalo entre cada titulação, sendo que a mesma foi realizada com ácido clorídrico (HCl) na concentração de 0,25 mol.l -1, este tipo de titulação é denominada ácido forte/ base forte. A equação 1 foi utilizada para quantificar a evolução do CO 2 : -1 C-CO2 ( mg. kg ) = ( B-V ). M.6.( V1/ V 2) Eq.1 Onde: B= Volume de HCl utilizado no branco (ml); V= Volume de HCl utilizado na amostra (ml); M= Concentração do HCl utilizado (mol.l -1 ); 6= Massa atômica do C (12), dividido pelo número de mols do CO 2 que reagem com o NaOH (2); V1= Volume de NaOH utilizado na captura do CO 2 (ml); V2= Volume de NaOH utilizado na titulação (ml). 3. Resultados e Discussões A análise de metais apresentou contaminação para metais na ADR, e ADA, quando comparados com os valores de prevenção da CETESB (2005) que é definido como a concentração de determinada substância, acima da qual podem ocorrer alterações prejudiciais à qualidade do solo e da água subterrânea. Este valor indica a qualidade de um solo capaz de sustentar as suas funções primárias, protegendo-se os receptores ecológicos e a qualidade das águas subterrâneas. No ponto ADR, houve alteração para os seguintes metais: Ni e Cd, comparando com o estudo de Korf (2006), houve uma pequena variabilidade nos parâmetros analisados. A tabela 1 apresenta os resultados obtidos nas análises químicas e de metais para o ponto ADR.

Tabela 1 Monitoramento do solo para a área de disposição recente (ADR), Aterro Invernadinha, Passo Fundo, 2008 Parâmetros 2006 Korf et al (2007) 03/08 07/08 Média 2008 Desv. Padrão O valor do coeficiente de variação para alguns parâmetros se mostrou elevado, sendo que as amostras foram coletadas no mesmo ano e em pontos próximos, isto demonstra a heterogeneidade da área. Para o ponto ADA a contaminação ocorre para todos os metais analisados, e em quantidades acima do ponto ADR, demonstrando que a decomposição esta mais avançada neste ponto do aterro. A tabela 2 apresenta os resultados obtidos no ponto ADA. C.V. (%) CETESB 2005 Prevenção Ni (mg.kg -1 ) - 11,64 17,71 14,86 4,29 29,22 30 Cd (mg.kg -1 ) - 1,89-1,89 - - 1,3 Pb (mg.kg -1 ) - 23,14 29,30 26,22 4,35 16,60 72 Zn (mg.kg -1 ) 42,10 68,38 79,37 73,88 7,77 10,52 300 Cu (mg.kg -1 ) 44,34 37,36 74,72 56,04 26,42 47,14 60 Mn (mg.kg -1 ) 423,87 212,52 175,12 193,82 26,44 13,64 - Fe (mg.kg -1 ) 33758,97 25618, 38235, 31926, 01 86 93 8922,17 27,95 - Cr (mg.kg -1 ) - 56,36-56,36 - - 75 Co (mg.kg -1 ) - 10,93 15,70 13,31 3,37 25,31 25 ph - 5,9 6,3 6,1 - - - CTC (cmolc.dm - ³) - 12,2 13,9 13,1 - - - Matéria Orgânica (%) - 2,9 1,9 2,4 - - - Argila (%) 57,89 29 42 35,5 Tabela 2 Monitoramento do solo para a área de disposição Antiga (ADA), Aterro Invernadinha, Passo Fundo, 2008 Parâmetros Korf et al (2007) 03/08 07/08 Média 2008 Desv. Padrão Segundo Mello (2000) a composição do lixo média é a seguinte: orgânico-58%, plástico-25%, vidro-6,5%, metal-4,5%, têxtil-3,5%, couro-1,3%, borracha-1%, e outros-0,2%. C.V. (%) CETESB 2005 Prevenção Ni (mg.kg -1 ) - 22,72 43,60 33,16 14,76 44,53 30 Cd (mg.kg -1 ) - 10,30 9,51 9,91 0,55 5,58 1,3 Pb(mg.kg -1 ) - 1096,85 824,37 960,61 192,67 20,06 72 Zn (mg.kg -1 ) 192,50 160,52 531,26 345,89 262,15 75,79 300 Cu (mg.kg -1 ) 108,42 128,11 263,50 195,81 95,73 48,89 60 Mn (mg.kg -1 ) 1113,62 623,43 1048,00 835,72 300,21 35,92 - Fe (mg.kg -1 ) 36469,02 30525,02 45338,02 37931,52 10474,37 27,61 - Cr (mg.kg -1 ) - 1944,82 1778,7 1848,03 136,88 7,4 75 Co (mg.kg -1 ) - 26,43 25,97 26,20 0,32 1,23 25 ph - 5,2 5,9 5,55 - - - CTC (cmolc.dm - ³) - 20,9 15,3 18,1 - - - Matéria- Orgânica (%) - 6,4 >6,7 >6,7 - - - Argila (%) 38,72 19 37 28

A quantidade elevada de plásticos, metais, couro e outros componentes metálicos no resíduo justificam os teores de metais pesados no solo. A análise microbiológica das três frações do solo, no ponto ADR apresentou os seguintes resultados: Solo A - 2,2 x 10 6 UFC/g (contagem) e B.Circulans (identificação); Solo B 1,6 x 10 7 UFC/g (contagem), Bacillus circulans e Pseudomonas alcaligenes (identificação); Solo C 3,3 x 10 6 UFC/g (contagem) e Bacillus circulans (identificação). A Evolução do CO 2 apresentou para o Branco, ADA1, ADA2 e ADA3 os respectivos valores 143,73 mg.kg -1, 639,99 mg.kg -1, 864,09 mg.kg -1, 709,74 mg.kg -1. A Figura 2 apresenta a Evolução de CO 2 nas três frações da ADA e o Branco. Figura 2 Comparação da evolução de CO 2, para as frações de solo da ADA e o branco 4. Conclusão Os resultados indicam elevado grau de decomposição dos resíduos orgânicos do solo contaminado, visto que a produção de CO 2 é maior na ADA do que no branco, o que é benéfico para o processo de atenuação natural da área, porém os metais, de acordo com os resultados anteriores, não apresentaram variações significativas nas concentrações. Referências CETESB, Companhia De Tecnologia Em Saneamento Ambiental, Decisão de diretoria nº 195-2005-E. Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/solo/relatorios/tabela_valores_2005.pdf>. Acesso em 28. junho. 2006. GUILHERME, L. R. G. Poluição do solo e qualidade ambiental. In: Congresso Brasileiro de Ciência do Solo, 27, 1999, Brasília. Anais... CD ROM. Brasília, SBCS, 1999. KABATA-PENDIAS & PENDIAS, H. Trace elements in soils and plants. 3 rd ed. Boca raton, CRC Press, 2001. 413p. KORF, E. P. et al. Atenuação de metais em solos de antigas áreas de disposição de resíduos sólidos urbanos. In: CRICTE 2007, 22. 2007. Anais... Passo Fundo: UPF, 2007.

MELO, E.F.R.Q.; SCHNEIDER, I.A.H. Caracterização da vegetação e solo de uma antiga área de disposição de resíduos sólidos urbanos de Passo Fundo, RS. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS, 4, 2000, Blumenau, SC. Anais: SOBRADE/FURB, 2000, p.250 TEDESCO, M. J.; GIANELLO, C.; BISSANI, C. A.; BOHNEN, H.; VOLKWEISS, S. J. Análises de solo, plantas e outros materiais Boletim técnico Nº 5.2 Porto Alegre, Catalogação Internacional na Publicação, p. 21 e 89-95, 1995. TRESSOLDI, MARILDA; CONSONI, ÂNGELO JOSÉ. Disposição de resíduos. In: OLIVEIRA, Antonio Manoel dos Santos; BRITO, Sérgio Norton Alves de. Geologia de engenharia. São Paulo: Associação Brasileira de Geologia de Engenharia, 1998. p. 343-360. U.S. ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY EPA. Method 3050B. 1996. Disponível em: <http://www.epa.gov/epaoswer/hazwaste/test/pdfs/3050b.pdf>. Acesso em 25. Ago. 2007