SILVA DB; SANTOS PCM; MONTEIRO Levantamento TMA; SILVA populacional DEM; FRANÇA de fungos SKS; SILVA em sementes CS; OLIVEIRA de alfavaca FC; FREITAS JMN. 2008. Levantamento populacional de fungos em sementes de alfavaca. Horticultura Brasileira 26: S2598-S2602. LEVANTAMENTO POPULACIONAL DE FUNGOS EM SEMENTES DE ALFAVACA Danielly Borges da Silva 1 ; Paulo Cézar das Mercês Santos 1 ; Thyago Magnun Amorim Monteiro 1 ; Diene Elen Miranda da Silva 1 ; Sueny Kelly Santos de França 1 ; Carolina Santos da Silva 1 ; Francisco Carlos de Oliveira 1 ; Joze Melisa Nunes de Freitas 1 1 UFRA, Instituto de Ciências Agrárias, C.P. 917, 66.077-530, Belém-PA; pcmerces@bol.com.br RESUMO O objetivo desse trabalho foi avaliar a qualidade sanitária e fisiológica em sementes de alfavaca orgânica, provenientes do município de Belém. Para detecção dos patógenos foi empregado o método do blotter test, com o uso de placas de Petri, onde foram utilizadas 400 sementes, sendo que 200 sementes submetidas à desinfestação superficial com o uso de hipoclorito de sódio a 2% e 200 sementes sem desinfestação superficial. No teste foram empregadas 50 sementes por placa de Petri esterilizado, totalizando quatro repetições por tratamento. Para avaliar a qualidade fisiológica, as sementes foram submetidas ao teste de germinação, cujos dados foram transformados em arc sen vx/100. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com 2 tratamentos (com e sem desinfestação superficial). Os maiores valores de potencial fisiológico foram obtidos nas sementes submetidas à desinfestação superficial, onde foram encontrados os seguintes microorganismos: Alternaria sp., Penicillium sp., Cladosporium sp., Aspergillus sp., Fusarium sp. e Rhizopus sp. Em relação às sementes não tratadas foram observados os mesmos gêneros de fungos, no entanto, em maior porcentagem. Neste trabalho ficou evidenciado que os fungos detectados nas sementes de alfavaca orgânica apresentaram uma alta incidência, revelando um quadro bastante preocupante com a qualidade sanitária das sementes dessa espécie. PALAVRAS-CHAVE: Ocimum basilicum, patologia de sementes, microrganismos. ABSTRACT Survey population of fungi in alfavaca seeds The objective of this study was to evaluate the sanitary and physiological quality in alfavaca organic seeds, proceeding from the city of Belém-PA. For detection of pathogens the method of blotter test was used, with the use of plates of Petri, where 400 seeds had been used, being that 200 seeds submitted to disinfestation surface with the use of sodium hypochlorite 2% and 200 seeds without disinfestation surface. In the test 50 seeds for sterilized plates of Petri had been used, totaling four replicates by treatment. To evaluate the physiological quality, the seeds had been submitted to the germination test, whose data they were transformed into arc sen vx/100. The experimental design was completely randomized with 2 treatments (with and without disinfestation surface).the biggest values of physiological potential were obtained in seeds submitted to disinfestation surface, where the following microorganisms had been found: Alternaria sp., Penicillium spp., Hortic. bras., v. 26, n. 2 (Suplemento - CD Rom), jul-ago. 2008 S2598
Cladosporium sp., Aspergillus sp., Fusarium sp. and Rhizopus sp. For seed were not treated the same observed genera of fungi, however, in bigger percentage. This work has been shown that fungi found in the alfavaca organic seeds showed a high incidence of fungi, disclosing a sufficiently preoccupying picture with the sanitary quality of seeds of this species. KEYWORDS: Ocimum basilicum, seed pathology, micro-organisms. INTRODUÇÃO A alfavaca (Ocimum basilicum L.) é uma planta condimentar aromática, muito freqüente em vários estados brasileiros, sendo inclusive comercializada na forma fresca em feiras e supermercados. É conhecida sob os nomes de alvafaca-das-américas, basilicum-grande, ervareal, manjericão, alvafaca-cheirosa e entre outros nomes (Cardoso, 1997). Esta espécie é muito cultivada em quase todo Brasil com finalidades condimentar e medicinal (Lorenzi & Matos, 2002). A presença de patógenos em sementes pode reduzir a sua qualidade fisiológica. Levando em consideração este fator, recomenda-se, portanto, que haja uma integração entre os testes de sanidade e de qualidade fisiológica de sementes (Neegaard, 1979; Menten, 1995). Yorinori (1982) relata que elevadas percentagens de sementes infeccionadas e/ou infectadas estão associadas ao decréscimo no poder germinativo e menor desenvolvimento de plântula, sobretudo nos seus primeiros estádios; já Lucca Fillho (1995) cita que sementes com fungos associados podem ser responsáveis pela transmissão de doenças para parte a aérea e sistema radicular da planta além de decréscimo da qualidade fisiológica das sementes e morte de plântulas. Machado (1994) relatou que danos decorrentes da associação dos patógenos com as sementes não se limitam a perdas diretas da população em campo, mas envolvem outras implicações que podem provocar sérios danos em todo o sistema de produção. Para um grande número de doenças, as sementes portadoras de seus agentes causais constituem sua única forma de perpetuação e disseminação na natureza. Dessa forma, o objetivo desse trabalho foi avaliar a qualidade sanitária através do levantamento populacional de microrganismos em sementes de alfavaca orgânica, provenientes do município de Belém-PA. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no Laboratório de Fitopatologia, da Universidade Federal Rural da Amazônia, localizada no município de Belém-PA, com sementes de alfavaca orgânica, provenientes do Núcleo de Capacitação e Pesquisas em Horticultura da supracitada universidade. As sementes foram embaladas em sacos de papel do tipo kraft e armazenadas em câmara fria (5 ± 1 ºC e 86 ± 2% UR) até a instalação do experimento. Para detecção dos patógenos empregou-se o método do blotter test de Dhingra & Sinclair (1995), com o uso de placas de Petri, devido ao tamanho diminuto das sementes. Foram utilizadas 400 sementes, sendo que 200 sementes submetidas à desinfestação superficial com o uso de hipoclorito de sódio a 2% por três minutos, e, em seguida, as sementes foram postas para secar o excesso de hipoclorito em ambiente natural do laboratório e 200 sementes sem desinfestação superficial. Hortic. bras., v. 26, n. 2 (Suplemento - CD Rom), jul-ago. 2008 S2599
Nesse tratamento, as sementes foram colocadas em água destilada esterilizadas por 5 minutos e depois foram secadas, conforme procedimento realizado com o tratamento anteriormente descrito, antes da instalação do ensaio. No teste foram empregadas 50 sementes por placa de Petri esterilizado, totalizando quatro repetições por tratamento. Cada placa foi forrada com duas folhas de papel de filtro, autoclavadas e pré-umedecidas com água destilada esterilizada (ADE). As sementes foram colocadas em câmara germinativa do tipo BOD a 25 ± 2 ºC de temperatura com fotoperíodo de 12 horas de luz e 12 horas de escuro. A contagem de ocorrência dos microrganismos foi realizada aos sete dias, conforme Neergaard (1979) e Brasil (1992). As sementes foram analisadas individualmente em lupa e microscópio ótico, sendo realizada a identificação dos patógenos com base em suas características morfológicas (Barnett & Hunter, 1972). O número de colônias por sementes de cada fungo foi computado e transformado em percentagem de ocorrência. Para avaliar a qualidade fisiológica, as sementes foram submetidas ao teste de germinação, realizada concomitantemente com o teste de qualidade sanitária, onde a contagem de sementes germinadas foi efetuada no sétimo dia após a instalação do experimento. As avaliações foram efetuadas segundo os critérios estabelecidos pelas Regras para Análise de Sementes - RAS (Brasil, 1992). O delineamento experimental foi inteiramente casualizado. Ao fim do teste, com os dados do número de sementes germinadas por repetição determinou-se a qualidade fisiológica (germinação), cujos dados foram transformados em arc sen vx/100. A comparação das médias foi feita pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na avaliação da qualidade fisiológica, por meio dos testes de germinação (Tabela 1), os maiores valores de potencial fisiológico foram obtidos nas sementes tratadas com hipoclorito de sódio, que apresentaram percentual germinativo de 56,5%, em detrimento as sementes não tratadas, que por sua vez, externaram uma taxa de germinação de 42,7%. Alguns autores verificaram que certos fungos, ao infectarem as sementes, danificam suas estruturas celulares de modo a prejudicar sua viabilidade, podendo até ocasionar a morte da mesma (Wetzel, 1987; Machado, 1988; Menten, 1995). Dessa forma, nesse trabalho, mesmo com o tratamento de sementes, a germinação foi considerada baixa, conforme relatos da literatura. A ocorrência de microrganismos em sementes de alfavaca orgânica é apresentada na Tabela 2. Nas sementes não tratadas, foram observados os seguintes gêneros de fungos: Alternaria sp. (84%), Penicillium sp. (72%), Cladosporium sp. (63%), Aspergillus sp. (51%), Fusarium sp. (44%), além de Rhizopus sp. (12%). Segundo Rego (1995), esse gênero é considerado, geralmente, um contaminante, quando se refere à sementes. Para as sementes tratadas com hipoclorito de sódio, esses mesmos gêneros de fungos foram registrados, porém em menor percentagem. Os microorganismos encontrados são: Alternaria sp. (67%), Penicillium sp. (59%), Cladosporium sp. (48%), Aspergillus sp. (37%), Fusarium sp. (28%) e Rhizopus sp. (8%). Segundo Wetzel (1987), as condições inadequadas do ambiente de armazenamento são os principais fatores envolvidos na conservação das sementes, favorecendo a infestação pelos chamados fungos de armazenamento, como Aspergillus sp. Hortic. bras., v. 26, n. 2 (Suplemento - CD Rom), jul-ago. 2008 S2600
Neste trabalho ficou evidenciado que os fungos detectados nas sementes de alfavaca orgânica apresentaram uma alta incidência, revelando um quadro bastante preocupante com a qualidade sanitária das sementes dessa espécie. LITERATURA CITADA BARNETT HL; HUNTER BB. 1972. Illustrated genera of imperfect fungi. 3. ed. Minneapolis, MN. Burgess Publishing Company. 218p. BRASIL.1992. Ministério da Agricultura e da Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília: SNDA/DNDV/CLAV: 365p. CARDOSO MO (Coord.). 1997. Hortaliças não-convencionais da Amazônia. Brasília: Embrapa SPI: Manaus: Embrapa-CPAA. 150p. DHINGRA O; SINCLAIR JB. 1995. Basic plant pathology methods. Boca Raton: CRC. 433p. LORENZI H; MATOS FJA. 2002. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas cultivadas. Nova Odessa: Instituto Plantarum. p. 252. LUCCA FILHO OA. 1995. Curso de tecnologia de sementes. Brasília: ABEAS. 53p. MACHADO JC. 1994. Padrões de tolerância de patógenos associados a sementes. Revisão Anual de Patologia de Plantas 2: 229-263. MACHADO JC. 1988. Patologia de sementes fundamentos e aplicações. Brasília: MEC/ESAL/ FAEPE. 106p. MENTEN JOM. 1995. Patógenos em sementes: detecção, danos e controle químico. São Paulo: CibaAgro. 321p. NEERGAARD P. 1979. Seed pathology. London: Mac Millan Press. 538p. REGO AM. 1995. Doenças causadas por fungos em cucurbitáceas. Informe Agropecuário 17: 48-54. WETZEL MMVS. 1987. Fungos de armazenamento. In: SOAVE J; WETZEL MMVS (Eds.). Patologia de sementes. Campinas SP. Fundação Cargill: 260-275. YORINORI JT. 1982. Doenças da soja causadas por fungos. Informe Agropecuário 8: 40-46. Hortic. bras., v. 26, n. 2 (Suplemento - CD Rom), jul-ago. 2008 S2601
Tabela 1. Percentagem de germinação de sementes de alfavaca, com e sem desinfestação superficial, utilizando hipoclorito de sódio a 2%. (Percentage of germination of alfavaca seeds, with and without disinfestation surface, using sodium hypochlorite to 2%.). Belém, UFRA, 2008. Tratamento Germinação (%) Com desinfestação 56,5 a* Sem desinfestação 42,7 b CV (%) 6,79 DMS (Tukey) 5,82 * Médias seguidas pela mesma letra não diferem significativamente entre si, de acordo com o teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. (Means followed by the same letter do not differ significantly among themselves, according to the Tukey s test at 5% probability). Belém, UFRA, 2008. Tabela 2. Incidência de fungos em sementes de alfavaca, com e sem desinfestação superficial, utilizando hipoclorito de sódio a 2%. (Incidence of fungi in alfavaca seeds, with and without disinfestation surface, using sodium hypochlorite to 2%.). Belém, UFRA, 2008. Com desinfestação Tratamento Com desinfestação Alternaria sp. 67% 87% Penicillium sp. 59% 72% Fungos (%) Cladosporium sp. 48% 63% Aspergillus sp. 37% 51% Fusarium sp. 28% 44% Rhizopus sp. 8% 12% Hortic. bras., v. 26, n. 2 (Suplemento - CD Rom), jul-ago. 2008 S2602