ILUMINAÇÃO DIMENSIONAR A LUZ DE UMA CENA ÍNDICE ILUMINAR É UM MISTO DE ARTE E CIÊNCIA MEDIDAS A SENSIBILIDADE DAS CÂMERAS A CENA OS TIPOS DE LUZ DIMENSIONAR A LUZ RELAÇÃO DE CONTRASTE REFERÊNCIAS Fevereiro 2008 Ricardo Fonseca de Kauffmann kauffmann@energia.tv
ILUMINAÇÃO DIMENSIONAR A LUZ DE UMA CENA ILUMINAR É UM MISTO DE ARTE E CIÊNCIA A iluminação pode produzir medo e suspense mas pode transmitir sensações de alegria. Independente das sensações a iluminação terá que fornecer uma quantidade de lux capaz de produzir uma imagem numa câmera. É nesta parte da questão que estamos interessados, ou seja, na parte técnica da iluminação. MEDIDAS Ciência se faz com medidas, assim, necessitamos descobrir o que e como medir. Objetivamente, desejamos medir a quantidade de luz que chega num elemento de cena (cenário, locutores, apresentadores, etc...), ou seja quantidade de luz numa área. Isso é iluminância e sua grandeza é o lux. Como a medida varia com a distância entre a superfície e o medidor, usa-se a referência de lux@1m. O medidor ideal é um luxímetro, mas algumas câmeras fotográficas e de TV indicam em seus visores essas medidas. Um bom exemplo de luxímetro é o fabricado pela Instrutherm Ltda., modelo LD-200, que custa na faixa de R$250,00. Instrutherm (11)3932-2800 www.instrutherm.com.br
A SENSIBILIDADE DAS CÂMERAS Sensibilidade pode ser definida como a quantidade de luz para produzir a melhor imagem (relação sinal/ruído) com um determinado diafragma. Esta é uma informação não muito comum nos manuais dos fabricantes, mas pode ser determinada de modo prático e simples. Para fins práticos, podemos definir que o diafragma de conforto operacional seja f:5.6, assim o que temos que fazer é, colocar a câmera a 1m da cena, com a íris em automático e aumentar a luz até que o diafragma seja f:5.6. Neste ponto, coloque o luxímetro junto à lente da câmera e meça a quantidade de lux incidente na lente (refletida pela cena). Para padronizar a leitura e evitar variação de refletâncias, podemos substituir a cena por um painel padrão com escala de cinzas ou com colorbars. FIGURA 1 - GrayScale Pattern - SMPTE Por exemplo, se a medida junto à lente foi 50 lux, então a sensibilidade desta câmera é 50lux@f:5.6 Como é mais fácil medir a luz incidente, mas a sensibilidade é obtida pela luz refletida na cena (padrão com escala de cinzas), surge a necessidade de um novo conceito - a refletância de um objeto. Este conceito se define como a relação entre a luz refletida e a luz incidente: refletância (R) = luz refletida (I refletida ) / luz incidente(i incidente ), ou de outro modo: I incidente = I refletida / R
A CENA Saber o que iluminar é fundamental. Assim, sugerimos estudar a cena e descobrir os planos de luz principal e secundários, qual o lado de cada elemento de cena a ser valorizado e quais os detalhes a serem realçados. Esses dados podem surgir de uma conversa com o diretor de TV, com as pessoas da cena ou com o cenógrafo e são necessários para uma boa iluminação. Uma vez obtidos esse dados, deve-se fazer um rascunho, onde os elementos da cena (pessoas, cenários e demais objetos) e as câmeras estejam plotados, anotando as distâncias entre eles. A seguir devemos fazer o dimensionamento e a marcação da luz. Tomemos como exemplo, um estúdio de telejornalismo conforme mostrado na figura 2. FIGURA - 2 Da Figura 2 obtemos: Plano de Luz Principal - Locutores Plano de Luz Secundário Cenário (tapadeira) Distância Câmera - Locutores: 3,5m Distância Câmera - Cenário: 6,0m
OS TIPOS DE LUZ Podemos classificar os tipos de luz conforme sua função, assim teremos: Key Light Luz principal, montada a +45 o do elemento de cena (locutor). Fill Light Luz complementar, montada a -45 o do locutor, deverá ser ajustada, normalmente, para ter 50% do Key Light. Back Light Contra-luz, montada atrás do locutor, no sentido cenário-câmera e deve ser ajustado para 30% 50% do Key Light. Background Light Luz do cenário, geralmente ajustada para 50% do Key Light. Os ângulos e os percentuais poderão mudar em função do efeito desejado. Veja na figura 3 uma ilustração do resultado desses tipos de luz. Key Light Key e Fill Light Key, Fill e Back Light Key, Fill, Back e Background Light
DIMENSIONAR A LUZ O ponto de partida será sempre a sensibilidade da câmera e a distância até ao elemento da cena a ser iluminado. Como sabem a luz varia com o quadrado da distância. Usando como exemplo o nosso estúdio de telejornal com câmeras de 50lux@f:5.6 de sensibilidade, teremos de acordo com a figura 4: Figura 4 Estúdio de Telejornalismo da TV Bahia Dimensionando o Key Light (I 1 /I 2 ) = [(d 1 ) 2 /(d 2 ) 2 ] => I 2 = (d 2 ) 2 x I 1 onde: I 1 é a sensibilidade (luz medida na câmera para f:5.6) I 2 é a luz refletida nos locutores d 2 é 3,5m (distância entre a câmera e os locutores) Para facilitar assumiremos que a refletância dos locutores e dos demais elementos da cena será igual a 0,8 (80%). A luz refletida nos locutores será: I 2 = 50 x 12,25 = 612,5lux => I 2 incidente = 612/0,8 = 765lux. Se montarmos as luminárias dos locutores à 2m de distância devemos ter uma luminária com a capacidade de: I luminaria do Locutor = 765lux x 4 = 3060lux@1m ou I KeyLight = 3060lux@1m Usar um ProLite SuperTV de 30 0 será uma excelente opção para este Key Light.
Dimensionando o Fill Light O Fill light deverá ter 50% do Key Light. Neste caso, o ProLite SuperTV de 60 0 produzirá uma luz mais soft e mais aberta. I FillLight = 1530lux@1m Dimensionando o Back Light O Back light deverá ter 50% do Key Light e no nosso exemplo, está posicionado a 2m dos locutores. I BackLight = 1530lux@1m Neste caso, o ProLite SuperTV de 30 0 será uma excelente opção. Dimensionando o Background Light Continuando neste exemplo, suponhamos que o cenário seja uma tapadeira com o logo do telejornal e fotos da cidade e que esteja posicionado à 2,5m dos locutores. Suponhamos, ainda que esta tapadeira seja o plano secundário de luz e como tal deva ter a metade da luz dos locutores. Neste caso teremos a luz refletida no cenário: I 3 =(I 1 /2) x (d 3 ) 2 ou seja I 3 = 25 x 6,5 2 I 3 = 1056,25lux I 3 incidente = 1056,25/0,8 = 1320lux. Se montarmos as luminárias do cenário à 1m de distância, teremos: I luminaria do cenário = 1320lux@1m I Background = 1320lux@1m Neste caso, o ProLite SuperTV de 60 0 será uma ótima opção RELAÇÃO DE CONTRASTE Esse importante conceito pode ser definido como a capacidade de uma câmera enxergar diferentes partes claras e escuras num mesmo enquadramento. Se você aumentar, continuamente, a diferença entre a parte mais clara e a parte mais escura de um enquadramento, chegará um ponto onde o cinza mais escuro se transformará em preto ou o cinza mais claro vira branco e o branco satura. Neste limiar temos a relação de contraste máximo da câmera. Vale ressaltar que iluminar corretamente uma cena significa usar apenas a quantidade de luz necessária e suficiente. Luz em excesso, alem de ser um desperdício de energia, aumenta a diferença entre as partes mais claras e mais escuras, podendo ultrapassar a relação de contraste máxima da câmera. Como orientação geral e para afinação da luz, fazer uma varredura com o luxímetro para verificar se as partes mais claras e as mais escuras estão dentro da relação máxima permitida pela câmera.
REFERÊNCIAS Television Production A Free Interactive Course in Studio and Field Production By Ron Whittaker, Ph.D. Light Measurement Handbook By Alex Ryer Methods of Characterizing Illuminance Meters and Luminance Meter By Commision Internationale de l Eclairage - CIE Projeto de Iluminação do Estúdio de Telejornalismo da TV Bahia By Ricardo F. Kauffmann