ABSTRACT RESUMO. Campus Umuarama - Bloco 4T. CEP: Uberlândia, Minas Gerais.

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Transcrição:

1 IDENTIFICAÇÃO DE ESPÉCIES DE CARRAPATOS ENCONTRADOS EM CÃES, DE DIFERENTES PROCEDÊNCIAS DE UBERLÂNDIA, MINAS GERAIS, E DE Hepatozoon spp. NA HEMILINFA DOS CARRAPATOS. TAÍS ANDRADE DIAS 1, MÁRCIA CRISTINA CURY 2 ABSTRACT Ticks are considered an important vector of diseases that may have a zoonotic potential. In this study ticks were collected from 51 dogs from different places, with the objective of identified prevalent species, find Hepatozoon spp. on their hemolymph and analyze the risk factors associated to the infestation. The predominant specie was Rhipicephalus sanguineus, and Hepatozoon spp. was not present in the hemolymph. There were no statistical significant differences (p 0,05) among the different parameters, such as age, race, sex, coat, habits and feeding. In conclusion, the continuity of this study is necessary to evaluate other tests to detect hemoparasites as well as analyzing the risk factors on a large dog population. Key words: ticks, risk factors, dogs, Uberlândia, parasitology. RESUMO Carrapatos são responsáveis pela transmissão de doenças que podem ter caráter zoonótico. Neste estudo foram coletados carrapatos de 51 cães de diferentes procedências com o objetivo de identificar as espécies prevalentes, verificar a presença de Hepatozoon spp. na hemolinfa dos mesmos, e analisar os fatores de risco associados à infestação. A espécie de carrapato predominante foi o Rhipicephalus sanguineus, não sendo observada positividade no teste de hemolinfa para Hepatozoon spp. Não foram observadas diferenças estatisticamente significativas (p 0,05), nas variáveis analisadas para fator de risco, tais como, idade, raça, sexo, tipo de pelagem, hábitos e alimentação. Em conclusão, a continuidade do estudo faz-se necessária, para que se avalie outros testes para detecção de hemoparasitos, assim como análise de fatores de risco em maior população canina. 1 Graduanda da Faculdade de Medicina Veterinária Universidade Federal de Uberlândia. Av. Pará, 1720. Campus Umuarama - Bloco 4T. CEP: 38400-902. Uberlândia, Minas Gerais. Email: taisdiasvet@yahoo.com.br 2 Laboratório de Parasitologia Instituto de Ciências Biomédicas - Universidade Federal de Uberlândia. Av. Pará, 1720 Campus Umuarama - Bloco 4C. CEP: 38400-902. Uberlândia, Minas Gerais. Email: cury@umuaram.ufu.br

2 1. INTRODUÇÃO Diversos artrópodes que vivem como ectoparasitas em cães domésticos, podem atuar como causadores de dermatites severas e, também, como vetores de patógenos, resultando na transmissão de doenças para os animais e para os seres humanos (GONZÁLEZL et al., 2004). Dentre estes ectoparasitas, os carrapatos têm despertado o interesse da comunidade científica e da saúde pública devido a sua participação na transmissão de doenças como a babesiose, hepatozoonose, ehrlichiose, rickettsiose e borreliose (FÖLDVÁRI, 2005). Segundo Shimada et al. (2003), recentemente o interesse pelos carrapatos e pelas doenças transmitidas por eles, tem aumentado devido à emergência e reemergência destas doenças e pela natureza zoonótica de algumas delas. Os carrapatos são classificados em três famílias denominadas Ixodidae, Argasidae e Nuttallielidae, sendo a última sem representantes no Brasil. Na família Argasidae encontram-se os representantes dos gêneros Argas, Ornithodorus e Otobius. Os principais gêneros da família Ixodidae são Amblyomma, Anocentor, Aponomma, Boophilus, Haemaphysalis, Ixodes e Rhipicephalus (MARCONDES, 2001). O Ixodideo que mais freqüentemente parasita cães é o Rhipicephalus, com a espécie Rhipicephalus sanguineus. Outros gêneros como por exemplo o Amblyomma e Anocentor, também, podem ser encontrados parasitando cães domiciliados ou semidomiciliados, principalmente, através de suas formas imaturas (TORRES, FIGUEIREDO, FAUSTINO, 2004; SZABÓ et al., 2001). Segundo Pinter et al. (2004) infestações por carrapatos do gênero Amblyomma, em cães no Brasil, são caracterizadas por baixa infestação. Provavelmente isto ocorre pelo cão não ser o hospedeiro ideal. Entretanto, se o cão está em local permissivo para o desenvolvimento destas espécies, ou se este se encontra em contato com outros animais, hospedeiros preferenciais, a infestação acontece (SZABÓ et al., 2001). O ciclo de vida dos carrapatos pode ser monoxênico ou polixênico. Em cães, o monoxênico está mais relacionado à espécie Anocentor nitens e caracteriza-se pelo desenvolvimento de todas as formas evolutivas em um só hospedeiro. O ciclo polixênico é marcado por muda e ecdise da larva/ninfa e ninfa/adulto, fora do hospedeiro e ocorre na maioria das espécies (MARCONDES, 2001).

3 Os carrapatos são cosmopolitas e estão amplamente dispersos no Brasil. O contato direto dos animais de companhia, especialmente o cão, com seres humanos é fator preocupante, já que a convivência íntima entre os mesmos, pode se tornar veículo de entrada para o carrapato no ambiente humano. No ambiente o carrapato procura locais protegidos, sombrios e com pouca ventilação como paredes, muros, árvores e móveis intradomiciliares. Após ecdise, os novos estágios descem dos substratos e costumam se fixar no hospedeiro, para se alimentarem, em regiões de pele mais fina, úmidas, com circulação abundante e de difícil acesso do animal (MARCONDES, 2001). As principais regiões do corpo dos cães onde são encontrados são a região axilar, períneo, face interna do ouvido externo, no tecido interdigital, dobras na pele e pescoço, embora infestações severas estejam espalhadas por todo o corpo (MARCONDES, 2001). O controle das infestações por carrapato é problema enfrentado no mundo todo, pois as formas de vida livre são capazes de sobreviver por longo tempo sem hospedeiros, além de se esconderem em locais protegidos e de difícil acesso no meio ambiente. Como ficam, também, no ambiente, o tratamento apenas no animal não é muito eficaz. Desta forma é necessária a eliminação do parasita do ambiente, impedindo re-infestações ou o acometimento no homem. Deve-se ressaltar que, as populações de carrapatos estão cada vez mais resistentes aos compostos químicos dos acaricidas mais comuns (MILLER et al., 2001). Sem o devido controle das infestações, os carrapatos acabam exercendo desenfreadamente, sua ação como vetores de doenças de alta morbidade e mortalidade para os cães, além do caráter zoonótico e de interesse em saúde pública. Uma das enfermidades que acometem os cães e são transmitidas por carrapatos é a hepatozoonose. Esta doença é causada por protozoários pertencentes ao filo Apicomplexa, da família Hepatozoiidae e gênero Hepatozoon (ALMOSNY, 2001). O Hepatozoon canis e o Hepatozoon americanum são as duas espécies responsáveis pela infecção no cão. A primeira espécie ocorre com maior freqüência no Velho Mundo, enquanto a segunda é observada no Novo Mundo (MUNDIM, MUNDIM, BARBOSA, 2002). O cão se torna infectado com a ingestão de carrapatos contendo oocistos esporulados de Hepatozoon sp. (GONDIM et al., 1998).

4 A hepatozoonose canina apresenta sintomatologia variada, ocorrendo desde casos assintomáticos a sintomáticos. O encontro do Hepatozoon canis no sangue dos animais infectados é muitas vezes acidental. A maioria dos estudos apontam o carrapato vermelho dos cães, Rhipicephalus sanguineus, como principal vetor da hepatozoonose canina, porém foram relatadas outras espécies de carrapatos transmitindo a doença (O DWYER, MASSARD, SOUZA, 2001). Segundo Mundim; Mundim; Barbosa (2002), não existe tratamento específico para a erradicação da parasitemia e os testados foram pouco eficazes. São poucos os estudos no Brasil e no município de Uberlândia, Minas Gerais, que relacionam as espécies de carrapatos que parasitam os cães, com a transmissão de doenças. Os altos níveis de infestação por carrapatos, encontrados nos cães da região associados ao aumento da freqüência de diagnóstico da hepatozoonose canina, demonstram a importância realizar estudos que relacionem as espécies de carrapatos encontradas nos cães, o perfil dos cães e o mecanismo de transmissão da hemoparasitose. O objetivo deste estudo foi identificar as espécies de carrapatos que acometem cães de diferentes procedências, além de analisar alguns fatores de risco relacionados à infestação e encontrar formas evolutivas do Hepatozoon spp. na hemolinfa dos carrapatos. 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1 População de estudo Para este estudo foram selecionados cinqüenta e um cães de diferentes idades, raças e sexos, parasitados por carrapatos. Os cães foram provenientes do atendimento no Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia, do atendimento nas clínicas veterinárias particulares da cidade e da Associação Protetora dos Animais (APA) de Uberlândia, que acolhe cães errantes ou doados por proprietários. O número de animais para cada procedência foi de 14, sete e 30 cães respectivamente. 2.2 Coleta dos carrapatos Após verificar, através de inspeção, a presença de carrapatos nos cães, as coletas foram realizadas de forma manual. Coletouse no mínimo cinco espécimes por cão de forma aleatória, em relação à região do corpo do cão, onde esses ectoparasitas foram

5 encontrados. Os carrapatos coletados foram colocados em frascos identificados por número, a região do corpo onde foram coletados e a data da coleta. Os carrapatos foram conservados em frascos de vidro tampados contendo álcool 70 GL. Os adultos foram identificados quanto ao gênero e espécie. Algumas ninfas que sofreram ecdise antes da conservação, também, puderam ser identificadas. 2.3 Questionário epidemiológico Concomitante à coleta dos carrapatos, foi aplicado questionário para o levantamento de dados em relação aos cães infestados por carrapatos. Foram coletados dados sobre o animal (raça, idade, sexo, tipo de pelagem; alimentação e hábitos que incluía: contato com outros animais e locais de acesso do animal), dados sobre a região do corpo do cão onde foram coletados os carrapatos e dados sobre o carrapato (fase evolutiva, quantidade de carrapatos por região, data da coleta e a espécie do carrapato identificado). 2.4 Identificação dos carrapatos A identificação das espécies dos carrapatos foi realizada apenas nos adultos, entretanto as ninfas que sofreram ecdise durante este processo possibilitaram esta identificação, por se encontrarem morfologicamente aptas. Os critérios adotados para a identificação foram baseados na chave dicotômica desenvolvida por Aragão e Fonseca (1961a, 1961b). 2.5 Teste da hemolinfa Para a pesquisa das formas evolutivas do Hepatozoon canis ou de outro hemoparasito, no carrapato, foi coletada a hemolinfa dos adultos de acordo com a técnica descrita por Burgdorfer (1970). As lâminas confeccionadas foram coradas pela coloração descrita por Gimenez (1964). 2.6 Análise estatística Os dados obtidos neste estudo foram armazenados em banco de dados no programa EpiData (LAURITSEN, BRUUS, MYATT, 2001). Os testes estatísticos adequados às características das variáveis, foram analisados no programa EpiInfo (DEAN, et. al., 1999). Foram utilizados testes paramétricos e não paramétricos para as variáveis contínuas e para as dicotômicas e nominais os testes de Qui-quadrado e teste exato de Fischer. Análises univariadas e descritivas dos dados também foram realizadas (JECKEL, 1996).

6 3. RESULTADOS 3.1 Análise descritiva dos resultados da coleta de carrapatos Foram coletados ao todo 395 carrapatos de 51 cães. Apesar dos 395 carrapatos terem sido identificados e deles coletada a hemolinfa, no momento da concatenação dos resultados, estes foram divididos por coleta para a identificação e por cão para a hemolinfa. Na identificação totalizou-se 124 coletas, sendo que em 122 observou-se carrapatos pertencentes à espécie Rhipicephalus sanguineus e em apenas duas coletas, dois exemplares da espécie Boophilus microplus (tabela 1). A maioria dos carrapatos foi coletada na região interdigital totalizando 114 (54,9%) carrapatos e 60 (45,1%) no pavilhão auricular (tabela 2). Após a coleta dos carrapatos do total de cães, foi observado que, nos frascos dos carrapatos de 13 cães o material havia se perdido, com a morte dos ectoparasitos, não sendo possível a coleta da hemolinfa. Dessa forma, a análise da hemolinfa foi realizada em carrapatos de 38 cães totalizando 210 carrapatos. Do total analisado, 209 carrapatos (99,5%) foram negativos para qualquer hematozoário e em um (0,5%) foram encontrados parasitos do gênero Trypanossoma spp, conforme a figura 1. Figura 1: Formas semelhantes à Trypanossoma spp. encontradas no teste de Hemolinfa.

7 Tabela 1: Principais espécies de carrapatos encontradas em cães de diferentes procedências de Uberlândia, M.G., 2005/2006. Hospital Veterinário Clínicas APA **** Característica Número Média* Número Média Número Média Total de coletas de carrapatos para identificação específica 23 23 78 Espécie de carrapatos*** Rhipicephalus 23 100** 21 91,3** 78 100** sanguineus Boophilus microplus - - 2 8,7** - - * média ± desvio padrão ** dados da coluna acima em porcentagem *** soma de carrapatos por espécie **** Associação Protetora dos Animais 3.2 Análise descritiva geral do total de cães Dos 51 cães participantes deste estudo, 14 (27,5%) eram provenientes do atendimento no Hospital Veterinário da UFU, sete (13,7%) em clínicas particulares da cidade e 30 (58,8%), da Associação Protetora dos Animais (APA). Destes, 18 eram machos (35,3 %) e 33 fêmeas (64,7 %), sendo 38 (74,5%) sem raça definida (SRD), dois (3,9%) Poodles, três (5,9%) Cocker Spaniels, um (2,0%) Pinscher e um (1,0%) Rottweiler. Em relação à idade, 22 (43,1%) apresentaram idade desconhecida, sendo dois filhotes e 20 adultos, baseados na aparência dos animais. Dentre aqueles com idade determinada, a média observada foi de 34,7 meses, sendo 16 cães (31,4%) com idade até 12 meses e 12 (68,6%) acima de 12 meses. Quanto ao tipo de pelagem, observou-se 23 animais (45,1%) com pelagem clara e o mesmo número de animais com pelagem escura. Treze animais (26,0%) tinham pêlo longo e 37 (74,0%) curto. A alimentação de 38 cães (79,2%) era mista, enquanto que 9 (18,8%) se alimentavam apenas de ração e 1 (2,1%) de comida caseira.

8 Tabela 2: Dados da coleta dos carrapatos realizada nos cães de diferentes precedências. Hospital Veterinário Clínicas APA Característica Número Média* Número Média Número Média Número de carrapatos Pavilhão Auricular 15 16,3 15 21,1 30 12,9 Região Interdigital 38 41,3 5 7,0 71 30,6 Barriga - - 3 4,2 2 0,9 Pescoço - - 6 8,5 27 11,6 Cabeça 15 16,3 12 16,9 9 3,9 Dorso 1 1,1 7 9,9 25 10,8 Outros Locais 23 25,0 23 32,4 68 29,3 Total 92 100** 71 100** 232 100** Local de coleta por estádio evolutivo Larva Pavilhão Auricular - - 1 0,3±0,5 - - Região Interdigital - - - - - - Barriga - - - - - - Pescoço - - - - - - Cabeça - - - - 1 0,2±0,4 Dorso - - - - - - Outro Local - - - - 1 0,04±0,2 Total - - 1-2 - Ninfa Pavilhão Auricular - - 2 0,5±0,6 7 0,5±0,9 Região Interdigital 3 0,4±1,1 2 1,0±1,4 4 0,3±0,7 Barriga - - 1 0,5±0,7 1 1,0±0,0 Pescoço - - 2 0,7±0,6 7 0,6±1,3 Cabeça 1 0,3±0,6 3 1,0±1,0 1 0,2±0,4 Dorso 1 1,0±0,0 1 0,3±0,5 1 0,2±0,4 Outro Local 1 0,1±0,4 2 0,4±0,5 12 0,6±1,0 Total 6-13 - 33 - Adulto Pavilhão Auricular 15 3,8 ±3,1 12 3,0±2,4 23 1,5±1,1 Região Interdigital 35 5,0 ±5,0 3 1,5±0,7 67 3,7±3,3 Barriga - - 2 1,0±1,4 1 1,0±0,0 Pescoço - - 4 1,3±2,3 20 1,8±1,3 Cabeça 14 4,7 ±4,6 9 3,0±5,2 7 1,4±1,3 Dorso - - 6 1,5±1,7 24 4,0±3,3 Outro Local 21 2,6 ±1,8 21 4,2±4,7 55 2,6±2,4 Total 85-57 197 - * média ± desvio padrão ** dados da coluna acima em porcentagem

9 3.3 Determinação dos fatores de risco Em relação à procedência, não foram observadas associações estatísticas significativas, entre os cães provenientes do Hospital Veterinário, atendidos em clínicas particulares e abrigados na APA (p 0,05). Do total de carrapatos coletados, em um cão procedente do atendimento em clínicas foram encontrados dois carrapatos da espécie Boophilus microplus, no restante dos cães todos os carrapatos identificados pertenciam à espécie Rhipicephalus sanguineus (tabela 1). Quanto à raça, a maioria dos cães dos três grupos eram SRD totalizando seis (42,9%) no Hospital Veterinário, dois (28,5%) nas clínicas particulares e trinta (100%) na APA. Outras raças foram citadas, porém em menor porcentagem, como Rottweiler, Pinscher, Poodle e Cocker Spaniel (tabela 3). A média de idade nos cães do Hospital Veterinário foi de 75,5 meses, onde treze (92,9%) estavam acima de 12 meses. Nas clínicas, a média de idade encontrada foi de 33,2 meses com quatro animais (57,1%) acima de 12 meses. Na APA, a média de idade foi de 3,6 meses. Porém, nesta entidade não há registro dos animais e a idade muitas vezes é desconhecida. Assim, estes cães foram divididos em duas categorias, até 12 meses e acima de 12 meses, de acordo com a aparência dos mesmos, onde foram encontrados 12 (40,0%) e 18 (60,0%) cães respectivamente (tabela 3). Dos cães do Hospital Veterinário, seis eram machos (42,9%) e oito fêmeas (92,9%); nas clínicas eram três machos (42,9%); e quatro fêmeas (57,1%), e na APA nove machos (30,0%) e 21 fêmeas (70,0%) (tabela 3). O tipo de pelagem foi observado quanto à cor e comprimento do pêlo. Nos cães do Hospital Veterinário, havia seis (42,9%) com pelagem escura e dez (76,9%) com pêlo curto. Nas clínicas particulares, foram encontrados três cães (42,9%) com pelagem clara e quatro (57,1%) com pêlo curto. Na APA, 24 (80,0%) possuíam pêlo curto e 15 (50,0%) com pelagem de cor clara (tabela 3). A alimentação de sete cães (53,8%) oriundos do Hospital Veterinário era composta somente por ração enquanto que um (7,7%) se alimentava de comida caseira e cinco (38,5%) possuíam uma alimentação mista (ração acrescida de algum ingrediente). Nas clínicas, dois cães (40,0%) se alimentavam de comida caseira e três (60,0%) possuíam alimentação mista e na

10 APA, a alimentação de todos os animais também era mista (tabela 3). Tabela 3: Resultados obtidos na aplicação dos questionários em relação aos fatores de risco avaliados, Uberlândia, M.G., 2005/06. Hospital Veterinário Clínicas APA Característica Número Média* Número Média* Número Média* Raça SRD 6 42,9 2 28,6 30 100 Poodle - - 2 28,6 - - Cocker Spaniel 1 7,1 2 28,6 - - Pinscher 1 7,1 - - - - Rottweiler 1 7,1 - - - - Outra 5 35,9 1 14,3 - - Idade Até 12 meses 1 7,1 3 42,9 12 40,0 Acima de 12 meses 13 92,9 4 57,1 18 60,0 Sexo Machos 6 42,9 3 42,9 9 30,0 Fêmeas 8 57,1 4 57,1 21 70,0 Tipo de pelagem Comprimento Longo 3 23,1 4 57,1 6 20,0 Curto 10 76,9 3 42,9 24 80,0 Cor Clara 5 35,7 3 42,9 15 50,0 Escura 6 42,9 2 28,6 15 50,0 Alimentação Ração apenas 7 53,8 2 40,0 - - Comida caseira 1 7,7 - - - - Mista 5 38,5 3 60,0 30 100 * dados da coluna abaixo em porcentagem Quanto aos hábitos dos cães, verificouse que nos do Hospital Veterinário a maioria não tinha acesso a outros locais fora o de seu domicílio, sendo que apenas um animal (11,1%) freqüentava locais como rua, lotes e chácaras, sítios ou fazendas. O contato com outros animais foi positivo em oito (72,7%) dos cães, sendo que desses, todos (100%)

11 tinham contato com outros cães e dois (25,0%) com gatos. Nas clínicas, 50,0% dos cães tinha acesso à chácaras, sítios ou fazendas. Cinco cães mantinham contato com outros animais, e desses, cinco (100%) com gatos e quatro (80,0%) com cães. Na APA, os cães ficam em canis e não têm acesso a outro local ou a outros animais que não outros cães (tabela 4). Após a análise descritiva, foi feita a análise bivariada com a finalidade de verificar a relação entre uma variável independente e uma variável dependente. Foram avaliadas: a origem, idade, raça, sexo, característica da pelagem, hábitos do cão, local de coleta dos carrapatos e número de carrapatos coletados. Não foram observadas diferenças estatísticas significativas em nenhuma das variáveis observadas. Tabela 4: Dados obtidos quanto aos hábitos dos cães de diferentes procedências de Uberlândia, M.G., 2005/06. Hospital Veterinário Clínicas APA Hábitos Número Média* Número Média* Número Média* Locais de acesso Rua 1 11.1 1 25,0 - - Chácaras, sítios 1 11,1 2 50,0 - - e fazendas Praças públicas - - 1 25,0 - - Lotes 1 11,1 1 25,0 - - Contato com outros animais Sim 8 72,7 5 100 30 100 Não 3 27,3 - - - - Animais de contato Gatos 2 25,0 5 100 - - Aves - - 3 60,0 - - Bovinos - - 2 40,0 - - Eqüinos - - 3 60,0 - - Cães 8 100 4 80,0 30 100 * dados da coluna abaixo em porcentagem

12 4. DISCUSSÃO Todos os cães participantes do presente estudo estavam infestados por carrapatos. A espécie de carrapato mais encontrada foi o Rhipicephalus sanguineus (figura 2), porém exemplares da espécie Boophilus microplus também foram identificados. Estes resultados já eram esperados e estão de acordo com a maioria dos estudos realizados no Brasil e em outros países (GONZÁLEZ et al., 2003; SZABÓ et al., 2002; SHIMADA et al., 2003; INOKUMA et al., 1998; GUERRA, BRITO, 2004). No Brasil carrapatos infestando cães, podem ser encontrados em dois cenários distintos, os quais dependem do habitat dos hospedeiros, ou seja, cães de ambiente urbano (domiciliados ou não) e aqueles da zona rural, que estão em estreito contato com outros animais (GUERRA, BRITO, 2004). Na zona urbana, a espécie predominante em cães é o carrapato vermelho, Rhipicephalus sanguineus. Este parasita o cão em todos os estádios de desenvolvimento. O ambiente onde vivem os cães urbanos, parece fornecer microambiente ideal para o desenvolvimento de todos os estádios não parasitas deste carrapato (SZABÓ, et al., 2002). Os carrapatos deste estudo foram coletados em cães de diferentes procedências, atendidos no Hospital Veterinário, nas clínicas particulares e na APA. Estes animais tinham como característica serem da zona urbana, o que explica a prevalência do Rhipicephalus sanguineus. Outras espécies de carrapatos também podem ser encontradas em cães, porém, na maioria das vezes, estes cães compartilham áreas com carnívoros silvestres ou outros mamíferos (GUERRA, BRITO, 2004). O Boophilus microplus é o principal carrapato que afeta o rebanho bovino brasileiro, a presença desta espécie em cães, pode ser explicada pelo parasitismo acidental, vindo do convívio deste hospedeiro com bovinos em fazendas (SZABÓ, et al., 2002). O cão encontrado em nosso estudo parasitado pelo Boophilus microplus, possivelmente mantinha contato com o meio rural ou dividia seu habitat com bovinos, que são os hospedeiros primários desta espécie de carrapato. O carrapato Rhipicephalus sanguineus é visto como vetor de muitas doenças que afetam os cães e até mesmo o homem. Dentre essas doenças podemos destacar a Babesiose, Ehrliquiose, Hepatozoonoze, Febre Maculosa, Doença de Lyme, entre

13 outras (INOKUMA, et al., 1998; FIGUEIREDO, et al., 1999). Figura 2: Rhipicephalus sanguineus. Do canto esquerdo superior e no sentido horário, temos: fêmea ingurjitada, fêmea, larva e macho. O Teste da hemolinfa descrito por Burgdorfer (1970) é muito utilizado pelos pesquisadores (SZABÓ, et al., 2002; INOKUMA, et al., 1998; CARNEIRO, DAEMON, 2003) para a identificação de hemoparasitas nos carrapatos. A análise da hemolinfa dos carrapatos deste estudo, não demonstrou a presença de nenhum hemoparasita. Apenas formas semelhantes a Trypanossoma spp. foram encontrados em uma lâmina. A escolha do teste da hemolinfa com coloração de Gimenez foi feita por ser metodologia utilizada para pesquisa de Rickettsias (CARNEIRO, DAEMON, 2003). Forlano et al. (2005), entretanto, investigaram o Hepatozoon spp., por meio da dissecação dos carrapatos. A ausência de oocistos de Hepatozoon spp. nos carrapatos deste estudo ocorreu, possivelmente, pela baixa sensibilidade do teste ou pelos carrapatos não estarem infectados (INOKUMA, et al., 1998; SZABÓ, et al., 2002). A partir deste resultado pode-se conjecturar que o teste de hemolinfa com a coloração de Gimenez, não seja o mais adequado para o Hepatozoon spp. Inokuma et al. (1998), encontraram microfilárias não identificadas em Rhipicephalus sanguineus, utilizando o teste com a coloração de Giemsa. As características analisadas como possíveis fatores de risco neste estudo, não demonstraram significância estatística. Porém, este fato poderia estar relacionado ao pequeno número de cães analisados. Cães com acesso a rua, chácaras, sítios ou fazendas e lotes, têm maior probabilidade de se infestarem do que aqueles que moram em apartamentos. Da mesma forma, deve-se ressaltar que o Rhipicephalus sanguineus está desperso no meio urbano, o que torna a infestação dos cães facilitada, independente da idade, raça, sexo, hábitos ou manejo do cão.

14 O fato da pesquisa de hemoparasitas não ter demonstrado positividade e da análise dos fatores de risco não ter demonstrado diferença estatística significante, indica a necessidade da continuação deste estudo. Desta foram é necessário o emprego de outros testes comparativos para a pesquisa de hemoparasitas, assim como maior número de animais para a avaliação dos fatores de risco. 5. AGRADECIMENTOS Agradecemos ao Prof. Dr. Marcelo Bahia Labruna e toda a equipe do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal (VPS) USP São Paulo, pelo apoio na execução do Teste de Hemolinfa. Ao Prof. Dr. Mathias Juan Pablo Szabó pela colaboração na identificação dos carrapatos. À Profª. Drª. Fabíola Corrêa da Costa Braga pela orientação na análise estatística dos dados. E à Profª. Ms. Maria José Santos Mundim pela co-orientação.

15 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMOSNY, N.R.P. Hemoparasitoses em pequenos animais domésticos e como zoonoses. São Paulo: L. F. Livros, 2002. 79-87p. ARAGÃO, H.B.; FONSECA, F. 1961. Notas de Ixodologia. VIII. Lista e chave para os representantes da fauna ixodológica brasileira. Mem. Inst. Oswaldo Cruz 59(2): 115-130. ARAGÃO, H.B.; FONSECA, F. 1961. Notas de Ixodologia. IX. O complexo ovale do gênero Amblyomma. Mem. Inst. Oswaldo Cruz 59(2): 131-148. BEHMER, O.A.; TOLOSA, E.M.C.; FREITAS, A.G.N. 1976. Manual de técnicas para histologia normal e patológica. EDUSP, São Paulo. BENETH, G. et al. Canine hepatozoonosis: two disease syndromes caused by separate Hepatozoon spp. Trends in Parasitology. v.19, n.1, 27-31, jan. 2003. BURGDORFER, W. Hemolymph test. A technique for detection of Rickettsiae in ticks. Am. J. Trop. Med. Hyg. 19(6): 1010-1014, 1970. CARNEIRO, M.E.; DAEMON, E. Influência da temperatura sobre os tipos celulares presentes na hemolinfa de larvas e ninfas de Rhipicephalus sanguineus. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., out. 2003, vol.55, no.5, p.574-579. DEAN, A.G.; DEAN, J.A.; COULOMBIER, D.; BRENDEL, K.A.; AMITH, D.C.; BURTON, A.H.; DICKER, R.C.; SULLIVAN, K.; FAGAN, R.F; ARNER, T.G. EpiInfo version 6.04c: A World Processing Database and Statistics Program for Epidemiology on Microcomputers. Centers for Disease Control and Prevention, Georgia: USA, 1999, 396p. EWING, S. A. et al. Larval Gulf Coast (Amblyomma maculatum) [Acari: Ixodidae] as a host for Hepatozoon americanum [Apicomplexa: Adeleorina]. Veterinary Parasitology. 103, 43-51, 2002. FIGUEIREDO, L.T.M. et al. Report on ticks in the Southeast and Mid-West regions of

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