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Tenho a honra de acusar o recebimento da Nota B-075, datada de 05 de junho de 1997, cujo teor em português é o seguinte:

Transcrição:

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU AVM FACULDADE INTEGRADA LIMITES MARÍTIMOS BRASILEIROS, QUAIS SÃO, COMO FORAM OU ESTÃO SENDO ESTABELECIDOS E O DESAFIO PARA MANTÊ-LOS ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADOS Por: Luiz Carlos Torres Orientador Prof. Francisco Carrera DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL Rio de Janeiro 2014

2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU AVM FACULDADE INTEGRADA LIMITES MARÍTIMOS BRASILEIROS, QUAIS SÃO, COMO FORAM OU ESTÃO SENDO ESTABELECIDOS E O DESAFIO PARA MANTÊ-LOS ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADOS Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Direito Ambiental. Por: Luiz Carlos Torres.

3 AGRADECIMENTOS...primeiramente a Deus e também aos meus professores, aos funcionários de apoio e aos colegas do curso de Direito Ambiental da AVM e ao meu Orientador, Prof. Francisco Carrera, pela forma profissional e amiga que norteou toda a orientação do nosso trabalho. Gostaria também de demonstrar minha gratidão à Jesuína Maria Rocha pela revisão e algumas importantes sugestões sobre o texto e aos meus colegas de LEPLAC Dante Rocha Lomonaco e Emir Ordacgi Caldeira na elaboração de algumas figuras constantes na dissertação.

4 DEDICATÓRIA...dedico aos meus pais: Hélio Ferreira Torres (in memorian) e Maria Sárvia Almeida, aos meus filhos: Eduardo, Caio Luiz, Clara, Marco Antonio e Maria Eduarda e às minhas netas: Emelly e Alinne. Dedico também a todos aqueles e aquelas que investem qualquer forma de tempo, atenção, carinho e amor ao mar, ou que nele labutam.

5 RESUMO A proposta do presente trabalho consistiu em descrever os espaços marítimos brasileiros contíguos ao continente e a sua projeção de soberania nacional sobre o mar e a partir daí discutir a questão do equilíbrio ecológico desses espaços marítimos à luz de alguns aspectos das legislações nacionais e internacionais decorrentes de compromissos internacionais assumidos pelo Brasil. Buscou-se também contribuir para o desenvolvimento da mentalidade marítima brasileira, com foco na sua vertente ambiental. No primeiro capítulo, foi feito um levantamento não exaustivo das convenções internacionais e da legislação nacional com viés ambiental, que dariam apoio ao desenvolvimento do trabalho. No segundo capítulo tratou-se dos diversos espaços marítimos estabelecidos pelo Brasil com base na Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar. Comentou-se também sobre os tratados marítimos firmados com a França e o Uruguai. No terceiro capítulo procurou-se discutir os espaços marítimos estabelecidos pelo Brasil e as relações com as legislações que serviram ou contribuíram para a sua consecução. Buscou-se ainda um aprofundamento maior sobre os espaços marítimos brasileiros e alguns elementos que contribuíram para o seu estabelecimento. A conclusão do trabalho aponta que a legislação ambiental existente referente aos espaços marítimos apresenta dificuldades de execução em função das características próprias do ambiente marinho e que o equilíbrio ecológico desses espaços para ser alcançado necessita do desenvolvimento da educação ambiental e da mentalidade marítima.

6 METODOLOGIA O desenvolvimento da proposta do presente trabalho teve por base um levantamento bibliográfico dos assuntos considerados relevantes ao tema proposto. Para tanto recorreu-se à consulta de publicações técnicas especializadas nacionais e internacionais. Recorreu-se também à pesquisa aos sítios da internet que tratam do tema, em especial às páginas de órgãos oficiais nacionais e internacionais, `a experiência profissional do autor e eventualmente entrevistas com profissionais e peritos possuidores de reconhecida qualificação técnica sobre o tema, além de material divulgado em mídia escrita e televisiva. A formatação da redação do trabalho pautou-se nas orientações constantes da referência: Como produzir uma monografia passo a passo...siga o mapa da mina, publicada pela Universidade Candido Mendes e na aula de metodologia ministrada em 15 de junho de 2013 pelo professor Carlos Cereja na unidade Candido Mendes em Niterói.

7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I - Convenções Internacionais e a Legislação Nacional 11 CAPÍTULO II - O estabelecimento dos Espaços Marítimos Brasileiros 24 CAPÍTULO III Discussões e Ações a Empreender 39 CONCLUSÃO 62 BIBLIOGRAFIA CITADA 64 LISTA DE FIGURAS 66 ÍNDICE 67

8 INTRODUÇÃO O objetivo básico da corrente dissertação é descrever os espaços marítimos contíguos ao continente como uma projeção da soberania nacional sobre o mar e, nesse contexto, discutir a questão do equilíbrio ecológico desses espaços marítimos à luz de alguns aspectos de legislações nacionais e internacionais decorrentes de compromissos internacionais assumidos pelo Brasil. Secundariamente, contribuir para o desenvolvimento da mentalidade marítima brasileira, em especial na sua vertente ambiental, tendo em conta que o país já exerce direito de soberania em uma área de 3.500.000 km 2 com possibilidade de vir a exercer em uma área adicional da ordem de 1.000.000 de km 2. Para introduzir a questão do mar em especial nas suas especificidades físicas e legais, cujos entendimentos serão fundamentais no desenvolvimento da presente proposta de estudo, recorre-se à citação de Borgenese, a qual embora publicada em 1998, permanece perfeitamente atualizada e completamente pertinente às circunstâncias que aqui serão tratadas. Segunda a referida autora:... o oceano é um meio diferente da terra, tão diferente, de fato, que nos forçam a pensar diferentemente. O oceano, onde tudo flui e tudo é interconectado, nos forçam a desfocar, a repelir nossos velhos conceitos e paradigmas - a refocar um novo paradigma. Conceitos fundamentais desenvolvidos por milênios no continente, como os de soberania, fronteiras geográficas e propriedade, simplesmente não funcionarão no meio oceânico, onde novos conceitos políticos, jurídicos e econômicos estão emergindo". Tomando como referência os parágrafos anteriores, estruturou-se este trabalho em três capítulos. No primeiro tratou-se da legislação nacional e de algumas convenções internacionais procurando focar primordialmente os seus aspectos diretamente ligados ao ambiente marinho e como avaliar ou garantir o quanto ecologicamente equilibrado se encontra. Em seguida, passou-se a enfocar e a descrever os mecanismos e critérios utilizados pelo governo brasileiro no estabelecimento dos seus limites marítimos. Procurou-se correlacionar as técnicas utilizadas com os diplomas legais que legitimavam tais

9 práticas. Posteriormente, no terceiro capítulo procurou-se discutir as questões referentes basicamente aos temas tratados nos capítulos anteriores e, na medida do possível, citar, analisar e discutir alguns estudos de casos. Finalmente foram apresentadas as conclusões do trabalho contemplando algumas eventuais sugestões e ações a se empreender. Em termos de conclusão, há que se evidenciar as peculiaridades do mar, e como consequência, a necessidade de se manter um permanente estado de atenção às ações neles desenvolvidas buscando o desenvolvimento de mecanismos que garantam seu monitoramento contínuo. As justificativas para tal concepção encontram respaldo nas características únicas do oceano aliado ao fato desses espaços marítimos representarem um verdadeiro vazio demográfico. Isto significa que quaisquer eventuais danos ou ameaças a esse ambiente terão os seus indicativos perceptíveis basicamente quando atingirem a linha de costa ou dela se aproximarem o que amplia a potencialidade de danos ambientais pois é nessa região que ocorrem as maiores concentrações urbanas e da biodiversidade marinha. Em tese, em tal situação o tempo a se empreender reação de ordem corretiva será demasiadamente exíguo o que demandará efetivo esforço de concentração e de coordenação do poder público e da sociedade.

10 CAPÍTULO I AS CONVENÇÕES INTERNACIONAIS E A LEGISLAÇÃO NACIONAL No presente capítulo serão citadas e realizadas algumas abordagens superficiais de alguns tratados e convenções internacionais afetos ao tema da dissertação bem como uma relação pessoal de diplomas legais nacionais relacionados ao ambiente marinho. As citações feitas não têm a pretensão de serem completas a ponto de esgotar o assunto e sim trazer respaldo para as discussões propostas e para o equilíbrio do desenvolvimento da dissertação. No que tange ao meio ambiente marinho, a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (UNCLOS) ao longo das suas 17 Partes e 9 Anexos reserva a Parte XII, Proteção e Preservação do Meio Marinho, exclusivamente para cobrir o assunto. Ao longo do corpo da Convenção a preocupação pela proteção e preservação do meio marinho é abordada de maneira recorrente dado a sua relação com as demais Partes do documento. Uma vez que os navios ao cruzarem os mares se apresentam como um potencial e, alguns casos, efetiva fonte de poluição do ambiente marinho, procurou-se discorrer de forma bem genérica sobre duas convenções internacionais que concentram nesse tema e das quais o Brasil é signatário. A Convenção Internacional para a Prevenção de Poluição por Navios (MARPOL) prevê em seu corpo medidas que procuram evitar ou minimizar a ocorrência de derrames de óleo ou poluição no ambiente marinho, mais particularmente, as decorrentes da presença ou atividades desenvolvidas por navios. O transporte de cargas perigosas e o descarte de material no mar também é um dos temas cobertos pela convenção MARPOL. A outra convenção é a Convenção da Salvaguarda da Vida Humana no Mar (SOLAS) cuja preocupação é com a vida humana no mar e para tanto enfoca procedimentos e medidas de segurança para a construção dos navios e a segurança do trabalho a bordo de navios.

11 A Convenção da Diversidade Biológica (CDB) teve uma abordagem bem mais preliminar em termos do ambiente marinho porque se concentra primordialmente na porção continental e os tópicos relativos ao ambiente marinho, que quando mencionado, de certa forma estão cobertos também na UNCLOS. Após abordar os aspectos decorrentes de alguns compromissos internacionais assumidos pelo governo brasileiro, passou-se ao tratamento e análise de alguns diplomas legais nacionais afetos diretamente com o mar ou que a ele apresente vínculos ou interações. (UNCLOS) 1.1 - A Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar O fato de dois terços da superfície da terra encontrar-se coberta por água salgada, ou seja, o mar, já lhe confere uma destacada importância no ambiente do planeta. Nesse contexto, entre profundidades que variam desde alguns poucos metros até quase uma dúzia de quilômetros estão inseridos recursos vivos e não vivos de grande valor para o planeta. O mar representa uma importante via de acesso que liga povos de todas as partes do mundo e serve também como via de escoamento de produtos e riquezas entre países ligando continentes. A regulamentação desse ambiente fez-se necessário para acomodar os mais diversos interesses dos inúmeros agentes envolvidos. A Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar foi então concebida com o propósito de preencher esse anseio. Assim, em 1924, a Liga das Nações promoveu debates que culminaram com a Conferência em Haia em 1930, encerrada com pífios avanços nas discussões sobre o uso do mar. Em 27 de abril de 1958, em Genebra, foi realizada a primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Direito do Mar. A conclusão dos trabalhos levou à adoção de quatro convenções: (a) sobre o mar territorial e a zona contígua, (b) o alto-mar, (c) a pesca e conservação dos recursos vivos de alto-mar e (d) a plataforma continental. Os conceitos ainda não estavam

12 devidamente consolidados, principalmente quanto à largura do mar territorial. A segunda Conferência das Nações Unidas sobre o Direito do Mar realizada em 1960, mais uma vez em Genebra, não representou qualquer tipo de avanço relevante em relação à primeira. Em 1970 foi convocada pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas a Terceira Conferência das Nações Unidas sobre o Direito do Mar com o intuito de tratar de um regime internacional equitativo sobre o fundo oceânico e seu subsolo além dos limites de jurisdição nacional, bem como de uma gama de assuntos relacionados às Conferências anteriores. Após 11 sessões, a Conferência foi concluída em 1982 em Montego Bay, Jamaica, com a adoção da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (UNCLOS) representando um marco de cooperação internacional para o processo de elaboração de um tratado. O Direito do Mar, cujos fundamentos e princípios encontram-se consolidados na UNCLOS, continua se desenvolvendo com várias ramificações temáticas. Esse desenvolvimento tem sido incrementado pelo desenvolvimento das necessidades humanas sobre os processos e necessidade dos recursos naturais dos mares e oceanos condicionados pelos interesses econômicos, comerciais e sociais dos Estados. O trato de políticas nacionais associadas ao mar deve estar em conformidade com o fato de que os problemas dos espaços marítimos estão estreitamente inter-relacionados e, portanto, precisam ser considerados como um todo. O Brasil depositou seu instrumento de ratificação da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (UNCLOS) junto ao Secretário Geral da Organização das Nações Unidas em 22 de dezembro de 1988 após o Congresso Nacional ter aprovado o seu texto por meio do Decreto Legislativo 5/1987 (TORRES, 2013). A Constituição Federal de 1988 já incorpora alguns conceitos constantes na UNCLOS o que pode ser comprovado, por exemplo, na medida em que considera como bens da União o mar territorial e os recursos naturais da zona econômica exclusiva e da plataforma continental. O processo de internalização da UNCLOS seguiu uma via não muito reta. Quando o Decreto 99165/1990 a promulgou, a UNCLOS ainda não estava

13 em vigor e o mar territorial do Brasil era de 200 milhas náuticas 1 (1M = 1852 m) o que levou à sua revogação pelo Decreto 99263/1990 2. Uma vez que permanecia um mar territorial de 200 Milhas, o Presidente da República submeteu ao Congresso Nacional por meio da Mensagem 681 de 19 de setembro de 1990 o Projeto de Lei 5807/1990, dispondo sobre o mar territorial, a zona contígua, a zona econômica exclusiva e a plataforma continental brasileiro e também revogando o Decreto-Lei1098/1970. Esse Projeto de Lei foi sancionado em 4 de janeiro de 1993 transformando-se na Lei 8617/1993, que será citada quando se tratar na dissertação dos diplomas legais nacionais e mais detalhada no corpo do Capítulo III. Em 16 de novembro de 1994 a UNCLOS entrou em vigor para o Brasil e o Decreto 1530/1995 foi o ato do Poder Executivo que declarava a sua entrada em vigor. 1.2 - A Convenção Internacional para a Salvaguarda da Vida Humana no Mar SOLAS (Safety of Life at Sea) A Convenção SOLAS 1974 foi emendada pelo Protocolo SOLAS 1988 para introdução do Sistema Harmonizado de Vistoria e Certificação (HSSC), passando a ser conhecida desde então como SOLAS 1974/1988 e tem por propósito estabelecer os padrões mínimos para a construção de navios, para a dotação de equipamentos de segurança e proteção, para os procedimentos de emergência e para as inspeções e emissão de certificados. A primeira versão da SOLAS foi assinada em 1914, como consequência direta do acidente ocorrido com o Titanic. Em 1928 foi adotada a segunda emenda da Convenção, em 1948 a terceira e em 1965 a quarta, A convenção SOLAS trata de uma maneira geral da relação do homem com o mar em especial quando esta relação ocorre a 1 Segundo o Bureau Hidrográfico Internacional, a relação entre as unidades de medidas de distância milhas náuticas (M) e metros (m) e definida pela relação: 1 M = 1.852 m. 2 Maiores informações sobre a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar podem ser encontradas no sítio: www.secirm.mar.mil.br ou www.un.org. O Professor José Afonso da Silva, em seu livro Direito Ambiental Constitucional apresenta uma relevante descrição e análise da Proteção do Ambiente Marinho tendo como pano de fundo a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar.

14 bordo de navios ou a eles de alguma forma relacionada. Para tanto, estão previstos na Convenção várias especificações e procedimentos que orientam a relação do homem com os navios. Na convenção existem especificações técnicas sobre a construção e a manutenção dos navios de acordo com a sua idade e aos fins que se propõem. A preocupação quanta a integridade física dos navios que tem efeito direto na sua segurança chega a ponto de a Convenção listar equipamentos ou sistemas que devem estar disponíveis em cada tipo de navio. A Convenção SOLAS também é criteriosa em prover listas de ações e procedimentos de segurança para o pessoal designado para operar a bordo dos navios. De uma maneira simplificada pode-se dizer que a Convenção SOLAS serve como mecanismo de orientação para a implementação da segurança no ambiente de trabalho marinho e também como base ou inspiração para o desenvolvimento de regulamentações e normas ao assunto em tela. A convenção SOLAS foi recepcionada no Brasil pelo Decreto nº 1.507, de 30 de maio de 1995. 1.3 - Convenção Internacional para a Prevenção de Poluição por Navios (MARPOL) A MARPOL foi criada em 1973 e alterada pelo seu protocolo em 1978 sendo uma das mais importantes regulamentações ambientais internacionais. Seu intuito é o de preservar o meio marinho através da completa eliminação da poluição por meio de hidrocarbonetos e outras substâncias nocivas bem como a minimização da descarga acidental de tais substâncias. De acordo com a MARPOL a definição de substâncias nocivas consiste de: qualquer substância que se despejada no mar é capaz de gerar riscos para a saúde humana, danificar os recursos biológicos e a vida marinha, prejudicar as atividades recreativas ou interferir com outras utilizações legítimas do mar e inclui toda substância sujeita a controle pela presente Convenção. Algumas medidas relevantes constantes na convenção podem ser citadas dentre as quais:

15 - necessidade de realizar vistorias iniciais, periódicas e intermediárias nos navios; - proibição do despejo de óleo ou misturas oleosas no mar, a menos que o petroleiro esteja a mais de 50 milhas náuticas da terra mais próxima navegando em sua rota; - que o regime de descarga de conteúdo não exceda a 60l por milha náutica. A descarga poderá ser executada desde que o navio possua sistemas de monitoramento e controle de descarga de óleo e separador de óleo e água em operação; - comprometimento dos governos dos países signatários de assegurar a instalação de equipamentos e meios de recebimento de descarga de resíduos de óleo e misturas oleosas como sobra de petroleiros e de outros navios nos terminais de carregamento de petróleo e derivados; e - procedimentos para a descarga de substâncias nocivas líquidas. Embora assinada em fevereiro de 1973, a convenção MARPOL só entrou em vigor em 2 de outubro de 1983, após a incorporação do seu protocolo de 1978. O governo brasileiro aprovou a com algumas restrições o texto da convenção por meio do Decreto Legislativo 2508, de 4 de março de 1998. 1.4 - Convenção sobre a Diversidade Biológica A Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB) teve o seu texto assinado durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento realizada no Rio de Janeiro, no período de 5 a 14 de junho de 1992 e entrou em vigor para o Brasil pelo Decreto Legislativo N o 2, de 3 de fevereiro de 1994. Embora a CDB trate o meio ambiente de maneira uma geral, percebe-se uma cobertura maior sobre o ambiente terrestre de modo que se procurará identificar e se estabelecer aqui vínculos com o ambiente marinho que é o tema do corrente trabalho. O artigo 1 o da CDB estabelece que: Os objetivos desta Convenção, a serem cumpridos de acordo com as disposições pertinentes, são a conservação da diversidade biológica, a utilização sustentável de seus recursos e a repartição

16 justa e equitativa dos benefícios derivados da utilização dos recursos genéticos, mediante, inclusive o acesso adequado de tecnologias pertinentes e mediante financiamento adequado. Em seu artigo 2 o são apresentadas as definições dos termos utilizados na CDB e dois dentre eles serão reproduzidos a seguir por estarem mais alinhados aos propósitos do tema abordado na dissertação: - Diversidade biológica: significa a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas; e - Habitat: significa o lugar ou tipo de local que um organismo ou população ocorre naturalmente. Em especial tais definições vão ao encontro do item 2 do artigo 22 da mesma Convenção que menciona: As Partes Contratantes devem implementar esta Convenção, no que se refere ao meio ambiente marinho, em conformidade com os direitos e obrigações dos Estados decorrentes do direito do mar. O Artigo 3 o versa sobre os direitos e as responsabilidades dos Estados signatários, e estabelece: Os Estados, em conformidade com a Carta das Nações Unidas e com os princípios de Direito Internacional, têm o direito soberano de explorar seus próprios recursos segundo suas políticas ambientais, e a responsabilidade de assegurar que as atividades sob sua jurisdição ou controle não causem dano ao meio ambiente de outros Estados ou de áreas além dos limites da jurisdição nacional. 1.5 A Legislação Nacional No que se refere à legislação nacional que se aplica ou cujo alcance atinge o ambiente marinho nos seus aspectos de delimitação e regulamentação ambiental, procurou-se relacionar, certamente de forma incompleta, alguns diplomas legais nacionais e na medida do possível fazer algum tipo de comentários pertinente, quando for o caso.

17 - Lei 6938/1981 - Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação. Cabe ressaltar que essa lei antecede à Constituição da República Federativa do Brasil. (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm) - Decreto 1265/94 - Aprova a Política Marítima Nacional (PMN) e revoga o Decreto 89331/84. A Política Marítima Nacional (PMN) tem por finalidade orientar o desenvolvimento das atividades marítimas do País, de forma integrada e harmônica, visando à utilização efetiva, racional e plena do mar e de nossas hidrovias interiores, de acordo com os interesses nacionais. (http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/109272/decreto-1265-94) - Constituição da República Federativa do Brasil. Por meio principalmente da combinação dos seus Artigos 20 e 225, se propicia um sólido embasamento legal para nortear o desenvolvimento do tema da presente dissertação. No Artigo 20 tem-se: Art. 20. São bens da União: I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos; II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei; III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais; IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as áreas referidas no art. 26, II; VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; VIII - os potenciais de energia hidráulica; IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;

18 X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e préhistóricos; XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. 1º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da administração direta da União, participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração. Ao passo que no seu Artigo 225 tem-se: Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preserválo para as presentes e futuras gerações. 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, de métodos e de substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;

19 VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. (http://www.imprensaoficial.com.br/portalio/download/pdf/constituicoes _declaracao.pdf). - Lei 7542/1986 - Dispõe sobre a pesquisa, exploração, remoção e demolição das coisas ou bens afundados, submersos, encalhados e perdidos em águas sob jurisdição nacional, em terreno de marinha e seus acrescidos em terrenos marginais, em decorrência de sinistro, alijamento ou fortuna do mar (http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1980-1987/lei-7542-26-setembro-1986-372124-normaatualizada-pl.html). - Lei 7661/1988 - Institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro. O PNGC constitui uma importante ferramenta para a gestão ambiental costeira pois é exatamente nessa região que se verifica a maior concentração urbana e de biodiversidades. (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7661.htm).

20 - Decreto 96000/1988 - Dispõe sobre a realização de pesquisa e investigação científica na plataforma continental e em águas sob a jurisdição brasileira, e científica na plataforma continental e em águas sob jurisdição brasileira, e sobre navios e aeronaves de pesquisa estrangeira em visita aos portos e aeroportos nacionais, em trânsito nas águas jurisdicionais brasileiras ou no espaço aéreo sobrejacente. (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1980-1989/d96000.htm). Resolução 003/2010 da CIRM Resolve aprovar a recomendação da Subcomissão para o LEPLAC, de que, independentemente de o limite exterior da Plataforma Continental (PC) além das 200 milhas náuticas não ter sido definitivamente estabelecido, o Brasil tem o direito de avaliar previamente os pedidos de autorização para a realização de pesquisa na sua PC além das 200 MN, tendo como base a proposta de limite exterior encaminhada à Comissão de Limites da Plataforma Continental (CLPC), em 2004, e publicada na página eletrônica da ONU. (https://www.mar.mil.br/secirm/document/atas_e_res/resolucao-3-2010.pdf). - Lei 8617/1993 - Dispõe sobre o mar territorial, a zona contígua, a zona econômica exclusiva e a plataforma continental brasileiros. A presente Lei representa o diploma legal que estabelece os espaços marítimos brasileiros, em conformidade com a UNCLOS e por meio dela. Como constante na lei, o Brasil adotou um mar territorial de 12 milhas náuticas, uma zona contígua de 24 milhas náuticas, uma zona econômica exclusiva com 188 milhas náuticas e uma plataforma continental até o bordo exterior de sua plataforma continental ou até 200 milhas náuticas das linhas de base, onde a margem continental for inferior a essa distância. Esses espaços são integrados pela contribuição continental e insular brasileira (Porto, 2011). (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7661.htm). - Lei 9537/1997 - Dispõe sobre a segurança do tráfego aquaviário em águas sob jurisdição nacional.

21 (http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1997/lei-9537-11-dezembro-1997-349418-normaatualizada-pl.html). - Lei 9605/1998 - Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de conduta e atividades lesivas ao meio ambiente (Lei de Crimes Ambientais). De certa forma a lei pouco menciona a sua aplicação no ambiente marinho. (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9966.htm). - Lei 9966/2000 - Dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo ou outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional (Lei do Óleo) (http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=366). - Lei 9478/1997 - Dispõe sobre a política energética nacional, as atividades relativas ao monopólio do petróleo, institui o Conselho Nacional de Política Energética e a Agência Nacional do Petróleo e dá outros e dá outras providências. (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9478.htm). - Decreto 2705/1998 - Define critérios para cálculo e cobrança das participações governamentais de que trata a Lei 9478/1997, aplicáveis às atividades de exploração, desenvolvimento e produção de petróleo e gás natural, e dá outras providências. (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d2705.htm). - Decreto 4871/2003 - Dispõe sobre a instituição dos planos de área para o combate à poluição por óleo em águas sob jurisdição nacional. (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2003/d4871.htm). - Decreto 4983/2004 - Estabelece os pontos apropriados para o traçado das linhas de base retas ao longo da costa brasileira. As linhas de base são as

22 referências para a determinação dos limites marítimos brasileiros de acordo com a UNCLOS e as coordenadas dos pontos que a compõem encontram-se descritas no decreto em questão. 3 (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d4983.htm). - COMOPNAVINST Nº 10-03 publicada pelo COMANDO de OPERAÇÕES NAVAIS da MARINHA do BRASIL em 26 de março de 2013 - Estabelece normas e atribuições que permitam a este Comando e OM subordinadas atuarem de forma coordenada com Órgãos do Poder Público, em incidentes de poluição por óleo na Área de Jurisdição, cumprindo o contido no documento da referência. - Decreto 8127/2013 - Institui o Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo em Águas sob Jurisdição Nacional, altera o Decreto nº 4.871, de 6 de novembro de 2003, e o Decreto nº 4.136, de 20 de fevereiro de 2002, e dá outras providências. (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/decreto/d8127.htm). - Decreto 95787 de 7 de março de 1988, posteriormente substituído pelo Decreto 98.145 de 07 de março de 1988 cria o "PLANO DE LEVANTAMENTO DA PLATAFORMA CONTINENTAL BRASILEIRA" (LEPLAC cujo o objetivo é estabelecer, no seu enfoque jurídico, o limite da Plataforma Continental além do limite das 200 milhas da Zona Econômica Exclusiva (ZEE), de conformidade com os critérios estabelecidos pela "CONVENÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DIREITO DO MAR (CNUDM)", que foi assinada pelo Brasil, em Montego Bay (Jamaica), em 10.12.1982 e, posteriormente, ratificada em 22.12.1988. 3 A UNCLOS provê as orientações técnicas e legais para o estabelecimento das linhas de base que servirão como base para a medição dos limites marítimos do Estado Costeiro. Devido à dinâmica do ambiente costeiro, está previsto na UNCLOS a possibilidade de atualização das linhas de base do Estado Costeiro. No que se refere ao Brasil, o decreto 4983/2004 atualmente em vigor, revogou o Decreto 1290/1994 que também estabelecia os pontos apropriados da linha de base do Brasil. Encontra-se na Casa Civil da Presidência da República proposta de atualização da linha de base do Brasil.

23 (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1980-1989/d98145.htm). - Decreto 74577 de 12 de setembro de 1974 Cria a Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM) e dá outras providências. O decreto foi revogado pelo 3939 de 26 de setembro de 2001. (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2001/d3939.htm). - Normas da Autoridade Marítima para Levantamentos Hidrográficos NORMAM-25/DHN Estabelecer normas e procedimentos para autorização e controle de levantamentos hidrográficos em águas sob jurisdição brasileira por órgãos e entidades não pertencente à Marinha do Brasil. (https://www.mar.mil.br/dhn/dhn/downloads/normam/normam_25.pdf). - Resolução CONOMA 350/2004 - Dispõe sobre o licenciamento ambiental específico das atividades de aquisição de dados sísmicos marítimos e em zonas de transição. (http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res04/res35004.xml).

24 CAPÍTULO II O ESTABELECIMENTO DOS ESPAÇOS MARÍTIMOS BRASILEIROS O estabelecimento dos limites marítimos brasileiros encontra-se inserido em uma dinâmica que mesmo antecede ao descobrimento do Brasil. Nesse contexto a assinatura do Tratado de Tordesilhas entre Portugal e Espanha, sob o auspício da Igreja Católica, contribuiu de maneira relevante para o desenvolvimento do território nacional brasileiro. Como o Tratado versava que as novas terras descobertas seriam divididas entre aqueles dois países, o mesmo se reveste de grande importância para a formação do que em 1500 seria o embrião do território do Brasil. Por ser o mar a via de acesso empregada para o estabelecimento do contato velho-novo mundos, pode-se inferir que o estabelecimento do espaço marítimo brasileiro antecede o conhecimento do território continental a ele contíguo, o qual só seria então descoberto oficialmente em abril de 1500. Figura 1 Distribuição espacial da divisão das novas terras descobertas ou a descobrir fora da Europa entre Portugal e Espanha. (https://www.google.com/search?client=gmail&rls=gm&q=figura%20tratado%20 de%20tordesilhas, em 12 de dezembro de 2013).

26 Outros tratados foram importantes e tiveram relevantes consequências no desenvolvimento da construção do território continental brasileiro, dentre os quais, os tratados de Utrecht e de Madri. O Tratado de Utrecht, assinado com a França em 1713, foi o primeiro documento que tratou dos limites do Brasil-Colônia. Suas disposições serviram, quase dois séculos após, em 1900, para o Barão do Rio Branco defender a posição brasileira na questão do Amapá. O Tratado de Madri cuja assinatura ocorreu em 1750, marcou o esforço objetivo para dividir as terras das duas Coroas. A negociação foi conduzida com mão de mestre pelo brasileiro Alexandre de Gusmão, na época Secretário do Rei D. João V e membro do Conselho Ultramarino português. Nele os limites foram estabelecidos com base no direito derivado da "posse pelo uso" que colaborou para a aceitação, pela Espanha, da ampliação dos territórios lusobrasileiros no Continente, dando de certa maneira a forma que o Brasil tem hoje. 4 Uma vez que a construção do território continental brasileiro já se encontrava equilibrada e consolidada passa-se então para dois tratados que foram relevantes para o estabelecimento dos limites marítimos brasileiros com os seus dois vizinhos: República da França ao norte (Guiana Francesa) e república Oriental do Uruguai ao sul, ambos já em vigor antes da assinatura da UNCLOS. 2.1 - Limite Lateral Marítimo entre o Brasil e a França O estabelecimento do limite lateral marítimo entre a República Federativa do Brasil e a República da França (Departamento ultramarino da Guiana Francesa) foi celebrado quando das tratativas relativas ao Tratado de Paris, assinado em 30 de janeiro de 1981 na cidade de Paris por ambos os países. No referido Tratado ficou estabelecido que: A linha de delimitação marítima, inclusive a da plataforma continental, entre a República Federativa do Brasil e a República Francesa, ao largo do Departamento da Guiana, fica 4 Detalhes sobre tratados e limites brasileiros podem ser obtidos no sítio: http://info.lncc.br/cbdls.html

28 O ponto de partida definido no referido Tratado é a intersecção da fronteira na Baía do Oiapoque, fronteira estabelecida por ocasião da V Conferência da Comissão Mista, e da linha de fechamento dessa baía estabelecida durante a VI Conferência da mencionada Comissão Mista. A redação do Tratado de Paris encontrava-se em consonância com os princípios estabelecidos na UNCLOS e portanto não houve necessidade de adequação na sua escrituração. 2.2 - Limite Lateral Marítimo entre o Brasil e o Uruguai O estabelecimento do limite lateral marítimo entre a República Federativa do Brasil e a República Oriental do Uruguai ocorreu em Montevidéu em 21 de julho de 1972 por ocasião da realização da XXXVIII Conferência da Comissão Mista de Limites e Caracterização da Fronteira Brasil-Uruguai. A ata final da referida Conferência fixou a barra do arroio Chuí, cujo leito é de instabilidade reconhecida desde a primeira Ata de Limites, de 15 de junho de 1853, como segue: "a barra do arroio Chuí será fixada no ponto definido pela interseção da linha que parte do atual farol do Chuí, em direção sensivelmente perpendicular à linha geral da costa com o azimute do próprio limite lateral marítimo (a seguir especificado), com o oceano Atlântico. Fixou também que: O limite lateral marítimo entre os dois países será definido pela linha loxodrômica que, partindo do ponto anteriormente estabelecido, terá azimute de cento e vinte e oito graus sexagesimais (a contar do Norte Verdadeiro), atingindo o limite exterior do mar territorial de ambos os países. O prolongamento dessa linha loxodrômica para dentro do continente passa pelo farol do Chuí. Com a entrada em vigor da UNCLOS a redação do Tratado de Montevidéu demandou a adequação de sua redação uma vez que só ficaria limitado até a distância de 12 Milhas, decorrente do reconhecimento de ambos países por um mar territorial como definido na UNCLOS. Em 05 de setembro de 2006 por ocasião da 54 Conferência da Comissão Mista de Limites e de Caracterização da Fronteira Brasil-Uruguai a redação do Tratado foi atualizada ao se trocar o

30 Cabe um importante esclarecimento no que se refere à nomenclatura linhas de base. As linhas de base tratadas nos citados decretos foram estabelecidas de acordo com as orientações da UNCLOS para servirem como base para a medição dos limites marítimos constantes na mesma Convenção. Embora apresente em comum o mesmo nome, as linhas de base para estabelecimento de royalties e outros fins são definidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e são estabelecidas por metodologia outra que a prescrita na UNCLOS. 2.4 - Mar Territorial De acordo com a UNCLOS o Estado costeiro definirá o seu Mar Territorial por meio de uma faixa marítima cuja distância às linhas de base não ultrapassem a 12 Milhas Náuticas (M). O Brasil conforme estabelecido na Lei 8617/93 definiu seu Mar Territorial como uma faixa de 12 M de distância contada a partir da sua linha de base. No seu mar territorial o Brasil exerce direito de soberania sobre o espaço aéreo sobrejacente e na massa líquida, fundo do mar e subfundo, no que diz respeito à utilização dos seus recursos naturais vivos e não vivos. Dos espaços marítimos o mar territorial é onde o Estado costeiro exerce maior intensidade de direito de soberania. As coordenadas do limite exterior do Mar Territorial brasileiro encontramse definidas segundo uma faixa cuja distância máxima medida em relação às linhas de base definidas no Decreto 4983/2004 não excede 12 milhas marítimas. O diploma legal brasileiro que que dispõe sobre o Mar Territorial brasileiro é a lei 8617/1993. 2.5 - Zona Contígua A Zona Contígua como definida na UNCLOS corresponde a uma faixa adjacente ao Mar Territorial cuja distância contada a partir das linhas de base do Estado costeiro não ultrapasse a 24 M. Na sua Zona Contígua o Estado Costeiro pode tomar as medidas de fiscalização necessárias a: a) Evitar as infrações às leis e regulamentos aduaneiros, fiscais, de imigração ou sanitários no seu território ou no seu mar territorial; e

31 b) Reprimir as infrações às leis e regulamentos no seu território ou no seu mar territorial. O Brasil conforme estabelecido na Lei 8617/93 definiu sua Zona Contígua como uma faixa de 24 M de distância contada a partir da sua linha de base. As coordenadas do limite exterior da Zona Contígua brasileira encontramse definidas segundo uma faixa cuja distância máxima medida em relação às linhas de base definidas no Decreto 4983/2004 não excede 24 milhas. O diploma legal brasileiro que dispõe sobre a Zona Contígua brasileira é a lei 8617/1993. 2.6 - Zona Econômica Exclusiva A UNCLOS em seu Artigo 55 define o regime jurídico na Zona Econômica Exclusiva de seguinte forma: A zona econômica exclusiva é uma zona situada além do mar territorial e a este adjacente, sujeita ao regime jurídico específico estabelecido na presente parte, segundo o qual os direitos e a jurisdição do Estado costeiro e os direitos e liberdades dos demais Estados são regidos pelas disposições pertinentes da UNCLOS. No Artigo seguinte encontram-se estabelecidos os direitos, jurisdição, e deveres do Estado costeiro na Zona Econômica Exclusiva da seguinte forma: a) Direitos de soberania para fins de exploração e aproveitamento, conservação e gestão dos recursos naturais, vivos ou não vivos, das águas sobrejacentes ao leito do mar, do leito do mar e seu subsolo e no que se refere a outras atividades com vista à exploração e aproveitamento da zona para fins económicos, como a produção de energia a partir da água, das correntes e dos ventos; b) Jurisdição, de conformidade com as disposições pertinentes da presente Convenção, no que se refere a: i) Colocação e utilização de ilhas artificiais, instalações e estruturas; ii) Investigação científica marinha; iii) Proteção e preservação do meio marinho; c) Outros direitos e deveres previstos na presente Convenção. 2 - No exercício dos seus direitos e no cumprimento dos seus deveres na zona econômica exclusiva nos termos da presente Convenção, o Estado costeiro terá

32 em devida conta os direitos e deveres dos outros Estados e agirá de forma compatível com as disposições da presente Convenção. 3 - Os direitos enunciados no presente artigo referentes ao leito do mar e ao seu subsolo devem ser exercidos de conformidade com a parte VI (Plataforma Continental). No Artigo 57 é estabelecida a largura da zona económica exclusiva para um Estado costeiro a qual não se estenderá além de 200 milhas marítimas das linhas de base a partir das quais se mede a largura do mar territorial. O Brasil conforme estabelecido na Lei 8617/93 definiu sua Zona Econômica Exclusiva como uma faixa de 200 M de distância contada a partir da sua linha de sua linha de base definida no Decreto 4983/2004. 2.7 - Plataforma Continental A UNCLOS em sua parte VI, constante dos artigos 76 a 85 tratam do tema plataforma continental. No item 1 do Artigo 76 encontra-se definido que a plataforma continental de um Estado costeiro compreende o leito e o subsolo das áreas submarinas que se estendem além do seu mar territorial, em toda a extensão do prolongamento natural do seu território terrestre, até o bordo exterior da margem continental ou até uma distância de 200 milhas marítimas das linhas de base a partir das quais se mede a largura do mar territorial, nos casos em que o bordo exterior da margem continental não atinja essa distância. No seu item 3 define que a margem continental compreende o prolongamento submerso da massa terrestre do Estado costeiro e é constituída pelo leito e subsolo da plataforma continental, pelo talude e pela elevação continentais. Não compreende nem os grandes fundos oceânicos, com as suas cristas oceânicas, nem o seu subsolo. No seu item 4 define os critérios, alternativos que o Estado costeiro pode se utilizar para definir o bordo externo da plataforma continental como a seguir transcrito: Para os fins da presente Convenção, o Estado costeiro deve estabelecer o bordo exterior da margem continental, quando essa margem se estender além das 200 milhas marítimas das linhas de base, a partir das quais se mede a largura do mar territorial, por meio de:

33 i) Uma linha traçada de conformidade com o n.º 7, com referência aos pontos fixos mais exteriores em cada um dos quais a espessura das rochas sedimentares seja pelo menos 1% da distância mais curta entre esse ponto e o pé do talude continental; ou ii) Uma linha traçada de conformidade com referência aos pontos fixos situados a não mais de 60 milhas marítimas do pé do talude continental. No mesmo item, sua alínea b) define como se obter o pé do talude, feição essencial para o estabelecimento do bordo exterior da plataforma continental, como a seguir descrito: Salvo prova em contrário, o pé do talude continental deve ser determinado como o ponto de variação máxima do gradiente na sua base. No item 5 do Artigo 76 encontram-se descritos os critérios, alternativos, os quais o Estado costeiro não pode ultrapassar, conforme a seguir descrito: Os pontos fixos que constituem a linha dos limites exteriores da plataforma continental no leito do mar, traçada de conformidade com as subalíneas i) e ii) da alínea a) do n.º 4, devem estar situados a uma distância que não exceda 350 milhas marítimas da linha de base a partir da qual se mede a largura do mar territorial ou uma distância que não exceda 100 milhas marítimas de isóbata 7 de 2500 m. No item 8 do Artigo 76 menciona-se o procedimento que cabe ao Estado costeiro após ter combinados os critérios para estabelecer o bordo exterior da margem com os restritivos. O Estado deverá encaminhar uma proposta de limite exterior da plataforma continental contendo Informações sobre os limites da plataforma continental, além das 200 milhas marítimas das linhas de base a partir 7 Isóbata - É uma linha que une pontos de mesma profundidade, no caso, a isóbata de 2500 m une os pontos de uma região no mar em que as profundidades são de 2500 m.

34 das quais se mede a largura do mar territorial à Comissão de Limites da Plataforma Continental. A Comissão fará recomendações aos Estados costeiros sobre questões relacionadas com o estabelecimento dos limites exteriores da sua plataforma continental. Os limites da plataforma continental estabelecidos pelo Estado costeiro com base nessas recomendações serão definitivos e obrigatórios. No Artigo 77 encontram-se definidos os direitos do Estado costeiro sobre a plataforma continental, como a seguir descrito: 1 - O Estado costeiro exerce direitos de soberania sobre a plataforma continental para efeitos de exploração e aproveitamento dos seus recursos naturais. 2 - Os direitos a que se refere o n.º 1 são exclusivos, no sentido de que, se o Estado costeiro não explora a plataforma continental ou não aproveita os recursos naturais da mesma, ninguém pode empreender estas atividades sem o expresso consentimento desse Estado. 3 - Os direitos do Estado costeiro sobre a plataforma continental são independentes da sua ocupação, real ou fictícia, ou de qualquer declaração expressa. 4 - Os recursos naturais a que se referem às disposições da presente parte são os recursos minerais e outros recursos não vivos do leito do mar e subsolo, bem como os organismos vivos pertencentes a espécies sedentárias, isto é, aquelas que no período de captura estão imóveis no leito do mar ou no seu subsolo ou só podem mover-se em constante contato físico com esse leito ou subsolo. A lei 8617/1993 estabelece no seu parágrafo único do Artigo 11 o seguinte no que diz respeito ao estabelecimento do limite exterior da plataforma continental brasileira: Parágrafo único. O limite exterior da plataforma continental será fixado de conformidade com os critérios estabelecidos no art. 76 da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, celebrada em Montego Bay, em 10 de dezembro de 1982.

35 Em 17 de maio de 2004 o Brasil depositou junto ao Secretário Geral das Nações Unidas a sua submissão de limite exterior para a plataforma continental. A figura 5 apresenta os traçados dos espaços marítimos brasileiros. Figura 5 Plotagem dos espaços marítimos brasileiros oficiais de acordo com a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar.

36 Na figura 5 encontram-se dispostos desde o continente: linha de base (linha azul), Mar Territorial (linha amarela), Zona Contígua (linha magenta), Zona Econômica Exclusiva (linha verde) e limite exterior da plataforma continental (linha vermelha). Maiores informações sobre o desenvolvimento do processo para o estabelecimento do bordo exterior da plataforma brasileira podem ser obtidas mediante consultas ao sítio da Organização das Nações Unidas: http://www.un.org/depts/los/clcs_new/submissions_files/submission_bra.htm 2.8 - Área A porção do mar além do direito de soberania dos Estados costeiros integra o espaço marítimo denominado Área e as atividades nesse espaço devem ser regidas pelas disposições da UNCLOS. A Área e seus recursos são patrimônio comum da humanidade. Nenhuma das disposições no que se refere o presente artigo afeta o estabelecimento dos limites exteriores da plataforma continental nem a validade dos acordos relativos à delimitação entre Estados com costas adjacentes ou situadas frente a frente, conforme o item 4 do Artigo 134 da UNCLOS. O princípio que rege a Área é o do Patrimônio Comum da Humanidade que estabelece que a Área e seus recursos são patrimônio comum da humanidade e, como consequência, nenhum Estado pode reivindicar ou exercer soberania ou direitos de soberania sobre qualquer parte da Área ou seus recursos. Nenhum Estado ou pessoa jurídica, pode apropriar-se de qualquer parte da Área ou dos seus recursos. Não serão reconhecidos tal reivindicação ou exercício de soberania ou direitos de soberania nem tal apropriação. Todos os direitos sobre os recursos da Área pertencem à humanidade em geral, em cujo nome atuará a Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISBA), doravante denominada Autoridade. Esses recursos são inalienáveis. No entanto, os minerais extraídos da Área só poderão ser alienados de conformidade com a presente parte e com as normas, regulamentos e procedimentos da Autoridade. No que se refere ao comportamento geral dos Estados em relação à Área, este deve conformar-se com as disposições da