SOBRE SALVADOR: RESULTADOS DE TRÊS ESTUDOS VARIACIONISTAS

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Transcrição:

SOBRE SALVADOR: RESULTADOS DE TRÊS ESTUDOS VARIACIONISTAS Norma da Silva Lopes (UNEB) 1 (nlopes58@gmail.com) Lorena Cristina Nascimento (UNEB) 2 (lcristinarn@yahoo.com.br) Marli Pereira Batista (UNEB) 3 (marli_p_batista@hotmail.com) Viviane Marcelina da Silva (UNEB) 4 (viviane.marcelina@hotmail.com) INTRODUÇÃO Nesta apresentação, faz-se um panorama de três fenômenos variáveis na fala de Salvador: usos dos graus normal, diminutivo e aumentativo, a expressão verbal do tempo futuro e os usos de e HAVER. Os três trabalhos se vinculam ao projeto Linguagem na cidade: uma fotografia sócio-discursiva de Salvador, contemplado no edital Pró- Pesquisa/2011, da FAPESB. Utilizam-se os pressupostos teóricos da Sociolinguística Variacionista, que considera a variação como prevista e inerente ao sistema lingüístico. Segundo essa vertente dos estudos lingüísticos, os usos variáveis são passíveis de explicação, e o sociolinguista rejeita a hipótese nula, ou seja, de que a variação ocorre por acaso. Por ser um organismo vivo, a língua sofre modificações constantemente, a exemplo de influências de outras línguas e de outros povos e de inovações na fala de grupos, como a dos mais jovens que, com o tempo, podem contribuir para a mudança linguística, introduzindo traços inovadores à língua; também as pessoas de sexos diferentes, níveis sociais, econômicos e culturais possuem maneiras próprias de fala e sofrem influência do meio. Enfim, muitas são as razões que geram a heterogeneidade linguística. É também praticamente impossível um indivíduo se comunicar do mesmo jeito quando está no seu ambiente de trabalho, se apresentando em um congresso, em um templo religioso, conversando com a família em casa, buscando conquistar alguém, ou em um bate-papo com os amigos na mesa de um bar. Em cada uma dessas situações, ele se modifica, mesmo que o assunto seja o mesmo. O contexto de fala se constitui, pois, um fator de muita importância no processo de variação lingüística. Assim, buscam-se palavras mais elaboradas e torna-se a comunicação mais complexa ou mais simples e relaxada, a depender do ambiente. Faz-se isso com o intuito de ser aceito por aquele grupo no qual se está inserido. 2 Metodologia utilizada neste trabalho 1 Professora/Pesquisadora da UNEB. Orientadora de Iniciação Científica. 2 Graduanda de Letras pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Bolsista de Iniciação Científica PIBIC/CNPQ 3 Graduanda de Letras pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Bolsista de Iniciação Científica PIBIC/CNPQ. 4 Graduanda de Letras pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Bolsista de Iniciação Científica FAPESB

Este trabalho foi baseado nos pressupostos da Sociolinguística Variacionista Quantitativa e os dados colhidos foram obtidos a partir de inquéritos do Programa de Estudos do Português Popular Falado de Salvador (PEPP), que visa a dar condições de análise atualizada e diversificada da fala dos níveis de escolaridade não universitária de Salvador e do Projeto Norma Urbana Culta (NURC)/ Salvador 5. Composto por 48 inquéritos foram analisados 16 deles nesta pesquisa. Cada inquérito do PEPP foi gravado com um tempo médio de 40 minutos, sendo os informantes moradores desta cidade e distribuídos em 04 (quatro) faixas etárias. De cada faixa etária e nível de escolarização (Fundamental e Médio), foram recolhidos os dados de dois entrevistados, sendo um do gênero masculino e outro do feminino. Na entrevista, predominantemente informal, constatou-se que os assuntos ali tratados eram relacionados à história de vida e ao cotidiano de cada um deles, e por isso, como os informantes estavam voltados para os assuntos de seu interesse, percebe-se que eles não demonstravam se preocupar com a linguagem. 3 A variação no uso dos graus em Salvador Para o estudo desse primeiro fenômeno, dimensionou-se a frequência de uso do aumentativo e do diminutivo na fala popular de Salvador, valendo para este corpus todas as formas variantes de aumentativo, como ão, -zão e -ona (como em moçona, bermudona e panelona), e também de diminutivo, como inho e -zinho. Inicialmente foi feito um levantamento de todas as palavras nestes dois graus, eliminando os falsos aumentativos, como paredão, que embora tenha a terminação em ão, não é o aumentativo do substantivo parede, apresentando outro valor semântico; os falsos diminutivos, como colarinho (parte da roupa), folhinha (calendário); e expressões como chicotinho queimado (brincadeira de criança), por não variarem em outros graus. No entanto, foram incluídas palavras como painho e mainha, como pode ser visto em e J... também me chama de PAINHO 6, que mesmo sendo uma forma regional de falar, são variáveis de pai e mãe, respectivamente. Com esse levantamento, e observando os tipos mais frequentes, definiram-se os elementos escolhidos para serem trabalhados a partir daqui, foram: Partes do Corpo; Roupas e adereços; Adjetivos; Advérbios; Pronomes; Outros. Depois da definição dos tipos de palavras a serem estudadas, retornou-se para levantamento de todos os dados do corpus com os contextos e com os tipos de palavras definidas, que estavam no grau normal, sendo descartadas as que não se incluíam nesses grupos. Para a codificação dos dados, elaborou-se uma Chave de Codificação, para possibilitar a análise estatística pelo Pacote de Programas Varbrul. Os dados codificados foram analisados pelo VARBRUL que fez a análise estatística e, em seguida, após os resultados do Varbrul, procedeu-se à interpretação. É o que apresentaremos na seção seguinte. 5 Apenas a pesquisa sobre a expressão de futuridade utilizou esse corpus. 6 Lopes, Souza e Souza, 2009, Inq 34, p. 311

3.1 Análise de dados Na análise geral, considerando os usos de aumentativo, diminutivo e grau normal, chegou-se aos seguintes resultados: 2% de uso no grau aumentativo, 18% no grau diminutivo e 80% no grau normal, conforme tabela 01. Tabela 01: Análise Geral Aumentativo Diminutivo Normal 21/1364 (2%) 250/1364 (18%) 1093/1364 (80%) Fazendo uma análise da influência morfossemântica, conforme apresentado na Tabela 02, nota-se que os percentuais e os pesos relativos 7 referentes aos usos do diminutivo são diferentes a depender de traços morfossemânticos das formas estudadas. Percebe-se que os advérbios são usados no diminutivo em 16% dos casos; e as palavras referentes a roupas e adereços com 17% se sobrepõem às demais. Retirando-se dos dados os casos de aumentativos para dar condições de análises de regras variáveis, chega-se aos resultados a seguir discutidos. Na variável independente referente às questões morfossemânticas, nota-se que os advérbios têm o maior peso relativo (0,67), imediatamente seguido de roupa com peso relativo de 0,66. Com peso bem menor, estão os fatores adjetivo (0,45) e corpo (0,40). Tabela 02: O diminutivo e a interferência morfossemântica Elementos morfossemânticos Dados/total Percentagem P.R. Adjetivo 54/718 8%.45 Corpo 9/146 6%.40 Advérbio 23/139 17%.67 Roupa 29/164 18%.66 7 A análise de regras variáveis indica, não só os percentuais, como os pesos relativos, que são indicadores muito importantes, pois são resultado da avaliação da interferência de cada fator na escolha da variante observada.

Gráfico 01: O Diminutivo e a Interferência Morfossemântica 1 0,8 0,6 0,4 0,2 0 adjetivo corpo advérbio roupa Analisando a interferência do gênero do falante na escolha do grau dos nomes, constatou-se que o peso relativo de uso do diminutivo no gênero feminino é bem mais alto (.62) que no gênero masculino (.37). Isso confirma uma hipótese largamente conhecida de que as mulheres usam mais formas no diminutivo. Gráfico 02: Uso do diminutivo e a interferência do gênero 1 0,8 0,6 0,4 0,2 0 homem mulher Ao se observar a escolaridade, nota-se que os falantes de nível médio favorecem mais o diminutivo (peso relativo de 0,55), se sobrepondo aos de nível fundamental com P. R. 0,44.

Gráfico 03: Uso do diminutivo e a interferência da escolaridade 1 0,8 0,6 0,4 0,2 0 fundamental média Na observação particularizada dos adjetivos, chegou-se ao favorecimento do diminutivo em adjetivos na função de predicativo (0,57) e o seu desfavorecimento quando em função de adjunto (tabela 03). Tabela 03: Uso do diminutivo a depender de questões sintáticas dos adjetivos Fatores Diminutivo Pontos percentuais Predicativo 38/400 9%.57 Adjunto Posterior ao Nome 16/307 5%.41 3.2 Sobre a análise feita do tema Este trabalho foi iniciado, acreditando-se que ao final seria encontrado em grande quantidade o uso do grau aumentativo, principalmente na fala dos homens, e da mesma forma o uso do grau diminutivo na fala das mulheres de Salvador. Percebe-se, no entanto, que, na variável morfossemântica estudada, que são os advérbios (rápido, cedo, pouco) e os nomes associados a roupas e adereços os que tendem a mais uso do diminutivo. Como podemos verificar em: RAPIDINHO, rapidinho 12, p.145; CEDINHO fui logo trabalhar 17, p.274, e em: Já melhorou um POUQUINHO 34, p.299. (PEPP, 2009). Vejamos também nestes exemplos de roupas e adereços, retiradas do PEPP: com uma MOCHILINHA de pano do lado... 20, p. 119; com aquele SAPATINHO 12, p. 146; Era SAINHA azul 01, p. 324; com a BLUSINHA branca 01, p.325. Quanto ao nível de escolaridade, nota-se tendência a mais uso do diminutivo na escolaridade média já que o peso relativo é de (.55) para o nível médio e de (.44) para o

fundamental. Quanto ao gênero, a pesquisa confirma que as mulheres têm a tendência maior, realmente ao uso do diminutivo. Acreditamos que esta pesquisa deva se somar aos estudos sobre o tema, acrescentando a realidade linguística de Salvador. 4. A escolha entre e HAVER A análise quantitativa dos dados apresenta o verbo como a preferência pelos falantes do português popular de Salvador, com uma frequência de 94%. Observando-se a totalidade dos dados, ao considerar aspectos sintáticos, foram levantados separadamente os auxiliares dos verbos núcleo do predicado, ou seja, ocupando a posição principal do predicado. Nota-se que, como principal, a frequência do verbo é maior do que como auxiliar. O que pode ser constatado na Tabela 4, abaixo. Tabela 4: Uso de como auxiliar e como principal. Auxiliar Principal Dados 70/78 626/662 % 90% 95% Como auxiliar, aparece em oito casos num total de setenta e oito, como se nota nos exemplos: (1) E aquelas coisas já HAVIAM passado na minha vida. Inq. 40, p.149 (2) Aquele vazio que HAVIA de ficar. Inq. 40, p.151 Quanto ao tipo e a especificidade do sujeito, o verbo é preferido na maioria dos casos, sendo categórico quando o sujeito é animado. Porém, quando o sujeito se apresenta inexistente, os falantes optam pelo verbo HAVER em 52% dos dados colhidos. Tal afirmação pode ser conferida na Tabela 3, a seguir. Tabela 5: Uso de em função do tipo e da especificidade do sujeito.

Dados % Humano 134/135 99% Animado 5/5 100% Material 165/166 99% Inexistente 28/58 48% Abstrato 294/299 98% Evento 44/46 96% Tempo 22/27 81% Quando observa-se o tempo verbal, nota-se que o tempo futuro é no qual se registram mais dados do verbo HAVER. Enquanto nos demais tempos esse verbo aparece entre 5 a 7% dos dados, no futuro isso ocorre em 22%. Tais dados confirmam hipóteses levantadas em pesquisas anteriores, de que o tempo futuro favorece o uso do verbo HAVER, assim como o verbo é favorecido pelo tempo passado. Seguem abaixo dados de futuro e passado com e HAVER: (3) Aquele vazio que HAVIA de ficar. Inq.40, p.151 (4) E se TIVER um programa infantil, está entendendo. Inq.20, p.125 (5) TEVE uma professora também chamada B... Inq.18, p.78 (6) Antigamente, na... naquele tempo não HAVIA isso. Inq.20, p.112 É possível conferir na Tabela 6. Tabela 6: Uso de em relação ao tempo Dados % Presente 326/342 95% Pretérito Perfeito 102/110 93%

Pretérito Imperfeito 254/270 94% Futuro 14/18 78% A observação da interferência do modo na escolha do uso de e HAVER mostra que não há grande diferença entre eles. Apesar do uso de ser categórico quanto ao modo imperativo, os dados existentes são poucos. Portanto, constata-se que o modo parece não interferir nessa escolha, como pode ser conferido na Tabela 7, abaixo. Tabela 7: Uso de quanto ao modo. Dados % Indicativo 657/700 94% Subjuntivo 35/36 97% Imperativo 4/4 100% Entre os gêneros não há muita diferença nas escolhas ao utilizar os verbos estudados. Tanto Homem quanto Mulher optam pelo uso do verbo em detrimento do HAVER em suas falas, tendo respectivamente 93% e 95% dos casos. Embora os estudos sociolinguísticos mostrem que a mulher tende a usar as formas linguísticas mais prestigiadas, nesse estudo essa teoria não foi confirmada. A Tabela 8 permite a visualização dos resultados. Tabela 8: Uso de entre gêneros. Homem Mulher Dados 296/317 400/423 % 93% 95%

A diferença do uso de entre as faixas etárias estudadas também não é grande (observa-se na Tabela 9). Por esse motivo, pode-se observar que a diferença entre o uso de e HAVER não está relacionada à idade dos falantes. Apesar de a forma inovadora ser o, nesse estudo os jovens apresentam um percentual um pouco menor em relação a esse uso. Tabela 9: Uso de entre faixas etárias. 1 2 3 4 Dados 135/145 122/133 231/240 208/222 % 93% 92% 96% 94% O uso de no Ensino Médio e Ensino Fundamental tem a mesma porcentagem entre os falantes do português popular de Salvador (94%) (Tabela 10). Constata-se, então, que a escolha entre o uso dos verbos ou Haver também não está relacionada à escolaridade. Tabela 10: Uso de no Ensino Médio e Fundamental. Ensino Fundamental Ensino Médio Dados 206/220 490/520 % 94% 94% 4.2 Considerações finais Através dos resultados obtidos nessa pesquisa foi possível confirmar a hipótese de que o verbo é preferência na fala popular de Salvador, como também refutar a hipótese de que

a mulher tende a utilizar mais o verbo HAVER que o homem; assim como, pelo menos nesse estudo, a escolaridade não influencia na escolha de tais usos. Não se constata, através dos resultados, nenhuma tendência à mudança linguística, pois os mais jovens fazem as escolhas da variante mais ou menos da mesma forma que os mais velhos. Se houvesse um quadro oposto, poderíamos caracterizar uma tendência de mudança em tempo aparente, mas essa hipótese não se pode tirar dos dados observados. A pesquisa apresenta dois contextos em que o verbo HAVER parece se manter: com sujeito inexistente, e com tempo futuro. Finalmente, conclui-se que o, nesses contextos analisados, permanece ao lado do HAVER, embora o primeiro verbo seja bem mais utilizado que o outro. No entanto, os condicionamentos estudados indicam que o HAVER tem assegurado a permanência na língua, pois, em algumas situações, é esse verbo bem presente. 5 A expressão de futuridade A partir dos dados referentes às formas de uso do verbo no futuro, a análise estatística mostrou que a variante futuro perifrástico (estrutura formada com o auxiliar IR + infinitivo do verbo principal) está presente em 346 dados de futuro de um total de 348, assim em 99% dos casos de uso do verbo encontra-se a forma perifrástica. Analisando a interferência da variável semântica quanto ao traço <humanidade>, considerando-se os dados percentuais, nota-se, com sujeitos humano e não humano, há um percentual semelhante de uso do futuro perifrástico: num total de 304 dados com sujeito humano, 302 fazem-se uso de expressões de futuro com a forma perifrástica, ou seja 99% dos casos. Nas sentenças com sujeito não humano, a forma perifrástica está presente em 100% dos casos 44 dados analisados. Dessa forma, com praticamente a totalidade dos casos na forma perifrástica, não se teve condições de avaliar a interferência dessa variável semântica. A análise deixa clara a proximidade dos dois grupos quanto ao uso da variante observada. Nos dados referentes aos gêneros dos falantes, foram encontrados os seguintes resultados: na observação dos homens: em 184 dados analisados de um total de 185, ou seja, em 99% dos casos, encontra-se a forma perifrástica do verbo. Em relação à mulher, de um total de 163 dados analisados, em 162 utilizou-se a perífrase do verbo, com o auxiliar IR + a forma infinita; então, também se encontra essa variante em 99% dos casos. Dessa forma, entre as pessoas do gênero masculino e feminino não se nota diferença na escolha da expressão de futuridade em Salvador, o que se percebe é um uso praticamente categórico da forma perifrástica. A variante futuro do presente quase não existe nos dados de Salvador, na oralidade, com 1% de presença, ao lado dos 99% da variante com o auxiliar IR. A análise mostra que o uso quase geral de uma variante impossibilita a avaliação da interferência de variáveis explanatórias, no caso da variável <gênero>. Observando-se separadamente os dados das faixas etárias diferentes, percebe-se que nas faixas mais jovens (faixa 1 e faixa 2), a forma perifrástica ocorre em todos os dados: na faixa etária 1, essa variante é utilizada em 91 dados analisados; na faixa etária 2 está em 85 dados. Nas faixas mais velhas, aparece 1% de uso do futuro do presente: na faixa etária 3, em um total de 102 dados há 101 com a forma perifrástica do verbo, na faixa etária 4, de 70 dados analisados, em 69 está na forma com o auxiliar IR do verbo. Pode-se inferir que os mais velhos ainda utilizam a forma de futuro do presente, que é rejeitada pelos mais novos. Apesar dessa hipótese, como o número de dados é pequeno, não se pode afirmar que haja mesmo a interferência da variável <faixa etária>

Considerando a escolaridade, foram analisados três níveis: Fundamental, Média e Universitária. Na escolaridade fundamental, foram encontrados 189 dados do futuro perifrástico, de um total de 190, ou seja, essa variante está presente em 99% dos casos; no nível médio, foram analisados 93 dados e a perífrase está em 100% dos casos. Nos dados de universitários, constata-se que, em 65 dados analisados, foi encontrada essa variante em 64, dando um percentual de 98% dos casos. Esses resultados devem se dar em consequência de não haver estigma nenhum na realização do futuro sendo expresso com o verbo IR + o infinitivo do verbo principal. Apesar de haver 2% de futuro do presente entre os universitários, no nível fundamental, nota-se também a presença da mesma variante, não observada no nível médio. A escola, pois, parece não contribuir a não-realização da variante perifrástica, e a análise evidencia que a escolha da forma de expressão do futuro não é interferida pela variável <escolaridade>. A tabela 5, a seguir, apresenta os resultados encontrados. 5.1 Considerações Finais Através dos resultados obtidos nessa trabalho, chega-se à conclusão de que a forma expressão verbal do futuro perifrástico está sendo de uso quase geral pelos falantes da fala popular e também da fala culta de Salvador. O trabalho levou em consideração o grau de escolaridade, fazendo um levantamento de dados em três níveis: Fundamental, Médio e Superior, mas de fato não houve interferências da escolaridade que influenciassem o uso de qualquer uma das variantes. Outro fator que também foi submetido à analise foi a faixa etária, que apresentou uma pequena diferença entre as faixas etárias 1 e 2, e 3 e 4, pois as primeiras tiveram 100% de dados utilizando a forma perifrástica do verbo e nas faixas etárias 3 e 4,foi encontrado uma forma futuro do presente do verbo em cada uma delas. A diferença, então, de uso entre os grupos é a seguinte: nas faixas mais velhas, ainda está sendo um pouco usado o futuro do presente pelos falantes. Em relação aos gêneros, não há diferenças das formas de uso do verbo e não foi um fator que apresentou mudanças nas variações do futuro. 6 Para encerrar, Os trabalhos apresentados são os primeiros resultados dos estudos previstos no projeto e Serviram para contribuir para maior caracterização do português falado em Salvador Constituíram-se importantes meios de os estudantes/bolsistas observarem e respeitarem a sua realidade linguística São um importante passo para o futuro professor ter um entendimento adequado do conceito de língua que deve ser adotado no ensino. Referências ALKMIN, Tânia Maria. Sociolinguística. In: MUSSALIN, Fernanda; BENTES, Anna Christina (orgs.). Introdução à Linguística: domínios e fronteiras. São Paulo: Cortez, 2005. p. 21-43. BRAGA, Maria Luiza (Orgs.). Introdução à sociolinguística: o tratamento da variação. São Paulo: Contexto, 2003. p. 33-42. LOPES, Norma da Silva. Concordância nominal, contexto linguístico e sociedade. 2001. 408 f. Tese (Doutorado em Letras). Universidade Federal da Bahia. Salvador, 2001. LOPES, Norma da S.; SOUZA, Constância M. B. de; SOUZA, Emília H. P. M. de. Um estudo da fala popular de Salvador: PEPP. Salvador: Quarteto, 2009.

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