3º EM Literatura Klaus Av. Dissertativa 21/09/16 INSTRUÇÕES PARA A REALIZAÇÃO DA PROVA LEIA COM MUITA ATENÇÃO 1. Verifique, no cabeçalho desta prova, se seu nome, número e turma estão corretos. 2. Esta prova contém 10 questões dissertativas. 3. Leia todas as questões com atenção. 4. A prova deverá ser feita com caneta esferográfica de tinta azul ou preta. 5. É vedada a utilização de qualquer material de consulta, eletrônico ou impresso. 6. É terminantemente proibido retirar-se do local da prova antes de ocorrido o tempo mínimo estipulado, qualquer que seja o motivo. 7. Tempo de duração da avaliação - Mínimo: 50 min Máximo: 50 min 8. Ao final, entregue a prova ao professor aplicador. BOA PROVA! Assinatura do Aluno: QUESTÕES Leia o seguinte trecho da obra O Cortiço, de Aluísio Azevedo, e responda ao que se pede. "Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele recebeu chegando aqui. ela era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas de fazenda; era o aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras, era a palmeira virginal e esquiva que se não torce a nenhuma outra planta; era o veneno e era o açúcar gostoso, era o sapoti mais doce que o mel e era a castanha do caju, que abre feridas com o seu azeite de fogo; e/a era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, e muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo dele, assanhandolhe os desejos, acordando-lhe as fibras, embambecidas pela saudade de terra, picando-lhe as artérias, para lhe cuspir dentro da sangue uma centelha daquele amor setentrional, uma nota daquela música feita de gemidos de prazer, uma larva daquela nuvem de cantáridas que zumbam em tomo da Rita Baiana o espalhavam-se pelo ar numa fosforescência afrodisíaca." 1. Fale sobre a caracterização da personagem e de que maneira ela corrobora a visão do Naturalismo sobre o ser humano e sua relação com a sociedade. 1/10
2. Destaque, do texto, trechos que comprovem algumas figuras de linguagem típicas do período e da obra em questão. Leia os poemas a seguir para fundamentar suas reflexões sobre a matéria das questões. Texto I A um poeta Olavo Bilac Longe do estéril turbilhão da rua, Beneditino escreve! No aconchego Do claustro, na paciência e no sossego, Trabalha e teima, e lima, e sofre, e sua! Mas que na forma se disfarce o emprego Do esforço: e trama viva se construa De tal modo, que a imagem fique nua Rica mas sóbria, como um templo grego Não se mostre na fábrica o suplicio Do mestre. E natural, o efeito agrade Sem lembrar os andaimes do edifício: Porque a Beleza, gêmea da Verdade Arte pura, inimiga do artifício, É a força e a graça na simplicidade. Texto II Violões que Choram Cruz e Souza. Ah! plangentes violões dormentes, mornos, Soluços ao luar, choros ao vento... Tristes perfis, os mais vagos contornos, Bocas murmurejantes de lamento. Noites de além, remotas, que eu recordo, Noites da solidão, noites remotas Que nos azuis da fantasia bordo, Vou constelando de visões ignotas. 2/10
Sutis palpitações à luz da lua. Anseio dos momentos mais saudosos, Quando lá choram na deserta rua As cordas vivas dos violões chorosos. (...) Harmonias que pungem, que laceram, Dedos nervosos e ágeis que percorrem Cordas e um mundo de dolências geram, Gemidos, prantos, que no espaço morrem... E sons soturnos, suspiradas mágoas, Mágoas amargas e melancolias, No sussurro monótono das águas, Noturnamente, entre remagens frias. Vozes veladas, veludosas vozes, Volúpias dos violões, vozes veladas, Vagam nos velhos vórtices velozes Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas. Tudo nas cordas dos violões ecoa E vibra e se contorce no ar, convulso... Tudo na noite, tudo clama e voa Sob a febirl agitação de um pulso. Que esses violões nevoentos e tristonhos São ilhas de degredo atroz, funéreo, Para onde vão, fatigadas no sonho, Almas que se abismaram no mistério. 3. A estética Parnasiana e Simbolista, movimento literário restrito à poesia, a ser verificada nos textos apresentados, assemelham-se e diferenciam-se substancialmente. Aponte tais características discrepantes justificando com elementos do texto. 3/10
4. O simbolismo traz algumas figuras de linguagem importantes para os distanciar da estética parnasiano. Destaque, no texto II, algumas dessas figuras, explicando-as e justificando-as. Leia o poema a seguir: SONETOS III (A MEU PAI MORTO) Augusto dos Anjos Podre meu Pai! A Morte o olhar lhe vidra. Em seus lábios que os meus lábios osculam Microrganismos fúnebres pululam Numa fermentação gorda de cidra. Duras leis as que os homens e a hórrida hidra A uma só lei biológica vinculam, E a marcha das moléculas regulam, Com a invariabilidade da clepsidra!... Podre meu Pai! E a mão que enchi de beijos Roída toda de bichos, como os queijos Sobre a mesa de orgíacos festins!... Amo meu Pai na atômica desordem Entre as bocas necrófagas que o mordem E a terra infecta que lhe cobre os rins! 5. Dê a sua interpretação do poema, destacando as idiossincrasias de Augusto dos Anjos em relação ao Parnasianismo e ao Simbolismo que o deslocam das classificações das correntes literárias. 6. Sobre a temática do poema, responda: De que maneira o poeta trata da morte do Pai? Com sentimentos? Que corrente filosófica pode ser percebida na abordagem do acontecimento? Justifique sua resposta com elementos do texto. 4/10
Leia o trecho a seguir do conto Negrinha, de Monteiro Lobato, lido estudado em sala de aula com o professor. Negrinha era uma pobre órfã de sete anos. Preta? Não; fusca, mulatinha escura, de cabelos ruços e olhos assustados. Nascera na senzala, de mãe escrava, e seus primeiros anos vivera-os pelos cantos escuros da cozinha, sobre velha esteira e trapos imundos. Sempre escondida, que a patroa não gostava de crianças. Excelente senhora, a patroa. Gorda, rica, dona do mundo, amimada dos padres, com lugar certo na igreja e camarote de luxo reservado no céu. Entaladas as banhas no trono (uma cadeira de balanço na sala de jantar), ali bordava, recebia as amigas e o vigário, dando audiências, discutindo o tempo. Uma virtuosa senhora em suma dama de grandes virtudes apostólicas, esteio da religião e da moral, dizia o reverendo. Ótima, a dona Inácia. 7. Disserte sobre a construção das personagens na obra de Lobato, bem como a relação que estabelecem entre si e que tipo de representação social elas demonstram com base no trecho apresentado. 8. No desenrolar da narrativa, há um clímax de dor e crueldade com a qual Dona Inácia trata Negrinha. Fale sobre a cena, e contextualize com a crítica social que pode ser percebida no conto. 9. A personagem Negrinha tem apenas um momento de felicidade genuína na narrativa, que faz o contraponto com o ápice do sofrimento abordado por você no exercício anterior. Que momento de felicidade é esse, que estereótipo social é construído nas personagens que atuam nessa cena e que desfecho o autor dá para Negrinha? 10. Cite, exemplifique, explique e relacione os principais autores e obras de cada uma das vanguardas europeias estudadas em sala de aula. 5/10
RESPOSTAS 1 NOTA 2 NOTA 6/10
3 NOTA 4 NOTA 7/10
5 NOTA 6 NOTA 8/10
7 NOTA 8 NOTA 9/10
9 NOTA 10 NOTA 10/10