Métodos Instrumentais de Análise. Elisangela de Andrade Passos

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Transcrição:

Métodos Instrumentais de Análise Elisangela de Andrade Passos São Cristóvão/SE 2011

Métodos Instrumentais de Análise Elaboração de Conteúdo Elisangela de Andrade Passos Projeto Gráfico Neverton Correia da Silva Nycolas Menezes Melo Capa Hermeson Alves de Menezes Diagramação Neverton Correia da Silva Copyright 2011, Universidade Federal de Sergipe / CESAD. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização por escrito da UFS. FICHA CATALOGRÁFICA PRODUZIDA PELA BIBLIOTECA CENTRAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE P289m Passos, Elisangela de Andrade Métodos instrumentais de análise / Elisangela de Andrade Passos. São Cristóvão : Universidade Federal de Sergipe, CESAD, 2011. 1. Química analítica - Instrumentos. 2. Espectrofotometria. 3. Análise cromatográfi ca. I. Título. CDU 543

Presidente da República Dilma Vana Rousseff Ministro da Educação Fernando Haddad Diretor de Educação a Distância João Carlos Teatini Souza Clímaco Reitor Josué Modesto dos Passos Subrinho Chefe de Gabinete Ednalva Freire Caetano Coordenador Geral da UAB/UFS Diretor do CESAD Antônio Ponciano Bezerra coordenador-adjunto da UAB/UFS Vice-diretor do CESAD Fábio Alves dos Santos Vice-Reitor Angelo Roberto Antoniolli Diretoria Pedagógica Clotildes Farias de Sousa (Diretora) Diretoria Administrativa e Financeira Edélzio Alves Costa Júnior (Diretor) Sylvia Helena de Almeida Soares Valter Siqueira Alves Coordenação de Cursos Djalma Andrade (Coordenadora) Núcleo de Avaliação Hérica dos Santos Matos (Coordenadora) Núcleo de Tecnologia da Informação João Eduardo Batista de Deus Anselmo Marcel da Conceição Souza Raimundo Araujo de Almeida Júnior Assessoria de Comunicação Guilherme Borba Gouy Núcleo de Formação Continuada Rosemeire Marcedo Costa (Coordenadora) Coordenadores de Curso Denis Menezes (Letras Português) Eduardo Farias (Administração) Paulo Souza Rabelo (Matemática) Hélio Mario Araújo (Geografi a) Lourival Santana (História) Marcelo Macedo (Física) Silmara Pantaleão (Ciências Biológicas) Coordenadores de Tutoria Edvan dos Santos Sousa (Física) Raquel Rosário Matos (Matemática) Ayslan Jorge Santos da Araujo (Administração) Carolina Nunes Goes (História) Viviane Costa Felicíssimo (Química) Gleise Campos Pinto Santana (Geografi a) Trícia C. P. de Sant ana (Ciências Biológicas) Vanessa Santos Góes (Letras Português) Lívia Carvalho Santos (Presencial) Adriana Andrade da Silva (Presencial) NÚCLEO DE MATERIAL DIDÁTICO Hermeson Alves de Menezes (Coordenador) Marcio Roberto de Oliveira Mendonça Neverton Correia da Silva Nycolas Menezes Melo UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE Cidade Universitária Prof. José Aloísio de Campos Av. Marechal Rondon, s/n - Jardim Rosa Elze CEP 49100-000 - São Cristóvão - SE Fone(79) 2105-6600 - Fax(79) 2105-6474

Sumário AULA 1 Princípios de Instrumentação Química... 07 AULA 2 Espectrofotometria de absorção molecular na região do UV VIS... 17 AULA 3 Espectroscopia de absorção atômica na região do UV-VIS... 33 AULA 4 Espectroscopia de emissão na região do UV-VIS... 49 AULA 5 Espectrometria de massas... 63 AULA 6 Métodos eletroanalíticos Parte I.... 79 AULA 7 Métodos eletroanalíticos Parte II...97 AULA 8 Cromatografi a Introdução, classifi cação e princípios básicos...113 AULA 9 Cromatografi a gasosa, cromatografi a líquida e suas aplicações... 123 AULA 10 Preparo de amostras para análise instrumental... 135 AULA 11 Prática 01 - Introdução ao trabalho no laboratório de Química Analíca Instrumental... 149 AULA 12 Prática 02 Espectrofotometria de absorção molecular no UV VIS: operação e resposta do espectrofotômetro...155 AULA 13 Prática 03 Espectrofotometria de absorção molecular no UV VIS: lei de beer.... 161

AULA 14 Prática 04 - Titulação potenciométrica de uma solução de ácido clorídrico com hidróxido de sódio.... 167 AULA 15 Prática 05 - Cromatografi a.... 171

Aula 1 PRINCÍPIOS DE INSTRUMENTAÇÃO QUÍMICA META Apresentar os fundamentos da química analítica; apresentar os métodos instrumentais; apresentar a calibração de um instrumento. OBJETIVOS Ao final desta aula, o aluno deverá: defi nir química analítica; classifi car e defi nir os métodos analíticos; classifi car e defi nir os métodos instrumentais; entender a seleção de um método analítico; analisar a calibração de métodos instrumentais; defi nir de sinais, ruídos e razão sinal-ruído. PRÉ-REQUISITOS Saber os fundamentos de química analítica. Elisangela de Andrade Passos

Métodos Instrumentais de Análise INTRODUÇÃO Nesta aula será definido o conceito de química analítica, diferenciado analítica qualitativa da quantitativa e classificados e subclassificados os métodos analíticos. Ainda serão apresentados os tipos de métodos instrumentais e demonstrada como calibrar um método. Por fim, será apresentada a definição de sinais, ruídos e razão sinal-ruído. Ao final desta aula, você deverá saber definir química analítica, distinguir entre a análise qualitativa e quantitativa e classificar e subclassificar os métodos analíticos. Você será capaz de descrever os parâmetros de desempenho de um instrumento e, por fim, compreender a importância da razão sinal-ruído. INTRODUÇÃO A QUÍMICA ANALÍTICA A química analítica é a ciência que estuda os princípios e métodos teóricos da análise química. A análise química consiste em um conjunto de técnicas que permite identificar quais os componentes que se encontram presentes em uma determinada amostra e sua quantidade. Esta é dividida em análise qualitativa e análise quantitativa. A análise qualitativa consiste em identificar os componentes de uma amostra. Já a análise quantitativa permite determinar a quantidade dos componentes de uma amostra. As substâncias identificadas e quantificadas são chamadas de analitos e os locais de onde foram retiradas estas amostras são chamados de matriz. CLASSIFICAÇÃO DOS MÉTODOS ANALÍTICOS Os métodos analíticos são classificados em clássicos ou instrumentais. Esta classificação é histórica, com os métodos clássicos precedendo os instrumentais por um século ou mais. MÉTODOS CLÁSSICOS Os métodos clássicos são subclassificados em métodos gravimétricos e volumétricos. Os métodos gravimétricos determinam a massa do analito ou de algum composto quimicamente a ele relacionado. No método volumétrico mede-se o volume da solução contendo reagente em quantidade suficiente para reagir com todo analito presente. Nestes métodos envolvem reações químicas, dissolução, extração e estequiometria. Quando realizadas corretamente apresentam elevada exatidão e precisão, às vezes até superiores aos métodos instrumentais, embora sejam mais demoradas. É hoje, muitas 8

Princípios de Instrumentação Química Aula 1 vezes, a saída para laboratórios de pequeno porte já que um dos instrumentos utilizados em uma análise química clássica é uma balança analítica. Os métodos clássicos para separação e determinação de um analito ainda continuam sendo usados em vários laboratórios, entretanto, suas aplicações estão se restringindo com o avanço tecnológico dos processos. Nos primórdios da Química as análises eram realizadas através da separação do componente de interesse (analito) em uma amostra por precipitação, extração ou destilação. MÉTODOS INSTRUMENTAIS Os métodos analíticos instrumentais consistem na medida das propriedades físicas do analito, tais como condutividade, potencial de eletrodo, absorção ou emissão de luz, razão massa/carga e fluorescência. Nestes métodos envolvem a utilização de equipamentos sofisticados, mas também pode envolver reações químicas em algumas etapas. Muitas vezes são menos precisas do que os métodos clássicos, embora sejam mais rápidos. São utilizados na quantificação e identificação dos constituintes minoritários. Os químicos começaram a explorar outros fenômenos relacionados com as propriedades dos analitos nos anos 30, mais precisamente na metade. A medida das propriedades físicas do analito começou a ser empregada para análise quantitativa de uma variedade de analitos orgânicos, inorgânicos e bioquímicos. Um pouco mais tarde, surgiram as técnicas cromatográficas que substituíram a destilação, extração e precipitação de componentes em misturas complexas, antes da determinação qualitativa ou quantitativa. Estes novos métodos para separação e determinação de espécies químicas são conhecidos em conjunto como Métodos Instrumentais de Análise. A Figura 1 mostra a classificação e subclassificação dos Métodos Analíticos. Classificação e subclassificação dos Métodos Analíticos. 9

Métodos Instrumentais de Análise TIPOS DE MÉTODOS INSTRUMENTAIS A Tabela 1 mostra uma relação entre o método instrumental e o sinal empregado para caracterizá-lo. Tabela 1. Sinais empregados nos métodos analíticos. Sinal Emissão de Radiação Absorção de Radiação Espalhamento de Radiação Refração de Radiação Difração de Radiação Rotação de Radiação Potencial Elétrico Carga Elétrica Corrente Elétrica Resistência Elétrica Razão Massa/Carga Velocidade de Reação Propriedades Térmicas Radioatividade Método Instrumental Espectroscopia de Emissão (raio-x, UV, visível, elétron) Fluorescência, Fosforescência e Luminescência (raio-x, UV, visível). Espectrofotometria e Fotometria (raio-x, UV, visível, IV), Espectroscopia Fotoacustica, Ressonância Nuclear Magnética e espectroscopia de Ressonância Elétron Spin. Turbidimetria, Nefelometria, Espectroscopia Raman. Refratometria, interferometria. Raio-X e Métodos de Difração de Elétron. Polarímetro Potenciometria e Cronopotenciometria. Coulometria. Polarografia, Amperometria. Condutometria. Espectrometria de Massa. Métodos Cinéticos. Condutividade térmica e Métodos Entalpimétricos. Métodos de ativação e diluição de isótopos. 10

Princípios de Instrumentação Química Aula 1 SELEÇÃO DE UM MÉTODO ANALÍTICO O método analítico selecionado deve ser eficiente, sempre que possível, simples, rápido; não deve implicar em danos aos materiais em que as amostras serão tratadas e analisadas; não deverá ser passível de erros sistemáticos (perdas por volatilização e adsorção, riscos de contaminações, etc.); a seletividade deve ser conhecida; deverá se empregado com mínima manipulação e, os resultados serão obtidos com a máxima segurança operacional. Idealmente, a escolha deverá ser feita por um método devidamente validado. O método validado estabelece quais os analitos que poderão ser determinados, especificando-se a matriz ou as matrizes e os riscos de interferências, ou seja, fornece as condições apropriadas para a obtenção dos resultados que possibilitem a solução do problema. Para seleção de um método analítico é essencial definir claramente a natureza do problema analítico. CALIBRAÇÃO DE MÉTODOS INSTRUMENTAIS A calibração é uma etapa fundamental na medida. Ela pode ser analisada através do desempenho de um instrumento. Os critérios de desempenho característico de um instrumento, critérios estes que podem ser usados para decidir se um método instrumental é ou não apropriado para resolver determinado problema analítico, são classificados em precisão, bias, sensibilidade, limite de detecção, faixa de concentração e seletividade. PRECISÃO A precisão pode ser definida como sendo a medida da reprodutibilidade de um experimento. Em outras palavras, é a proximidade dos resultados em relação aos demais, obtidos exatamente da mesma forma. BIAS Bias é a medida do erro sistemático, dada pela equação 01: bias = μ x t (01), onde μ é concentração média de um analito em uma amostra que tem uma concentração verdadeira de x t. 11

Métodos Instrumentais de Análise SENSIBILIDADE A sensibilidade é indicada pela capacidade do equipamento em medir a menor concentração possível do analito. Dois fatores limitam a sensibilidade: a inclinação da curva de calibração e a reprodutibilidade ou precisão dos dispositivos de medida. Quando dois métodos apresentam a mesma precisão, o método que apresentar a maior inclinação na curva será escolhido. LIMITE DE DETECÇÃO A definição mais usual para limite de detecção é que este é dado pela menor concentração do analito que pode ser detectado em um nível confiança preestabelecido. FAIXA DE CONCENTRAÇÃO A faixa de concentração é aquela até onde permanece ou apresenta a linearidade da curva de calibração, conforme mostra a Figura 2. Faixa de concentração usual de um método analítico 12

Princípios de Instrumentação Química Aula 1 SELETIVIDADE A seletividade refere-se ao quanto o método aplicado a determinado analito está livre de interferências de outras espécies contidas na amostra. Os critérios de desempenho de um instrumento estão apresentados na Tabela 3 e podem ser definidos e relacionados como seguem: Tabela 3. Critérios numéricos e características para seleção de um método analítico. Critérios Precisão Bias Sensibilidade Limite de Detecção Faixa de Concentração Seletividade Características Desvio Padrão Absoluto, Desvio Padrão Relativo, Coeficiente de Variação, Variância. Erro Sistemático Absoluto, Erro Sistemático Relativo. Sensibilidade de Calibração, Sensibilidade Analítica. Desvio Padrão do Branco Limite de Quantificação, Limite de Linearidade. Coeficiente de Seletividade Além disso, outras características devem ser consideradas na escolha do método a ser empregado, são elas: velocidade facilidade e conveniência, habilidade requerida do operador, custo e disponibilidade de equipamentos e, custo por amostra. SINAIS, RUÍDO E RAZÃO SINAL-RUÍDO O sinal de saída de um instrumento analítico flutua de uma forma aleatória. Essas flutuações limitam a precisão do instrumento e representam o resultado de um grande número de variáveis incontroláveis do instrumento e do sistema químico em estudo. O termo ruído é empregado para descrever essas flutuações e cada variável não controlada é uma fonte de ruído. Sendo assim, o valor médio da saída de um instrumento é camada 13

Métodos Instrumentais de Análise de sinal e o desvio padrão do sinal é a medida do ruído. A relação sinal-ruído é geralmente definida como a razão entre o valor médio do sinal de saída e o desvio padrão. À medida que os instrumentos modernos tem se tornado mais computadorizados e controlados por circuitos eletrônicos sofisticados, muitos métodos tem sido desenvolvidos para se aumentar a razão sinal-ruído das saídas dos instrumentos. LEIA MAIS Para compreender melhor as informações acima leiam o artigo intitulado A espectroscopia e a química da descoberta de novos elementos ao limiar da teoria quântica que está disponível na plataforma. Em seguida, faça um resumo sucinto das principais idéias do texto. CONCLUSÃO Nessa sessão foi reapresentada a definição de química analítica e sua classificação em qualitativa e quantitativa, empregando métodos clássicos ou instrumentais. Os métodos analíticos instrumentais consistem na medida das propriedades físicas do analito, tais como condutividade, potencial de eletrodo, absorção ou emissão de luz, razão massa/carga e fluorescência. Para seleção de um método analítico é essencial definir claramente a natureza do problema analítico. Na calibração são analisados os critérios do desempenho de um instrumento e são classificados em precisão, bias, sensibilidade, limite de detecção, faixa de concentração e seletividade. O sinal analítico é o valor médio da saída de um instrumento e o desvio padrão do sinal é a medida do ruído. A relação sinal-ruído é geralmente definida como a razão entre o valor médio do sinal de saída e o desvio padrão. RESUMO A química analítica é a ciência de medição e caracterização química. Esta é usada para identificar os componentes presentes em uma amostra (análise qualitativa) e determinar as quantidades exatas dos componentes identificados (análise quantitativa). Os métodos analíticos são divididos em clássicos e instrumentais (objetivo dessa disciplina). Os métodos clássicos são baseados na medida da massa (gravimetria) e volume (volumetria) e os métodos instrumentais são baseados na medida de uma propriedade física. O método analítico selecionado deve ser eficiente, sempre que possível, simples, rápido e de baixo custo. O desempenho de um instrumento pode 14

Princípios de Instrumentação Química Aula 1 ser usado para decidir se um método instrumental é ou não apropriado para resolver determinado problema analítico. Estes são classificados em precisão, bias, sensibilidade, limite de detecção, faixa de concentração e seletividade. ATIVIDADES O bafômetro é um instrumento de medida do teor de álcool no organismo. Como isso ocorre? COMENTARIO SOBRE AS ATIVIDADES A concentração de álcool gasoso exalada ao soprar um bafômetro é diretamente relacionada à concentração de álcool no sangue. Essa medida vem sendo amplamente usada para definir se uma pessoa está ou não sob influencia de álcool. No Brasil, foi estabelecido se o teor de álcool no sangue for superior a 0,2 mg L -1 o individuo está incapaz de conduzir um veículo. Existem quatro tipos de dosadores de álcool: (1) tipo indicador, que envolve mudança de cor de um reagente, (2) tipo células combustíveis, onde o etanol é oxidado em CO 2 e água, (c) tipo absorção de radiação infravermelha (IR), onde é aplicado feixes radiação IR sob uma célula contendo gás contendo álcool e componentes orgânicos, e (d) tipo sensor à base de um semicondutor, onde o álcool é adsorvido na superfície de um semicondutor. AUTO-AVALIAÇÃO - Entendo a definição de química analítica? - Consigo classificar e definir os métodos analíticos? - Consigo classificar e definir os métodos instrumentais? - Sou capaz de entender a seleção de um método analítico? 15

Métodos Instrumentais de Análise PRÓXIMA AULA Na próxima aula iremos abordar acerca da Espectrofotometria de Absorção Molecular na região do UV-VIS. REFERÊNCIAS HARRIS, D. Analise Química Quantitativa. Ed. LTC, 5 ed.; Rio de Janeiro, 2001. SKOOG, D. A.; WEST, D. M.; HOLLER, F. J.; CROUCH, S. R. Fundamentos de Química Analítica. Tradução da 8 ed. Americana. Ed. Thomson; São Paulo, 2007. CHRISTIAN, G.D. Analytical Chemistry, 6 ed. Ed. John Wiley & Sons Inc, EUA, 2004. Filgueiras, C.A.L. A espectroscopia e a química da descoberta de novos elementos ao limiar da teoria quântica. Química Nova na Escola, n. 3, 1996. 16