1 ESTAGIO DE PSICOLOGIA NA SUBSEDE CENTRO OESTE/ CRP04: VIVÊNCIAS, APRENDIZAGENS E INQUIETAÇÕES. Nayara Santos Oliveira (Faculdade Faced- Sociedade Dom Bosco de Educação e Cultura) nayaraoliveirapsi@gamil.com; Edna Aparecida Rodrigues (Universidade John Kenedy - Argentina) ednarodriguespsicologa@yahoo.com.br; Introdução O presente trabalho descreve uma experiência de estágio em Psicologia no Conselho Regional de Psicologia (CRP-MG) Subsede Centro Oeste, situado em Divinópolis/MG. Partimos neste artigo das diferenças entre a atuação do psicólogo na teoria e a atuação na prática a partir do contato com setor de Orientação e Fiscalização do CRP-MG. A supervisão diária com o psicólogo no campo visa trabalhar em duas vertentes, um momento didático/pedagógico no qual os atendimentos foram relatados pela estagiária a partir de intervenções co-construídas entre esta e a supervisora e um segundo momento sob os acompanhamentos das visitas de fiscalização realizadas pela supervisora em face dos profissionais. Acrescenta-se ainda as atividades e eventos que são promovidos pela Subsede com o objetivo de unir teoria e prática da atuação do psicólogo, mais uma vez fortalecendo as orientações realizadas. Contribuições do estagio para formação profissional A prática de estagio em Psicologia como parte integrante situação destinada na formação do profissional psicólogo sempre suscitou preocupações e questionamentos. Parte dessas inquietações decorre de tênue interface entre o que é ensinado teoricamente e os desdobramentos necessários para o exercício prático da psicologia. O Psicólogo em formação - estagiário deve ter como eixo de sua práxis os princípios do Código de Ética e das Legislações do Sistema Conselho, além da ampla reflexão teórica e filosófica de uma concepção de ser humano. O Art. 1.º da Lei 11.788/2008 assim define o estágio: Estágio é o ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo que estejam frequentando o ensino regular em instituições de educação superior, de educação profissional de ensino médio, da
2 educação especial e dos anos finais de ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos. Nos moldes do artigo supracitado, está disposta de forma expressa a intenção do estágio na seara educacional, que no caso concreto, remonta na obtenção da aplicação da teoria na ordem prática, para isso, disponibilizando recursos instrumentais e pessoais, de forma a nortear o estagiário na vivência da profissão. Metodologia A metodologia a ser instrumentalizada no presente trabalho obterá como forma prática a pesquisa bibliográfica com uso de livros, artigos, sites e todas e quaisquer fontes de dados a respeito do tema em comento, assim como as vivências a partir da prática do estagio. Objetiva-se descrever as intervenções realizadas pela Subsede Centro Oeste visando melhor adentrar no mérito do trabalho. De forma específica, foi priorizada metodologia do tipo qualitativa, por possibilitar ao pesquisador conhecer o que uma determinada situação representa para os sujeitos (TURATO, 2005). O motivo pelo qual se deu enfoque no presente método de estudo, remonta na possibilidade de melhor priorizar as relações, a cultura, o ambiente relacional com o Sistema Conselhos. Conhecendo as atuações do Conselho de psicologia - Subsede Centro Oeste O Conselho Federal de Psicologia (CFP) constitui uma autarquia de direito público que tem a finalidade de orientar, disciplinar, fiscalizar e regulamentar o exercício da profissão do psicólogo, zelando pela fiel observância aos princípios éticos norteadores da psicologia e contribuição para o desenvolvimento da área como ciência e profissão. O presente trabalho se configura como relato das experiências e reflexões proporcionadas no estagio não obrigatório realizado no Conselho Regional de Psicologia Subsede Centro Oeste/ Minas Gerais e acompanhado pela orientadora de campo a psicóloga Edna Ap. Rodrigues (psicóloga fiscal da Subsede). A oportunidade desse estágio proporcionou o conhecimento quanto as Legislações que regem o exercício do profissional, assim como os direitos e deveres,
3 administrativos, legais e éticos do psicólogo, tanto em relação ao CRP-MG quanto na relação social. Um aprendizado de cumpre destacar foi à mudança conceitual da representação social que o CRP/MG geralmente remonta para os estudantes, professores e população em geral, que obtém vistas de órgão disciplinador e coercitivo. Cumpre salientar que o objetivo principal da entidade em comento é primar pelos princípios norteadores da psicologia, orientando os profissionais da classe, defendendo seus interesses, assim como, garantindo respaldo e compromisso para sociedade. O contato direto com o Conselho proporcionou aplicar o que havia sido ministrado nas aulas de Ética profissional. Por sua vez, o que o CRP/MG cobra em suas fiscalizações é justamente uma postura ética, seguindo estritamente o que dispõe o Código de Ética e Resoluções, uma vez que, conforme já disposto, este ente visa garantir os direitos dos psicólogos assim como de toda a população atendida. Conforme a vivência prática do estágio restou evidente a influencia que o CRP/MG exerce sobre os psicólogos, promovendo ampliação da visão teórica e prática e seus desdobramentos, no que tange a forma profissional e pessoal. Investigar a percepção quanto ao preparo das atividades do Conselho em disciplinar, fiscalizar e regulamentar o exercício da profissão de psicólogo significa não só compreender o funcionamento CRP/MG em face dos profissionais que o integram, assim a autarquia propõe a possibilidade de visualizar os dois lados da moeda sendo aplicados de maneira prática. Uma vez que, sabendo o que dispõe o Conselho e o que busca a legislação por parte deste em face dos profissionais almejados, notório se faz a disposição da conduta a ser buscada como psicólogo. A partir da prática em orientação co-construída com a supervisão, é possível notar em certos momentos a apreensão e receio dos profissionais em procurar orientação no Conselho, o que não configura com a real acessibilidade que o CRP/MG almeja repassar, uma vez que, sempre é ressalvado aos profissionais que a prioridade do Conselho é em orientar, resguardar os direitos e deveres da profissão e não fiscalizar ou punir. Conforme descrito no Código de Ética do Profissional, cabe ao psicólogo:
4 IV - O psicólogo atuará com responsabilidade, por meio do contínuo aprimoramento profissional, contribuindo para o desenvolvimento da Psicologia como campo científico de conhecimento e de prática. V - O psicólogo contribuirá para promover a universalização do acesso da população às informações, ao conhecimento da ciência psicológica, aos serviços e aos padrões éticos da profissão. VI - O psicólogo zelará para que o exercício profissional seja efetuado com dignidade, rejeitando situações em que a Psicologia esteja sendo aviltada. As demandas que surgem são diversas, mas o enfoque está no compromisso ético (atuação do psicólogo), quanto à elaboração de documentos, como laudos, pareceres e declarações fornecidas pelos psicólogos no desenvolvimento de suas atividades laborais e as duvidas que possam surgir no decorrer das atividades. As orientações devem sempre partir do pressuposto do atendimento as Resoluções e do Código de Ética Profissional, conforme prescrito em lei. É importe ressaltar que cada solicitação de orientação é única e, portanto deve ser muito bem explorada para que haja uma compreensão clara, levando em consideração a subjetividade de cada psicólogo ou caso, para assim, buscar junto às normatizações vigentes e o profissional o auxilio apropriado. Quanto às fiscalizações nas pessoas jurídicas que tem como atividade principal o atendimento psicológico existem critérios a serem observados. Para isso, além de seguir os princípios positivados no Código de Ética e Resoluções pertinentes, é de extrema importância para os psicólogos em parceria com a sociedade andarem de forma conjunta fornecendo um trabalho técnico e ético para os atendidos. Nos moldes da Resolução 01/2016 do CRP/MG, é disposto: Art. 2º. O requerimento de inscrição da pessoa jurídica junto a este Conselho Regional de Psicologia somente será concedido, caso seja verificado que na mesma estão asseguradas as condições necessárias para o exercício profissional da psicologia, respeitadas as previsões do Código de Ética do Profissional Psicólogo, da legislação em vigor referente à espécie, e, respeitadas as condições abaixo: I prestação de serviços psicológicos de qualidade, em condições de trabalho dignas e apropriadas à natureza desses serviços, utilizando princípios, conhecimentos e técnicas reconhecidamente fundamentados na ciência psicológica, na ética e na legislação profissional; II estabelecimento de acordos de prestação de serviços que respeitem os direitos do usuário ou beneficiário de serviços de Psicologia;
5 Conforme disposto no artigo supramencionado, para que o psicólogo tenha condições de atender a população dentro dos conformes do regimento que o cerca deve observar alguns dispositivos cruciais, como primar por um ambiente digno, que atenda as expectativas e corrobore para a efetiva aplicação da psicologia. Por sua vez, cumpre elucidar que, entre o psicólogo e seu paciente, ou entre o psicólogo e o Conselho, será sempre observada à expressão respeito, que deve estar presente em todas as intervenções, visitas de fiscalização e orientações. Nesta linha, o Conselho levanta as dúvidas e questionamentos dos profissionais, assim como da sociedade, com o objetivo em buscar um alinhamento entre direitos e deveres, visando resguardar psicólogo e paciente. Em fiscalizações é comum encontrar profissionais que desconhecem as normatizações do Conselho, e os motivos são diversos, mas é de extrema relevância orientar e sanar qualquer dúvida do profissional. Esse trabalho que está para além de apenas punir as infrações cometidas, o objetivo é que o psicólogo de fato compreenda suas faltas técnicas e éticas e consiga se reestruturar na profissão exercendo a psicologia como ciência. Ressaltamos que nosso objetivo no setor de orientação e fiscalização não é elencar os processos recorrentes a faltas éticas ou administrativas cometidas por profissionais da psicologia, mas sim ressignificar tais faltas para seja possível uma compreensão e aprimoramento do trabalho prestado pelos psicólogos em situação de desconformidade com as Resoluções. As marcas das experiências, extremamente ricas, oportunizada através da orientação tem o intuito de produzir benefícios quanto ao aprimoramento da atuação do psicólogo, uma vez, que o objetivo é de fato transmitir mais qualidade técnica e cientifica para a profissão, sem se esquecer da visão humana e filosófica. Uma articulação com os eventos Em todo Conselho Regional de Minas Gerais, acontecem eventos, palestras, oficinas, grupos de trabalhos, para tantos, promovidos para oferecer suporte para estudantes e profissionais. Está é mais uma ferramenta utilizada para atingir profissionais e buscar um alinhamento da profissão.
6 Os eventos promovidos pelo Conselho procura sempre discutir o fazer profissional, os conflitos atuais, as políticas públicas, os direitos e deveres, entre tantos assuntos do interesse dos profissionais. Ao discutir temas de interesse para o aprimoramento e transformação da profissão é possível abrir espaço para conhecer como os psicólogos lidam com as peculiaridades do dia a dia da profissão. Discussões norteadoras tanto para quem já está no mercado de trabalho, quanto para estudantes que terão a oportunidade de estar mais preparado para a atuação profissional, ou seja, eventos que promovam conhecimentos e novos olhares para todos. Destacamos o evento CRP pelo Campus programa desenvolvido pelo CRP/MG em parceria com as Instituições de ensino, visando atingir estudantes desde o inicio da graduação. As oficinas têm como objetivo apresentar o Conselho para os alunos, trabalhar o Código de Ética e Resoluções, além de discutir e conhecer os processos éticos, visando uma abertura de comunicação e ampliação dos deveres e direitos do psicólogo. Considerações finais Conforme todo exposto, se chega à conclusão que o principal objetivo do estágio é proporcionar para os alunos os instrumentos de preparação para a introdução e inserção no mercado de trabalho. É através do estágio que ele se prepara para assumir um papel importante na sociedade, como um protagonista profissional qualificado. Conclui-se pela existência de certa preocupação que o Conselho apresenta no que tange a aproximação de profissionais e estudantes da psicologia, uma vez que visa promover melhores esclarecimentos quanto à importância das práticas embasadas pelas Legislações contemporâneas e garantir um trabalho digno e adequado à sociedade. Para tanto, o CRP propõe atividades como Grupos de Trabalhos (GTs), CRP pelo Campus, roda de conversa, seminários, CREPOP, entre outros. Por fim, resta evidente que expandir a consciência dos profissionais em psicologia é também garantia de um Conselho mais forte que estará ao lado do profissional, lutando em conjunto por seus direitos e garantias profissionais.
7 Referências Barbosa, Doretto, F., Laurent, Aparecida, M., Silva, Mello, M. (2013). Significados do estagio em psicologia clínica. Encontro Revista de Psicologia, vol.16, nº. 25, pp. 31-53. Brasil. Resoluções do Conselho Federal de Psicologia. Disponível em: http://site.cfp.org.br/legislacao/resolucoes-do-cfp/ - LEI N.º 4.119 /1962. Dispõe sobre os cursos de formação em Psicologia e regulamenta a profissão de Psicólogo.. Resolução CFP nº 001/2016. Dispõe sobre a inscrição de pessoas jurídicas junto ao Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais 4ª Região.. Resolução CFP nº 010/2005. Aprova o Código de Ética Profissional do Psicólogo.. Lei nº 11.788, de 25 de setembro de 2008. Dispõe sobre o estágio de estudantes. Ferrani, Luiz, N., Camargo, D., (2012). O sentido da psicologia e o processo de constituição do sujeito: estudo com estudantes e professores do curso de Psicologia da Universidade Federal do Paraná. Psicologia & Sociedade; Vol.24, n.3, pp. 710-719. Turato, Ribeiro, E. (2003) Tratado da Metodologia de Pesquisa Clínica- qualitativa: Construção Teórico-epistemológica, discussão comparada e aplicada nas áreas da saúde humana. Revista Saúde Pública, Vol.39, n3, pp.507-514.