MAPEAMENTO DA VULNERABILIDADE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DA ÁREA URBANA DE MANAUS

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Transcrição:

MAPEAMENTO DA VULNERABILIDADE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DA ÁREA URBANA DE MANAUS Bárbara Karina Barbosa do Nascimento Graduanda - Universidade Federal do Amazonas - UFAM karina.geo21@gmail.com Danielle Pereira da Costa Professora - Universidade do Estado do Amazonas - UEA danielle.geografia@gmail.com INTRODUÇÃO Em Manaus, capital do Estado do Amazonas, se encontram inúmeros poços tubulares instalados de maneira inadequada, principalmente em áreas periféricas da cidade, onde o acesso ao sistema de água encanada é escasso, explorando o aqüífero no nível freático mais elevado, de acordo com Silva (2001). Esta atividade sem fiscalização oferece abastecimento não tratado, sem monitoração e proteção sanitária na maioria dos casos, expondo o aqüífero e a população local à contaminação. Segundo Foster & Hirata (1988), gerenciar a utilização de águas subterrâneas significa propor políticas que garantam que os aqüíferos sejam fontes seguras e confiáveis de abastecimento de água. Esse fato implica em especial preocupação com a proteção dos aqüíferos devido à dificuldade e a impraticabilidade de se promover à remoção de poluentes de fontes pontuais de captação (poços) e devido ao fato de que se a reabilitação de um aqüífero poluído requer custo muito elevado. Nesse sentido a pesquisa teve como principal objetivo à elaboração de um mapa preliminar de vulnerabilidade das águas subterrâneas da área urbana de Manaus por fontes pontuais de captação, através do uso de técnicas de geoprocessamento, a partir da identificação e análise de dados de perfis litológicos de poços tubulares fornecidos pela CPRM. Justamente, o mapa de vulnerabilidade é instrumento básico para o planejamento do uso do solo, na medida em que define as áreas de maior e menor susceptibilidade a poluição antrópica. A identificação das áreas críticas permite estabelecer diretrizes e principalmente prioridades de ação por parte do Estado e da sociedade civil em relação à questão de proteção da qualidade das águas subterrâneas. OBJETIVO Elaborar um mapa de vulnerabilidade das águas subterrâneas da área urbana de Manaus por fontes pontuais de captação, através do uso de técnicas de geoprocessamento, a partir da identificação e análise de dados de perfis litológicos de poços tubulares fornecidos pela CPRM. METODOLOGIA Para avaliação da vulnerabilidade dos aqüíferos da área urbana de Manaus utilizaram-se os critérios propostos por Foster (1987), adaptados às condições dessa área. Na avaliação da

vulnerabilidade aplicou-se o sistema de avaliação do índice de vulnerabilidade do aqüífero, apresentado no Quadro abaixo, adaptado de FOSTER e HIRATA,1988, utilizando a metodologia GOD (Groundwater occurrencer, Overall lithology of the unsaturated, Depth to water table) ARGILA ARENITO FINA A MÉDIA ARENITO MÉDIA A GROSSA ARENITO AUSÊNCIA CONFINAMENTO ARTESIANO CONFINADO SEMI-CONFINADO NÃO CONFINADO (COBERTO) NÃO CONFINADO 0,5 0,6 0,65 0,75 0,7 0 0,2 0,4 0,6 1,0 Litologia da zona não-saturada < 10 m 10 a 20 m 20 a 50 m > 50 m Tipo de Aqüífero 0,4 0,5 0,6 0,8 1,0 Profundidade do nível freático 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 NENH UM DESP REZÍV EL BAIXO MÉDIO ALTO EXTREMO BAIXO ALTO BAIXO ALTO BAIXO ALTO BAIXO ALTO Índice de vulnerabilidade do aqüífero Quadro Sistema de avaliação do índice de vulnerabilidade (adapt. de Foster & Hirata, 1988) Fonte: INPA/SIGLAB - Nascimento, Bárbara. 2008 Baseados nos seguintes parâmetros: 1 Ocorrência do tipo de aqüífero; 2 Litologia da zona vadosa; 3 - Profundidade do nível freático. Um índice variando de 0 a 1 foi atribuído ao primeiro parâmetro, que consiste na identificação do tipo de ocorrência da água subterrânea. O segundo parâmetro trata-se da especificação dos tipos litológicos acima da zona saturada do aqüífero e das características granulométricas e litológicas, representado por 4 classes atribuídas conforme a área estudada, num intervalo de 0,5 a 0,7. O terceiro é a estimativa da profundidade do nível das água (ou topo do aqüífero confinado), numa escala de 0,4 a 1,0. Esses foram somados entre si e multiplicados por três para produzir a classificação final, transformada então em índice de vulnerabilidade de aqüíferos, variando entre baixa a extrema, expresso numa escala de 0 a 1, em termos relativos.

Os dados dos poços tubulares foram extraídos da CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais, utilizando o SIAGAS (Sistema de Informações de Águas Subterrâneas) e a interpretação de perfis litológicos dos poços tubulares do arquivo do setor de Gerência de Águas Subterrâneas da CPRM/Manaus. Em seguida foi realizado um banco de dados dos poços que seriam usados na pesquisa, onde foram tabulados no programa de computador Microsoft Excel. Os quais continham informações de: n do poço cad astrado pala companhia, pontos plotados por GPS e o nome da localização de sua instalação, data de perfuração, profundidade perfurada, nível estático, litotipoaflorante e tipo de aqüífero. Foram empregados para pesquisa poços perfurados apenas pela CPRM, no período de 1979 a 1996, os mais antigos do acervo, compreendendo cerca de 200 poços cadastrados neste período, sendo trabalhados na pesquisa apenas 118 poços, devido às informações precisas para a metodologia proposta não está completa em todos os poços. Atualmente a CPRM dispõe de mais de 5.000 poços cadastrados em Manaus. Criação e Cruzamentos dos Planos de Informações Posteriormente o produto dos dados tabulados (índice GOD) foram transferidos para o programa ARCVIEW 3.2 a conforme mostra a Tabela 2 (Anexo3), onde se fez a espacialização dos pontos plotados por GPS, usando coordenadas planas UTM Universal Transversa de Mercator, com um Datum SAD 69 Manaus 20. A partir dos pontos espacializados traçou-se um perímetro da área urbana da cidade e distribui-se três bairros que marcam as zonas da área urbana onde estão localizados a maioria dos poços utilizados na pesquisa: centro, zona Norte e Zona Oeste. Utilizando como base cartográfica a rede de drenagem da cidade de Manaus, a distribuição dos limites de seus bairros, a classificação geológica da área de estudo e curvas de nível. Informações obtidas do setor de Geoprocessamento da CPRM/Manaus e Prefeitura de Manaus. Através do cruzamento de planos de informação dos dados de nível estático, o índice de vulnerabilidade produzido e áreas de limites dos bairros gerou-se o mapa de vulnerabilidade do município de Manaus AM. RESULTADOS Mapeamento da Vulnerabilidade das águas subterrâneas Conforme a metodologia proposta por Foster & Hirata (1988) os poços mais rasos recebem o valor menor, ou seja, 0,4 para poços com nível estático menor que 10m, pois são mais susceptíveis à contaminação superficial. Para poços com nível estático entre 10-20m atribuise nota 0,5 e nota 0,8 para poços entre 20-50m, e maior que 50m, nota 1,0. Na pesquisa a amostra dos poços estudados todos estão dentro destas quatro classes. Obteve-se 15 poços entre 0-10m, representando 13%; 22 poços entre 10 20m, 19%; 56 poços entre 20-50m, com 48% e maiores que 50m 24 poços, representando 20%. Salienta-se que para os poços com nível estático com profundidades maiores, a contaminação se torna mais difícil, já que o contaminante tem que atravessar uma maior espessura da Formação Alter do Chão, passando da zona não saturada até a saturada,ou seja até atingir o lençol freático. No caso dos poços do Município de Manaus, o mapa de

vulnerabilidade mostra que os poços localizados na zona Norte, onde situa-se o bairro Cidade Nova e parte da zona Central são os mais susceptíveis a contaminação, apresentando em sua maioria poços perfurados em áreas de vulnerabilidade extrema. Na simulação realizada a maioria dos poços do município localizam-se nestas áreas, exigindo assim, maiores cuidados quanto a instalação de aterros sanitários, distritos industriais ou qualquer outra atividade que seja potencialmente perigosa na zona urbana ou de expansão urbana. Mapa da Vulnerabilidade da Área Urbana de Manaus Fonte: CPRM/SIAGAS dados organizados por NASCIMENTO, Bárbara. 2008/INPA-SIGLAB. Águas Subterrâneas na Legislação Brasileira e no Plano Diretor Consolidado de Manaus As águas subterrâneas estão sendo valorizadas há pouco tempo, pois o aumento da população mundial, com o conseqüente incremento das áreas agricultáveis e da produção industrial, demandou o crescimento exponencial da exploração dos recursos hídricos. Segundo Pes (2005) o tratamento jurídico que é dispensado às águas subterrâneas é insignificante. A Constituição Federal de 1988, no art. 26, inc I, afirmam que elas se incluem

entre os bens dos Estados, e em outros dispositivos fala-se em águas subterrâneas de forma genérica, prevendo apenas a outorga de direitos de uso e considerar infração o seu uso sem autorização. A gestão da qualidade das águas subterrâneas é considerada na Legislação Federal por meio de duas Resoluções do Conselho Nacional de Recursos Hídricos. A Resolução n. 15, de 2001, estabelece que os Estados devem orientar os municípios sobre as diretrizes de gestão integrada das águas subterrâneas, propondo mecanismos de estímulo à proteção das áreas de recarga dos aqüíferos. A Resolução n. 22, de 2002, afirma que os planos de bacia devem explicitar medidas de prevenção, proteção, conservação e recuperação dos aqüíferos, sendo que a criação de áreas de uso restritivo poderá ser adotada como medida para alcance dos objetivos propostos. A proteção dos recursos hídricos subterrâneos é um aspecto crítico, já que os custos de remediação de aqüíferos são muito altos e tecnicamente é muito difícil a sua recuperação para as condições originais. Em Manaus, de acordo com Diógenes (2006), somente 20% da população recebe fornecimento de água subterrânea por parte da Empresa Águas da Amazônia, restante dos 80% tem água de captação superficial proveniente da Estação do Rio Negro no bairro da Compensa e na Estação do bairro Mauazinho. Mas segundo dados da CPRM Companhia Pesquisa de Recursos Minerais, o uso de poços tubulares vem aumentando nos últimos anos, cerca de mais de 5.000 poços foram perfurados para abastecimento, fora poços sem cadastros e inadequados, que promovem o um dos maiores riscos de contaminação para as águas subterrâneas da cidade. Pois a existência de níveis de água rasos somados à carência de saneamento básico nas áreas urbanas, onde proliferam habitações com grande quantidade de fossas e poços construídos sem requisitos mínimos de proteção sanitária, favorece a contaminação do aqüífero. Costa et al (2004), ao analisarem amostras de água de poços tubulares da cidade de Manaus, comprovaram a expressiva contaminação por coliformes termo tolerantes (60,5% dos poços cadastrados). No Plano Diretor Consolidado de atualização em Abril de 2008, da Lei n. 671, de 04.11.2002, que estabelece diretrizes, planejamento e gestão pra o desenvolvimento da cidade de Manaus, regulamenta no Capítulo II da qualificação ambiental e cultural do território, da seção I, no Art. 9, da proteção do Patrimônio Natu ral de Manaus, parágrafo VII, destaca: Art. 9, parágrafo VII Estruturação e aparelhamen to do setor administrativo municipal responsável pelo planejamento e pelo gerenciamento dos Programas de Proteção e Valorização dos Ambientes Naturais e Cursos d água. Sendo ainda (no Art. 10, parágrafo II a) estabel ece a elaboração de planos de proteção para os cursos d água e saneamento e drenagem; f) coíbe o lançamento de efluentes poluidores e de resíduos sólidos nos rios, igarapés e áreas adjacentes aos mesmos. No Plano Diretor da cidade, perceberam-se a falta de ressalva quanto à preocupação as águas subterrâneas e sua exploração, são apenas enfatizadas as águas superficiais. A questão da qualidade da água subterrânea deve ser vista como relevante para o gerenciamento do recurso hídrico em todo Estado do Amazonas, bem como para o País. A disponibilidade hídrica subterrânea e a produtividade de poços são, geralmente, os principais fatores determinantes na explotação dos aqüíferos, fato que é evidente na cidade de Manaus. Principalmente no que se diz respeito ao uso e ocupação do solo, com a

expansão populacional desordenada e inadequada, que promovem a falta de necessidades básicas para habitação, e umas delas é o abastecimento de água, o que pode gerar outras conseqüências como o crescimento descontrolado da perfuração de poços tubulares e das atividades antrópicas, que acabam contaminando os aqüíferos, sendo estas umas das problemáticas existentes quanto à exploração dos recursos hídricos subterrâneos na cidade de Manaus. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os problemas relacionados à contaminação dos lençóis subterrâneos são recentes no país, e no Estado do Amazonas, principalmente em sua capital. As medidas de utilização adequada desse recurso hídrico devem ser mais bem estudadas e implantadas de maneira ágil, cabe não somente ao poder maior a preocupação com esta fonte de abastecimento de água, mas a atenção da população em exercer práticas impróprias que comprometam o recurso hídrico subterrâneo e a sua própria qualidade de vida, pois os problemas quanto à quantidade e qualidade de recursos hídricos não são fatos isolados e estão inseridos em questões globais do meio ambiente. Considerando a espacialização dos dados em SIG dessas informações obtidas pôde-se averiguar a localização das áreas mais susceptíveis a contaminação do aqüífero. A pesquisa é contínua, pretende-se analisar poços tubulares implantados em períodos recentes (de 2000 a 2007) do acervo da CPRM para comparação das informações e expansão do mapeamento. Desta forma tem-se uma ferramenta importante que poderá servir de suporte na preservação dos mananciais subterrâneos, bem como subsídios para implantar a gestão e planejamento para as águas subterrâneas de Manaus. Os estudos regionais são poucos, a maior parte voltados a qualidade da água subterrânea publicados recentemente. A questão da vulnerabilidade e proteção dos aqüíferos é ainda um tema pouco explorado e que necessita ser incorporado à gestão das águas subterrâneas e ao planejamento do uso e ocupação territoriais. REFERÊNCIAS ANA Agência Nacional de Águas. Código de Águas e Política Nacional dos Recursos Hídricos. Disponível em: < http://www.ana.gov.br >. Acesso em: 01 de Jun. de 2008, 17:00h. COSTA, A.M.R.; WAICHMAN, A.; APARÍCIO DOS SANTOS; E. E. Uso e qualidade da água subterrânea na cidade de Manaus. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS, 13., Cuiabá, 2004. Cuiabá: ABAS, 2004. CD-ROM. CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais. Dados do Siagas: poços tubulares cadastrados. Disponível em:<http://www.cprm.gov.br. Acessos em: de 02 de Abr. a 15 Jun. de 2008. DIÓGENES, Hilton de Souza. A qualidade das águas subterrâneas na bacia hidrográfica do igarapé do Quarenta. Manaus Am: Artigo - UniNorte, 2006.

FOSTER, S. e et tal. Groundwater pollution risk assessment: a methodology using availaible data. CEPIS TECHNICAL REPORT: 1987.81p. Trad Hirata, R. 1987. FOSTER, S. & HIRATA, R. Determinação do risco das águas subterrâneas: um método baseado em dados existentes. São Paulo: Instituto Geológico, 1988. PES, João Hélio F. O Mercosul e as águas: a harmonização via Mercosul, das normas, de proteção às águas transfronteiriças do Brasil e Argentina. Santa Maria RS: UFSM, 2005.102 p. PREFEITURA DE MANAUS. Plano Diretor Consolidado 2008 de Manaus. Disponível em: < http://www.prefeiturademanaus.am.gov.br>. Acesso em: 01 de Jun. de 2008, 16:30 h. SILVA, Márcio L. Características das águas subterrâneas numa faixa norte-sul na cidade de Manaus Am. REV. Esc. de Minas, Belo Horizonte, v. 54, p. 115-20, 2001.