Registro: 2013.0000030144 ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos do Conflito de Competência nº 0123755-47.2012.8.26.0000, da Comarca de Cotia, em que é suscitante FEVA MÁQUINAS FERDINAND VADERS S/A (EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL), são suscitados MM JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CÍVEL DE COTIA e MM JUIZ DE DIREITO DA VARA DO ANEXO FISCAL DE COTIA. ACORDAM, em do Tribunal de Justiça de, proferir a seguinte decisão: "Não conheceram do conflito positivo de competência. V.U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores VICE PRESIDENTE (Presidente sem voto), PRESIDENTE DA SEÇÃO DE DIREITO PÚBLICO E PRESIDENTE DA SEÇÃO DE DIREITO PRIVADO., 28 de janeiro de 2013 CLAUDIA GRIECO TABOSA PESSOA RELATORA Assinatura Eletrônica
Voto nº 2675 Suscitante: Feva Máquinas Ferdinand Vaders S/A Recup.judicial SuscitadoSuscitado: Mm Juiz de Direito da 1ª Vara Cível de Cotia, Mm Juiz de Direito da Vara do Anexo Fiscal de Cotia Conflito positivo de competência suscitado por empresa que teve o pedido de recuperação judicial deferido Vara Cível da Comarca de Cotia e Vara do Anexo Fiscal da Comarca de Cotia Inocorrência de pronunciamento judicial do MM. Juízo Suscitado (1ª Vara Cível da Comarca de Cotia) acerca da competência para o processamento da execução ou para decidir quanto à alienação do bem Ausência de comprovação da sujeição do crédito aos efeitos da recuperação judicial e da integração do bem como garantidor do plano de recuperação Hipótese do artigo 115, inciso I do Código de Processo Civil não caracterizada - Conflito não conhecido Trata-se de conflito positivo de competência suscitado por Feva Máquinas Ferdinand Vaders S/A (em recuperação judicial). Alega a suscitante, em síntese, que o MM. Juízo da Vara do Anexo Fiscal de Cotia não acolheu a suspensão processual dos autos da execução fiscal nº 152.01.1996.011468-0, sendo que, há pedido de recuperação judicial concedido a fls. 58/59. Conflito de Competência nº 0123755-47.2012.8.26.0000 - Cotia - Fls. 2/7
Sustenta que na decisão que deferiu o processamento do pedido de recuperação judicial, fora determinada a suspensão das ações e execuções, com exceção das execuções fiscais (art. 6º e 7º, da Lei 11.101/05), bem como, o prosseguimento até a apuração do crédito, para posterior habilitação. A d. Procuradoria Geral de Justiça opinou pela procedência do conflito com o reconhecimento da competência do MM. Juízo da Vara do Anexo Fiscal de Cotia (fls. 223/225). É o relatório. Não conheço do presente conflito, vez que o caso não se enquadra nas hipóteses previstas no artigo 115 do Código de Processo Civil. Para a caracterização do conflito positivo, seria necessário que os MM. Juízos suscitados (1ª Vara Cível de Cotia e Vara do Anexo Fiscal de Cotia) se declarassem competentes para o processamento da execução, o que não ocorreu no presente caso. A execução fiscal, objeto do conflito, foi ajuizada em 02.07.1996 e encontra-se em fase de arrematação, com designação de data para realização de praça (para alienação de bem imóvel), tendo o ora suscitante formulado pleito para a suspensão do processo em razão do deferimento da recuperação judicial (fls.97/108). Conflito de Competência nº 0123755-47.2012.8.26.0000 - Cotia - Fls. 3/7
Por sua vez, a ação de recuperação judicial foi ajuizada em 04.06.2008 e a r. decisão, que deferiu o seu processamento, foi proferida em 26.06.2008, tendo determinado o MM. Juízo, dentre outras providências, a suspensão (...) do andamento de todas as ações ou execuções contra o devedor, que deverão permanecer nos respectivos juízos onde se processam, ressalvadas as execuções fiscais ( 7º do art. 6º) (...). Ao apreciar pleito da ora suscitante (relativo à suspensão da execução fiscal), o MM. Juízo da Vara do Anexo Fiscal de Cotia proferiu a r. decisão, indeferindo o pedido, sob o fundamento de que referida suspensão não alcança as ações relativas à execução fiscal, nos termos do disposto no artigo 6º, 7º, da Lei nº 11.101/05. Vieram aos autos as informações dos MM. Juízos suscitados (fls.127/128 e 132/134), nas quais o MM. Juízo da Vara do Anexo Fiscal de Cotia reiterou as razões do indeferimento da suspensão pleiteada pelo suscitante, enquanto o MM. Juízo da 1ª Vara Cível da Comarca de Cotia apresentou relato acerca do processamento dos autos de recuperação judicial, sem qualquer manifestação relativa à competência para a alienação do bem imóvel. Vê-se, assim, que não há na espécie declaração do MM. Juízo da 1ª Vara Cível da Comarca de Cotia quanto à sua competência para decidir acerca da alienação do bem ou eventual Conflito de Competência nº 0123755-47.2012.8.26.0000 - Cotia - Fls. 4/7
suspensão dos autos da execução fiscal. Como ensina Cândido Rangel Dinamarco: Em qualquer hipótese o conflito de competência só se considera existente a partir de quando dois ou mais juízes hajam lançado nos autos determinações assim divergentes inexistindo enquanto nenhuma explícita divergência tiver ocorrido. A mera potencialidade de um conflito entre juízes não é tratada pelo direito positivo como conflito de competência (Instituições de Direito Processual Civil Livro I, Cândido Rangel Dinamarco. 4ª Ed. - : Malheiros, 2004, pág. 446). C. Câmara, assim ementado: Nesse sentido há precedente jurisprudencial nesta Conflito positivo de competência. Ausência de dissenso entre os magistrados envolvidos. Hipótese do inciso I do artigo 115 do CPC não configurada. Conflito não conhecido. (CONFLITO DE COMPETÊNCIA nº 990.10.305295-1, TJSP, Rel. Des. Ciro Pinheiro e Campos, j. 08.11.2010, v.u.) Portanto, evidente a inadequação da via eleita, vez que o inconformismo da parte com a decisão proferida deveria ter sido instrumentalizado pela via recursal adequada (ou seja, por meio Conflito de Competência nº 0123755-47.2012.8.26.0000 - Cotia - Fls. 5/7
do recurso de agravo de instrumento), não se prestando o conflito de competência como sucedâneo recursal para o levantamento da constrição, como pleiteado. Nem se alegue que a decisão judicial, proferida pelo Juízo Falimentar implica conflito de competência, vez que não há qualquer menção, na referida decisão, a respeito do destino do bem arrematado. O que se extrai da r. decisão é a suspensão genérica das execuções contra as devedoras, sem qualquer menção aos autos da execução fiscal ou do bem objeto do conflito, seja na r. decisão que deferiu o processamento do pedido de recuperação judicial, seja nas informações prestadas. Nesse passo, caso o MM. Juízo Falimentar pretendesse integrar o bem imóvel ao ativo da Suscitante, avocando a competência para deliberar acerca da alienação, teria proferido decisão expressa nesse sentido, o que não ocorreu, fundando-se o conflito, tão somente, na interpretação extensiva dada pelo Suscitante. Ademais, não comprovou a Suscitante a sujeição do crédito exequendo aos efeitos da recuperação judicial, mediante a apresentação da relação nominativa de credores, e, tampouco, que o referido bem tenha sido apresentado como garantia do processo de recuperação judicial, ônus que lhe incumbia. Portanto, não se verifica nenhuma das hipóteses Conflito de Competência nº 0123755-47.2012.8.26.0000 - Cotia - Fls. 6/7
previstas no artigo 115 do Código de Processo Civil conflito positivo de competência. Ante o exposto, por meu voto, não conheço do CLAUDIA GRIECO TABOSA PESSOA Relatora Conflito de Competência nº 0123755-47.2012.8.26.0000 - Cotia - Fls. 7/7