93 4 - CICLO DE VIDA X GERENCIAMENTO DO PROJETO DE CONTROLE DE POLUIÇÃO 4.1.GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS O Dicionário do petróleo em língua portuguesa descreve resíduo sólido como: qualquer produto, substância ou mistura de substâncias que constituam refugos, sobras ou detritos de consistência sólida, pastosa ou semissólida e que resultam das atividades humanas. A fonte descreve ainda que Os resíduos sólidos são classificados de várias maneiras: quanto ao estado físico podem ser secos ou molhados, quanto à natureza química podem ser orgânicos ou inorgânicos, quanto à geração podem ser industrial, domiciliar; ou segmentado por área de atividade (nuclear; de petróleo, hospitalar etc). A grande maioria dos resíduos gerados nas atividades de exploração offshore são classificados como sólidos. Resíduos alimentares, fluidos de perfuração e cascalhos e alguns efluentes, dependendo dos parâmetros estipulados pelo órgão ambiental podem ser descartados no mar. Os demais resíduos em sua maioria resíduos são classificados como sólidos segregados e posteriormente transportados para a base de operação em terra pelas embarcações de apoio. No Brasil não é permitida queima de resíduo a bordo da unidade de perfuração, das embarcações de apoio e/ou dedicada. Das bases de apoio são encaminhados aos receptores finais de resíduos, transportados por empresas especializadas, ambos adequadamente licenciados. Pelas pesquisas feitas ao acervo do IBAMA e análise de PCPs submetidos por diversas empresas e disponiblizados no acervo público da CGPEG, estimamos que grande parte dos resíduos gerados nas atividades de perfuração marítima sejam classificados pela NBR 10.004/04 como de Classe I.
94 Figura 28 - Gráfico com classificação e percentual de resíduos sólidos - Caso #2 (Perfuração operada pela Petrobras em 2004). A NT 07/11 recentemente publicada, apresenta estudo com quantitativo de resíduos sólidos gerados e corrobora este entendimento ao descrever que no ano 2009, o total de resíduos sólidos Classe I representou 54,3% da quantidade total de resíduos gerados nas atividades de E&P de O&G offshore. Figura 29 - Gráfico com classificação e percentual de resíduos sólidos gerados em E&P em 2009. Fonte: IBAMA NT 07/2011. A figura 30 ilustra a divisão da costa brasileira adotada pela CGPEG para fins de avaliação do impacto sinérgico e cumulativo dos resíduos sólidos sobre cada uma das regiões.
95 Figura 30 - Divisão da costa brasileira para controle de poluição de empreendimentos de E&P de O&G offshore em 2009. Fonte. NT 07/11. IBAMA. A NT, com base nesta divisão de regiões, ressalta que nas atividades de perfuração observa-se maior geração de resíduos na região três, correspondente ao setor norte da Bacia de Santos, em comparação com os resíduos gerados nas atividades de produção. Estes fatos refletem a situação das referidas regiões, chamadas de fronteiras de exploração, que se encontram em fase de prospecção, concentrando investimentos em estudos sísmicos e perfurações de poços exploratórios na área denominada como província do Pré-Sal, corroborando para a representatividade nacional do resíduo gerado nesta região pela indústria petrolífera. 4.2.GERENCIAMENTO DOS EFLUENTES LÍQUIDOS O Dicionário do petróleo em língua portuguesa descreve efluente como: qualquer corrente de fluido que flui para o exterior de uma instalação, quase sempre tomada a palavra na acepção de corrente líquida, a qual, saindo de uma instalação, é lançada num corpo d água.. Os Efluentes líquidos gerados pela unidade de perfuração com descarte no mar são: os efluentes sanitários (gerados pela tripulação da unidade de perfuração segundo preconizado pela Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição
96 Causada por Navios) e efluentes oleosos ou do Separador de Água e Óleo - SAO (efluentes oleosos, águas captadas pelo sistema de drenagem presente em áreas potencialmente contaminadas com óleo provenientes da unidade de perfuração, atendidas por tanque pulmão e tratados por SAO). Nos casos de fluidos de perfuração e cascalhos, mencionados anteriormente, o descarte dos fluidos somente é possível após realização do teste de reflexo estático (static sheen test) onde se verifica o resultado negativo, isto é, ausência de óleo livre (sem iridiscência). Embora a busca pela mitigação dos impactos decorrentes do descarte dos fluidos de perfuração e do cascalho configure um dos objetivos de qualquer PCP, a NT 01/11 não endereça o tema e descreve que, conforme anteriormente descrito, as condições para o descarte desses efluentes, bem como o monitoramento do descarte e da disposição em terra desses materiais serão referenciados por outro instrumento específico a ser emitido pelo órgão regulador, demonstrando que o gerenciamento de resíduos ainda requer definição por parte do órgão ambiental para maior esclarecimento dos profissionais da indústria. 4.3.GERENCIAMENTO DE EMISSÕES ATMOSFÉRICAS O Dicionário do petróleo em língua portuguesa descreve emissão como: Fluxo de poluente emitido por uma fonte. Quase sempre se refere a um fluxo gasoso. Neste quesito, a NT 01/11 conforme anteriormente descrito, também menciona a futura publicação específica para o tema. Exige realização de inventário semestral para monitoramento dessas emissões e ressalta a importância da observância das legislações: Lei nº 12.187, de 29.12.2009, que institui a Política Nacional sobre Mudança do Clima, o Decreto nº 7.390, de 09.12.2010, que regulamenta esta Lei e estabelece teto de emissões de CO2 até 2020, Resolução CONAMA no 382/2006, que trata das emissões atmosféricas a partir de fontes fixas e Anexo VI da Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição Causada por Navios MARPOL 73/78, que entrou em vigor no Brasil em 2009 por meio do Decreto Legislativo nº 499, de 2009, e que trata especificamente da prevenção da poluição atmosférica causada por navios e plataformas.
97 As medidas indiretas de monitoramento presentes nos PCPs das empresas, são geralmente atendidas pelas empresas em operação através de um cálculo entre número de horas de funcionamento dos motores e quantidade estimada de poluentes atmosféricos emitidos com base na eficiência de tais motores, isto é, atualmente é comum se adotar o princípio de que em atividade de perfuração offshore, a principal fonte atmosférica é proveniente da queima de diesel marítimo nos motores a combustão, necessária para geração de energia elétrica em alto mar, utilizada nas operações e nas acomodações, banheiro e cozinha. Este é um outro indicador de que este assunto ainda tem um longo caminho pela frente para realmente quantificar a emissão e seus respectivos impactos ambientais na atividade de E&P offshore, uma vez que atualmente o desempenho eficiente e minimização das emissões atmosféricas de uma empresa operadora se baseiam somente em características dos equipamentos moto-geradores e calendário de manutenções preventivas.