Vistos. Cuida-se de ação civil pública ambiental proposta pelo Ministério Público contra Município de Rio Claro, "Fundação/Secretária Municipal de Saúde de Rio Claro" e Centro de Controle de Zoonoses alegando que os réus descuram da obrigação de cuidar adequadamente de cães, gatos, cavalos e outros animais domésticos, deixando de dar-lhes atendimento adequado, permitindo que sejam maltratados, não mantendo um abrigo permanente, não oferecendo sistema de atendimento 24 horas, não mantendo centro de doação, não mantendo unidade móvel para resgate, não contratando funcionários capacitados; que isso tudo foi apurado em inquérito civil; que o Prefeito recusou-se a assinar um termo de ajustamento de conduta (TAC), razão pela qual necessária a presente ação. Ao final juntou documento, pediu liminar determinando "determinando-se à Municipalidade que atenda, remova e trate, se houver possibilidade de cura, os animais domésticos e domesticáveis de pequeno e grande porte errantes, em estado de sofrimento, vítimas de maus tratos e atropelamentos, destinando-os - por enquanto - a setor específico no Centro de Controle de Zoonoses ou em outro local adequado", sob pena de multa diária, bem como pugnou pela procedência da ação para condenar os réus solidariamente às obrigações de fazer descritas nos itens 7.I a 7.X da inicial. 1
4- Vara Cível da Comarca de Rio Claro - Autos no 2133/12 Lendo os autos do inquérito civil que embasa a propositura da presente ação, destacam-se as seguintes peças e informações: - a Prefeitura concede subvenção social ao Grupo de Apoio e Defesa dos Animais (GADA) e lhe repassa verbas públicas (fls. 104); - a co-ré Fundação Municipal de Saúde repassa verbas ao GADA, entidade de utilidade pública que defende os animais (fls.89). A co-ré ainda está encarregada de fiscalizar e orientar o co-réu Centro de Controle de Zoonoses quanto à execução do repasse e conforme o "plano de trabalho" (fls.89); - o Veterinário do GADA depôs denunciando maus tratos aos animais e malversação da verba pública pela Presidente da entidade, Roberta Escrivão (fls.32/34); - o GADA recebe em tomo de R$7.000,00 mensais da Prefeitura de Rio Claro, mais R$7.000,00 da Prefeitura de Itirapina e ainda fatura mensalmente em torno de R$20.000,00 com serviços de clínica veterinária, segundo Vera Lucia Aparecida Arena, funcionária do GADA (fls. 159). Segundo ela, a situação do GADA piorou depois que o dinheiro da entidade passou a ser utilizado para pagamento de despesas particulares da presidente Roberta; - Ivo Alteia depôs ao Ministério Público dizendo que esteve no GADA e presenciou animais abrigados em péssimas condições e maltratados (fls.161). Assim também Adriana Cristina de Oliveira Alteia (fls.l63), Lucineia Aparecida Gentil (fls.1671168), Cristiano de Vasconcellos Dutra Lautenschlaeger (fls. 170), Carlos Adriano da Silva Prado (fls. 1961197), Rosângela Coelho Brienza (fls. 199/202), Katia Cristina Polezel de Souza (fls.205/206) e Maria Idalina Baumgartner Polezel (fls.208/209); - o Coordenador do CCZ informou que o CCZ "sempre realizou visitas ao Grupo de Apoio e Defesa dos Animais (GADA)" (fls.233); - o GADA defendeu-se a fls.239/254; 2
- juntou-se copia da ação movida pelo GADA contra o Município sob no98812012 da 2 a Vara Cível e tendo como objeto as instalações para abrigo dos animais (fls.382/393). Liminar foi concedida (fls.419); - juntou-se COpia da ação movida por Adriana Alcidalia Lahr Schilittler Fernandes contra o GADA sob no 800/2012 na 2 a Vara Cível (fls.421/425), cujo objeto era a posse do imóvel onde funcionava a entidade (fls.455); - juntou-se cópia do boletim de ocorrência noticiando furto de livros contábeis do GADA (fls.432 e seguintes); - juntou-se ata de reunião na Promotoria de Justiça (fls.l012/1013) e cópia da decisão monocrática no Agln originário de ação cautelar movida pelo Ministério Público contra a presidente do GADA, afastando a diretoria e ordenando o restabelecimento do repasse de verbas (fls. 1058/1 061); - juntaram-se oficios da Prefeitura informando que está realizando as vistorias acordadas na reunião com o Ministério Público (fls. 1063 e 1071/1072); situação (fls. 1074/1 075); - há relatório do Ministério Público sobre a - a FMS assumiu o cuidado com os animais do GADA (fls. 1085) e a Prefeitura recusou assinar o TAC dando suas razões no oficio de fls. 1097/1098; - segundo a OAB, os serviços prestados pelo GADA passaram à alçada da FMS e agora são prestados no chamado "Canil Municipal", mas ainda não atendem às exigências legais, pois se limitam ao atendimento de cães (fls.ll07/10109). É o relatório. 3
Decido. Em relação ao "Centro de Controle de Zoonoses", tenho que a inicial deve ser indeferida, pois falta ao referido Centro personalidade jurídica que permita figurar no pólo passivo da ação. Trata-se de órgão vinculado ao Município e esse já figura como réu na ação. Em relação aos demais, tenho que a liminar deve ser deferida, pois, conquanto se reconheça estarem a Prefeitura e a Fundação se esforçando para dar cumprimento às exigências constitucionais e legais sobre o tema (conforme fls.1063 e 1071/1072), certo é que isso não acontecendo a contento. - o relatório elaborado pelo Presidente da Comissão de Defesa dos Direitos dos Animais da OAB reconhece que a Prefeitura e a Fundação têm se esforçado para estruturar melhor o abrigo que cuida dos animais abandonados. Entretanto, o relatório dá conta de que o serviço está restrito "única e tão somente aos cuidados com os animais (somente cães) que já se encontravam no antigo abrigo administrado pelo GADA" (fls.1107), ou seja, outros tipo de animais não estão sendo atendidos, assim como os cães que não estavam no abrigo do GADA quando a Municipalidade, por intermédio da FMS, assumiu o encargo. As testemunhas ouvidas pelo Ministério Público confirmam essas informações trazidas no relatório da OAB (fls.1111 e seguintes). O problema, isto é, a falta de um lugar adequado para atendimento e tratamento de animais abandonados, coloca a saúde pública em risco e representa, por si só, violação ao direito desses animais. Não se exige que o problema seja resolvido num num "passe de mágicas" - como se diz -, porém o Poder Público municipal, enquanto não se estrutura para definitivamente pôr fim ao problema, tem a obrigação de adotar medidas emergenciais que o estanquem, ou seja, que recolha, atenda e trate os animais domésticos ou domesticáveis, em estado de sofrimento ou vítimas de maus tratos, num local adequado e com profissionais capacitados, evitando-se com isso que a saúde pública seja colocada em risco e que o direito desses animais seja desrespeitado. 4
I ~!':} 11 S1'~ Ante o exposto, em relação ao Centro de Controle de Zoonoses, indefiro a petição inicial, julgando extinto o processo sem exame do mérito e, em relação aos demais réus, defiro a liminar, para o fim de ordenar que adotem, em 15 dias e sob pena de multa diária de R$3.000,OO, medidas emergenciais destinadas a recolher, atender e tratar os animais domésticos ou domesticáveis, em estado de sofrimento ou vítimas de maus tratos, num local adequado e com profissionais capacitados. Expeça-se mandado de intimação. Citem-se, por mandado, para resposta em 15 dias. Publique-se. Registre-se. Intimem-se Rio Claro, 4 de feverei Juiz d 5
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO Comarca de Rio Claro, Estado de São Paulo Juízo de Direito da Quarta Vara Cível da Comarca de Rio Claro SP Quarto Ofício Cível AV 5,535 CENTRO Rio Claro/SP CEP: 13500 380 Tel: 19 3524 4722 _-.----:..~. #.' ~l,.lh~~, Processo no0019789-90.2012.8.26.0510 Ordem no2133/2012 Ação: Ação Civil Púb~ica.~ ')'0 i :;; Requerente: MINISTERIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO. i.tf}\., " -' Requerido: MUNICIPIO DE RIO CLARTO, FUNDAÇÃO / SECRETARIA MINICIPAL DE SAÚDE e CENTRO ~ DE CONTROLE DE ZOONOSES.., MANDADO DE CITAÇÃO e INTIMAÇÃO O(A) Doutor(a) CLÁUDIO Luís PAVÃO, Meritíssimo(a) Juiz(a) de Direito da 4 3 Vara Cível da Comarca de Rio Claro, Estado de São Paulo, na forma da Lei, MANDA, a qualquer Oficial de Justiça de sua jurisdição que, em cumprimento ao presente, extraído do processo acima indicado, CITEM-SE FUNDAÇÃO / SECRETARIA...,.-- - MINICIPAL DE SAÚDE, representada pelo Secretário Dr. Marco Aurélio Mestrinel, com endereço na Avenida 2,338 - Centro - CEP: 13500-410, Rio Claro - SP e MUNICIPIO DE RIO CLARO. representado pelo Prefeito Palmínio Altimari Filho, com endereço na Rua 03, no 945, Rio Claro-SP, para os atos da ação proposta conforme petição por cópia em anexo, que fica fazendo parte integrante deste, bem como ainda INTIME-OS de que foi deferida a liminar para o fim de ordenar que adotem, em 15(quinzel dias e sob pena de multa diária de R$ 3.000.00. medidas emergenciais destinadas a recolher. atender e tratar os animais domésticos ou domesticáveis. em estado de sofrimento ou vítimas de maus tratos, num local adequado e com profissionais capacitados. tudo nos termos da decisão de fls. 1183/1187, cuja cópia segue em anexo e fica fazendo parte integrante do presente mandado. Prazo: 15(quinzel dias. ADVERTENCIA: Nos termos do artigo 285 do Código de Processo Civil, não sendo CONTESTADA a ação no prazo de 15(quinze) dias, presumir-se-ão verdadeiros os fatos articulados pelo(s) autor(es), ficando ainda, cientificado(s) de que as audiências desse Juízo realizam-se nesta vara, neste Fórum. Cumpra-se, observadas as formalidades legais. Rio Claro, Estado de São Paulo, aos 07 de fevereiro de 2013. Eu, (Sueli R. Rodrigues), Esc., digitei. Eu, _ (CAROLINA GARCIA MINITTI), Escrivã Diretora Substituta, conferi e assino por determinação judicial. Oficial: Carga: Nos termos do Provo3/2001 da CGJ. fica constando o seguinte: "4. É vedado ao oficial de justiça o recebimento de qualquer numerário diretamente da parte. 4.1. As despesas em caso de transporte e depósito de bens e outras necessárias ao cumprimento de mandados, ressalvadas aquelas relativas à condução, serão adiantadas pela parte mediante depósito do valor indicado pelo oficial de justiça nos autos, em conta corrente à disposição do juízo. 4.2. Vencido o prazo para cumprimento do mandado sem que efetuado o depósito (4.1.). o oficial de justiça o devolverá, certificando a ocorrência. 4.3. Quando o interessado oferecer meios para o cumprimento do mandado (4.1), deverá desde logo especificá-ios, indicando dia, hora e local em que estarão á disposição, não havendo nesta hipótese depósito para tais diligências. 5. A identificação do oficial de justiça, no desempenho de suas funções, será feita mediante apresentação de carteira funcional, obrigatória em todas as diligências.' Texto extraido do CapoVI, das Normas de Serviço da Corregedoria Geral da Justiça. Advertência: Opor se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá-io ou a quem lhe esteja prestando auxilio: Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 2 (dois) anos, Desacatar funcionário público no exercicio da função ou em razão dela: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa. 'Texto extraldo do Código Penal, artigos 329" caput e 331.