TRABALHO ESCRAVO CONTEMPORÂNEO: VALIDADE DO RELATÓRIO DO GRUPO MÓVEL DE FISCALIZAÇÃO COMO PROVA NOS PROCESSOS DE TRABALHO ESCRAVO

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Transcrição:

TRABALHO ESCRAVO CONTEMPORÂNEO: VALIDADE DO RELATÓRIO DO GRUPO MÓVEL DE FISCALIZAÇÃO COMO PROVA NOS PROCESSOS DE TRABALHO ESCRAVO Francisco Henrique Noleto Luz Pequeno¹ Shirley Silveira Andrade² ¹Aluno do Curso de Direito; Campus de Palmas; e-mail: franciscodireitouft@gmail.com PIVIC/UFT ²Orientadora do Curso de Direito; Campus de Palmas; e-mail: direitoshumanospe@yahoo.com.br RESUMO O presente trabalho é fruto de pesquisa bibliográfica e de campo realizada pelo grupo de pesquisa: trabalho escravo contemporâneo. Grupo esse coordenado pela professora da Universidade Federal do Tocantins, Shirley Silveira e composto pelos alunos do curso de direito José Carlos Coelho, Jandecir Rodrigues e Francisco Henrique Noleto. O grupo de pesquisa analisou diversa bibliografia relacionada a trabalho escravo, atuação do Ministério Público Federal, atuação dos movimentos sociais como a Comissão Pastoral da Terra CPT, Comissão de Erradicação do Trabalho Escravo e atuação do relatório do Grupo Móvel de Fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego nos processos de trabalho escravo na Justiça Federal. Nesse trabalho foram estudados os dados oficias e extra-oficias a respeito da incidência de trabalho escravo, tais como o número de trabalhadores submetidos à escravidão desde que o governo começou a responder às denúncias de trabalho escravo no Brasil, em 1995, e analisados com os números colhidos pelo grupo de pesquisa dos processos de trabalho escravo da Justiça Federal do Tocantins. Também foi estudada a influência do relatório do Grupo Móvel nos processos de trabalho escravo, levando em consideração os princípios do Código de Processo Penal do Brasil. PALAVRAS CHAVE: Processo penal; trabalho escravo; grupo móvel de fiscalização. INTRODUÇÃO O trabalho apresentado se realizou através de pesquisa qualitativa e quantitativa de processos de trabalho escravo no Tocantins e dos processos em instancias superiores do STF e STJ, a fim de se estudar jurisprudência sobre o assunto. O trabalho também apresenta estudo aprofundado de direito processual penal a fim de melhor analisar a

eficácia dos relatórios do grupo móvel de fiscalização nos processos de trabalho escravo, bem como a sua influência nas condenações, estudo da elaboração do mesmo relatório e estudo de bibliografia referente ao assunto. Serão apresentados dados estatísticos referentes aos crimes relatados pelo grupo móvel e confrontados com a definição jurisprudencial dos mesmos crimes. Os processos que não resultaram em condenação ou que foram aplicadas sanções incompatíveis com a realidade do trabalho escravo serão confrontados com a jurisprudência dos Tribunais Superiores. Por último, nos casos de condenação, houve análise do relatório do Grupo Móvel a fim de estabelecer uma relação entre a qualidade de elaboração dos relatórios e as condenações, a fim de comprovar, ou não, a influência e eficácia do relatório do grupo móvel nos processos. O presente trabalho analisa a participação do relatório do grupo móvel de fiscalização do Ministério do Trabalho como prova no processo penal de trabalho escravo. Tal análise fundamenta-se no fato do relatório do grupo móvel ser uma das principais causas do processo ser levado adiante, sendo sua participação importante no pedido de acusação do Ministério Público. Ao todo foram analisados 70 processos. Foi analisado o resultado de cada processo e foram criados dados estatísticos a respeito do fim que levou cada processo. MATERIAL E MÉTODOS A Comissão Pastoral da Terra (CPT) e o Ministério do Trabalho e Emprego MTE são as instituições que mais reúnem dados precisos sobre as ocorrências de trabalho escravo no Brasil. A Comissão Pastoral da Terra (CPT) possui dados desde a década de 1980 a respeito da incidência de trabalho escravo no território nacional e foram denúncias dessa própria entidade que pressionaram o governo brasileiro a reconhecer a existência de trabalho escravo no país e tomar providências para reprimilo. Foram analisados dados da CPT e os dados oficiais do Ministério Do Trabalho, dados esses que passaram a ser divulgados a partir de 1995 com o início das ações mais efetivas do Estado contra o trabalho escravo. Nos casos de condenação houve análise do relatório do Grupo Móvel a fim de estabelecer uma relação entre a qualidade de elaboração dos relatórios e as condenações a fim de comprovar ou não sua influência e

eficácia nos processos ou a alegação de ilegalidade das provas provenientes do mesmo. Nesse quesito foi realizada entrevista com o Procurador da República, Dr. Victor, que também é membro da COETRAE do Tocantins, e nesse relato o Procurador afirma que o relatório do Grupo Móvel é, em grande maioria dos casos, o elemento preponderante para o início da ação penal. Por último foi realizado intenso estudo do Código de Processo Penal Brasileiro a fim de se analisar a influencia do Relatório do Grupo Móvel de Fiscalização nos processos de trabalho escravo, estudo esse que foi realizado através de vídeo aulas cedido pela Justiça Federal e de livros de direito sobre processo penal. Os processos colhidos na Justiça Federal foram analisados quanto ao número de arquivamentos, absolvições e etc. dos 70 processos analisados 51% foram arquivados, sendo que em apenas 14% deles havia presença do relatório do Grupo Móvel de fiscalização, o que significa que o relatório é peça chave nos processos de trabalho escravo, pois apenas 14% dos processos que não contavam com o relatório do grupo móvel foram adiante. Outra forma de se analisar a influência do relatório do grupo móvel de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego é a evolução no crescimento de ações penais de forma proporcional à maior atuação do grupo móvel de fiscalização do Ministério do Trabalho no combate ao trabalho escravo desde o começo de sua atuação até o ano de 2012. RESULTADO E DISCUSSÃO Não há dúvidas, diante dos dados oficiais do governo quanto dos dados extraoficiais da CPT de que o trabalho escravo ainda existe no Brasil. Essa prática eliminada do direito brasileiro em 1888 ainda continuou a existir durante todos esses anos, sendo que somente em 1995 o governo brasileiro assumiu a existência desse crime e tomou providências de forma a combatê-lo. Mas mesmo com essas medidas do governo a subjugação da dignidade da pessoa humana ainda persiste. Sendo crime a prática de trabalho escravo, uma das principais provas e meio pelo qual o Ministério Público Federal pode embasar seu pedido de denúncia é o relatório do grupo móvel de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego. O Grupo Móvel age a partir de denúncias ou de logística elaborada pelo próprio Ministério do Trabalho atuando nas

regiões em que há mais incidência de trabalho escravo, como o sul do Estado do Pará, norte do Tocantins, entre outras áreas. As provas provenientes do relatório do grupo móvel são, em maioria dos processos, o maior indício de materialidade capaz de responsabilizar criminalmente os autores dos crimes, entretanto o relatório, por não respeitar o princípio do contraditório exigido em lei, não é o suficiente pra sustentar a condenação. Nos processos de trabalho escravo a produção de provas não é tão fácil. Por motivos já mencionados neste trabalho as vítimas de trabalho forçado e as possíveis testemunhas que possam esclarecer como cada caso ocorre são em geral trabalhadores rurais pobres que mudam constantemente de localidade a fim de melhores condições de emprego e sobrevivência. Isso significa que encontrar testemunhas depois da longa demora do andamento de um processo se torna cada vez mais difícil, todavia o processo penal brasileiro exige que se chegue o mais próximo possível da verdade, isso significa que para haver condenação as provas devem ser as mais conclusivas possíveis e é nesse momento que entra o relatório do Grupo Móvel de Fiscalização. Os elementos colhidos durante a inspeção do Grupo Móvel pelos auditores são, em maioria dos casos, o maior embasamento que o Procurador Federal irá utilizar para pedir a denúncia ao juiz, como atesta Dr. Victor, em entrevista ao grupo de pesquisa: trabalho escravo contemporâneo liderado pela Professora Shirley Silveira da UFT. Os dados e a entrevista atestam a importância do relatório do grupo móvel de fiscalização do Ministério do trabalho como peça chave nos processos de trabalho escravo. LITERATURA CITADA ALBUQUERQUE, Vera Lúcia. Trabalho escravo no Brasil em retrospectiva: uma referência para estudos e pesquisas. ARAS, Vladimir. Princípios do processo penal. Brasil, Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania. BRETON, Binka Le. Vidas roubadas: a escravidão moderna na Amazônia Brasileira. São Paulo: Edições Loyola, 2002. Tradução de Maysa Monte Assis.

Comissão Pastoral da Terra. Síntese jan-set de 2011. Disponível em <http://www.cptnacional.org.br/index.php?option=com_jdownloads&itemid=23&view =finis h&cid=236&catid=41> Acesso em 25 de julho de 2012 às 19h45min. CINTRA, Antonio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria Geral do Processo. 25ªed. São Paulo, Malheiros, 2009. FIGUEIRA, Ricardo Rezende. PISANDO FORA DA PRÓPRIA SOMBA A escravidão por dívida no Brasil contemporâneo. 1ªed. Rio de Janeiro, Civilização Brasiliense, 2004. PLASSAT, Xavier. Abolida da escravidão?: IN: Trabalho escravo contemporâneo no Brasil: contribuições críticas para sua análise e denúncia. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2008. P. 73-96. SAKAMOTO, Leonardo. Trabalho Escravo no Brasil do Século XXI. 1ªed. Distrito Federal, OIT, 2006. SANTINI, Daniel. Acadêmicos defendem PEC 438 e manutenção do artigo 149. Especial PEC 438 PEC do Trabalho Escravo. Maio, 2012. Disponível em http://www.trabalhoescravo.org.br/noticia/60 Acesso em 26 de Julho de 2012 ás 22h45min. UBIRATTAN, Cazeta. O trabalho escravo ainda resiste. IN: As possibilidades jurídicas de combate à escravidão contemporânea. Brasília: Organização internacional do trabalho, 2007. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente á Deus, por ter me dado tudo o que tenho, à minha família pelo apoio e pelo apoio, aos colegas do grupo de pesquisa: José Carlos Junior, Jandecir Rodrigues e à professora Shirley Andrade pelo conhecimento, apoio e paciência demonstrada durante a produção desse trabalho.