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II - AÇÃO RESCISÓRIA

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Transcrição:

TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO TOCANTINS 29ª ZONA ELEITORAL DE PALMAS PUBLICAÇÃO EM MURAL ELETRÔNICO Nº 6992/2016 CONTEÚDO DA DECISÃO RP Nº 587-17.2016.6.27.0029 - Classe REPRESENTAÇÃO REPRESENTANTE: CLÁUDIA TELLES DE MENEZES PIRES MARTINS LELIS REPRESENTANTE: COLIGAÇÃO "FRENTE POR PALMAS" REPRESENTADA: COLIGAÇÃO "CORAGEM PARA FAZER DIFERENTE" REPRESENTADO: RAUL DE JESUS LUSTOSA FILHO JUIZ: LUIZ ASTOLFO DE DEUS AMORIM SENTENÇA REPRESENTAÇÃO N.º587-17.2016.6.27.0029 PROTOCOLO N.º 39.644/2016 REPRESENTANTES: COLIGAÇÃO FRENTE POR PALMAS e CLÁUDIA TELLES DE MENEZES PIRES MARTINS LELIS ADVOGADOS: ALINE RANIELLE OLIVEIRA DE SOUSA (OAB/TO N.º 4458) e outros REPRESENTADOS: COLIGAÇÃO CORAGEM PRA FAZER DIFERENTE e RAUL DE JESUS LUSTOSA FILHO ADVOGADOS: JANDER ARAÚJO RODRIGUES (OAB/TO N.º 5574) e outros SENTENÇA A COLIGAÇÃO FRENTE POR PALMAS e a candidata a Prefeita CLÁUDIA TELLES DE MENEZES PIRES MARTINS LELIS, representados por advogados constituídos, ajuizaram a presente REPRESENTAÇÃO ELEITORAL COM PEDIDO DE DIREITO DE RESPOSTA em face da COLIGAÇÃO CORAGEM PRA FAZER DIFERENTE (PR, PSC, PPL, PTN, PT do B, PSD, DEM e PDT) e do CANDIDATO A PREFEITO RAUL DE JESUS LUSTOSA FILHO (fls. 02/18). Alegaram que o candidato a Prefeito representado teria veiculado no dia 15/09/2016, via rádio, mediante inserções, propaganda eleitoral com infringência ao artigo 58 da Lei n.º 9.504/97. Asseveraram que a propaganda em tela foi veiculada 13 (treze) vezes na RADIO JOVEM FM, 11 (onze) vezes na RADIO PALMAS FM, 14 (quatorze) vezes na RADIO UFT FM e 07 (sete) vezes na RADIO CAPITAL FM. Eis o conteúdo da propaganda atacada: LOCUTOR: O JUIZ DA VIGÉSIMA NOVA ZONA ELEITORAL DE PALMAS

DETERMINOU A SUSPENSÃO DA VEICULAÇÃO DE PESQUISA QUE VEM SIDO DIVULGADA PELA CANDIDATA CLAUDIA LELIS, O JUIZ APONTOU PRESENÇA ERRO E DEFEITO NA ELABORAÇÃO NO QUESTIONÁRIO DA PESQUISA POR ISSO ATENÇÃO ELEITOR QUEM USA PESQUISA DISTORCIDA SÓ PRETENDE ENGANAR VOCÊ E ESCONDER A VERDADE DAS RUAS. PREFEITO RAUL VINTE E DOIS GENTE COMO A GENTE. (grifos efetuados pelos representantes) Argumentaram que os representados buscaram degradar e ridicularizar a imagem da candidata Cláudia Lelis, especialmente quando afirmam que a representante busca enganar o eleitor com divulgação de pesquisa que foi proibida, em caráter liminar, por eventual irregularidade. Aduziram que a Representante não tem nada com a irregularidade da pesquisa, e não busca enganar o eleitor. Apenas veiculou pesquisa registrada, veiculada em meio de comunicação, mas que, dias após sua divulgação, observaram irregularidade na mesma. Mas, digase, sem qualquer vinculação com a Representante. Requereram a concessão de direito de resposta de um minuto por cada inserção veiculada. Juntaram: a)planilha contendo a data, o horário e a rádio onde as inserções contendo a propaganda foram veiculadas (fls. 06/09); b)degravação de fls. 05; c)cd contendo a propaganda (fls. 18); d)documentos referentes à pesquisa realizada pelo Grupo Coronato Consultoria e Pesquisa (fls. 10/17). Foi efetuada a juntada das procurações arquivadas pelas partes no Cartório Eleitoral (fls. 20/22). Notificados os REPRESENTADOS (fls. 24), estes apresentaram defesa às fls. 26/45. Argumentaram que a candidata Cláudia Lélis teve todas as oportunidades para adentrar o sítio eletrônico do TSE e realizar a mesma constatação feita pelos ora representados, percebendo de plano a inconsistência da pesquisa feita, já que o erro no questionário é claramente perceptível por pessoa habituada ao mundo político. Afirmaram que, abrem-se aspas: não se pode aceitar o argumento de mera reprodução de pesquisa divulgada em mídia por terceiros, eximindo a candidata de qualquer responsabilidade pela disseminação do estudo quando os dados referentes a pesquisa divulgada são acessíveis a qualquer um, podendo a representante ter verificado a qualquer tempo os erros grosseiros contidos na pesquisa. O ordenamento jurídico não admite que os indivíduos possam se beneficiar da própria torpeza, aproveitando-se de situação a que tenham dado ensejo, ainda que indiretamente, divulgando pesquisas com inconsistências e erros grosseiros quando poderiam facilmente tê-los percebido. Aduziram que a candidata realmente divulgou a pesquisa eleitoral que foi suspensa pela justiça eleitoral, portanto, não há qualquer inverdade nessa afirmação contida no vídeo transmitido pelas emissoras de TV mencionada na inicial. Concluíram que (...) o candidato Raul Filho manifesta-se de forma genérica ao afirmar: Por isso, atenção eleitor quem usa pesquisa distorcida só pretende enganar você e esconder a verdade das ruas, referindo-se assim a qualquer pessoa que use pesquisas distorcidas, contendo irregularidades. Por conseguinte, não há qualquer cunho difamatório na afirmação, mas mera exposição de opinião pessoal do Representado sobre aqueles que se utilizam de pesquisas

feitas de forma equivocada, pois tal ardil confunde a cabeça do eleitor e desequilibra o pleito eleitoral. Levando em consideração tais argumentos, o candidato representado não pode ser prejudicado se a candidata representante se sentiu inclusa nas pessoas que se utilizam de pesquisa distorcida, assumindo inclusive a responsabilidade de tê-lo feito. (grifei) Finalmente, afirmam não ser verdadeiro que os vídeos teriam sido veiculados antes da concessão da liminar que suspendeu a divulgação da pesquisa. Juntaram: a)anexo 1 espelho do registro da Pesquisa Eleitoral TO 09792/2016 (fls. 36/39); b)anexo 2 espelho contendo a relação dos candidatos com registro de candidatura ao cargo de Prefeito de Palmas/TO e decisão interlocutória proferida na RP n.º 550-87.2016.6.27.0029. Com vistas dos autos, o ilustre representante do MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL com atribuições perante esta 29ª Zona Eleitoral do Tocantins manifestou-se pela procedência da representação (fls. 49/51). É o relatório. DECIDO. Da análise do contido nos autos, tenho que os elementos fáticos indicados, associados à prova produzida (CD com as aludidas propagandas eleitorais) e degravação se afiguram suficientes para permitir a identificação da insurgência, tanto que se operou validamente o contraditório, razão pela qual passo à análise do mérito da demanda. Restou incontroverso, igualmente, que a propaganda foi veiculada nos seguintes blocos de audiência: a)radio CAPITAL FM: 02 (duas) inserções no bloco das 05 h às 11 h e 05 (cinco) inserções no bloco das 11 h às 18 h; b)radio JOVEM FM: 07 (sete) inserções no bloco das 05 h às 11 h e 06 (seis) inserções no bloco das 11 h às 18 h; c)radio PALMAS FM: 06 (seis) inserções no bloco das 05 h às 11 h e 05 (cinco) inserções no bloco das 11 h às 18 h; d)radio UFT FM: 05 (cinco) inserções no bloco das 05 h às 11 h; 06 (seis) inserções no bloco das 11 h às 18 h e 03 (três) inserções no bloco das 18 h às 24 h. Posto isso, calha trazer a lume os contornos que a legislação, doutrina e a jurisprudência têm dado ao tema concernente ao direito de resposta na propaganda eleitoral. Preceitua o caput do artigo 58 da Lei n.º 9.504/97 que: A partir da escolha de candidatos em convenção, é assegurado o direito de resposta a candidato, partido ou coligação atingidos, ainda que de forma indireta, por conceito, imagem ou afirmação caluniosa, difamatória, injuriosa ou sabidamente inverídica, difundidos por qualquer veículo de comunicação social. (grifei) É entendimento pacífico nos Tribunais que a propaganda eleitoral é regida pelo princípio constitucional da liberdade, de modo que, observando-se os limites estabelecidos pela legislação, é permitido aos personagens do cenário eleitoral exercê-la sem que possam sofrer limitações pela Justiça Eleitoral. Na lição de Marcelo Abelha Rodrigues (Curso de Direito Eleitoral, Salvador: Ed. Juspodivm, 2016. p.290), tais regramentos têm por finalidade manter o processo eleitoral incólume e totalmente livre do abuso do poder (econômico, político ou de autoridade), bem como proteger a isonomia dos candidatos (...). Logo em seguida, o aplaudido professor assevera que ainda que não esteja

expressamente vedada por lei, é ilegal a propaganda político-eleitoral que infrinja os seus princípios norteadores (...) (obra citada, p. 291), tendo mais à frente esclarecido que: A liberdade de expressão e o dever de transparência são peças fundamentais do processo eleitoral. Contudo, da mesma forma e com igual importância está o dever de veracidade das informações e preservação da igualdade dos candidatos no processo eleitoral. É justamente do equilíbrio desses fundamentos do processo eleitoral que exsurge a regra prevista pelo legislador, que impõe restrições ao conteúdo da informação veiculada na propaganda eleitoral (obra citada, p. 311). No mesmo sentido a doutrina de Walber de Moura Agra (Manual Prático de Direito Eleitoral. Belo Horizonte: Editora Fórum, 2016. p. 159/160): O art. 44, caput, da Lei n.º 9.504/1997, estabelece que a propaganda eleitoral no rádio e na televisão restringe-se ao horário gratuito, sendo vedada a veiculação de propaganda paga. A propaganda eleitoral gratuita, no rádio e na TV, tem a finalidade de que não haja uma disparidade de armas no que concerne à veiculação da publicidade eleitoral nesses meios de comunicação. Um dos estandartes do Direito Eleitoral é normatizar o exercício do sufrágio, objetivando concretizar a primazia da soberania popular. Tal função é imperiosa ao Estado Democrático de Direito, mormente garantir que todos os cidadãos possam ter condições isonômicas, isto é, paridade de armas na disputa de um determinado cargo eletivo. Tal juízo decorre da análise do decido no julgamento da Representação n.º 1658-65, Relator Ministro Admar Gonzaga, de 16/10/2014, em que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mudou o entendimento até então consolidado e passou a considerar que nos programas eleitorais gratuitos as campanhas devem ser programáticas e propositivas. Eis a ementa do referido julgado: ELEIÇÕES 2014. REPRESENTAÇÃO. DIREITO DE RESPOSTA. OFENSA À HONRA. HORÁRIO ELEITORAL GRATUITO. BLOCO TELEVISIVO. MEDIDA LIMINAR. DEFERIMENTO. 1. Nos programas eleitorais gratuitos, as campanhas devem ser programáticas e propositivas, visando ao esclarecimento do eleitor quanto a temas de interesse público. 2. Não é permitido o uso do horário eleitoral gratuito para a veiculação de ofensas ou acusações a adversários, decorrentes de manifestações de terceiros ou de matérias divulgadas pela imprensa. 3. Eventuais críticas e debates, ainda que duros e contundentes, devem estar relacionados com as propostas, os programas de governo e as questões de políticas públicas. 4. Liminar deferida, por maioria, para determinar a suspensão da veiculação do trecho impugnado. Especificamente com relação aos contornos que devem ser dados para se fixar o conceito de informações difamatórias, colho do voto proferida pela eminente Desembargadora Jacqueline Adorno no Recurso Eleitoral n.º 501-46.2016.6.27.0029, no qual foi tecido o seguinte entendimento pelo Tribunal Regional Eleitoral do Tocantins em decisão que concedeu, à unanimidade, direito de resposta: (...) Assim como a vida e a liberdade, a honra é um valor fundamental que compõe a individualidade, e como tal vem sendo defendida em todas as legislações do mundo. Nas palavras do Professor CONCEPCIÓN RODRIGUES: "a honra é a alma da sociedade, cujo corpo invisível é composto por todos os indivíduos que nele estiverem inseridos". E para o Professor ANTONIO JEOV Á DOS SANTOS, o li amparo jurídico à

proteção da honra deve possuir amplo espectro, já que o homem é merecedor de tutela ante às atividades invasivas da honra. A presunção integral é plena e asseguradora porque a sociedade precisa aquilatar e avaliar os méritos de seus membros". Na nossa nobre função de julgar, não nos é permitido tergiversar com o sagrado direito de informações verídicas. A informação é falsa quando ela é enganosa, simulada, para dar ao fato uma aparência diferente do que acontece no mundo real. Nesses casos, o Poder Judiciário pode ser acionado para extirpar tais informações do jogo político, concedendo direito de resposta e reestabelecendo o equilibro na disputa política. Quando apresento tais premissas, não tenho a ingenuidade de exigir que todos os fatos narrados ou expressões utilizadas pelos candidatos nas campanhas eleitorais sejam rigorosamente verdadeiros, ou ainda que sua propaganda seja totalmente prepositiva. A jurisprudência do TSE já assentou que "As críticas - mesmo que veementes - Jazem parte do jogo eleitoral, não ensejando, por si só, o direito de resposta, desde que não ultrapassem os limites do questionamento político e não descambem nem para o insulto pessoal nem para a increpação de conduta penalmente coibida. Além, claro, da proibição de se veicular fatos sabidamente inverídicos." (RESPE nº 26777. Salvador/BA. Acórdão de 02/10/2006. Rei. Min. CARLOS AUGUSTO AYRES DE FREITAS BRITTO. Publicação: PSESS - Publicado em Sessão, Data 02/10/2006). Aliás, a propaganda eleitoral nada tem de gratuita, pois se os partidos não pagam diretamente pelo espaço, as empresas de comunicação podem deduzir parte dos valores de seu Imposto de Renda, ficando como se vendidos fossem. Além disso, os partidos recebem milhões de reais do Fundo Partidário. Assim, penso que não podemos permitir que se gaste dinheiro público para propaganda eleitoral que se resuma a ataques de baixo nível. Entendo que a Justiça Eleitoral deve bem fixar as balizas dos limites da propaganda, e estabelecer que as campanhas têm de ser programáticas, propositivas e que o debate pode ser ácido ou duro, mas no que diz respeito a questões programáticas e questões de políticas públicas. (...) Dispõe o art. 58. da Lei das Eleições que a concessão do direito de resposta é assegurado quando o candidato for atingido por manifestação caluniosa, difamatória, injuriosa ou sabidamente inverídica. Corno visto, a concessão de direito de resposta é situação excepcional, que deve ser concedido apenas quando for possível extrair da afirmação apontada corno sabidamente inverídica, ofensa de caráter pessoal a candidato, partido ou coligação. Analisando o caso concreto, entendo que os recorridos não se limitaram a tecer críticas naturais do jogo democrático, ainda que de forma dura e ácida. Passaram além desses limites. (...) Quanto à propaganda em análise, é de se reconhecer o caráter difamatório das expressões utilizadas, quais sejam: POR ISSO ATENÇÃO ELEITOR QUEM USA PESQUISA DISTORCIDA SÓ PRETENDE ENGANAR VOCÊ E ESCONDER A VERDADE DAS RUAS. De fato, o texto acima transcrito possui a finalidade de vincular a imagem da candidata a Prefeita Cláudia Lelis com pesquisa fraudulenta; acusação essa grave e desprovida de elementos comprobatórios. A gravidade de tais acusações é extraída do disposto no artigo 18 da Resolução n.º 23.453/2015, o qual estabelece ser crime a divulgação de pesquisa fraudulenta:

A divulgação de pesquisa fraudulenta constitui crime, punível com detenção de seis meses a um ano e multa no valor de R$ 53.205,00 (cinquenta e três mil, duzentos e cinco reais) a R$ 106.410,00 (cento e seis mil, quatrocentos e dez reais) (Lei nº 9.504/1997, arts. 33, 4º, e 105, 2º). Ao fazerem a ligação entre uma pesquisa eventualmente realizada em desacordo com a legislação com a candidata Cláudia Lelis, que teria se beneficiado de sua divulgação, foi criado pelos representados um paralelismo de ideias na publicidade objurgada que visou denegrir a imagem da candidata representante, atingindo-lhe a honra e a reputação, e por isso mesmo tal conduta subsumiu-se ao artigo 58, caput, da Lei n.º 9.504/97. A propósito do tema, convêm citar os seguintes precedentes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE/MG): Representação. Pedido. Direito de resposta. Afirmação. Caráter ofensivo. A afirmação de que homem público acoberta escândalo constitui, em tese, ofensa apta a ensejar a concessão de direito de resposta, dado o caráter difamatório da assertiva. Representação julgada parcialmente procedente. (RP n 1265, TSE, Rel. Min. Marcelo Henriques Ribeiro de Oliveira, publicado na sessão de 17.10.2006) Recurso Eleitoral. Representação. Direito de resposta. Veiculação de matéria em programação normal de televisão. Eleições 2008. Afirmação caluniosa ligada indiretamente ao recorrido. Significados e conceitos que a mensagem expõe também precisam ser analisados. Paralelismo de ideias. Reconhecimento do direito de resposta. Recurso a que se nega provimento. (Ac. n 3967, THE/MG, Rel. Juiz Silvio de Andrade Abreu Junior, publicado na sessão de 25.9.2008) Face ao exposto, julgo PROCEDENTE a representação e tendo em vista que o tempo para a resposta será igual ao da ofensa, porém nunca inferior a um minuto, e que cada inserção veiculada correspondeu a uma ofensa, concedo à ofendida o equivalente à seguinte quantidade de inserções, nas emissoras a seguir listadas: a) 26 inserções de 30 segundos a serem veiculadas na RÁDIO JOVEM FM; b) 22 inserções de 30 segundos a serem veiculadas na RADIO PALMAS FM; c) 28 inserções de 30 segundos a serem veiculadas na RADIO UFT FM; d) 14 inserções de 30 segundos a serem veiculadas na RADIO CAPITAL FM. As inserções contendo a resposta deverão ser veiculadas no tempo reservado à propaganda eleitoral gratuita destinada às inserções dos candidatos a Prefeito e Vice-Prefeito da COLIGAÇÃO CORAGEM PRA FAZER DIFERENTE, nos blocos de audiência das 05 h às 11 h, das 11 h às 18 h e das 18 h às 24 h, anotando-se que caso a coligação ofensora não tenha tempo de inserções suficientes no bloco de audiência onde ocorreu a ofensa, as inserções remanescentes contendo a resposta deverão ser veiculadas nos blocos subsequentes. Notifiquem-se, de imediato, as emissoras referidas e a emissora cabeça de rede, bem como as partes, para o seu fiel cumprimento, advertindo-se aos representantes que a resposta deverá limitar-se a responder às seguinte falas (art. 58, III, b e f, da Lei n.º 9.504/97): POR ISSO ATENÇÃO ELEITOR QUEM USA PESQUISA DISTORCIDA SÓ PRETENDE ENGANAR VOCÊ E ESCONDER A VERDADE DAS RUAS. Na eventualidade de não ser interposto recurso voluntário no prazo regulamentar,

providenciem-se as baixas devidas e arquivem-se os presentes autos. Publique-se no Mural Eletrônico da Justiça Eleitoral, nos termos do art. 1º da Portaria Presidência TRE/TO n.º 338/2016. Encaminhe-se cópia da decisão ao Ministério Público Eleitoral. Palmas, 20 de setembro de 2016 Luiz Astolfo de Deus Amorim Juiz Eleitoral PALMAS - TO, 20 de Setembro de 2016 (original assinado) Juiz Eleitoral LUIZ ASTOLFO DE DEUS AMORIM JUIZ DE ZONA ELEITORAL Certifico que a(o) presente SENTENÇA, proferido(a) em 20 de Setembro de 2016, foi publicado(a) em Mural Eletrônico, sob nº 6992/2016, com fundamento no(a) Portaria TRE-TO n⺠338/2016. Do que eu, ALEXANDRE BATISTA FONSECA, lavrei em 20 de Setembro de 2016 às 13:08 horas.