Radiação electromagnética

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Transcrição:

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Radiação electromagnética A radiação eletromagnética são ondas que se auto-propagam pelo espaço, algumas das quais são percebidas pelo olho humano como luz. A radiação eletromagnética compõe-se de um campo eléctrico e um magnético, que oscilam perpendicularmente um ao outro e à direcção da propagação de energia. A radiação eletromagnética é classificada de acordo com a frequência da onda, que em ordem crescente da duração da onda são: ondas de rádios, microondas, radiação terahertz (Raios T), radiação infravermelha, luz visível, radiação ultravioleta, raio-x e Radiação Gama. 2

Ondas electromagnéticas As ondas electromagnéticas são uma combinação de um campo eléctrico e de um campo magnético que se propagam simultaneamente através do espaço transportando energia. A luz visível cobre apenas uma pequena parte do espectro de radiação eletromagnética possível. O conceito de ondas electromagnéticas foi postulado por James ClMaxwell e confirmado experimentalmente por Heinrich Hertz. Umas de suas Principais aplicações são a radiotransmissão. Efeitos da Radiação em Seres Vivos As células quando expostas à radiação sofrem acção de fenómenos físicos, químicos e biológicos. A radiação causa ionização dos átomos, que afecta moléculas, que poderão afectar células, que podem afectar tecidos, que poderão afectar órgãos, que podem afectar a todo o corpo. No entanto, tende-se a avaliar os efeitos da radiação em termos de efeitos sobre células, quando na verdade, a radiação interage somente com os átomos presente nas células e a isto se denomina ionização. Assim, os danos biológicos começam em consequência das interacções ionizantes com os átomos formadores das células. 3

O corpo humano é constituído por cerca de 5 x 10 12 células, muitas das quais altamente especializadas para o desempenho de determinadas funções. Quanto maior o grau de especialização, isto é, quanto mais diferenciada for a célula, mais lentamente ela se dividirá. Uma excepção significativa a essa lei geral é dada pelos linfócitos, que, embora só se dividam em condições excepcionais, são extremamente rádio sensível. Um organismo complexo exposto às radiações sofre determinados efeitos somáticos, que lhe são restritos e outros, genéticos, transmissíveis às gerações posteriores. Os fenómenos físicos que intervêm são ionização e excitação dos átomos. Os fenómenos químicos sucedem aos físicos e provocam rupturas de ligações entre os átomos formando radicais livres num intervalo de tempo pequeno. Os fenómenos biológicos da radiação são uma consequência dos fenómenos físicos e químicos. Alteram as funções específicas das células e são responsáveis pela diminuição da actividade da substância viva, por exemplo: perda das propriedades características dos músculos. Estas constituem as primeiras reacções do organismo à acção das radiações e surgem geralmente para doses relativamente baixas. Além destas alterações funcionais os efeitos biológicos caracterizam-se também pelas variações morfológicas. 4

Entende-se como variações morfológicas as alterações em certas funções essenciais ou a morte imediata da célula, isto é, dano na estrutura celular. É assim que as funções metabólicas podem ser modificadas ao ponto da célula perder sua capacidade de efectuar as sínteses necessárias à sua sobrevivência. Efeitos Biológicos A radiação nuclear não é algo que passou a existir nos últimos 150 anos. Ela faz parte de nossa vida. A luz solar é uma fonte natural radioactiva. Está na areia da praia, na louça doméstica, nos alimentos, na televisão quando está ligada. Por ano, um ser humano absorve entre 110 mil irem a 150 mil irem de radiação de fontes diversas. Qualquer ser humano submetido a um exame de concentração de possíveis elementos radioactivos em seu corpo obterá um resultado de concentração de potássio radioactivo, que foi acumulado pelo consumo de batata. (O cigarro apresenta chumbo e polónio radioactivos.) Numa explosão nuclear ou em certos acidentes com fontes radioactivas, as pessoas expostas recebem radiações em todo o corpo, mas, as doses absorvidas podem ser diferentes em cada tecido. Cada órgão reage de uma certa forma, apresentando tolerâncias distintas em termos de exposição à radiação. 5

Efeitos somáticos Os efeitos somáticos classificam-se em imediatos e retardados com base num limite, adoptado por convenção, de 60 dias. O mais importante dos efeitos imediatos das radiações após exposição do corpo inteiro a doses relativamente elevadas é a Síndrome Aguda de Radiação (SAR). O efeito retardado de maior relevância é a cancerização rádio induzida, que só aparece vários anos após a irradiação. O quadro clínico apresentado por um irradiado em todo o corpo depende da dose de radiação absorvida. A unidade para expressar a dose da radiação absorvida pela matéria é o Gray (Gy), definido como a quantidade de radiação absorvida. Doses muito elevadas, provocam a morte em poucos minutos, possivelmente em decorrência da destruição de macro moléculas e de estruturas celulares indispensáveis à manutenção de processos vitais. Doses da ordem de 100 Gy produzem falência do sistema nervoso central, de que resultam: desorientação espácio-temporal, perda de coordenação motora, distúrbios respiratórios, convulsões, estado de coma e, finalmente, morte, que ocorre algumas horas após a exposição ou, no máximo, um ou dois dias mais tarde. Quando a dose absorvida numa exposição de corpo inteiro é de dezenas de grays, observa-se síndrome gastrointestinal, caracterizada por náuseas, vómito, perda 6

de apetite, diarreia intensa e apatia. Em seguida surgem desidratação, perda de peso e infecções graves. A morte ocorre poucos dias mais tarde. Doses da ordem de alguns grays acarretam a síndrome hematopoiética, decorrente da inactivação das células sanguíneas (hemácias, leucócitos e plaquetas) e, principalmente, dos tecidos responsáveis pela produção dessas células (medula). Efeitos de Altas Doses Às vezes é difícil entender por que algumas pessoas morrem, enquanto outras sobrevivem depois de serem expostas a mesma dose de radiação. A principal razão para isto é a saúde dos indivíduos quando expostos e quais são suas capacidade individuais em combater os efeitos incidentais da exposição à radiação, bem como suas sensibilidades às infecções. Além da morte, há outros efeitos da dose alta de radiação: Perda de Cabelo (depilação) é similar aos efeitos na pele e ocorre depois de doses agudas de cerca de 500 Rad. Esterilidade pode ser temporária ou permanente em homens, dependendo da dose. 7

Em mulheres, é geralmente permanente, mas para isto requer-se doses altíssimas, da ordem de 400 Rad nas células reprodutivas. Cataratas (turvamento da lente do olho) surgem para um limiar de dose de 200 Rad. Os neutrões são especialmente relacionados com as cataratas, devido ao facto do olho conter água e esta absorver neutrões. Síndrome Aguda de Radiação Se vários tecidos importantes e órgãos são danificados, pode-se produzir uma reacção aguda. Os sinais iniciais e sintomas de SAR são náusea, vómito, fadiga e perda de apetite. Abaixo de 150 Rad, estes sintomas que são diferentes daqueles produzidos por uma infecção vital podem ser a única indicação externa de exposição à radiação. Acima de 150 Rad, uma das três síndromes de radiação se manifestam dependendo do nível da dose. Nada pode ser feito se a dose for muito alta e destruir o sistema gastrointestinal e o sistema nervoso central. Por isto, nem sempre um transplante de medula é bem sucedido. 8

Efeitos da Exposição à Baixas Doses de Radiação Há três categorias gerais para os efeitos resultantes à exposição a baixas doses de radiação: Efeitos Genéticos: sofrido pelos descendentes da pessoa exposta. Os efeitos genéticos atingem especificamente as células sexuais masculinas e femininas, espermatozóides e óvulos. As mutações são transmitidas aos descendentes dos indivíduos expostos. Há também agentes químicos, bem como agentes biológicos (vírus) que causam mutações. Entretanto, uma possível razão para que os efeitos genéticos resultantes de exposição a baixas taxas de dose não tenham sido observados é que as células reprodutivas podem espontâneamente absorver ou eliminar estas mutações nas primeiras etapas da fertilização. Efeitos Somáticos: primariamente sofrido pelo indivíduo exposto. Sendo o cancro o resultado primário, Cancro do pulmão: trabalhadores de minas de urânio Cancro dos ossos: pintores de indicador de relógio à base de rádio 9

Cancro da tiróide: pacientes em terapia Cancro do seio: pacientes em terapia Cancro da pele: radiologistas Leucemia: sobreviventes de explosões de bombas, exposição intra-uterina, radiologistas, pacientes em terapia Efeitos In-Utero: Alguns erradamente consideram estes como uma consequência genética da exposição à radiação, porque o efeito é observado após o nascimento, embora tenha ocorrido na fase embrionária/fetal. No entanto, trata-se de um caso especial de efeito somático, porque o feto é exposto à radiação. Efeitos In-Utero em Embriões/Fetos Os efeitos podem ser: Morte intra-uterina Retardamento no crescimento Desenvolvimento de anormalidades Cancros na infância 10