8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 286

Documentos relacionados
8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 191

Boletim de Pesquisa. e Desenvolvimento 98

ALGODÃO BOLLGARD (MON 531) NO CONTROLE DOS LEPIDÓPTEROS PRAGA NAS PRINCIPAIS REGIÕES PRODUTORAS DO BRASIL. Fabiano Ferreira

ALGODÃO BOLLGARD (MON 531) NO CONTROLE DOS LEPIDÓPTEROS PRAGA NAS PRINCIPAIS REGIÕES PRODUTORAS DO BRASIL.

Documentos ISSN Agosto, Guia de Identificação de Pragas do Algodoeiro

FLUTUAÇÃO POPULACIONAL E NECESSIDADE DE CONTROLE QUÍMICO DE PRAGAS EM ALGODOEIRO TRANSGÊNICO BT1 1

ESTUDO DE DIVERSIDADE E VARIAÇÃO SAZONAL DE ARTRÓPODES EM PLANTAS DANINHAS E SOQUEIRA DE ALGODOEIRO NA ENTRESSAFRA

A Cultura do Algodoeiro

LEVANTAMENTO POPULACIONAL E ESTUDO DE DIVERSIDADE DE ARTRÓPODES EM TRÊS CULTIVARES DE ALGODOEIRO NO MUNICÍPIO DE CASSILÂNDIA-MS.

OS ASPECTOS IMPORTANTES DO PLANEJAMENTO E DO MANEJO DAS LAVOURAS COM O ALGODÃO-SOJA-MILHO TRANSGÊNICOS

Pesquisas sobre resistência de pragas

Palavras-chave: Gossypium hirsutum, bicudo-do-algodoeiro, lagarta-rosada, algodão transgênico. INTRODUÇÃO

DO BRASIL. Destaque pra as safras 2015/16 e 2016/17.

Informativo n 016 SAP-e (Safra 2013/ Mato Grosso)

MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS DO ALGODOEIRO NO NORDESTE BRASILEIRO: QUADRO ATUAL E PERSPECTIVAS

INFESTAÇÃO DO BICUDO-DO-ALGODOEIRO Anthonomus grandis EM PLANTIO DE ALGODÃO NO CERRADO DO BRASIL CENTRAL

Pragas comuns no sistema algodão-soja-milho

SOJA BT E O MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS: EXPERIÊNCIAS E PERSPECTIVAS. Antonio Cesar S. dos Santos Londrina, 06 de Julho de 2016

AVALIAÇÃO DE INSETICIDAS NO CONTROLE DA LAGARTA CURUQUERÊ (ALABAMA ADENSADO DO ALGODOEIRO EM MATO GROSSO. Daniele Romano 1 ; Paulo Bettini 2.

EFEITO DE INSETICIDAS/ACARICIDAS NO CONTROLE DE Polyphagotarsonemus latus E Aphis gossypii NA CULTURA DO ALGODÃO.

Captura de Noctuídeos com Armadilha Luminosa na Região Norte de Londrina, Paraná

CARLA DETONI EZEQUIEL *1 ; WAGNER DA ROSA HARTER 1 ; CAMILA HADDAD SILVEIRA 1 ; LUIZ HENRIQUE MARQUES 1 ; MAURICIO BATISTA 1

Boletim Técnico. FiberMax. Mais que um detalhe: uma genética de fibra.

Módulo 1. Ameaças Fitossanitárias

Mesa Redonda- Sala 4 BIOTECNOLOGIAS NO ALGODOEIRO: EFICIÊNCIA, CUSTOS, PROBLEMAS E PERSPECTIVAS

As 12 conclusões do Workshop sobre o uso de refúgio para conservação da eficácia do algodão-bt no Brasil

As 12 conclusões do Workshop sobre o uso de refúgio para conservação da eficácia do algodão-bt no Brasil

Informativo n 015 SAP-e (Safra 2013/ Mato Grosso)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS. DESEMPENHO DO ALGODÃO-Bt 1 NO CONTROLE DE PRAGAS EM CONDIÇÕES DE CAMPO. RICARDO BARROS Engenheiro Agrônomo

PROGRAMA FITOSSANITÁRIO DE MATO GROSSO DO SUL RELATÓRIO SEMANAL DE 14 A 28 DE ABRIL DE 2014

#$ %& %& ' ( )*+,-#"( ( " -0( ) 112

Informativo n 012 SAP-e (Safra 2013/ Mato Grosso)

Cepea avalia retorno econômico do algodão transgênico Bollgard no Brasil

CIRCULAR TÉCNICA. Situação da lagarta-do-cartucho no Estado de Mato Grosso

AVANÇOS NO CONTROLE BIOLÓGICO INTEGRANDO INOVAÇÕES AO PLANTIO DIRETO

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 153

CIRCULAR TÉCNICA. Algodão Bt e refúgio: orientações para manejo da resistência

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 107

INFESTAÇÃO DE Alabama argillacea NA VARIEDADE NuOPAL (BOLLGARD I) E EM OUTRAS SETE VARIEDADES COMERCIAIS DE ALGODÃO EM JABOTICABAL,SP

Levantamento de adultos de Spodoptera frugiperda (J.E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae) utilizando armadilha de feromônio em área comercial de milho Bt

AÇÕES PROPOSTAS E NÍVEL DE ADOÇÃO DO MANEJO DE RESISTÊNCIA DE PRAGAS-ALVO À TECNOLOGIA BT EM ÁREAS TROPICAIS E PARTICULARMENTE NO BRASIL

Melhoramento genético de soja visando resistência a insetos sugadores

Percentagem de espécies de percevejos pentatomídeos ao longo do ciclo da soja no Norte do Paraná

CULTIVARES DE ALGODOEIRO AVALIADAS EM DIFERENTES LOCAIS NO CERRADO DA BAHIA, SAFRA 2007/08 1. INTRODUÇÃO

Palavras-chave: insetos-praga do algodoeiro, custos de controle, cinturão do algodão.

EFICIÊNCIA DE INSETICIDAS, EM TRATAMENTO DE SEMENTES, NO CONTROLE DO PULGÃO Aphis gossypii (HOMOPTERA: APHIDIDAE) NA CULTURA DO ALGODOEIRO

O CICLO DA AGRICULTURA PARA A VIDA

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 88

Laudo de Praticabilidade e Eficiência Agronômica

Ocorrência de lepidópteros-praga em lavouras de milho, sorgo e algodão no Norte e Noroeste de Minas Gerais 1

Novas Tecnologias que trarão Renda Sustentável ao produtor: Algodão Adensado

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 235

FACUAL Fundo de Apoio à Cultura do Algodão

AÇÃO DE INSETICIDAS SOBRE O PERCEVEJO CASTANHO Scaptocoris castanea Perty, 1833 (HEMIPTERA: CYDNIDAE) NA CULTURA DO ALGODOEIRO *

Informativo n 022 SAP-e (Safra 2013/ Mato Grosso)

LEITE, G. L. D.; et. al. UNIMONTES CIENTÍFICA. Montes Claros, v.5, n.1, jan./jun NOTA CIENTÍFICA

Viabilidade do Biocontrole de Pragas em Sistemas Integrados. Sergio Abud Biólogo Embrapa Cerrados

FLUTUAÇÃO POPULACIONAL E INCIDÊNCIA DE PARASITÓIDES EM LAGARTAS DO CURUQUERÊ DO ALGODÃO

INFORMATIVO TÉCNICO Boas Práticas Agronômicas Aplicadas a Plantas Geneticamente Modificadas Resistentes a Insetos MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS

EFICIÊNCIA DE PARASITISMO DE Trichogramma sp. EM LAVOURAS ALGODOEIRAS DO MATO GROSSO *

AVALIACAO DE GENÓTIPOS DE ALGODOEIRO PARA O CERRADO DE RONDÔNIA

ESTUDOS QUE COMPROVAM A EFICIÊNCIA DOS REFÚGIOS PARA A PRESERVAÇÃO DE TECNOLOGIAS TRANSGÊNICAS. Dr. Alexandre Specht. Pesquisador da Embrapa Cerrados

Níveis de infestação e controle de Spodoptera frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae) no município de Cassilândia/MS

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE Doru luteipes (SCUDDER) EM FUNÇÃO DE Spodoptera frugiperda (SMITH1797) NA CULTURA DO MILHO RESUMO

COMUNIDADE DE PREDADORES DO PULGÃO DO ALGODOEIRO, Aphis gossypii GLOVER (HOMOPTERA: APHIDIDAE) E CONTROLE BIOLÓGICO (*)

Manejo Integrado de Pragas na cultura do algodoeiro (Aula 03) Eng. Agr. Igor Forigo Beloti

ASSINCRONIA FENOLÓGICA: UMA TÁTICA IMPRESCINDÍVEL EM PROGRAMAS DE MIP

PREFERÊNCIA PARA ALIMENTAÇÃO DE PSEUDOPLUSIA INCLUDENS (WALKER) POR CULTIVARES DE ALGODOEIRO CONVENCIONAIS E TRANSGÊNICO. Arlindo Leal Boiça Júnior 1

Algodão. Jorge B Torres. Pragas iniciais. Dezembro 2018 / Janeiro

VII Congresso Brasileiro do Algodão, Foz do Iguaçu, PR 2009 Página 1044

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE INSETICIDAS PARA CONTROLE DE Spodoptera eridanea NA CULTURA DO ALGODOEIRO

Tecnologias de Manejo Manejo Integrado de Milho Bt

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Soja Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

PRODUTIVIDADE E COMPONENTES DE PRODUÇÃO DE ALGODOEIRO EM FUNÇÃO DO CULTIVAR EM CHAPADÃO DO SUL - MS 1. Priscila Maria Silva Francisco

Relatório mensal, por Núcleo Regional, referente ao desenvolvimento das lavouras de Goiás safra 2014/2015 levantamento divulgado em Fevereiro/2014.

COMPETIÇÃO DE CULTIVARES DE ALGODOEIRO NO CERRADO DA BAHIA. 1

Relatório mensal, por Núcleo Regional, referente ao desenvolvimento das lavouras de Goiás safra 2012/2013 levantamento divulgado em Abril/2013

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Soja

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

TÍTULO: CONTROLE DE ALABAMA ARGILLACEA E PSEUDOPLUSIA INCLUDENS COM METOMIL, LAMBDA-CIALOTRINA E CLORANTRANILIPROLE NA CULTURA DO ALGODOEIRO

Eficiência de inseticidas no controle de tripes (Frankliniella spp.) em mangueira e seletividade para inimigos naturais

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE INSETICIDAS PARA CONTROLE DE Heliothis virescens NA CULTURA DO ALGODOEIRO

EFICIÊNCIA DO INSETICIDA BF 314, APLICADO EM MISTURA, PARA CONTROLE DE Heliothis virescens (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) NA CULTURA DO ALGODOEIRO

Desempenho do algodão-bt como tática de controle de pragas em condições de campo

SUPRESSÃO DO BICUDO DO ALGODOEIRO (ANTHONOMUS GRANDIS) NO ESTADO DE GOIÁS

PANORAMA DO MANEJO DE PRAGAS DO ALGODOEIRO NO BRASIL: IMPACTO E ESTRATÉGIAS DE CONTROLE.

Distribuição Espacial de Alabama argillacea (Hübner) (Lepidoptera: Noctuidae) em Algodoeiro 1

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE INSETICIDAS NO CONTROLE DE Euchistus heros NA CULTURA DO ALGODOEIRO

Informativo n 025 SAP-e (Safra 2013/ Mato Grosso)

Efeito do inseticida Lorsban na supressão de Spodoptera frugiperda (Smith, 1797) (Lepidoptera: Noctuidae) na cultura do milho.

BPA COM FOCO NO MANEJO DAS PRAGAS-ALVO NAS CULTURAS Bt E DA CIGARRINHA-DO-MILHO

INSETICIDAS NO CONTROLE DA LAGARTA MILITAR SPODOPTERA FRUGIPERDA (J.E. SMITH, 1797) NO ALGODOEIRO

ECOLOGIA DE POPULAÇÕES DE INSETOS DE IMPORTÂNCIA AGRÍCOLA

Monitoramento das Pragas da Videira no Sistema de Produção Integrada de Frutas

LINHAGENS DE ALGODOEIRO DE FIBRAS ESPECIAIS NO CERRADO DA BAHIA, SAFRA 2008/09. 1

EFEITO DE DIFERENTES DOSES DO ÓLEO ESSENCIAL DE AÇAFRÃO NO CONTROLE DO PULGÃO BRANCO (APHIS GOSSYPII) NA CULTURA DO ALGODOEIRO

PRAGAS DO ALGODOEIRO

LEVANTAMENTO DE INSETOS PREDADORES NOS CULTIVARES DE ALGODÃO BOLLGARD E CONVENCIONAL

Impacto do algodoeiro geneticamente modificado (Bollgard ) sobre a biodiversidade de artrópodes

Transcrição:

Página 286 USO DE ÍNDICES FAUNÍSTICOS PARA COMPARAR OS ÁRTROPODES NOS SISTEMAS DE PLANTIO CONVENCIONAL E ADENSADO DO ALGODOEIRO 1 Sandra Maria Morais Rodrigues 1 ; Pierre Jean Silvie 2 ; Valdemir Lima Menezes 3 ; Edicleia Pereira Venero 4. 1 Embrapa Algodão (sandra@cnpa.embrapa.br), 2 IRD/CIRAD; 3 Embrapa Algodão; 4 Estagiária Embrapa Algodão RESUMO - A densidade de plantas no sistema de plantio adensado do algodoeiro é superior à do plantio convencional, podendo acarretar em modificações no microclima e na população dos artrópodepraga presentes. Este trabalho teve por objetivo efetuar uma análise faunística dos artrópodes-praga nos sistemas de plantio convencional e adensado de algodoeiro. O ensaio foi instalado Campo Experimental do Instituto Mato-grossense do Algodão (IMA) em Primavera do Leste (MT) (safra 2008/09) e com a cultivar COODETEC 408. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado com dois tratamentos (plantio convencional (0,9m) e plantio adensado (0,45m)) e 10 repetições. Cada repetição tinha 70 x 70m, as amostragens foram semanais e em 10 plantas/repetição. Os parâmetros riqueza, freqüência, constância e dominância foram usados para a análise faunística. Os índices de diversidade e similaridade foram feitos com os programas DivEs e Lizaro Morisita, respectivamente. Em ambos os sistemas as espécies mais frequentes foram o pulgão Aphis gossypii e Alabama argillacea e, as constantes foram A. argillacea, A. gossypii, Megascelis sp., Heliothis virescens, Pseudoplusia includens e Bemisia tabaci raça B. Não há diferença de diversidade de espécies de artrópodes-praga entre os sistemas de plantio convencional e adensado de algodoeiro. Palavras-chave entomofauna, análise faunística, Gossypium hirsutum, dominância. INTRODUÇÃO Dentre os insetos-praga que podem ocorrer ao longo do ciclo do algodoeiro estão as lagartas desfolhadoras Alabama argillaceae (Hübner) e Spodoptera spp., os sugadores Aphis gossypii Glover e Bemisia tabaci (Gennadius) biótipo B, o bicudo-do-algodoeiro Anthonomus grandis Boheman e a lagarta-rosada Pectinophora gossypiella (Saunders) que se alimentam de estruturas reprodutivas. Também, os ácaros fitófagos Polyphagotarsonemus latus Banks e Tetranychus urticae (Koch) podem ocorrer (SANTOS, 2007). Os cotonicultores veem o plantio adensado de algodoeiro como uma alternativa para o plantio de segunda safra; visto que poderá auxiliar na redução dos custos de produção, uma vez que o ciclo 1 Instituição financiadora: IMA/FACUAL

Página 287 da cultura será reduzido em cerca de um mês. Os espaçamentos usados são 0,38m ou 0,45m, que são menores do que o usual (0,76m e 0,90m). A densidade populacional de plantas de algodoeiro no sistema adensado é de 200.000 a 250.000 plantas.ha -1, número bem superior à densidade do sistema convencional que varia de 90 a 120.000 plantas.ha -1. Com isto modificações podem ocorrer no ambiente em que a planta está inserida devido a mudanças na intensidade dos raios solares que atingirão a superfície do solo e as folhas do terço inferior e médio, que influenciarão no microclima (PIERCE; MONK, 2007; RODRIGUES et al., 2010) e, consequentemente, na população dos artrópodes-praga presentes. Assim, este trabalho teve por objetivo efetuar uma análise faunística dos artrópodes-praga nos sistemas de plantio convencional e adensado de algodoeiro. METODOLOGIA O experimento foi instalado em uma área de 10 hectares no Campo Experimental do Instituto Mato-grossense do Algodão (IMA) em Primavera do Leste (MT), plantado com a cultivar CD 408 em 21/02/2009. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado com dois tratamentos (plantio convencional e plantio adensado) e 10 repetições. Cada repetição tinha 70 m x 70 m (0,49 ha); o espaçamento entre linhas no plantio convencional foi de 0,9 m e no plantio adensado foi de 0,45 m. As amostragens foram semanais e efetuadas no período de 14/03 a 06/06 de 2009, correspondendo a 13 semanas de avaliações. As observações foram em dez plantas inteiras, localizadas nas três linhas centrais de cada parcela, utilizando-se o caminhamento em zigue-zague. A metodologia de amostragem foi a mesma para ambos os sistemas de plantio. Os dados usados para os cálculos foram os números de espécimes observados para cada espécie de artrópode-praga. Porém, no caso do pulgão (A. gossypii), das lagartas de S. eridania (Cramer) e S. cosmioides (Walker) e, dos ácaros (P. latus e T. urticae) utilizou-se o número médio de plantas com presença de colônia. Considerou-se como uma colônia quando haviam pelo menos 10 indivíduos. Com relação à constância as espécies foram agrupadas em constante (w), quando presente em mais de 50% das amostras; acessória (y) quando presente entre 25 e 50% das amostras; e acidental (z) quando presente em menos de 25% das amostras. A análise faunística foi elaborada com base nos parâmetros riqueza, freqüência, constância e dominância. Para os índices de Simpson, de Shannon-Wienner (H') e o de Hill modificado usou-se o programa DivEs; já para o índice de similaridade de Morisita (Im) usou-se o programa Lizaro Morisita (RODRIGUES 2005).

Página 288 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os insetos começaram a colonizar de forma simultânea os sistemas de plantio convencional e adensado de algodoeiro com a cultivar COODETEC 408. As espécies mais frequentes em ambos os sistemas de plantio foram o pulgão A. gossypii e A. argillacea (Tabela 1). Resultados semelhantes fotam obtidos por Sujii et al. (2003), que ao estudaram as populações das principais pragas do algodoeiro em áreas tratadas e não tratadas com inseticidas químicos convencionais observaram A. gossypii e A. argillacea integrando a lista de pragas com maior ocorrência ao longo do ciclo. De acordo com a análise faunística efetuada constatou-se que a riqueza de espécies no sistema convencional de plantio (S=17) foi superior à riqueza do sistema adensado de plantio, que teve 14 espécies (S= 14) (Tabela 1). O índice de Simpson foi de 0,73 e 0,74, respectivamente para os sistema convencional e adensado indicando que a probabilidade de dois indivíduos tomados dos sistemas convencional e adensado de modo independente e aleatório e pertencerem a uma mesma espécie é de 73% e 74%, respectivamente (Tabela 2). Os valores observados para o índice de Shannon-Wienner (H') foram semelhantes em ambos os sistemas (0,75), representando uma baixa diversidade (Tabela 2). Isto foi corroborado pelo teste t de Student (t=1,41; 2155 g.l.; p 0,05), que não constatou diferença de diversidade de espécies de artrópodes-praga entre os dois sistemas de plantio. As eqüitatividades representadas pelo índice de Hill modificado nos sistemas de plantio convencional (2,42) e adensado (2,49) foram baixas, indicando uma distribuição não eqüitativa das abundâncias entre as espécies. Os coeficientes de similaridade nos sistemas de plantio convencional e adensado foram semelhantes (Im=0,99) e muito próximo de 1, indicando uma similaridade máxima entres os artrópodes-praga presentes em ambos os sistemas de plantio. Dentre as 17 espécies presentes no sistema convencional e 14 no sistema adensado apenas três, A. argillacea, A. gossypii e Megascelis sp., foram consideradas dominantes em ambos os sistemas de plantio (Tabela 1 e 2). Este resultado está de acordo com Odum e Barret (2008) que relatam que do total do número de espécies em uma comunidade, frequentemente uma porcentagem pequena é dominante e uma grande porcentagem é rara. Também, Thomazoni et al. (2010) ao estudarem as cultivares Delta Opal e NuOpal contendo a toxina Cry1Ac observaram que o noctuídeo A. argillacea foi dominante em ambas as cultivares. O crisomelídeo Megascelis sp. é um desfolhador que está sempre presente em plantios de soja e se dirige para o algodoeiro quando o ciclo da soja se

Página 289 encerra. Pierce et al. (2007) relatam que essa espécie é considerada dominante nos sistemas de cultivo do algodoeiro. Quanto à constância verificou-se que as espécies A. argillacea, A. gossypii, Megascelis sp., H. virescens, Pseudoplusia includens e Bemisia tabaci raça B foram constantes em ambos os sistemas de plantio (Tabela 1). A lagarta S. eridania foi classificada como espécie acessória (y) no sistema de plantio adensado, no qual esteve presente em 25% das amostragens e, como acidental no sistema de plantio convencional, pois esteve presente em 15,4% das amostragens. Analisando essas informações é possível supor que a mariposa ao procurar plantas para ovipositar detectou a massa foliar do plantio adensado com mais facilidade. Comportamento semelhante ao da lagarta S. eridania teve o pentatomídeo Euschistus hero, que foi classificado como uma espécie constante (w) no sistema de plantio adensado (58,3%) e acessória (y) no sistema de plantio convencional (30,8%) (Tabela 1). Esse percevejo é uma praga da cultura da soja e esta ao entrar na fase de maturação passa a ser inadequada nutricionalmente. Como estratégia de sobrevivência E. heros migra para os plantios vizinhos de algodoeiro. Fato que foi observado nesta pesquisa, pois as repetições que foram inicialmente infestadas estavam nas proximidades de um plantio de soja. CONCLUSÕES - Não há diferença de diversidade de espécies de artrópodes-praga entre os sistemas de plantio convencional e adensado de algodoeiro.

Página 290 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ODUM, E. P.; BARRET, G. W. Fundamentos de ecologia. São Paulo: Centage Learning, 2008. 612 p. PIERCE, J. B.; MONK, P. Y. Influence of managemente on crop microclimate and control of cotton Bollworm, Helicoverpa zea Boddle. In: WORLD COTTON RESEARCH CONFERENCE, 4., 2007; Lubbock, TX. Cotton: Nature's high tech fiber:[proceedings...] [Lubbock, TX.: WCRC], 2007. Disponível em: <http://wcrc.confex.com/wcrc/2007/techprogram/p2072.htm>. Acesso em: 24 set. 2009. RODRIGUES, S. M. M.; SILVIE, P.; DEGRANDE, P. E. O sistema de cultivo adensado do algodoeiro e os artrópodes-pragas. In: O SISTEMA de cultivo do algodoeiro adensado em Mato Grosso: embasamento e primeiros resultados. Atas do Workshop de Cuiabá/Instituto Matogrossense do Algodão. Cuiabá: Defanti Editora, 2010. p. 239-247. RODRIGUES, W. C. DivEs - Diversidade de espécies. Versão 2.0. Software e Guia do Usuário. 2005. Disponível em: <http://www.ebras.bio.br/dives> Acesso em: 06 out. 2009. SANTOS, W. J. dos. Manejo das pragas do algodão com destaque para o cerrado brasileiro. In: FREIRE, E.C. (Ed.). Algodão no cerrado do Brasil. Brasília, D.F.: Associação Brasileira dos Produtores de Algodão, 2007, cap. 12, p. 403-478. SILVIE, P.; BÉLOT, J. L.; MICHEL, B. Manual de identificação das pragas e seus danos no cultivo do algodão. Cascavel: COODETEC/CIRAD-CA, 2007. 120 p. (COODETEC, Boletim Técnico, 34). SUJII, E. R.; PIRES, C. S.; FONTES, E. M. G.; ONOYAMA, F. F; PINHEIRO, E. M ; PORTILHO, T.; SCHMIDT, F. G. V.; FARIA, M. R. Metodologia para avaliação do impacto de inseticidas químicos e biológico sobre a ocorrência de insetos praga e seus inimigos naturais em plantas de algodão no distrito federal. Brasilia, D.F.: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, 2003. (Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento n.45). THOMAZONI, D.; DEGRANDE, P. E.; SILVIE, P. J.; FACCENDA, O.Impact of Bollgard genetically modified cotton on the biodiversity of arthropods under practical field conditions in Brazil. African Journal of Biotechnology, v. 9, n. 37, p. 6167-6176, 2010.

Página 291 Tabela 1. Número, freqüência, dominância e constância de artrópodes-praga que ocorreram nos plantios convencional e adensado do algodoeiro, cultivar COODETEC 408. Primavera do Leste, MT, 2009. Lep: Noctuidae Artrópode N 1 Freqüência(%) Dominância 2 Constância 3 SPC 4 SPA 5 SPC SPA SPC SPA SPC SPA Alabama argillacea 219 262 20,5 24,0 d d 84,6 w 91,7 w Heliothis virescens 25 28 2,3 2,6 n n 53,8 w 66,7 w Pseudoplusia includens 56 53 5,2 4,9 n n 53,8 w 58,3 w Spodoptera cosmioides 1 0 0,1 0,0 n n 7,7 z - - S. eridania 11 23 1,0 2,1 n n 15,4 z 25,0 y S. frugiperda 4 3 0,4 0,3 n n 30,8 y 8,3 z Hem: Aphididae Aphis gossypii 488 476 45,7 43,6 d d 100,0 w 100,0 w Hem: Aleyrodidae Bemisia tabaci, raça B 56 65 5,2 6,0 n n 61,5 w 58,3 w Hem: Pentatomidae Dichelops sp. 2 0 0,2 0,0 n n 7,7 z - - Euschistos heros 12 28 1,1 2,6 n n 30,8 y 58,3 w Edessa meditabunda 1 0 0,1 0,0 n n z - - Nezara viridula 1 0 0,1 0,0 n n 7,7 z - - Col: Chrysomelidae Megascelis sp. 109 100 10,2 9,2 d d 100,0 w 91,7 w Col: Curculionidae Anthonomus grandis 1 5 0,1 0,5 n n 7,7 z 16,7 z Dip: Agromyzidae Liriomyza sp. 58 1 5,4 0,1 n n 38,5 y 8,3 z Thy: Thripidae Frankliniella schultzei 12 28 1,1 2,6 n n 46,2 y 33,3 y Acari: Tarsonemidae Polyphagotarsonemus latus 0 2 0,0 0,2 n n - - 8,3 z Acari: Tetranychidae Tetranychus urticae 12 17 1,1 1,6 n n 15,4 z 16,7 z 1 N: total de indivíduos ou colônias, 2 d: dominante, n: não-dominante, 3 w: constante, y: acessória, z: acidental, 4 SPC: sistema de plantio convencional, 5 SPA: sistema de plantio adensado.

Página 292 Tabela 2. Análise faunística de artrópodes-praga que ocorreram nos plantios convencional e adensado do algodoeiro, cultivar COODETEC 408. Primavera do Leste, MT, 2009. Índices e variáveis Sistema de plantio Convencional Adensado Riqueza (S) 17 14 Índice de Simpson 0,73 0,74 Índice de Shannon-Weaver (H') 0,75 0,75 Índice de Hill modificado (Equitatividade) 2,42 2,49 Número de espécies: Dominantes 3 3 Não-dominantes 14 11 Número de espécies: Constantes 6 7 Acessórias 4 2 Acidentais 7 5