O contencioso dos atos de controlo prévio das operações urbanísticas Curso de pós-graduação em Direito do Urbanismo e da Construção ICJP/FDUL 17 de abril 2013
Os atos de controlo prévio 6 situações a analisar: 1. Atos permissivos expressos: Licença para realização de operações urbanísticas (artigo 4.º-1 e 2 RJUE); Admissão/recusa expressa após comunicação prévia para realização de operações de urbanísticas (artigo 4.º-1 e 4 RJUE); Autorização de utilização (artigo 4.º-1 e 5 RJUE). 2. Silêncio em resultado de: Ausência de resposta após pedido de emissão de licença (artigo 111.º-a) e 112.º RJUE); Ausência de resposta após comunicação prévia (artigo 36.º-A RJUE); Ausência de resposta após pedido de emissão de autorização de utilização (artigo 111.º-c) RJUE).
1. Atos permissivos expressos: licença Ato de deferimento da licença Será normalmente um contrainteressado/ministério Público a reagir. Ação Administrativa especial/pedido de impugnação, nos termos gerais do CPTA (artigos 46.º-2-a) e 50.º e segs.). Possibilidade de cumulações (artigos 5.º e 47.º CPTA). Ex: anulação de licença e pedido de realização de operações de demolição. Ato de indeferimento da licença Será normalmente o requerente a reagir. Ação Administrativa especial/pedido de condenação à prática de ato devido, nos termos gerais do CPTA (artigos 46.º-2-b), 67.º-1-b) e 66.º e segs. CPTA). Possibilidade de cumulações (ex: pedido de indemnização).
1. Atos permissivos expressos: resposta expressa após comunicação prévia A resposta expressa após comunicão prévia tem a natureza de ato administrativo? Forma de reação depende dessa questão. Se for ato, segue a ação administrativa especial. Se não, segue a ação administrativa comum (artigos 46.º e 37.º CPTA). Tendência para considerar-se um ato/seguir a ação administrativa especial: Epígrafe do artigo 36.º-A RJUE; Equiparação dos regimes da invalidade, revogação, caducidade, renovação e prorrogação (artigos 67.º, 68.º, 73.º, 71.º, 72.º e 53.º-3 RJUE). Existe sempre oportunidade para corrigir a forma de processo escolhida (artigos 7.º, 88.º e 89.º-2 CPTA).
1. Atos permissivos expressos: resposta após comunicação prévia Admissão após comunicação prévia Será normalmente um contrainteressado/ministério Público a reagir. Ação Administrativa especial/pedido de impugnação, nos termos gerais do CPTA (artigos 46.º-2-a) e 50.º e segs.). Recusa após comunicação prévia Será normalmente o requerente a reagir. Ação Administrativa especial/pedido de condenação à prática de ato devido, nos termos gerais do CPTA (artigos 46.º-2-b), 67.º-1-b) e 66.º e segs. CPTA).
1. Ato permissivos expressos: autorização de utilização Ato de deferimento da autorização de utilização Será normalmente um contrainteressado ou o Ministério Público a reagir. Ação Administrativa especial/pedido de impugnação, nos termos gerais do CPTA (artigos 46.º-2-a) e 50.º e segs.). Ato de indeferimento da autorização de utilização Será normalmente o requerente a reagir. Ação Administrativa especial/pedido de condenação à prática de ato devido, nos termos gerais do CPTA (artigos 46.º-2-b), 67.º-1-b) e 66.º e segs. CPTA).
1. Atos permissivos expressos: reação pelo MP Reação pelo Ministério Público: Contra ato de deferimento/admissão: Ação administrativa especial/impugnação, em caso de ato ilegal (artigo 55.º-1-b) CPTA) ou ofensa a valores previstos no artigo 9.º-2 CPTA. Contra indeferimento/recusa: Ação administrativa especial/condenação à prática de ato devido só por ofensa a valores previstos nos artigos 9.º-2 e 68.º-1-c) CPTA. Os efeitos paralisantes do artigo 69.º RJUE: Reação contra ato de deferimento/admissão de licença/comunicação prévia/admissão tem o efeito de suspender a sua eficácia com a citação do titular para contestar (artigo 69.º-2 RJUE); Juiz pode inverter a suspensão, caso existam indícios de ilegalidade na interposição/procedência da ação pelo MP (artigo 69.º-3 RJUE).
2. Silêncio após pedido de licença Não há deferimento tácito/não há possibilidade de realização da operação pretendida em resultado do silêncio. Meio de reação especial: intimação judicial para a prática do ato devido (artigos 111.º-a) e 112.º RJUE).
2. Silêncio após pedido de licença Regime da intimação judicial para a prática do ato devido (artigo 112.º RJUE): Tribunal administrativo da sede da autoridade requerida é competente (artigo 112.º-1 RJUE); Processo visa a determinação à Administração da prática do ato em falta (artigo 112.º-1, 5 e 6 RJUE); Processo urgente (artigo 112.º-3, 4, 6 e 7 RJUE); Possibilidade de aplicar sanção pecuniária compulsória se intimação não for cumprida (artigo 112.º-6 RJUE); Recurso judicial tem efeitos devolutivos (artigo 112.º-8 RJUE).
2. Silêncio após pedido de licença Regime da intimação judicial para a prática do ato devido: reação em caso de incumprimento pela Administração findo o prazo de 30 dias (artigo 112.º-6, 9 e 10 e artigo 113.º RJUE): Podem iniciar-se trabalhos, com pagamentos de taxas; Se não houver condições objetivas para pagar taxas, obras podem iniciar-se com comunicão à câmara e propositura de intimação judicial para emitir alvará; Sentença substituti alvará em falta.
2. Silêncio após pedido de licença Regime da intimação judicial para a prática do ato devido: reação em caso de incumprimento pela Administração findo o prazo de 30 dias após silêncio para aprovação de projeto de arquitetura de licença: Possibilidade de apresentação dos projetos de especialidades (artigo 112.º-10 RJUE).
2. Silêncio após pedido de licença Questões sobre intimação judicial para a prática do ato devido: Legitimidade passiva: pessoa coletiva ou órgão? Problema de se referir a autoridade competente (artigo 112.º-1 CPTA); Questão análoga à da intimação para prestação de informações/consulta de documentos/passagem de certidão (artigos 104.º-1 e 107.º-1 CPTA) e processos cautelares (artigo 117.º-1 e 2 CPTA). Referem termos semelhantes; Deve seguir-se regra geral do CPTA (artigo 10.º-2 CPTA): legitimidade passiva é da pessoa coletiva/município.
2. Silêncio após pedido de licença Questões sobre intimação judicial para a prática do ato devido: Forma da citação/notificação da entidade requerida: poderá ser eletrónica? Texto do artigo 112.º-3 RJUE refere especificamente a via postal; Regime geral do CPTA/CPC é aplicável e permite que tramitação seja efetuada de forma eletrónica, nos termos de portaria (artigo 138.º-A CPC); Citação de entidade públicas demandadas deve poder ser efetuada por via exclusivamente eltrónica.
2. Silêncio após pedido de licença Questões sobre intimação judicial para a prática do ato devido: Limites dos poderes do tribunal: pode determinar o conteúdo concreto do ato a apraticar? Letra do RJUE parece apontar para que tribunal apenas se pronuncia sobre a falta do ato e a obrigação de o emitir sem referir o seu conteúdo concreto (artigo 112.º-5 e 6 RJUE); Jurisprudência oscilante (ver acs. STA de 4/6/2009 (proc. 109/08), 10/3/2004 (proc. 182/04) e 10/9/2003 (proc. 1381/03). Interpretação mais conforme com o Princípio da Tutela Jurisdicional Efetiva e aplicação subsidiária do CPTA apontam para possibilidade de definir conteúdo concreto do ato, em caso de poder vinculado (artigo 71.º CPTA).
2. Silêncio após comunicação prévia É concedida possibilidade de realização da obra em resultado do silêncio (artigo 36.º-A RJUE). Interessado não terá vantagem em reagir. Terceiros poderão ter.
2. Silêncio após comunicação prévia Meios de reação de terceiros face a silêncio após comunicação prévia: ação administrativa especial ou ação administrativa comum? Questão da natureza da permissão para realização de obras: será deferimento tácito, com regime equiparado a ato administrativo ou uma simples possibilidade de realização de uma conduta na sequência de um efeito diretamente resultante da lei? No caso de ser deferimento tácito: ação administrativa especial/pedido de impugnação (artigos 46.º-1-a) e 50.º e segs. CPTA). No caso de não haver ato ficionado, mas apenas permissão para viabilização de uma conduta: ação administrativa comum, pedindo-se, por exemplo (artigo 37.º-3 e 37.º-2-d) CPTA): A condenação do privado à não realização da conduta permitida pela ausência de resposta; Condenação da Administração à aplicação de medidas de tutela urbanística.
2. Silêncio após comunicação prévia Meios de reação de terceiros face a silêncio após comunicação prévia: Ação administrativa especial ou ação administrativa comum? Deferimento tácito, com regime equiparado a ato administrativo ou uma simples possibilidade de realização de uma conduta na sequência de um efeito diretamente resultante da lei? Não tem natureza de deferimento tácito: Mas regime do ato/deferimento tácito é aplicável por equiparação : epígrafe e texto do artigo 36.º-A RJUE e regimes da invalidade, revogação, caducidade, renovação e prorrogação (artigos67.º, 68.º, 73.º, 71.º, 72.º e 53.º-3 RJUE). MP/terceiros devem utilizar ação administrativa especial/pedido de impugnação (artigo 46.º-1-a) e 50.º e segs. CPTA).
2. Silêncio após pedido de autorização de utilização Após decurso do prazo, forma-se deferimento tácito (artigo 111.º-c) RJUE). Interessado não terá vantagem em reagir. MP/terceiros poderão ter. Ação administrativa especial/pedido de impugnação, nos termos gerais do CPTA (artigos 46.º-2-a) e 50.º e segs. CPTA).
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