USO DE ÁLCOOL POR ESTUDANTES DE ARACAJU/SE

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USO DE ÁLCOOL POR ESTUDANTES DE ARACAJU/SE GT 9 Políticas Públicas e Gestão Socioeducacional Felipe Mendes de Andrade de Carvalho 1 Giselle Santana Dósea 2 Maria Eliane de Andrade 3 RESUMO O consumo de álcool é uma prática eminente entre os jovens de idade escolar, essa prática pode ser explicada devido a interações sociais em grupos, transtornos psicossociais, exemplos familiares, entre outros fatores inerentes. O objetivo desse trabalho foi analisar o consumo de bebidas alcoólicas por adolescentes escolares da rede Estadual de Ensino de Aracaju. Trata-se de um estudo descritivo seccional, do tipo levantamento de dados com abordagem analítica quantitativa, realizado no período de março a setembro de 2015, realizado em dezesseis escolas da Rede Estadual de Ensino de Aracaju/SE. Houve prevalência no consumo de remédio para emagrecer no ensino fundamental e maconha no ensino médio, em todas as categorias investigadas. Em relação ao gênero, a maioria dos participantes foram do sexo feminino, estudantes do turno matutino em ambas as modalidades de ensino. Palavras-chave: Transtornos Relacionados ao Uso de substâncias. Educação em Saúde. Adolescente. ABSTRACT Alcohol use is an eminent practice among school-age youth; this practice can be explained by social interactions in groups, psychosocial disorders, family examples, and other inherent factors. The objective of this study was to analyze the consumption of alcoholic beverages by school adolescents of the State School of Education of Aracaju. This is a cross-sectional descriptive study of the data collection type with a quantitative analytical approach, conducted in the period from March to September 2015, carried out in sixteen schools of the State School Network of Aracaju / SE. There was a prevalence in the consumption of remedy to lose weight in elementary education and marijuana in high school, in all the categories investigated. Regarding the gender, the majority of the participants were female, students of the morning shift in both modalities of teaching. Keywords: Substance-Related Disorders. Health education. Teenager. INTRODUÇÃO A literatura afirma ser o álcool a substância psicoativa mais utilizada por adolescentes escolares (GALDURÓZ et al., 2004; GALDUROZ et al., 2010; BRASIL, 2012). No Brasil, os adolescentes dão início ao consumo de álcool precocemente, por volta dos treze anos de idade, estabelecendo o uso regular aos catorze. Destaca-se ainda, que os jovens que 1 Biomédico, Mestrando em Saúde e Ambiente pela Universidade Tiradentes. E-mail: <felipe_mendesd eandrade@hotmail.com>. 2 Fisioterapeuta. Mestre e Doutoranda em Saúde e Ambiente pelo Centro Universitário Ages. E-mail: <giselledosea@hotmail.com>. 3 Pedagoga, Mestre e Doutoranda em Saúde e Ambiente pela Universidade Tiradentes. Membro do Grupo de Pesquisa Ecologia Humana, Educação e Saúde em Pesquisa. E-mail: <eli.andradesh@gmail.com>. 1

bebem mais do que uma vez por semana são do sexo masculino. No que se refere à dose usual, os adolescentes do sexo masculino, bebiam mais do que três doses por situação habitual. O estudo revela que os jovens que afirmaram consumir álcool raramente controlam o consumo bebendo pouco e com baixa frequência. Dentre os problemas causados pelo uso desta substância apontam-se os físicos, familiares e a violência (GALDURÓZ et al., 2004). O uso desta substância por adolescentes também é uma preocupação em âmbito estadual. A Secretaria do Estado da Educação de Sergipe (SEED-SE) efetuou um diagnóstico situacional do uso de drogas nas escolas públicas estaduais. A pesquisa foi realizada em 48 escolas com aplicação de 1625 questionários nas Diretorias Regionais de Aracaju, Estância e Itabaiana. Os entrevistados citaram o cigarro e o álcool como as drogas mais utilizadas dentro do ambiente escolar. Assim, concluíram que o consumo de drogas lícitas era presente no ambiente escolar, bem como, no entorno das instituições de ensino (SEED, 2010). Em outro estudo na Grande Aracaju, Oliveira et al. (2014) apontaram que os adolescentes estariam em risco de aumento do consumo de substâncias psicoativas lícitas com relato entre os adolescentes pesquisados de consumir bebida alcoólica uma a duas vezes na vida, havendo ainda os que referiram ter utilizado mensalmente e semanalmente. Não houve diferença significativa entre as faixas etárias e sexo. Esse fenômeno social tem causado profunda preocupação nos pais e educadores de adolescentes, o que tem determinado a busca de novas e eficientes estratégias de educação, prevenção e/ou combate ao uso de drogas (RIBEIRO, 2001; BAUS et al., 2002; TAVARES et al., 2004; COSTA et al., 2007; BUCHELE et al., 2009). Tais estratégias têm sido amplamente discutidas nos diversos segmentos sociais e de gestão em saúde, mas parece um consenso que políticas voltadas para reforço educacional e medidas sociais de acompanhamento e apoio familiar representam as duas principais vertentes de ação para o enfrentamento deste problema (TOUMBOUROU et al., 2002). Apesar da importância atribuída as estratégias de educação em saúde para o enfretamento do problema do consumo crescente de drogas entre adolescentes, são escassos os trabalhos que busquem identificar e analisar as políticas institucionais voltados para este fim dentro das escolas. Esta deficiência suscita a necessidade de realização de estudos dentro deste tema. Neste contexto, considera-se que os resultados do presente estudo tenham sido de importância fundamental, pois permitiu analisar o consumo de bebidas alcoólicas por adolescentes escolares da rede Estadual de Ensino de Aracaju, no intuito de contribuir com o diagnóstico situacional e assim no planejamento de políticas públicas do município 2

SEÇÃO DE DESENVOLVIMENTO Trata-se de um estudo descritivo seccional do tipo levantamento de dados e com abordagem analítica quantitativa, realizado no período de março a setembro de 2015. A pesquisa foi realizada nas escolas da rede Estadual de Ensino de Sergipe, na Diretoria Estadual de Aracaju (DEA), que compreende o município de Aracaju. A população do estudo foi composta por aproximadamente 26 escolas, 14.418 alunos matriculados no Ensino Fundamental (8º e 9º ano), 7.401 alunos matriculados no Ensino Médio (1ª, 2ª e 3ª série) (SEED, 2014). Para o cálculo amostral foi considerado o quantitativo de escolas que possuem simultaneamente o Ensino Fundamental e Médio (Quadro 1). A amostra de alunos foi realizada utilizando a fórmula de Barbetta (2010) (Quadro 2). Os dados do quantitativo das escolas, alunos matriculados e da equipe diretiva para o plano de amostragem foram coletados no Portal da Educação da Secretaria do Estado de Educação de Sergipe (SEED, 2014). Devido ao fato deste estudo fazer parte de uma pesquisa maior, os dados dos Quadros 1 e 2, são parte desta amostra. Quadro 1. Amostra do quantitativo de escolas do Ensino Fundamental e Médio da Diretoria Estadual de Aracaju (DEA) e Diretoria Regional De Educação (DRE08), 2015 Município Número de escolas - n(%) Amostra - n(%) Município Número de escolas - n(%) Aracaju 26 (100%) 16 (100%) Aracaju 26 (100%) Quadro 2. Cálculo do tamanho amostral por população do Ensino Fundamental e Médio da Diretoria Estadual de Aracaju (DEA) e Diretoria Regional de Educação (DRE08), 2015 Município Ensino Fundamental Amostra Ensino Médio Regular Amostra Número de alunos - n(%) Número de alunos - n(%) Aracaju 14.418 (100%) 281 7401 (100%) 260 Em cada bairro foram selecionadas as escolas que possuíssem simultaneamente Ensino Fundamental (8º e 9º ano) e Ensino Médio (1ª a 3ª série). Foram excluídas da amostra as escolas com menos de 440 alunos matriculados no ano letivo de 2014. Entre os adolescentes, foram incluídos adolescentes na faixa etária de 10 a 24 anos de idade, seguindo a classificação da Organização Mundial de Saúde (EISENSTEIN, 2005) matriculados nas instituições Estaduais de Ensino da DEA, de ambos os sexos. Foram excluídos aqueles que na 3

matrícula consta algum tipo de comprometimento cognitivo e/ou emocional, deficiente auditivo e/ou visual. Para coleta de dados foram aplicados dois questionários utilizados nos levantamentos nacionais realizados pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID) (GALDUROZ et al., 2010). Ambos possuem questões fechadas e de múltipla escolha, aplicados aos alunos do ensino fundamental e ensino médio, possuindo respectivamente 28 e 38 questões. Cada instrumento é composto por questões relativas a aspectos demográficos (idade, sexo), de perguntas referentes ao uso/abuso de substâncias psicoativas como álcool, tabaco, inalantes (loló, lança, cola, éter, removedor de tinta, gasolina, benzina, acetona, tíner, esmalte, aguarrás, tinta), maconha, cocaína, crack, ecstasy, heroína ou ópio, LSD e remédios (para emagrecer, ficar acordado, alterado e/ou tranquilizante). Os questionários possuem uma substância fictícia (Holoten, Carpinol ou Medavane ), caso o estudante marcasse o mesmo teria o seu questionário excluído da amostra. Os aspectos sociodemográficos (turno, escolaridade) foram preenchidos pelos pesquisadores após o final da aplicação dos instrumentos. A equipe foi treinada para aplicação dos questionários através de reuniões de apresentação dos instrumentos e discussão das dúvidas deste processo. Houve treinamento quanto ao tempo e forma de aplicação para garantir que todos pudessem realizar a coleta de maneira homogênea. Na visita houve o contato com equipe diretiva, para que fosse elaborado cronograma de atividades em cada escola, explicação dos objetivos e aplicação dos questionários aos alunos nos níveis de ensino e turmas selecionadas para pesquisa. Antes da aplicação dos questionários, os alunos foram informados que o preenchimento do questionário não era obrigatório, para possibilitar aos participantes a liberdade de devolvê-lo em branco ou retirar seu consentimento a qualquer momento. Esta foi realizada nas dependências das escolas, coletivamente, sem a presença do professor, em um único contato individual durante o horário de aula, após breve explicação dos objetivos do estudo pelo pesquisador. Os voluntários foram instruídos sobre como responder ao questionário, a respeito do anonimato e sigilo de informações. A aplicação levou no máximo 30 minutos para alunos do ensino fundamental e 1 hora-aula (50 minutos) para os alunos do ensino médio. Após responder, os alunos entregavam o questionário ao pesquisador que 4

colocava o instrumento dentro de um envelope, à frente da sala de aula, que era lacrado assim que devolvido. Os dados foram analisados de acordo com as variáveis dependente (Prevalência e padrão do consumo de substâncias psicoativas por estudantes do ensino fundamental e médio. Os dados obtidos foram expressos como medidas de valores absolutos e relativos) e independentes (alunos de ensino fundamental: idade, sexo, turno, escolaridade, faixa etária). Os dados obtidos a partir de variáveis categóricas nominais (i.e. sexo, bairro, etc.) ou ordinais (i.e. consumo de substâncias psicoativas) foram expressos como medidas de valores absolutos ( n real) e relativos (valor percentual). Para análise do padrão de uso de substâncias psicoativas foram utilizadas as categorias, conforme preconizado pela Organização Mundial da Saúde nos estudos do CEBRID (Quadro 3). Quadro 3. Padrões de uso de substâncias psicoativas segundo a classificação da Organização Mundial da Saúde. Padrões de uso Definição Uso na vida Quando a pessoa fez uso de qualquer droga psicotrópica pelo menos uma vez na vida. Uso no ano Quando a pessoa utilizou droga psicotrópica pelo menos uma vez nos doze meses que antecederam a pesquisa. Uso no mês Quando a pessoa utilizou droga psicotrópica pelo menos uma vez nos trinta dias que antecederam a pesquisa. Uso frequente Quando a pessoa utilizou droga psicotrópica seis ou mais vezes nos trinta dias que antecederam a pesquisa. Uso pesado Quando a pessoa utilizou droga psicotrópica vinte ou mais vezes nos trinta dias que antecederam a pesquisa. Foi realizada análise descritiva das variáveis e aplicação do teste quiquadrado. Para todos os testes estatísticos descritos anteriormente, foi adotado o intervalo de confiança de 95% e, portanto, um nível de significância de 5%. Desta forma, diferenças foram consideradas significativas quando o valor de p obtido em cada teste fosse inferior a 0,05. Os voluntários assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) sendo que, para os adolescentes menores de 18 anos, este foi enviado anteriormente aos seus responsáveis para que assinassem e autorizassem a participação dos mesmos. Além deste, os adolescentes assinaram o Termo de Assentimento (TA) criado especificamente a este público com vocabulário adequado a idade. 5

Este estudo faz parte de um projeto maior intitulado Estratégias Pedagógicas de Educação e Saúde e o Uso de Substâncias Psicoativas na Rede Estadual de Ensino da Grande Aracaju. Este, teve início após ser aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Tiradentes sob parecer nº 927.714, obedecendo aos critérios estabelecidos nos termos da Resolução CNS nº 466/12. RESULTADOS Foram aplicados 315 questionários do ensino fundamental e 312 do ensino médio em 16 escolas de Aracaju. No ensino médio, o que se refere ao gênero, a maioria é do sexo feminino (174-55,8%), não havendo diferença significativa entre os sexos. As idades que obtiveram maiores percentuais de participação foram 17 anos (78-25%), 16 anos (76-24,4%) e 15 anos (69-22,1%) respectivamente, sendo a média de idade entre os sujeitos de 16 anos. Observa-se ainda, que estes alunos representam em maior proporção o turno matutino 252 (80,8%) e a 1ª série corresponde maior parte da amostra 160 (51,3%). O estudo demonstrou que o álcool é uma substância muito consumida pelos adolescentes pesquisados (ensino médio), apresentando 78,2%, de uso na vida, seguido de 56,4% de uso no ano (Tabela 1). Tabela 1- Prevalência e frequência do consumo de álcool por estudantes do ensino médio (1ª, 2ª e 3ª série) da rede pública Estadual de Aracaju/SE, 2015 Álcool Uso na vida Uso no ano n % n % Não 67 21,5 133 42,6 Sim 244 78,2 176 56,4 Não respondeu 1 0,3 3 1,0 Total 312 100,0 312 100,0 Em relação ao início da experimentação do álcool, os dados retratam faixas etárias precoces, dos 13-15 anos (31,8%), entre 16-19 anos (18,3%) (Tabela 2). 6

Tabela 2 - Faixa etária de primeiro consumo (uso na vida) de álcool por estudantes do ensino médio (1ª, 2ª e 3ª série) da rede pública Estadual de Aracaju/SE, 2015 ÁLCOOL N % Não respondeu 1 0,3 Nunca usou 65 20,8 Não lembra 68 21,8 Faixa etária 09-12 anos 20 6,4 13-15 anos 99 31,8 16-19 anos 57 18,3 Menos de 9 anos 2 0,6 Total 312 100,0 Entre os adolescentes, 19,2% afirmaram fazer uso do álcool durante os últimos 30 dias que antecederam a pesquisa (Tabela 3). Tabela 3 - Consumo de álcool (uso no mês) por estudantes do ensino médio (1ª, 2ª e 3ª série) da rede pública Estadual de Aracaju/SE, 2015 ÁLCOOL N % Não 242 77,6 Sim, tomei de 1 a 5 dias no mês 60 19,2 Sim, tomei de 6 a 19 dias no mês 4 1,3 Tomei 20 dias ou mais no mês 6 1,9 Total 312 100,0 No ensino fundamental, no que se refere ao gênero, a maioria é do sexo feminino que corresponde a 173 (54,9%), seguido pelo masculino 133 (42,2%). As idades que obtiveram maiores percentuais de participação foram 15 anos 96 (30,5%), 14 anos 92 (29,2%) e 16 anos 50 (15,9%) respectivamente, sendo a média de idade entre os sujeitos de 15 anos. Observa-se ainda, que estes alunos representam em maior proporção o turno matutino 174 (55,2%). Ainda, pode-se perceber que o 9º ano corresponde maior parte da amostra 165 (52,4%). Os dados demonstraram altos índices do uso álcool pelos adolescentes do ensino fundamental pesquisados, apresentando 60,6%, de uso na vida, no entanto, há uma redução do uso desta substância quando observado o uso no ano 40,6% (Tabela 4). 7

Tabela 4 - Frequência do uso álcool por estudantes do ensino fundamental (8º e 9º ano) de Aracaju/SE, 2015 Álcool Uso na vida Uso no ano n % n % Não respondeu 1 0,3 Não 123 39,0 187 59,4 Sim 191 60,6 128 40,6 Total 315 100,0 315 100,0 Os resultados retrataram que o início da experimentação do álcool por estudantes do ensino fundamental, tem ocorrido em faixas etárias precoces, dos 13-15 anos (29,5%), no entanto os que declararam nunca ter usado estão em um percentual ainda maior (37,5%) (Tabela 5). Tabela 5 - Faixa etária de primeiro consumo (uso na vida) de álcool por alunos do ensino fundamental (8º e 9ºanos) da rede pública estadual de ensino de Aracaju/SE, 2015. Álcool n % Não respondeu 1 0,3 Nunca usou 118 37,5 Não lembra 54 17,1 Faixa etária 09-12 anos 25 7,9 13-15 anos 93 29,5 16-19 anos 19 6,1 Menos de 9 anos 5 1,5 Total 315 100,0 Na tabela 6 foram apresentados dados em relação ao uso no mês onde a maioria dos adolescentes afirmou não ter consumido bebida alcoólica, contudo 13,3% desses estudantes consumiram de 1 a 5 dias dentro de um mês. Tabela 6 - Consumo álcool (uso no mês) por estudantes do ensino fundamental (8º e 9º ano) de Aracaju/SE, 2015. Álcool n % Não respondeu 1,3 Não 258 81,9 1 a 5 dias 42 13,3 6 a 19 dias 11 3,5 20 ou mais 3 1,0 Total 315 100,0 8

CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base nos resultados encontrados, foi percebida que há prevalência no consumo de remédio para emagrecer no ensino fundamental e maconha no ensino médio, em todas as categorias investigadas, nas escolas da rede pública estadual de Aracaju. Em relação ao gênero, a maioria dos participantes foram do sexo feminino, estudantes do turno matutino em ambas as modalidades de ensino. A faixa etária que mais se destacou para o consumo de substâncias ilícitas no ensino fundamental foi de 15 anos e 17 anos no ensino médio, destacando assim, um consumo precoce de substâncias ilícitas nos estudantes do ensino fundamental. Um fator que chama a atenção é o consumo de remédios para emagrecer entre jovens, destacando-se no ensino fundamental. Possivelmente, esse hábito tenha se instaurado com o aumento da preocupação em relação aos aspectos estéticos instaurados socialmente, bem como, aceitação em grupos e, talvez, redução do sofrimento psíquico gerado no ato do bullying, frequentemente percebido nas escolas (OLIVEIRA et al., 2014). REFERÊNCIAS BARBETTA, P. A. Estatística aplicada às ciências sociais. 7 ed. Florianópolis: Editora da UFSC, 2010. BAUS, J.; KUPEK, E.; PIRES, M. Prevalência e fatores de risco relacionados ao uso de drogas entre escolares. Rev. Saúde Pública, v. 36, n. 1, p.40-6, 2002. BUCHELE, F.; COELHO, E.; LINDNER, S. A promoção da saúde enquanto estratégia de prevenção ao uso das drogas. Ciênc. Saúde Coletiva, v. 14, n. 1, p. 267-273, 2009. COSTA, M. C. O.; ALVES, M. V. Q. M.; SANTOS, C. A.; SANTOS, S. T.; CARVALHO; R. C.; SOUZA, K. E. P.; SOUSA, H.L. Experimentação e uso regular de bebidas alcoólicas, cigarros e outras substâncias psicoativas/spa na adolescência. Revista Ciência e Saúde Coletiva, v. 12, n. 5, p. 1143-1154, 2007. EISENSTEIN, E. Adolescência: definições, conceitos e critérios, adolescência e saúde. Adolescência & Saúde, v.2, n. 2, p. 6-7, 2005. GALDUROZ, J. C. F.; NOTO, A. R.; FONSECA, A. M.; CARLINI, E. A. V Levantamento nacional sobre o consumo de drogas psicotrópicas entre estudantes do ensino fundamental e médio da rede pública de ensino nas 27 capitais brasileiras. Universidade Federal de São Paulo. Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas, 2004. 9

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