REVERSÃO SEXUAL DE BETAS PARA PEQUENOS PRODUTORES

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Transcrição:

REVERSÃO SEXUAL DE BETAS PARA PEQUENOS PRODUTORES Elizabeth Baggio Batista 1 ; Luiz Sérgio Moreira 2 ; Guilherme da Costa Assis 3 ; Adolfo Jatobá M. Bezerra 4 INTRODUÇÃO A aquicultura ornamental representa cerca de 2% do total de todas as demandas com peixes no mundo; isso representa US$ 1 bilhão no atacado e ultrapassa US$ 5 bilhões no varejo (FAO, 2009). Entre as espécies de peixes ornamentais há o Beta (Betta splendens), que destaca-se no mercado pelo seu preço e rusticidade. Esta espécie é uma das cinco mais importadas pelos EUA, sendo uma das mais comercializadas nas agropecuárias e pet shops do estado de Santa Catarina e Brasil (FERREIRA, 2007). A reversão sexual através de hormônios é uma prática comum na aquicultura, sendo bem aplicada na tilapicultura, seus alevinos recebem ração incorporada com metiltestosterona para obter uma prole 100 % macho (RIBEIRO, 2001). A aplicação da técnica de reversão sexual para o Beta pode ser uma alternativa interessante para aumentar a renda dos produtores, pois o número de machos na prole interfere na rentabilidade do negocio. Estudos visando a masculinização e inversão sexual através de indução hormonal são de grande aplicabilidade na aquicultura ornamental. O objetivo deste trabalho é avaliar uma técnica de reversão sexual para Beta (Betta splendens) através do uso de Metiltestosterona e aplica-la em uma pequena propriedade de piscicultura ornamental no estado de Santa Catarina. 1 Graduanda de Medicina Veterinária Instituto Federal Catarinense Campus Araquari. Bolsista edital nº 085/ 2012 2 Técnico Responsável pela Unidade de Psicultura do Instituto Federal Catarinense Campus Araquari 3 Produtor de Peixes Ornamentais 4 Professor Coordenador do Instituto Federal Catarinense Campus Araquari. E-mail: adolfo.jatoba@ifc-araquari.edu.br

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS O trabalho foi realizado de fevereiro a outubro na Unidade de Ensino e Aprendizagem em Aquicultura (UEA) do Instituto Federal Campus Araquari, na propriedade Vale dos Betas (Biguaçu, Santa Catarina). Material Biológico e Reprodução dos Betas: os reprodutores foram doados pela fazenda Vale dos Betas. Para as desovas foram utilizadas 7 caixas de 50 L mantidas a 28 C. O Macho foi posto com um sub strato. Após a construção do ninho, a fêmea foi solta, para que realizassem o abraço nupcial. No terceiro dia de vida os alevinos foram transferidos para caixas de 500 litros com temperatura de 28 C e iniciado a alimentação exógena. As caixas fo ram organizadas da seguinte forma: 2 caixas receberam ração normal (sem hormônio) e 5 caixas receberam ração com hormônio( metiltestosterona ) Preparação da ração e avaliação da técnica de reversão sexual: a ração utilizada no experimento foi Pirá Alevino. Para a incorporação do hormônio sexual na ração, foi preparada uma solução estoque, dissolvendo-se 6 g do hormônio metiltestosterona em 1L de álcool etílico absoluto (95%). Para o preparo de 1 kg da ração, 10 ml da solução estoque foram diluídos em 500 ml de álcool comum ou comercial, segundo a metodologia de SHELTON et al. (1981). A ração foi seca a 25 C e armazenada a 8 C A oferta de ração com hormônio foi feita duas vezes ao dia ad libitun do 3 até 30 dia de vida dos alevinos. Aos 60 dia de vida foram avaliados morfologicamente para quantificar relação macho/fêmea de cada caixa. Os critérios para determinação do sexo foram comprimento da nadadeira caudal, ventral e anal, presença de ovopositor e conformação do corpo. Extensão Aplicada: a técnica foi desenvolvida da Fazenda Vale dos Betas, localizada na cidade de Biguaçu/ SC. Esta fazenda trabalha somente com produção de peixes ornamentais, entre eles o Beta. A fazenda produz aproximadamente 25.000 betas por tanque, na qual o macho é vendido por 1,50 e a fêmea por 1,00. Foram feitas desovas em 10 bacias com capacidade de 10 litros, com a mesma metodologia descrita no item 2.1. Ao terceiro dia de vida os alevinos foram transferidos para um tanque escavado com cerca de 48 m³ (12m 4m x 1m), coberto com tela anti-pássaro. A oferta com alimentação exógena iniciou logo após a

transferência para o tanque. A ração com metiltestosterona foi preparada segundo a metodologia descrita no item 2.2, a qual foi fornecida aos alevinos duas vezes por dia ad libitun do 3 até 30. RESULTADOS E DISCUSSÕES Após 30 dias de alimentação com dieta suplementada com metiltestosterona foi constatado reversão de 100% dos alevinos de Beta (Tabela 1). Estes resultados demonstraram que a utilização desta técnica é eficiente na reversão sexual de Betas. Padrão et al. 2007, observaram que o fornecimento de metiltestosterona na concentração acima de 30mgL -1 bioencapsulado em náuplios de Artêmia sp. foi efetivo no aumento da produção de machos de B. splendens em cerca de 80%. Tabela 1 - Porcentagem de machos e fêmeas de acordo com o tipo de ração, após 30 dias de consumo (avaliação técnica da reversão sexual). Desovas Total de Betas % MACHOS % FÊMEAS Grupo 1- Hormônio 37 100 0 Grupo 2- Hormônio 1 100 0 Grupo 3- Hormônio 10 100 0 Grupo 4- Normal 53 66 34 Grupo 5- Hormônio 20 100 0 Grupo 6- Normal 27 63 37 Grupo 7 Hormônio 65 100 0 O hormônio 17 alfa-metiltestosterona têm sido utilizado com excelentes resultados no processo da indução da reversão de sexo masculinizante em Tilapia áurea, (GUERRERO, 1975). Este autor usou dose de 60 mg/ Kg de ração, num período de 40 dias de tratamento, e obteve 98% de machos. Kim, 2007 submeteu as larvas em imersão com 500 µg/l do hormônio 17 α-metiltestosterona durante 24h e obteve proporção de 100% de machos. Estimouse também que o valor aproximado da idade inicial que poderia produzir indivíduos machos com maior peso e comprimento total seria de 19 dias de vida. A administração de esteroides para alevinos faz com que os tecidos, ainda indiferenciados, das gônadas de fêmeas se desenvolvam em tecido testicular, produzindo indivíduos que crescem e funcionam reprodutivamente como machos. O processo deve ser iniciado antes que o tecido da gônada primitiva tenha se diferenciado em tecido ovariano (POPMA e LOVSHIN, 1996).

O tempo de duração do tratamento hormonal também influi bastante na frequência de reversão. A duração do tratamento e idade das larvas são fatores mais críticos para o sucesso da inversão, além daqueles que afetam diretamente o crescimento como a densidade e a temperatura (SHELTON et al., 1981). Há uma estimativa que a reversão sexual pode incrementar a lucratividade da propriedade em 16,95 % (Tabela 2) Tabela 2 - Estimativa da lucratividade na venda de Betas revertidos sexualmente. Total de Total de machos Tratamento Nº de peixes Fêmeas Rentabilidade Bruta (%) (%) Sem reversão 25.000 64,5 35,5 32.062.50 Com reversão 25.000 100,0 0,0 37.500,00 *Valor de comercialização dos machos (1,50 R$) e fêmeas (1,00 R$) foram estabelecidos pelo produtor. Os resultados referentes à aplicabilidade da técnica na fazenda ainda não foram obtidos, pois a desova dos betas foi realizada no dia 30 de agosto e os resultados serão obtidos somente, quando a temperatura ambiente favorecer seu crescimento. CONSIDERAÇÕES FINAIS A utilização de metiltestosterona na ração de alevinos de betas até o 30 dia de vida demonstrou-se eficaz na reversão sexual destes. Este trabalho corrobora na democratização do conhecimento e, ao mesmo tempo, utiliza os saberes populares, na construção de um novo e mais amplo conhecimento a ser desenvolvido. Desta forma proporciona uma tecnologia de fácil execução e custo reduzido, capaz de aumentar a rentabilidade de produtores de peixes ornamentais. REFERÊNCIAS FAO. Ornamental Aquatic Life: What FAO got to do with it?. Food and Agriculture Organization of the United Nations., 2009.

FERREIRA, A. V. Ontogenia inicial e consumo de vitelo em malanotênia maçã (Glossolepis incisus, Weber, 1907). Dissertação. Produção Animal, UENF. Campos dos Goytacazes, RJ. 2007. GUERRERO, R. D. Use of androgens for the production of all-male Tilápia aurea (Steindachner). Trans. Amer. Fish. Soc., 1975. KIM et al. Induction of masculinization in Siamese fighting fish by hormonal immersion with emphasis on labile period to sex reversal. Aquaculture Reserch, v. 60, n. 2, p.15-17, 2007. KIRANKUMAR,S., AND T.J. PANDIAN,T.J., Effect on growth and reproduction of hormone immersed and masculinized fighting fish Betta splendens. Journal of Experimental Zoology 293: 606-616. 2002. v. 104, n. 2, p.342-8, PADRÃO, D.H.B. et al. Masculinization of beta, Betta splendens, using 17ametiltestosterone-enriched Artemia nauplii as food.simpósio Internacional de Iniciação Científica USP. São Paulo, 2007. POPMA, T. J.; LOVSHIN, L. Wordwide Prospects for Commercial Production Of Tilápia, Internacional Center for Aquaculture and Aquatic Environments. Auburn: Auburn University, Alabama. Research And Development. Series n. 41, 1996. 23 p. RIBEIRO, R. P. Espécies Exóticas. In: Fundamentos da Moderna Aquicultura. MOREIRA, H. L. M.; VARGAS, L.; RIBEIRO, R. P.; ZIMERMANN, S. Canoas: ULBRA,2001, p.91-121. SHELT ON, W. L.; RODRIGUES-GUERRERO, D.;LOPES MACIAS, J. Factors affecting androgen sex reversal of Tilápia aurea. Aquaculture, v. 25, n. 1, p. 59-65, 1981. ZIMMERMANN, S. Estado atual e tendencias da moderna aquicultura.in: Fundamentos da Moderna Aquicultura. MOREIRA, H. L. M.; VARGAS, L.; RIBEIRO, R. P.; ZIMERMANN, S. Canoas: ULBRA,2001, p.191