Barreiras Geossintéticas Poliméricas (Geomembranas) são realmente eficientes na proteção do meio ambiente?

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Barreiras Geossintéticas Poliméricas (Geomembranas) são realmente eficientes na proteção do meio ambiente? Indiara Giugni Vidal Consultora em Geossintéticos, São Paulo, SP, giugni.indiara@gmail.com RESUMO: O trabalho mostra que é possível projetar e executar barreiras geossintéticas poliméricas (geomembranas de PEAD) que fornecem proteção real ao meio ambiente, mesmo considerando-se um vazamento controlado, desde que a barreira seja dupla composta. Mostra também que o tipo de contato entre a geomembrana e a camada subjacente deve ser bom ou íntimo, para minimizar qualquer tipo de vazamento, e que o tipo de contato está diretamente vinculado a qualidade da instalação. Define o conceito de ALR (Action Leakage Rate) ou vazamento máximo permitido. Aborda os efeitos da carga hidráulica na intensificação do vazamento, a importância da boa qualidade da instalação da geomembrana, que está diretamente relacionada ao vazamento detectado, a fiscalização da instalação ou asseguramento da qualidade desta, e a verificação e/ou localização dos defeitos pelos ensaios geoelétricos. Comenta também algumas das recomendações internacionais de ALR ou vazamentos máximos permitidos, e apresenta um caso de obra e um estudo estatístico relatando que é possível especificar ALR de acordo com estas recomendações e ter resultados compatíveis de vazamentos, com auxílio dos ensaios geoelétricos para localização dos defeitos, quando o ALR excede o máximo especificado. PALAVRAS CHAVE: Barreiras Geossintéticas Poliméricas, Geomembranas de PEAD, Vazamentos, Controle de Qualidade de Instalação, Proteção Ambiental. 1 INTRODUÇÃO As barreiras geossintéticas poliméricas de PEAD - Polietileno de Alta Densidade, usualmente denominadas geomembranas ou barreiras de fluxo, são muito utilizadas a nível mundial, em sistemas de barreiras de aterros sanitários, valas de resíduos / lagoas de efluentes industriais e outras aplicações de contenção e desvio de fluxo, com a finalidade de proteger o meio ambiente, evitando a contaminação do solo e do lençol freático. O uso continuado e crescente das geomembranas de PEAD, nas obras com risco de poluição ambiental, se deve a excelente estabilidade e durabilidade do polímero de mesmo nome, frente as solicitações mecânicas e químicas destes tipos de obra. As geomembranas de PEAD possuem três componentes em sua formulação: resina (em torno de 96,5%), negro de fumo (em torno de 2,5%) e antioxidantes (em torno de 1%). Embora as concentrações dos antioxidantes e do negro de fumo sejam muito baixas em comparação a da resina, a importância destes dois componentes é fundamental, para o bom desempenho a longo prazo destas geomembranas, Cornellier e Tan, 2014. O constante avanço tecnológico das resinas de PEAD e dos antioxidantes / negro de fumo tem permitido a fabricação de geomembranas de PEAD com maior durabilidade e melhor desempenho, para aplicação em obras de proteção ambiental. O projeto envolvendo sistemas de barreiras de fluxo deve ser corretamente concebido, em relação aos seguintes aspectos: geotecnia local, especificação adequada da geomembrana de PEAD e demais geossintéticos envolvidos, proteção eficiente da geomembrana, drenagem do lixiviado (chorume no caso dos aterros sanitários) com o objetivo de manter a carga hidráulica dentro do limite recomendado por norma, especificação executiva contendo orientação sobre os detalhes críticos da instalação, e verificação da qualidade da instalação. Um sistema de barreira geossintética é eficiente, se e somente se: além do projeto ser concebido corretamente, a geomembrana especificada tiver a formulação e controle de qualidade de fabricação de acordo com a

necessidade da obra, a instalação da geomembrana tiver controle de qualidade rigoroso e for fiscalizada por empresa independente do fabricante e do instalador, com especialidade comprovada neste tipo serviço. 2 SOBRE O PROJETO DE BARREIRAS GEOSSINTÉTICAS POLIMÉRICAS (GEOMEMBRANAS) 2.1 Sistemas de Barreiras O projeto de um sistema de barreiras de fluxo (geomembranas) para obras de risco ambiental, deve incluir no mínimo um revestimento composto, o qual conforme a ABNT NBR 16199, é constituído por duas ou mais barreiras justapostas, em toda a extensão do sistema, de modo a evitar fluxo na(s) interface(s) entre barreiras, e reduzir a probabilidade de que o fluído percolado, por uma falha eventual no primeiro elemento (geomembrana), atinja uma falha eventual no elemento seguinte (argila compactada ou GCL), Figuras 1 e 2. Figura 1. Revestimento composto para sistema de barreiras de fluxo: GBR-P (geomembrana) e argila compactada, ABNT NBR 16199:2013. finalidade de proteger a geomembrana do risco de danos por material ou partículas contundentes. O elemento de proteção pode ser especificado também para reduzir as solicitações de tração da geomembrana, ABNT NBR 16199. Esta norma recomenda que o elemento de proteção seja um geotêxtil não tecido bastante espesso (no mínimo 1000 a 1200 gr/m 2 : nota da autora), ou um geotêxtil não tecido mais uma camada de material granular. O geotêxtil de proteção deve ser especificado em função do tipo e dimensões do material contundente e das solicitações mecânicas. Caso a opção do projeto seja especificar um geotêxtil não tecido mais uma camada granular, para a proteção da geomembrana, a recomendação da NBR 16199 é que a camada granular seja uma camada de areia fina, não submetida a esforços de compactação, com espessura inferior a 200 mm. A colocação do geotêxtil de proteção e a execução da camada granular devem ser executados com cuidado, para que após a conclusão da obra, a carga hidráulica sobre a geomembrana seja sempre inferior a 300 mm, como recomenda a ABNT NBR 13896. Por este mesmo motivo, ou seja, para manter uma carga hidráulica sempre menor que 300 mm, durante a vida de serviço do aterro sanitário ou de qualquer outra obra de risco ambiental, nunca deve ser colocada uma camada de solo diretamente sobre a geomembrana, com a função de protege-la, como tem sido prática corrente no Brasil. Isto porque a camada de solo sobre a geomembrana pode gerar cargas hidráulicas de até um metro, como mostra Giugni e Touze-Foltz, 2009, que pode acarretar grandes volumes de vazamento, e consequentemente poluição ambiental, através de defeitos não detectados na geomembrana. 3 SOBRE OS VAZAMENTOS NUM SISTEMA DE BARREIRAS GEOSSINTÉTICAS POLIMÉRICAS (GEOMEMBRANAS) Figura 2. Revestimento composto para sistema de barreiras de fluxo: GBR-P (geomembrana), GBR-C (GCL) e argila compactada, ABNT NBR 16199:2013. As Figuras 1 e 2 mostram que entre a geomembrana e o elemento de drenagem é colocada um elemento de proteção, que tem a 3.1 Entendendo o problema do vazamento A maioria dos projetos de sistemas de barreiras de fluxo para aterros sanitários e valas de resíduos / efluentes admite que não haverá vazamentos através da barreira, que possam

causar danos ambientais. Segundo Beck, 2014, e Glenn e Daren, 2011, a realidade das geomembranas instaladas, é que os serviços de instalação variam de completamente ineficiente a altamente eficiente. O que causa esta variação de eficácia é a forma de concepção do projeto envolvendo a geomembrana e sua instalação. Embora o vazamento através de uma barreira de fluxo num aterro sanitário possa ser maximizado pela sua operação, como peso dos resíduos e eficiência do sistema de detecção de vazamentos, a principal causa dos vazamentos são furos, rasgos e defeitos da geomembrana durante a instalação e colocação da camada de drenagem do lixiviado (chorume) sobre a mesma. Em sistemas de barreiras compostas, nos quais a geomembrana tem um contato íntimo (está bem aderida) com a camada de argila compactada sob a mesma, ou com o GCL (barreira argilosa ou geocomposto bentonítico), o vazamento pode ser minimizado. Mas como comenta Beck, 2014: o conceito de contato íntimo não é usado corretamente nos USA, e (comentário da autora:) muito menos no Brasil, onde a maioria das instalações de geomembrana são de péssima qualidade. Em vista disto, a forma mais eficaz e realística de projetar sistemas de barreiras de fluxo, é fazer uma concepção adequada um de revestimento duplo composto e recomendar a sua correta execução, de tal forma que os vazamentos não excedam um valor máximo especificado, que não causará dano ambiental. Assim, pela avaliação dos vazamentos esperados, em função da importância e da responsabilidade da obra, o projeto deve prever a probabilidade do vazamento exceder o máximo especificado, de modo similar a uma análise de estabilidade geotécnica, que pode prever a probabilidade de ruptura de um talude. 3.2 Conceito e Valores adotados para o Action Leakage Rate (Vazamento Máximo Permitido) O objetivo do uso de um sistema de barreiras de fluxo (geomembranas) em aterros sanitários, mineração, e outras obras com risco potencial de danos ambientais, é justamente evitar a contaminação do solo e aquífero subjacentes a estes sistemas. Peggs, 2009, comenta que os projetistas e consultores, em todo mundo, perceberam através dos anos que obras revestidas com geomembranas podem ser executadas com nenhum vazamento aparente, mas para isto não se pode confiar e muito menos especificar sistemas de barreiras compostas simples, mostradas nas Figuras 1 e 2, julgando serem totalmente impermeáveis, pois nunca serão. Barreiras compostas simples usadas em áreas grandes revestidas com geomembrana de pouca espessura, e coberta com vários centímetros de solo ou de água não são totalmente estanques. Peggs continua: danos ocorrem, e devem ser considerados inevitáveis. Por isto a concepção dos revestimentos duplo compostos, nos quais qualquer vazamento através da geomembrana primária (superior) com uma carga hidráulica constante sobre a mesma, é coletado sobre a geomembrana secundária (inferior) e removido através da camada drenante interposta entre as duas geomembranas, de modo que não há carga hidráulica sobre a geomembrana secundária, tem demonstrado ser muito mais seguro. Sistemas de revestimento duplo compostos não vazam, se forem corretamente projetados e executados, assim como navios de casco duplo não afundam. Então, o vazamento que estamos tratando aqui, é o vazamento através da geomembrana primária de um sistema duplo composto, como mostra a Figura 3. Figura 3. Revestimento duplo composto em sistema de barreiras de fluxo, ABNT NBR 16199:2013. Peggs, 2009 acrescenta que projetistas diligentes, órgãos ambientais e proprietários dos empreendimentos, tem aprendido a aceitar a existência de vazamento e incorporar no projeto e construção do sistema de barreiras, um dreno testemunho ou sistema de detecção de vazamentos eficiente, que removerá seguramente qualquer vazamento, sem que este cause danos ao solo subjacente e ao lençol freático. Mas então, qual deve ser o vazamento

máximo permitido, chamado ALR (Allowable or Action Leak Rate), acima do qual o dano na geomembrana que o causa deve ser localizado e reparado? A resposta: não é zero, pois mesmo numa lagoa com água, haverá difusão através da geomembrana. A USEPA publicou em 1992 a exigência para o ALR de geomembranas primárias, componentes de sistemas de barreiras duplo compostas, instaladas em contenções de resíduos sólidos e líquidos perigosos, de aterros sanitários e industriais nos USA. O valor recomendado para o ALR supõe que a instalação da geomembrana teve um bom controle de qualidade e foi fiscalizada por empresa com especialidade comprovada em asseguramento da qualidade. O ALR exigido pela USEPA é de 100 gpad (galões/acre por dia) ou aproximadamente 1000 lphd (litros/hectare por dia) para resíduos sólidos, em aterros sanitários com altura de chorume, ou carga hidráulica máxima, de 300 mm, e de 1000 gpad ou aproximadamente 10.000 lphd para lagoas. Desde esta época, os órgãos ambientais dos estados nos USA, exigem que os aterros sanitários dos seus municípios apresentem um ALR máximo de 200 lphd. Peggs, 2009 comenta que esta exigência tem funcionado muito bem, pois quando um sistema de detecção de vazamentos, em uma célula nova de aterro sanitário acusa um vazamento ou ALR superior a 200 lphd, realiza-se uma pesquisa dos danos na geomembrana com o teste geoelétrico (ELL). Através deste ensaio, os danos na geomembrana são localizados e reparados, para que o ALR se mantenha dentro do exigido pela USEPA. Mundialmente, as taxas de vazamento máximo ou ALR mais utilizados são: 200 lphd para geomembrana primária de aterros sanitários e 5000 lphd, recomendado pelo Recommended Standards for Wastewater Facilities, 2004, adotado em dez estados do norte do USA e em um estado do Canadá para geomembranas em estações de tratamento de esgoto com 2 m de coluna de água/efluente, Peggs, 2009. Pode-se dizer então, que ALR ou vazamento máximo permitido, é um parâmetro que avalia a qualidade da geomembrana instalada, e que todo projeto deve especificá-lo. O ALR, ou vazamento máximo permitido, não deve ser muito alto, porque indicaria uma má qualidade da instalação da geomembrana, nem deve ser muito baixo, que nem mesmo boas empresas instaladoras conseguiriam satisfazê-lo. Deve ser especificado um nível de ALR condizente com as boas práticas de instalação e que possa ser atendida por empresas instaladoras qualificadas. Glenn e Daren, 2011, comentam que o critério lógico para especificar um ALR não é em função do volume de vazamento que pode ocorrer com uma instalação de boa qualidade da geomembrana, mas sim deve ser em relação a haver uma solução prática para resolver o problema se o baixo volume de vazamento especificado não for alcançado. Então, especificar uma quantidade de vazamento (ALR) muito baixa pode ser desastroso, se a origem do vazamento não for localizada pelos métodos de pesquisa geoelétricas atuais. E se a causa do vazamento não for localizada, a única alternativa possível é revestir novamente toda a área, e esperar que a nova geomembrana não exceda o ALR especificado. A melhor opção é especificar ALRs ou vazamentos máximos permitidos que podem ser obtidos em todos os casos onde a atual tecnologia dos ensaios geoelétricos conseguem localizar furos e danos na geomembrana, como descritos na ASTM D6747. Atualmente, a nível mundial as boas práticas de instalação incluem o teste geoelétrico (ELL) após o termino da instalação da geomembrana, quando esta ainda está exposta, e também após ter sido coberta pelas camadas de proteção (geotêxtil espesso) e de drenagem. 3.3 Desempenho Hidráulico das Barreiras Compostas O vazamento em cada furo/defeito da geomembrana depende: da carga hidráulica sobre a geomembrana do tipo de contato geomembrana/argila compactada ou geomembrana/gcl das dimensões do defeito, Figura 4. Figura 4. Vazamento em defeito da geomembrana.

Duas equações são geralmente utilizadas para avaliação do vazamento advectivo através dos furos e danos da geomembrana, em sistemas de barreiras compostas: a equação de Giroud, Giroud et al., 1997 e a equação de Rowe, Rowe, 1998. A equação de Giroud assume que há contato íntimo (boa aderência, sem ondulações) entre a geomembrana e o GCL ou camada de argila compactada. Um contato pode ser considerado bom ou íntimo, Figura 5, ou ruim, Figura 6. O tipo de contato aumenta ou diminui o vazamento previsto. tem contato íntimo entre a geomembrana e o GCL ou argila compactada. 3.4 Estimativa do vazamento Para melhor compreensão das questões envolvidas com vazamentos em função do tipo de contato da geomembrana com o material subjacente, do tipo de dano, e das equações para avaliação da quantidade de fluxo através dos vazamentos, são apresentados a seguir um caso de obra, e um estudo estatístico realizado em 60 aterros sanitários dos USA, citados por Beck, 2014. 3.4.1 Primeiro caso de Obra Figura 5. Contato íntimo (bom) entre a geomembrana e a camada de argila compactada ou o GCL. A equação de Rowe é usada para estimativa de vazamento através de ondas formadas na geomembrana durante a instalação. É normal imaginar que o vazamento numa onda seja pequeno. No entanto, Chappel, 2012 cita que estudos mais recentes da quantificação da extensão das ondas mostram que mais de 30% da área da geomembrana pode estar hidraulicamente conectada através da rede de ondas. Figura 6. Contato ruim entre a geomembrana e a camada de argila compactada ou o GCL. A equação de Rowe resulta em uma quantidade de vazamento muito maior que a equação de Giroud. E é importante salientar também, que os ensaios geoéletricos (ELL), usados para localizar furos e danos na geomembrana, não detectam vazamentos em ondas e em outras áreas que não O caso de obra é referente a expansão de um aterro sanitário nos USA, onde as geomembranas constituintes de um sistema duplo composto foram instaladas com um bom controle de qualidade e também com uma boa fiscalização. Foi realizado o asseguramento da qualidade (CQA: Construction Quality Assurance), por empresa independente e qualificada para realizar este tipo de serviço. O ALR, ou vazamento máximo permitido, especificado no projeto era de 50 lphd. Como o vazamento detectado no dreno testemunho, interposto entre as geomembranas primária e secundária, foi superior ao ALR exigido no projeto, foram tomadas medidas corretivas. Para isto, foi realizado um ensaio geoéletrico ou ELL (Electric Leak Location) pelo método dipolo, o qual localizou dois pontos de vazamento. Após o reparo dos pontos encontrados, o vazamento não diminuiu, significando que havia outros danos. O monitoramento do aterro passou a ter coleta de dados diários, assim como a realização de medidas da carga hidráulica sobre a geomembrana primária no poço de inspeção, registrando desta forma o vazamento e a carga hidráulica correspondente. Um segundo ensaio geoelétrico (ELL) pelo método dipolo foi realizado então, só que desta vez a camada de detecção de vazamentos (dreno testemunho) foi inundada, e foi mantida uma carga hidráulica de alguns centímetros sobre a geomembrana primária. Com este procedimento criou-se um contato elétrico através de qualquer

vazamento existente na geomembrana através da água, a qual preencheu todos os vazios criados pelas ondas e outras áreas de contato ruim entre a geomembrana e o GCL sob a mesma. Neste segundo ensaio foram detectados seis furos pequenos e um rasgo de aproximadamente 5 mm de extensão. Todos os furos eram localizados nos manchões executados nos cruzamentos de solda no pé dos taludes. Embora nenhuma onda alta tenha sido localizada, ficou evidente que a geomembrana não tinha contato bom com o GCL nestes locais. Após a correção de todos os defeitos encontrados pelo ensaio dipolo, e após duas semanas de drenagem através da camada do dreno testemunho, o vazamento detectado na geomembrana primária foi de 26,7 a 42,2 lphd, menor que o especificado no projeto: 50 lphd. Foi realizada a análise dos dados dos vazamentos nos furos/defeitos corrigidos, e a localização e a cota de cada furo foi correlacionada com a altura de líquido (chorume) sobre a geomembrana primária no poço de monitoramento. A carga hidráulica sobre cada furo, correspondente a cada vazamento diário medido foi calculada. Através da carga hidráulica e de outras características locais, calculou-se o vazamento pelas equações de Giroud e de Rowe, Tabela 1. Tabela 1. Vazamento em lphd de uma célula de aterro sanitário recém construída, com vazamento máximo especificado (ALR) de 50 lphd. 1 Vazamento antes dos reparos (medição diária) 2 Contato bom / íntimo Eq. de Giroud 3 Contato ruim Eq. de Giroud 4 Vazamento nas ondas Eq. de Rowe 5 Vazamento calculado após os reparos (Col. 1 Col. 4) 300,0 4,1 22,6 261,4 38,6 306,7 4,8 26,2 285,9 20,8 308,9 4,9 27,0 291,1 17,8 288,9 3,7 20,0 243,0 45,9 Na tabela 1 são mostrados: coluna 1 os registros dos vazamentos diários antes dos reparos, as colunas 2, 3 e 4 os vazamentos calculados através das equações de Giroud e de Rowe, a coluna 5 a diferença entre os vazamentos da coluna 1 e o calculado na coluna 4 (equação de Rowe para ondas). A coluna 5 mostra resultados com boa aproximação com os vazamentos registrados após os reparos (26,7 a 42,2 lphd). Pelos resultados da Tabela 1 observa-se que a equação de Rowe para vazamentos, através das ondas da geomembrana instalada, é a que mostra maior coerência para cálculo dos vazamentos do aterro em questão, que conforme comenta Beck, 2014: esta equação provavelmente é a mais representativa para outros aterros dos USA. Provavelmente, também é a mais indicada para os aterros sanitários brasileiros (nota da autora deste artigo). Vazamentos observados nos aterros sanitários americanos, em outras pesquisas, são consistentes com os resultados obtidos pela equação de Rowe, e a suposição de interconecção das ondas no seu comprimento entre 122 e 610 m/hectare, Rowe, 2010. A recomendação de Rowe e Hosney, 2010, é que a equação de Giroud e a correspondente suposição de contato íntimo seja aplicada em países como a Alemanha, onde há um controle rígido da instalação, para que as condições de contato íntimo prevaleçam. 3.4.2 Estudo Estatístico sobre Vazamentos Beck, 2012 apresentou um estudo probabilístico relacionado com os vazamentos máximos exigidos (ALR). Através deste estudo foi estimado antecipadamente o vazamento médio, pela adoção de cinco opções tecnológicas distintas, para o cálculo da probabilidade do vazamento no aterro sanitário exceder o ALR exigido pelo órgão ambiental, Tabela 2. O estudo estatístico relativo a 60 células de aterros sanitários do norte do estado de Nova York, entre os anos 2006 e 2012, mostrou que o vazamento médio detectado pelo ensaio geoelétrico (ELL) dipolo foi de 73,5 lphd, que faz parte da opção 1 da estimativa do vazamento, que considerou a realização do ensaio dipolo, após a colocação da camada drenante sobre a geomembrana. Para isto, foi preciso estimar o número de pontos de vazamento da geomembrana instalada, que de acordo com Rowe, et al., 2004, uma densidade de vazamento de 2,5 a 5 furos por hectare é a mais considerada na literatura, antes da aplicação de qualquer tecnologia de melhoria da instalação ou de ensaios pós instalação da geomembrana. A opção 2 da estimativa do vazamento, considerou o ensaio ELL primeiro sobre a geomembrana, imediatamente após o término da

instalação, seguido ensaio dipolo, após a colocação da camada drenante sobre a geomembrana. A suposição foi que 17% da área da geomembrana instalada tivesse ondas, nas quais o vazamento não seria detectado. Então, nesta opção a estimativa do vazamento foi feita adotando 17% da detecção dos vazamentos existentes, e um vazamento detectável por ELL de 0,14 furos por hectare. A opção 3 considerou o ensaio ELL primeiro sobre a geomembrana, imediatamente após o término da instalação, seguido ensaio dipolo, após a colocação da camada drenante sobre a geomembrana, e uma redução de ondas de 10%. A redução das ondas pode ser conseguida, por meio de um melhor controle da instalação da geomembrana. A opção 4 considerou um contato íntimo da geomembrana com camada subjacente, e o ensaio ELL primeiro sobre a geomembrana, imediatamente após o término da instalação, seguido ensaio dipolo, após a colocação da camada drenante sobre a geomembrana. Esta opção não representa qualquer tecnologia para localização de vazamentos na geomembrana instalada, o contato íntimo da geomembrana foi assumido como sendo em toda a área e os ensaios ELL corretamente executados. Tabela 2. Probabilidade do vazamento exceder 50 a 200 lphd Opção Vazamento Estimado (lphd) 1 Probabilidade de exceder 200 lphd Probabilidade de exceder 50 lphd 1 73,5 2 6,6 % 50,7 % 2 23,3 0,02 % 11,7 % 3 9,6 8,88 x 10-8 % 0,55 % 4 0,0 N/A 3 N/A 3 Notas: (1) Não inclui condensação ou difusão através da geomembrana. Para o uso da equação de Rowe foi suposto: carga hidráulica de 300 mm, largura da onda de 0,31 m, comprimento da onda de 190 m, permeabilidade do GCL de 5,0 x 10-11 m/s, espessura do GCL de 0,006 m, transmissividade da interface geomembrana / GCL de 2,0 x 10-10 m 2 /s (para condições de baixa carga de compressão). Área com ondas: 17% nas opções 1 e 2 e 10% na opção 3, mesma probabilidade de ocorrer vazamento em qualquer lugar da geomembrana. (2) Do estudo do vazamento em 60 células de aterros sanitários no estado de Nova York entre 2006 e 2012. (3) Assumindo contato íntimo e que os ensaios geoelétricos (ELL) foram realizados corretamente, é tecnicamente possível instalar uma geomembrana completamente livre de vazamento. 4 CONCLUSÕES A boa prática da engenharia recomenda fazer uma especificação equilibrada entre o necessário e a perfeição, mas que resulte num custo exequível utilizando as tecnologias disponíveis. No caso de ser especificado um valor baixo do vazamento máximo permitido ou ALR, uma camada de baixa permeabilidade como um GCL colocado sob a geomembrana torna possível atender a especificação. Uma camada de baixa permeabilidade como o GCL sob a geomembrana diminui muito o vazamento, desde que haja contato íntimo entre ambos. Um baixo vazamento máximo permitido ou ALR depende quase que totalmente do contato íntimo entre a geomembrana e o GCL ou a geomembrana e a argila compactada, e não tanto da capacidade de detecção de furos e danos da geomembrana pelos ensaios geoelétricos (ELL). Pelo acima exposto, através de um projeto concebido segundo os padrões recomendados pelo órgão ambiental americano USEPA e pelos pesquisadores citados no item 3, é possível conviver com vazamentos previamente estabelecidos, sem causar poluição ao meio ambiente. Para tanto, é fundamental que seja especificado um sistema de barreira de fluxo duplo composto, como mostra a Figura 3, que a instalação tenha um controle de qualidade adequado, para haver o contato íntimo da geomembrana e camada subjacente, e também uma fiscalização eficiente para o asseguramento de qualidade, por empresa qualificada para este serviço. Além disto os ensaios geoéletricos (ELL) devem servir de apoio para verificação da geomembrana logo após a instalação e também após a sua cobertura com a camada drenante. REFERÊNCIAS ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 13896: Aterros de Resíduos não Perigosos Critérios para projeto, implantação e operação, 1997, 12 p. ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 16199: Geomembranas Termoplásticas

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