A PRODUÇÃO DE DOCUMENTÁRIOS COMO PROJETO DE EXTENSÃO: UMA PROPOSTA DA AGÊNCIA DE JORNALISMO DO DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO

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Transcrição:

9. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 1 REA TEMÁTICA: (marque uma das opções) ( x ) COMUNICAÇÃO ( ) CULTURA ( ) DIREITOS HUMANOS E JUSTIÇA ( ) EDUCAÇÃO ( ) MEIO AMBIENTE ( ) SAÚDE ( ) TRABALHO ( ) TECNOLOGIA A PRODUÇÃO DE DOCUMENTÁRIOS COMO PROJETO DE EXTENSÃO: UMA PROPOSTA DA AGÊNCIA DE JORNALISMO DO DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO Paula Melani Rocha 1 Amanda Cruz 2 Laís Franco 3 Mariel Salgado Riveiros 4 Marco Antonio Fávero 5 RESUMO O presente trabalho apresenta a experiência do Núcleo de Documentário que faz parte do setor de Jornalismo Eletrônico, um dos ramos contemplado pelo Projeto de Extensão Agência de Jornalismo, do curso de Comunicação Social/Jornalismo da UEPG. O respectivo Núcleo, ao cumprir o regulamento da Agência, tem como objetivo atender as demandas sociais de comunicação comunitária em localidades carentes, instituições, entidades filantrópicas, organizações nãogovernamentais e movimentos populares. A discussão proposta trata especificamente do documentário sobre Crack, realizado em parceria com a Promotoria de Justiça de Ponta Grossa. Em 2006, foi implantada a Lei de Drogas, a qual optou ao legislador em não descriminalizar o uso de entorpecentes e excluiu a prisão para este tipo de comportamento. Em função disso, a Justiça determinou três frentes para tratar a questão. O documentário produzido por um grupo de cinco alunos, os quais participam do projeto de extensão, será utilizado como um dos instrumentos contemplados por uma dessas três atitudes, em especial, a que diz respeito à advertência sobre os efeitos da droga. As outras duas são: prestação de serviços à comunidade e medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. Para fazer o vídeo os alunos precisaram aprender conceitos sobre filmagem, apuração, documentário e edição digital, os quais foram discutidos durante o processo de produção do mesmo. Além de noções sobre teorias do jornalismo, mais direcionas a como tratar o conteúdo do vídeo e seu roteiro, no intuito de atender os objetivos da promotoria e a compreensão do público alvo. PALAVRAS CHAVE jornalismo, extensão, vídeo Introdução Para contribuir com a discussão sobre o papel das atividades de extensão dentro da academia e sua relevância na formação do aluno, ao lado do ensino e da pesquisa, o objetivo desse estudo é trazer a experiência da produção do documentário sobre Crack, desenvolvido pelo Núcleo de Documentário, da Agência de Jornalismo. O pesquisador português Fidalgo 1 Doutora, professora adjunta do Departamento de Comunicação/Jornalismo, pmrocha@uepg 2 Estudante do terceiro ano do curso de Comunicação Social/Jornalismo, amandacruz23@gmail.com 3 Estudante do terceiro ano do curso de Comunicação Social/Jornalismo, lalazinha-lfr@hotmail.com (apresentador) 4 Estudante do segundo ano do curso de Comunicação Social/Jornalismo,mariel 4640@hotmail.com (apresentador) 5 Estudante do terceiro ano do curso de Comunicação Social/Jornalismo, marco-favero@hotmail.com

9. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 2 (2008) mostra que, no ato do fazer também se desenvolve um saber a investigação pode nascer da própria prática e ser reclamada por ela. O conhecimento também pode nascer do estudo da prática na busca de aprimorá-la ou conceituá-la. O autor argumenta sobre a importância da prática na aprendizagem do jornalismo, não apenas como um conjunto de técnicas mecânicas que reproduzem atividades passadas, mas como um saber profissional com dimensões reflexivas. Nesse sentido, a produção do documentário contemplou o objetivo geral do projeto de proporcionar ao grupo uma visualização da relação entre teoria e prática no jornalismo. A Agência, em vigor desde o segundo semestre de 2003, é um projeto de extensão do curso de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), o qual tem como objetivo atender as demandas sociais de comunicação comunitária em localidades carentes, instituições, entidades filantrópicas, organizações não-governamentais e movimentos populares, com caráter de prestação de serviços e sem remuneração. Participam da Agência cinco professores - o coordenador Sérgio Luiz Gadini, Carlos Alberto Sousa, Karina Janz Woitowicz, Paula Melani Rocha e Rafael Schoenherr -, e quatro alunos, entre estagiários e voluntários, que juntos orquestram as atividades distribuídas pelos três Departamentos da Agência (Impresso, Eletrônico e Assessoria de Imprensa). Esses Departamentos contemplam um leque de produções na área do jornalismo: jornais, revistas, boletins informativos, vídeos-documentários, telejornais, radiojornais, webjornais, projetos de educomunicação e assessoria de imprensa. O Núcleo de Documentário pertence ao Departamento de Jornalismo Eletrônico. Os documentários produzidos por esse Núcleo obedecem ao mesmo procedimento adotado pelas outras atividades desenvolvidas pela Agência. O solicitante procura a Agência de Jornalismo e o pedido é registrado. Em seguida é feita uma reunião com toda a equipe para discutir sua viabilidade e após aprovação inicia a execução. O pedido do vídeo sobre o Crack partiu da Promotoria de Justiça de Ponta Grossa. A ideia da Promotora Suzane Maria Carvalho do Prado era de utilizar o documentário para advertir os usuários sobre o efeito e conseqüências do usa da droga. De acordo com a Lei 11.343/2006 o legislador não descriminaliza o uso de entorpecentes e exclui a prisão para este tipo de comportamento. Àquele que adquire, guarda, tem em depósito, transporta ou traz consigo, para consumo pessoal, droga sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar fica sujeito a (a) advertência sobre os efeitos da droga, (b) prestação de serviços à comunidade ou (c) medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. O texto não traz, ainda, qualquer dispositivo sobre como executar a pena de advertência. Segundo a Promotora, tornou-se apenas retórica sem vislumbrar qualquer comprimento dos seus objetivos. O documentário será veiculado na audiência específica, com o propósito de impactar o usuário, visando à diminuição de reincidência. A partir da aprovação do pedido foi agendada uma reunião convidando alunos do curso de Jornalismo a participarem do Núcleo de Documentário, mais especificamente para produzir o respectivo vídeo, com duração de aproximadamente 10 minutos. Ingressaram no grupo três discentes que cursavam o segundo ano em 2010 - Amanda Cruz, Laís Franco, Marco Antonio Favero, e duas que estavam matriculadas no primeiro ano - Mariel Salgado Riveiros e Marina Lemos Demartini. Objetivos O objetivo geral do projeto de extensão é proporcionar aos alunos a prática do jornalismo, neste caso específico, a produção de um documentário. A extensão é um dos tripés que sustentam a formação de um aluno de graduação, ao lado do ensino e da pesquisa. É uma forma de transpor a sala de aula e interar com a sociedade, aplicando o aprendizado adquirido em tecnologia. A união da ciência à tecnologia só beneficia o país. O desafio era produzir um vídeo que atendesse a expectativa da promotoria, no sentido de servir como uma advertência sobre os perigos do uso do crack. Entre os objetivos específicos estão: Discutir e aplicar as teorias sobre apuração, fonte, filmagem, documentário e edição durante todo o processo de construção do vídeo; Proporcionar a relação de um trabalho de equipe com os pares profissionais; Estabelecer a relação com as fontes e respeitar a ética na deontologia do jornalismo; Conhecer um dos problemas sociais na contemporaneidade: o crak e suas mazelas. Metodologia

9. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 3 O primeiro passo foi se reunir com a promotora para entender, especificamente, qual era a missão do vídeo, público alvo, tempo de produção e conteúdo desejado. Ficou definido que a duração seria de aproximadamente 10 minutos e que o público alvo seria os usuários de crack, que foram apreendidos portando a droga para consumo próprio. O conteúdo visaria mostrar os males que o crack causa a eles, pensando no seu organismo e vida, quanto nas suas conseqüências sociais, estendendo para a família e pessoas próximas e queridas. A escolha por um vídeo pautou-se nos efeitos que a imagem falada passa para o público receptor. Como mostra Morán (1995, p.28): O vídeo explora também, e basicamente, o ver, o visualizar, o ter diante de nós as situações, as pessoas, os cenários, as cores, as relações espaciais (próximo-distante, alto-baixo, direitaesquerda, grande- pequeno, equilíbrio-desequilíbrio). Desenvolve um ver entrecortado, com múltiplos recortes da realidade, através dos planos e muitos ritmos visuais: imagens estáticas e dinâmicas, câmera fixa ou em movimento, uma ou várias câmeras, personagens quietos ou se movendo, imagens ao vivo, gravadas ou criadas no computador. Um ver que está situado no presente, mas que o interliga não-linearmente com o passado e com o futuro. O segundo passo foi se reunir com o grupo de alunos para definir as tarefas. A produção ficou por conta de três alunas. Uma levantou os dados sobre o crack no Brasil: mapeamento do consumo por estados, como vem aumentando, a situação em Ponta Grossa, índices de presos e mortes e as consequências do uso para o organismo. Junto com mais duas alunas, elas dividiram as marcações para captação de imagens e entrevistas. Em seguida foram agendadas as entrevistas com usuários, no Centro de Reabilitação em Ponta Grossa, porém as duas primeiras não puderam ser utilizadas, pois não era recomendado identificar os entrevistados, as cabeças foram cortadas e o resultado final ficou ruim. Em reunião, ficou decidido filmar novamente, desta vez com a angulação fechada (cluse up) nas expressões e nos detalhes como mãos, olhar, boca. Em seguida foi agendada a entrevista com a mãe e com o delegado. Para sorte do grupo, surgiu um flagrante, apreensão de drogas: cocaína, crack, maconha e haxixe. Foi realizada, portanto, a incineração de todo o conteúdo apreendido na fornalha da piscina do campus da UEPG de Uvaranas. Por opção do grupo não foi feito um roteiro prévio antes de iniciar a etapa de captação de imagens. Partiu-se da perspectiva de Coutinho de que o roteiro engessa a idéia, por outro lado a captação de imagens não pode ser solta, tem que remeter à proposta do projeto (LINS, 2007). O terceiro passo foi conseguir agendar a captação de imagens na cadeia de Ponta Grossa. Após meses de tentativa, foi autorizada a filmagem. O último passo foi com o toxicologista. Infelizmente, na primeira marcação a equipe não foi devido à falta de condução. Na segunda chegou atrasada e ele tinha ido embora. A alternativa foi agendar em outro lugar, no Laboratório de Anatomia da própria Universidade. Paralelamente, a esta etapa do projeto, dois da equipe, um deles foi quem fez a captação de grande parte das imagens, já estavam iniciando o processo de edição do documentário. A outra aluna também responsável pela edição foi atrás da música e do compositor. Frente à quantidade de imagens, viu-se a necessidade em traçar um storyboard e de captar imagens no cemitério da cidade. Durante todo o processo de apuração, captação de imagens e edição discutiu-se assuntos teóricos e éticos, principalmente no tratamento com as fontes e com os entrevistados. Também teve uma preocupação com a ética na edição do documentário para evitar o sensacionalismo. Procurou-se constantemente não perder o foco do público alvo e o que a promotoria esperava com o vídeo. Esta parte observou-se dificuldade. Esses foram os norteadores de todo o processo de produção e edição do material. Resultados O crack é um problema social. Seu consumo aumenta a cada dia no Brasil e no mundo. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), o número de usuários de crack hoje no país é em torno de 1, 2 milhão e a idade média para início do uso da droga é 13 anos. De acordo com Bourdieu (1997), o jornalista é um funcionário da humanidade. Sua função é manter a sociedade informada e seu compromisso é com o público. O documentário proposto tem uma relevância social. Ele não tem a pretensão de resolver o problema, mas de ser mais uma ferramenta de advertência utilizada pela promotoria. Além disso, ele trouxe um ganho ao grupo, não só por introduzi-lo na prática de documentários, mas também, por levar os alunos envolvidos a ampliarem seus conhecimentos sobre o tema a realidade brasileira, despertando neles um censo crítico mais aguçado.

9. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 4 O jornalismo é uma simbiose entre forma e conteúdo. Não se caracteriza em uma relação dicotômica e sim complementar entre teoria e prática. O exercício do jornalismo está intrinsecamente relacionado ao desempenho técnico, mas também ao compromisso ético e humanístico. Essa reflexão esteve presente em todo o processo de produção. Os alunos tinham que enxergar pelo viés do usuário e não o deles próprios. E isto era complicado, pois os referencias deles são diferentes dos referencias dos usuários. Nas entrevistas com ex-usuários, ou com familiares, ou na ida a cadeia, o tempo todo precisava travar o diálogo entre o conteúdo captado e o público alvo, para não desviar o foco. Por isso, a importância do trabalho em equipe. A construção do vídeo, como mostrou nos procedimentos metodológicos, não se deu de forma linear. Embora tenha partido de uma idéia preestabelecida, no final foi necessário captar mais imagens. A edição exigiu um trabalho maior, pois as falas tinham muita informação e o vídeo não podia ser muito longo para não dispersar a atenção do público. O envolvimento do grupo acabou ampliando o tempo de produção do mesmo. No total somou quase um ano, pois a cada novo passo os alunos criavam novas necessidades, que indiscutivelmente agregaram mais valor ao produto final. O produto abre com imagens da droga sendo incinerada num forno e a fala de um ex-usuário informando que o crack é a droga do chifre do diabo. Em seguida, entram os depoimentos dos exusuários contando sobre as destruições que o vício causou na vida deles e dos familiares. Com a deixa entra a fala da mãe, detalhando a luta que foi e ainda é a sua vida e a de seu marido. No depoimento da mãe, optou-se por deixá-lo em branco e preto, pois, além de trazer mais dramaticidade, o fundo era muito colorido, destoando com o assunto principal. Segundo a teoria, é um recurso que passa a impressão de um mergulho mais intimista. A fala é forte e precisava tocar o público alvo, por isso o diferencial da cor. Nas cenas de corte utilizou imagens do fogo queimando com música, um violão ao fundo. O vídeo não tem off (narração). Ele é amarrado pelos próprios depoimentos, que sempre dão o gancho para a fala que o segue ou pelas cenas de corte do fogo. É assim que entra a fala do delegado contextualizando o problema em Ponta Grossa. Informações nacionais do crack, número de mortos e os prejuízos causados no organismo de quem faz uso da droga entraram em formato de texto nas imagens da cadeia, cemitério e órgãos humanos. O projeto não finaliza na produção do documentário. A promotoria irá utilizá-lo nas audiências específicas. O usuário, após assisti-lo, irá redigir um texto sobre o que achou. Se o tocou ou não. A segunda fase do projeto é analisar as respostas juntamente com a Promotora e ajustar o vídeo, na medida do possível, para melhor atender seu propósito. Conclusões A escolha do vídeo-documentário como instrumento para sensibilizar o público alvo (usuários de crack flagrados pela polícia), deve-se às próprias características do vídeo, ou seja, a linguagem visual alcança pessoas de diferentes idades e extratos sociais. É mais universal. O efeito é mais impactante que a informação impressa, porque inclui imagem em movimento e a relação espaço-tempo e percepção. Nesse sentido, o vídeo-documentário busca ser inteligível ao público heterogêneo que a promotoria pode se deparar. Mesmo porque o elo está na temática que os identifica: o uso do crack. O projeto do Crack, desenvolvido pelo Núcleo de Documentários, permitiu aos alunos envolvidos no projeto manusearem a câmera filmadora, editar em ilha digital explorando seus recursos técnicos, se familiarizarem com teorias de edição de vídeo, bem como de apuração e relação com as fontes e pares profissionais. No entanto, ainda não se pode afirmar se o vídeo atingiu plenamente sua missão, pois isto só será possível após análise dos depoimentos redigidos pelos usurários. Assim que isso acontecer, serão feitas as alterações sugeridas e o documentário será encaminhado à Defensoria Pública em Uberaba, Minas Gerais, que também irá utilizá-lo para o mesmo fim. Referencias AUMONT, Jacques. A imagem. 2ª ed. Campinas, Papirus, 1995. BELTRÃO, Luiz. Teoria e prática do jornalismo. Adamantina: Edições Omnia, 2006. BOURDIEU, Pierre. Sobre a Televisão. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997. FIDALGO, Joaquim. Jornalistas e saberes profissionais. Trabalho apresentado no I Colóquio Brasil- Portugal de Ciências da Comunicação, evento componente do XXXI Congresso Brasileiro de

9. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 5 Ciências da Comunicação. Natal: 2008. Disponível em http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2008/resumos/r3-0452-1.pdf LINS, Consuelo. O documentário de Eduardo Coutinho. Televisão, cinema e vídeo. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2007. MARQUES DE MELO, José. Teoria do Jornalismo. Identidades Brasileiras. São Paulo: Editora Paulus.2006. MEDITSCH, Eduardo. Novas e velhas tendências: os dilemas do ensino de jornalismo na sociedade da informação. Revista Brasileira de Ensino de Jornalismo, Brasília, 2007. v.1, n.1, p.41-62, abr./jul. Disponível em http://www.fnpj.org.br/rebej/ojs/viewissue.php?id=6 MORÁN, José Manuel. O vídeo na sala de aula. In Comunicação e Educaçã. São Paulo (2), p.27 a 35, jan/abr 1995. Disponível em revistas.univerciencia.org/index.php/comeduc/article/viewpdfinterstitial/3927/3685 PROKOP, Dieter. Ensaio sobre a cultura de massa e espontaneidade. In: MARCONDES FILHO, C. (Org.). Dieter Prokop: sociologia. São Paulo: Ática, 1986.