Efeito da Borra de Café na formação de mudas de pepino (Cucumis sativus L.) Coffee Borra effect on the formation of cucumber seedlings (Cucumis sativus L.) GARCIA, Romário Vargas 1 ; COSTA, Ariane Cardoso 2 ; DELPRETE, Samayana Inacio 3 ; SILVA, Mirian Gomes 4 ; LIMA, Wallace Luís 5 1 Granduando de Agronomia pela UFES Universidade Federal do Espírito Santo, romariovg9@gmail.com; 2 Mestranda em Produção Vegetal na UENF Universidade Estadual Norte Fluminense Darcy Ribeiro, arianecardosocosta@hotmail.com; 3 Graduanda em Ciências Biológicas pelo Ifes Campus de Alegre, samayana97@gmail.com; 4 Graduanda em Tecnologia de Cafeicultura pelo Ifes - Instituto Federal do Espírito Santo Campus de Alegre, miriansilva1959@hotmail.com; 5 Professor do Ifes - Campus de Alegre, wallace@ifes.edu.br. Resumo: Uma das potencialidades da borra de café está no uso na agricultura como fertilizante ou componente de substratos para produção de mudas, por se tratar de material rico em matéria orgânica e em macro e micronutrientes quando bem manejado. As cucurbitáceas contribuem com aproximadamente 25% das hortaliças comercializadas no Brasil, e entre estes o pepino possui grande importância. O presente trabalho objetivou analisar o efeito da borra de café na formação de mudas de pepino. O efeito da borra de café sobre a produção de mudas de pepino foi testado através dos tratamentos, T0 (solo puro testemunha), T1 (1/2 de solo + 1/2 Bioplant ), T2 (1/2 de solo + 1/2 de borra de café), T3 (1/2 de borra de café + 1/2 de Bioplant ) e T4 (1/3 de borra de café + 1/3 Bioplant + 1/3 solo). Os tratamentos com borra de café não apresentaram diferença estatística para nenhum parâmetro estudado sempre ficado entre os piores, demonstrando que a borra de café não compostada age de forma negativa no desenvolvimento das mudas de pepino. A borra de café não deve ser usada diretamente como fertilizante orgânico para produção de mudas de pepino. Palavras-chave: Agroecologia, Curcubitaceae, resíduo vegetal. Abstract: One of the coffee grounds potentials is to use it in agriculture as fertilizer or component of substrates for seedling production, because it is a material rich in organic matter, and macro and micronutrients when well managed. The cucurbit contribute approximately 25% of vegetables commercialized in Brazil, among them the cucumber has a great importance. This study aimed to analyze the effect of coffee grounds in the formation of cucumber seedlings. The effect of the coffee grounds on the production of cucumber seedlings was tested by the treatment, T0 (pure soil control), T1 (1/2 + 1/2 soil Bioplant ), T2 (1/2 soil + 1 / 2 coffee grounds), T3 (1/2 coffee grounds + 1/2 Bioplant ) and T4 (1/3 coffee grounds + 1/3 + 1/3 Bioplant ground). Treatments with coffee grounds showed no statistical difference for any parameter studied situated among the worst cases. That suggestes not composted coffee grounds may act negatively on the development of cucumber seedlings, coffee grounds should not be used directly as fertilizer organic for producing cucumber seedlings. Keywords: Agroecology, Cucurbitaceous, plant residue.
Introdução O pepino é considerado originário da Índia, sendo domesticado na Ásia e, em seguida, introduzido na Europa, depois de ser levado para a América por Cristóvão Colombo. Os tipos mais comuns de pepino são americanos, Europa, Médio Oriente, holandês e oriental pepino (WEHNER & MAYNARD, 2003). Entre as cucurbitáceas o pepino é a espécie mais cultivada em ambiente protegido em todo o mundo, pois esta planta não suporta baixas temperaturas, adaptadas sob cultivo a temperatura superiores a 20 C, necessitando de substratos de qualidade para o cultivo (CAÑIZARES et al, 2002). Neste contexto, o substrato para produção de mudas deve propiciar boas condições de umidade, macro e microporosidade, disponibilidade de nutrientes e de água. Dificilmente, o composto atenderá a todas as características desejada, (Fernandes et al, 2006). De acordo com Blank et al. (2003), os materiais utilizados na constituição de substratos precisam ser de qualidade, ter acesso próximo ao local de cultivo e apresentar baixo custo de aquisição. Mesmo assim, há necessidade de testar a eficiência na produção de mudas de pepino. Por meio da reciclagem, resíduos sólidos podem ser transformados em insumos para a produção de compostos orgânicos, assumindo um papel importante para o meio ambiente, uma vez que, contribui para diminuir a extração de recursos naturais e reduzir o acúmulo de resíduos no meio ambiente (RODRIGUES & CAVINATTO, 2003). Por meio da reciclagem, os resíduos orgânicos podem ser transformados em compostos e fertilizantes para uso agrícola. O café (Coffea sp.) é uma das matérias-primas da agroindústria, é empregada principalmente para bebidas, sendo ela uma das mais consumidas mundialmente, cuja produção global chega a superar 105 milhões de toneladas por ano (XIMENES, 2010). No entanto, a produção e consumo de café originam uma enorme quantidade de resíduos, entre os quais se inclui a borra, resultante do processo de obtenção da bebida do café. Uma das utilidades da borra de café está no uso na agricultura, como composto orgânico ou componente de substratos para produção de mudas, por se tratar de material rico em matéria orgânica e em macro e micronutrientes, (FAN SOCCOL, 2005). Com o propósito de orientar o uso deste resíduo e diminuir seu impacto ambiental o presente trabalho objetivou analisar o efeito da borra de café na formação de mudas de pepino.
Metodologia O estudo foi desenvolvido em casa de vegetação no Centro de Ciências Agrárias Universidade Federal do Espírito Santo (CCAUFES). Os tratamentos foram constituídos com substrato comercial (Bioplant ). O solo foi retirado nas proximidades e peneirado em malha de 2 mm. A borra de café foi seca ao ar e armazenada em sacolas plásticas. O efeito da borra de café foi testado através dos tratamentos e as proporções foram feitas em volume: T0 (solo puro testemunha), T1 (1/2 de solo + 1/2 Bioplant ), T2 (1/2 de solo + 1/2 de borra de café), T3 (1/2 de borra de café + 1/2 de Bioplant ) e T4 (1/3 de borra de café + 1/3 Bioplant + 1/3 solo), bandeja utilizada foi lavada com água corrente e preenchidas com os tratamentos. As sementes de pepino foram semeadas em bandejas de isopor com 72 células (5,0 cm de largura por 12,0 cm de altura e volume de 121,2 cm 3 por célula). A irrigação foi realizada diariamente pela manhã e à tarde com irrigador tipo crivo. 14 dias após a semeadura foi feito o desbaste das mudas deixando-se apenas a mais vigorosa. Para determinar o comprimento da parte aérea e a maior raiz utilizou-se uma régua graduada em centímetros, tomando como referência o colo até o ápice da muda. O diâmetro do colo foi medido com um paquímetro digital (Berent BT 4171). Para obter a massa fresca, as mudas foram lavadas para remoção de todo substrato aderido às raízes, e secas ao ar e rapidamente pesadas em balança de precisão (0,001g). O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado (DIC), utilizando 12 repetições por tratamento, totalizando 60 plantas. As plântulas foram avaliadas 21 dias após a semeadura, considerando as seguintes características: Comprimento da parte aérea e maior raiz (cm), massa fresca total (g), diâmetro do colo da muda (mm) e número de folhas. As análises estatísticas foram realizadas pelo software sirvar para windows versão 5.6. Os resultados foram submetidos a análise de variância, e as médias dos dados, foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Resultados e discussões Na tabela 4 observa-se que o tratamento T1 (1/2 de solo + 1/2 Bioplant ), T3 (1/2 de borra de café + 1/2 de Bioplant ) e T4 (1/3 de borra de café + 1/3 Bioplant + 1/3 solo), proporcionaram CMR superiores a testemunha, provavelmente a superioridade destes tratamentos se deve pela maior porosidade proporcionada pelo Bioplant que facilitou aumentos de CMR e T2 (1/2 de solo + 1/2 de borra de café) não diferenciou estatisticamente da testemunha. O tratamento T1(1/2 de solo + 1/2 Bioplant ) proporcionou a maior MFT, enquanto a menor MTF foi obtida com T2 (1/2 de solo + 1/2 de borra de café), a borra de café tem efeito inibitório nas plantas a partir de concentrações altas, Wangen et al. (2015), observou efeito negativo na massa fresca da parte aérea e a altura das mudas de alface, decaindo à medida que aumenta a concentração da borra de café no substrato. Atribui-se a borra de café
uma lenta mineralização e disponibilização de nutrientes pois a mesma não passou por um processo de compostagem (DANTAS, 2011). O maior diâmetro do colo da planta foi observado em T1(1/2 de solo + 1/2 Bioplant ) se destacando dos demais tratamentos, as mudas deste tratamento absorveram maior quantidade de nutrientes devido ao melhor desenvolvimento de suas raízes, os piores resultados foram para os tratamentos que possuíam borra de café pois o Ph baixo inibe o desenvolvimento da muda. A borra de café contem nitrogênio em proporção reduzida, a borra pode ser utilizada como adubo orgânico (TANGO, 1971 e CLAUDE, 1979). Entretanto o elevado teor de acidez (ph = 4,2). O tratamento T2 (1/2 de solo + 1/2 de borra de café) apresentou os piores resultados para todos os parâmetros, exceto em CMR pois apesar de não oferecer condições da muda se desenvolvem, ofereceu melhor condição física para a raiz crescer do que o solo puro, para os demais parâmetros a interação da acides e falta de nutrientes ou intoxicação foi muito pronunciadas. Tabela 1. Médias do diâmetro do colo (DC), massa fresca total (MFT), altura da parte aérea (APA) e comprimento da maior raiz (CMR) das mudas de pepino. Tratamentos DC (mm) MFT (g) APT (cm) CMR (cm) T 0 3,71 b 1 3,67 b 7,45 b 13,40 c T 1 5,31 a 7,63 a 10,66 a 19,95 a T 2 2,63 c 1,4 c 5,03 c 15,83 bc T 3 2,89 c 2,13 bc 5,31 c 19,21 a b T 4 2,76 c 2,07 bc 5,22 c 18,59 a b C.V % 11,89 42,46 18,1 18,57 1 Médias, seguidas de mesma letra, dentro de cada parâmetro, não diferem entre si pelo teste Tukey, a 5% de probabilidade: CV) Coeficiente de variação, T0 (solo puro testemunha), T1 (1/2 de solo + 1/2 Bioplant ), T2 (1/2 de solo + 1/2 de borra de café), T3 (1/2 de borra de café + 1/2 de Bioplant ) e T4 (1/3 de borra de café + 1/3 Bioplant + 1/3 solo). Os tratamentos, T2 (1/2 de solo + 1/2 de borra de café), T3 (1/2 de borra de café + 1/2 de Bioplant ) e T4 (1/3 de borra de café + 1/3 Bioplant + 1/3 solo) não apresentaram diferença estatística para nenhum parâmetro estudado sempre ficado entre os piores, demonstrando que a borra de café não compostada age de forma negativa no desenvolvimento das mudas de pepino. Conclusões A borra de café afetou negativamente os parâmetros observados nas mudas, diâmetro do colo, massa total, altura da parte aérea e comprimento da maior raiz, a borra de café não deve ser usada diretamente como fertilizante orgânico para produção de mudas de pepino.
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