INSTITUTO DE CIÊNCIAS DE SAÚDE FUNORTE. Larissa Athayde Antunes



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Transcrição:

INSTITUTO DE CIÊNCIAS DE SAÚDE FUNORTE Larissa Athayde Antunes AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DE DIFERENTES MÉTODOS DE PROFILAXIA DO ESMALTE DENTAL NA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DO SISTEMA DE COLAGEM DE BRÁQUETES Salvador 2011

12 Larissa Athayde Antunes AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DE DIFERENTES MÉTODOS DE PROFILAXIA DO ESMALTE DENTAL NA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DO SISTEMA DE COLAGEM DE BRÁQUETES Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Ortodontia como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista em Ortodontia. Orientador: Professor Ms. Jorge Ribeiro. Faculdades Unidas do Norte de Minas Núcleo Funorte - Salvador/ IAPPEM

13 2011 Ficha Catalográfica Antunes, Larissa Athayde Avaliação da influência de diferentes métodos de profilaxia do esmalte dental na resistência ao cisalhamento do sistema de colagem de bráquetes. Salvador: IAPPEM, 2011. 54p. Mongrafia (Especialização em Ortodontia) IAPPEM 1.Bráquetes ortodônticos 2. Resistência ao cisalhamento 3. Profilaxia CDU:

14 TERMO DE APROVAÇÃO Larissa Athayde Antunes AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DE DIFERENTES MÉTODOS DE PROFILAXIA DO ESMALTE DENTAL NA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DO SISTEMA DE COLAGEM DE BRÁQUETES COMISSÃO EXAMINADORA Examinadores Titulares 1 Jorge Luís de Oliveira Ribeiro 2 Monica Malvar Corbacho 3 Ricardo Lobo

15 Salvador 2011 AGRADECIMENTOS Primeiramente, agradeço à DEUS, pelo amor incondicional, presença constante, força, saúde e pelos anjos que colocou em meu caminho. Aos meus pais pela minha concepção, criação, valores a mim passados, bem como por me apoiar e permitir a busca de meus sonhos. À minha mãe meu eterno porto seguro. Aos meus irmãos pelo carinho, afeto e certeza de meu sucesso. Aos meus grandes e eternos amigos Rick, Gu, Bá, Leo, Roger, Marena, Cris e Izes pelo suporte essencial em minha caminhada. À Beto e Gra, por apontar e incentivar o meu ingresso na Ortodontia. vida. À Tricia Guedes Magalhães por me propiciar o ponta-pé inicial desta fase de minha À Familia Garrido, pelo exemplo, paciência, dedicação tornando minha caminhada mais suave e, acima de tudo, por me lapidarem. Aos colegas da especialização, pelo companheirismo, luta, união e alegria. Aos funcionários do IAPPEM, pelo socorro imediato sempre. Aos pacientes, pela confiança e paciência. Aos professores do curso de Ortodontia do IAPPEM e aos professores convidados, pelos ensinamentos e dedicação ao nosso curso. Muito obrigada!!!! Ao meu orientador, Jorge Luis Oliveira Ribeiro, pela orientação deste trabalho, bem como por me ensinar o valor da perseverança e disciplina. À professora Maria Cristina Cangussú, pela assistência na avaliação estatística dos dados deste trabalho.

16 Ao professor Anderson Freitas, por sua disponibilidade e consessão da máquina de ensaio EMIC e laboratório do NUPRO - Núcleo de Pesquisa em Reabilitação Oral da UFBA- Universidade Federal da Bahia Agradeço, também, à todos os companheiros que estiveram junto a mim nesta fase de vida, apoiando-me, dando-me força e alegria para dar continuidade a esse meu projeto de vida, um sonho, que se apresentou, à muitos, como uma utopia.

17 RESUMO O propósito deste estudo foi avaliar, in vitro, através do Teste de Resistência ao Cisalhamento e Análise do Índice do Adesivo Remanescente (IAR), a influência de diferentes métodos de profilaxia do esmalte dental, previamente ao condicionamento ácido, na resistência adesiva do sistema de colagem de bráquetes ortodônticos. A amostra foi constituída por 60 pré-molares humanos divididos em 3 grupos: G1- Profilaxia com taça de borracha, mistura de pedrapomes (ASFER ) e água; G2- Profilaxia com taça de borracha e pasta profilática Herjos-F (Vigodent S.A ); G3- Profilaxia com jato de bicarbonato Jet-Sonic Four plus (GNATUS ). A partir dos resultados obtidos, pôde-se concluir que não houve diferença estatísticamente significante nos valores de resistência ao cisalhamento, nem nos índices IAR obtidos, para os três grupos testados. Portanto, os três métodos de profilaxia em estudo possuem a possibilidade de serem utilizados na clínica ortodôntica sem prejuízo da resistência adesiva do sistema de colagem de bráquetes. Palavras chave: bráquetes ortodônticos, resistência ao cisalhamento, profilaxia.

18 ABSTRAT The purpose of this in vitro study was to evaluate the influence of different prophylaxis methods of dental enamel in the bond strength of orthodontics bracket boding system, previously to the acid application through The Shear Bond Strength Test and the Analysis of the Adhesive Remnant Index (ARI). The sample used consisted of sixty human Bicuspids divided in three experimental groups: G1- Prophylaxis with rubber cup and a mix of water and pumice slurry (ASFER ); G2- Prophyilaxis with rubber cup and paste Herjos-F (Vigodent S.A ); G3- Prophylaxis with sodium bicarbonate jet Jet-Sonic Four PLUS (GNATUS ). Based on this study, it could be concluded that there was no statistically significant differences between the groups even in the values of shear bond strength or in ARI scores. Therefore, all of the three prophylaxis methods studied could be used in clinical situations without prejudice to the bond strength of orthodontic brackets bonding system. Key-Words: orthodontic brackets, shear bond strength, prophyilaxis.

19 LISTA DE QUADROS, TABELAS E GRÁFICOS Quadro Resumo Formação dos grupos experimentais 33 Tabela 1 - Média e desvio padrão das medidas de cisalhamento em Newton (N) e Megapascal (Mpa) 35 Tabela 2 Diferenças estatísticas (p valor) da comparação dos valores em megapascal entre os grupos 35 Gráfico 1 Média e intervalo de confiança a 95% da medida de cisalhamento em (Mpa) 36 Gráfico 2 Média e intervalo de confiança a 95% da medida de cisalhamento em (N) 36

20 LISTA DE FIGURAS PRANCHA 1 50 Figura 1 - Ranhuras nas raízes dentárias e pequena porção de cera utilidade posicionada no ponto central da face vestibulare Figura 2 Semi-círculo, em preto, desenhado na parte horizontal do esquadro PRANCHA 2 51 Figura 3 Esquadro demarcado e posicionado sobre o cilindro de PVC durante a polimerização da resina ortofitálica Figura 4 Pré-molar incluído nos cilindros PVC. Face vestibular perpendicular à borda do cilindro de PVC PRANCHA 3 52 Figura 5 Ponta ativa da máquina perfeitamente adaptada à suerfície do bráquete. Força aplicada paralela ao longo eixo da coroa.

21 LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS ANOVA CDS cm EDS Análise de variância Espectroscopia de energia dispersiva Centímetro Espectroscopia de energia dispersiva G1 Grupo 1 G2 Grupo 2 G3 Grupo 3 IAR mm mm/min mw/cm 2 MPa MEV N n Índice de Adesivo Remanescente Milímetro Milímetro por minuto Miliwatts por centímetro quadrado Megapascal Microscopia eletrônica de varredura Newton Número de dentes de cada grupo

22 PVC USP Poli Vinil Cloreto Rígido Universidade de São Paulo 0 C Grau Celsius SUMÁRIO 1- INTRODUÇÃO 12 2- REVISÃO DA LITERATURA 15 2.1- DIFERENTES MÉTODOS DE PROFILAXIA DA SUPERFÍCIE DENTÁRIA EM ESTUDOS DE RESISTÊNCIA ADESIVA 17 2.2- PREPARO DA SUPERFÍCIE DENTÁRIA 22 3- PROPOSIÇÃO 28 4- MATERIAL E MÉTODO 30 4.1- DELINEAMENTO EXPERIMENTAL 31 4.2- ETAPAS DO EXPERIMENTO 31 4.2.1- Aspectos éticos 31 4.2.2- Seleção dos dentes 31 4.2.3- Resistência adesiva do sistema de colagem de bráquetes 32 4.2.3.1- Preparo dos corpos de Prova 32 4.2.3.2- Formação dos grupos experimentais 34 5- RESULTADOS 36

23 6- DISCUSSÃO 39 7- CONCLUSÕES 44 REFERÊNCIAS 46 ANEXOS 50 ANEXO 1- TERMO DE DOAÇÃO DOS DENTES 51

1 INTRODUÇÃO 24

25 1 INTRODUÇÃO Desde o início do século XX, vários avanços tecnológicos têm contribuído para o aperfeiçoamento da qualidade técnica dos acessórios ortodônticos. Atualmente, diante de bons acessórios disponíveis no mundo, é de fundamental importância a sua fixação à superfície dos dentes de maneira eficaz, ou seja, uma colagem adequada dos bráquetes ortodônticos à superfície do esmalte dos dentes, pois falhas na colagem aumentam o tempo de tratamento, levam à um maior tempo de consulta e à mais inconvenientes aos pacientes como, por exemplo, a perda de estrutura dentária causada pelo condicionamento ácido e pelas sucessivas recolagens dos bráquetes ortodônticos. Atualmente, tem-se desenvolvido uma grande diversidade de materiais indicados para a colagem de bráquetes ortodônticos. O conhecimento científico destes materiais é de fundamental importância para seu uso clínico. Entre estes conhecimentos, discute-se a necessidade ou não de uma profilaxia prévia à utilização destes materiais, podendo ser uma variável importante a ser analisada. Vários são os métodos apontados para o cumprimento dessa etapa que, via de regra, consiste no pré-tratamento mecânico ou químico do esmalte dentário que, por sua vez, pode variar no que tange aos instrumentais a serem utilizados (escovas de Robson ou taças de borracha) e também, quanto aos materiais que irão compor esse procedimento (pedra pomes, pasta profilática ou jateamento de bicarbonato ou óxido de alumínio). Inicialmente, a profilaxia era realizada apenas com taça de borracha ou escova de Robson associada à pasta profilática (SILVERSTONE,1983). Posteriormente, a pedra pomes fina ou extra-fina, associada à taça de borracha ou escova de Robson em baixa rotação, passou a ser o método de profilaxia mais utilizado antes da colagem de bráquetes ortodônticos (DOLCI et al., 2000; SANTOS et al., 2000; IANNI FILHO et al., 2004; ROMANO et al., 2005; DOMINGUEZ et al., 2005; PITHON et al., 2008, a e b; RIBEIRO et al., 2008; BEECH e JAVALY, 1980; PROFFIT, 1995; ARMAS VEGA, 2001; DERECH PEREIRA E SOUZA, 2008; LILL et al., 2008). Mas, com a evolução tecnológica, surge o jato de bicarbonato que, além de ser um aparelho moderno, associa maior rapidez e facilidade de aplicação (PINZAN et al., 2001; PATEL et al., 2004). Sabendo-se que o biofilme dental interfere de maneira significativa na adesão do material resinoso ao esmalte dental (GORELICK, 1977; PROFFIT, 1995; SUNDFELD et al., 1998; LILL et al.,

26 2008) e que diferentes métodos de remoção desse biofilme estão disponíveis na literatura científica, o presente trabalho tem o objetivo de auxiliar na escolha da técnica de profilaxia mais adequada e que, portanto, proporcione uma superfície dental ideal para colagem dos bráquetes ortodônticos, tornando a adesão mais eficiente sem prejuízo ao esmalte dental.

27

2 REVISÃO DA LITERATURA 28

29 2 REVISÃO DA LITERATURA A partir da década de 60, vários estudos passaram a aperfeiçoar a técnica de colagem direta de bráquetes à superfície do esmalte dental. Por conseguinte, o procedimento de colagem tem se tornado cada vez mais confiável e simples, proporcionando, inclusive, redução no tempo necessário à montagem dos aparelhos ortodônticos fixos (DERECH et al., 2008). A colagem direta de bráquetes à superfície dental foi iniciada a partir da técnica de condicionamento ácido introduzida por Buonocore, em 1955, e significou grande mudança na Odontologia, fortalecendo a concepção de conservação da estrutura dentária, uma vez que, antes do surgimento deste procedimento, a técnica utilizada era o desgaste de tecido dentário sadio para atender à necessidade física dos materiais restauradores (ARMAS VEGA, 2001). A técnica de colagem direta de bráquetes à superfície dental consiste em realização prévia de profilaxia da superfície do esmalte dental seguida de condicionamento ácido, lavagem, secagem e aplicação do sistema de colagem, dentre os diversos sistemas disponíveis no mercado odontológico, conforme recomendações dos seus respectivos fabricantes (DERECH et al., 2008).

30 Os bráquetes e/ou demais acessórios ortodônticos devem permanecer colados diretamente à superfície do esmalte dental, resistindo, assim, às forças ortodônticas e impactos mastigatórios, sem a necessidade de utilização das bandas metálicas ortodônticas. Essa técnica de colagem de bráquetes significou, sem dúvida, um grande avanço para a Ortodontia, proporcionando muitos benefícios, dentre eles, a maior facilidade na detecção de lesões cariosas, a menor irritação gengival, diminuição da ocorrência de descalcificação do esmalte e melhor estética (DERECH et al., 2008). Entretanto, algumas desvantagens também são apontadas, dentre elas a menor resistência de união ao dente e maior tempo de preparo para recolagem de novo bráquete, quando comparado à técnica de cimentação das bandas ortodônticas. Além disto, o condicionamento ácido pode causar danos irreversíveis ao esmalte. Segundo Simplício (2000), o material adesivo ideal para a Ortodontia deve possuir boa resistência e força de adesão sem, contudo, danificar o esmalte no momento da descolagem, além de proporcionar ação cariostática. Previamente à colagem de bráquetes propriamente dita, faz-se necessário proporcionar uma superfície dental limpa, isenta de biofilme, saliva e quaisquer outras substâncias que possam interferir no processo de colagem e, portanto, acarretar em prejuízo na capacidade de resistência adesiva, ou seja, resistência às forças ortodônticas e/ou mastigatórias. Por isso, rotineiramente, antes do condicionamento ácido das superfícies dentais, faz-se necessária a realização de profilaxia dessas superfícies. Os resultados da pesquisa pioneira de Newman, em 1965, revelaram que o tratamento do esmalte com polimento de pedra pomes e aplicação de ácido fosfórico a 40%, por 1 minuto, apresentou um aumento da força de adesão durante o teste de cisalhamento para a remoção de bráquetes. Entre as técnicas de profilaxia da superfície do esmalte, a mais utilizada é realizada com a taça de borracha e pedra pomes. Um método alternativo, também citado na literatura, é a profilaxia com o jato de ar. Este instrumento foi introduzido, em 1977, pela Dentsply, e tem mostrado ser um método eficiente na remoção de placa e manchas em situações clínicas. Além da pedra pomes ou jatos de ar, outro material frequentemente utilizado para a limpeza da superfície do esmalte dental é a pasta profilática que, por sua vez, possui vários constituintes como flúor e aromatizantes. Os constituintes abrasivos, como silicato de zircômio e carbonato de cálcio, são os mais importantes para a remoção de manchas e placa bacteriana aderida ao esmalte do dente. A ação da pasta profilática deve proporcionar uma superfície limpa e polida sem causar desgaste no esmalte, não podendo ser tóxica (SILVERSTONE, 1983).

31 2.1 DIFERENTES MÉTODOS DE PROFILAXIA DA SUPERFÍCIE DENTÁRIA EM ESTUDOS DE RESISTÊNCIA ADESIVA Dolci e colaboradores (2000) avaliaram, através de ensaios de tração, a resistência de quatro materiais adesivos, Transbond XT (3M/Unitek, Monrovia, USA), Concise Ortod (3M/Unitek, Brasil), Fill Magic Ortod (Vigodente ) e Fuji Ortho LC (GC Corporation, Tokyo, Japão), indicados para a colagem de bráquetes. Para isto, os autores utilizaram 60 dentes (incisivos inferiores) bovinos hígidos que tiveram sua superfície vestibular aplainada, submetidos à profilaxia com pedra pomes e água, com escova de Robson, sendo posteriormente divididos em 4 grupos de 15 elementos cada e utilizados os materiais de acordo com as recomendações dos fabricantes. Assim, os corpos de prova foram armazenados em água destilada por 24 horas, a 37 o C, e, após a termociclagem, foi realizado o ensaio de tração com uma máquina WOLPERT, com velocidade de 0,5mm/min. Com os resultados, os autores concluíram que os materiais Transbond XT (3M/Unitek,, Monrovia, USA) e Concise Ortod (3M/Unitek,, Brasil) obtiveram os melhores resultados, enquanto o Fill Magic Ortod (Vigodente ) e Fuji Ortho LC (GC Corporation, Tokyo, Japão) apresentaram os menores valores de resistência de união. Santos e colaboradores (2000) avaliaram, através de teste de tração, a capacidade de retenção de bráquetes metálicos com malha nas bases, colados em pré-molares humanos, com o adesivo Transbond XT (3M/Unitek, Monrovia, USA) associado ao agente adesivo hidrófilo Transbond MIP (3M/Unitek, Monrovia, USA) ou com o cimento resinoso modificado fotopolimerizável de ionômero de vidro Fuji Ortho LC (GC Corporation, Tokyo, Japão) sem a aplicação de condicionamento ácido, ambos em ambiente úmido, comparando-os com o adesivo Concise Ortod (3M/Unitek, Brasil) e com o adesivo Transbond XT (3M/Unitek, Monrovia, USA) em ambiente seco. Todos os dentes tiveram sua superfície vestibular polida, por 20 segundos, com escova de Robson e pedra pomes com granulação fina e sem flúor. Os locais das falhas foram avaliados com microscopia eletrônica de varredura. Os autores puderam observar que os bráquetes colados com o Transbond XT (3M/Unitek, Monrovia, USA) associado ao Transbond MIP (3M/Unitek, Monrovia, USA), em ambiente úmido, ou com o Concise Ortod (3M/Unitek, Brasil) em ambiente seco apresentaram maior capacidade de retenção, sem diferenças entre sí. As descolagens ocorreram predominantemente na interface bráquete-adesivo para o Concise Ortod (3M/Unitek,

32 Brasil) enquanto houve menor índice de remanescente de adesivo na superfície dentária com os outros adesivos. Pinzan e colaboradores (2001), através do teste de cisalhamento, avaliaram dois tempos diferentes de condicionamento ácido sobre a superfície de esmalte (15 e 60 segundos) e a colagem de acessórios ortodônticos com resina composta Concise Ortod (3M/Unitek, Brasil), com e sem homogeneização prévia das pastas. Para isso 96 dentes bovinos foram divididos aleatoriamente em 4 grupos e, previamente à colagem, todos receberam profilaxia com jato de bicarbonato do Profi II (Dabi Atlante ), e, posteriormente, secados com jato de ar. No grupo A, o condicionamento ácido foi realizado por 15 segundos e os acessórios colados sem a homogeneização prévia das pastas; no grupo B, condicionamento ácido por 15 segundos e acessórios colados com homogeneização prévia das pastas; no grupo C, condicionamento ácido por 60 segundos e acessórios colados sem a homogeneização prévia das pastas; e, no grupo D, condicionamento ácido por 60 segundos e acessórios colados com homogeneização prévia das pastas. Após o condicionamento ácido, os dentes foram lavados pelo mesmo tempo que condicionados. O teste de cisalhamento foi realizado em uma máquina universal EMIC. Os autores observaram, através dos resultados, que não houve diferença estatisticamente significante entre as variáveis testadas (tempo de condicionamento ácido e homogeneização prévia ou não) entre os grupos A, B e C, exceto para o grupo D que mostrou os resultados acima do mínimo recomendado. Ianni Filho e colaboradores (2004) avaliou, in vitro, a força de adesão de diversos materiais de colagem por meio de ensaio mecânico de cisalhamento. Para isto utilizaram 72 pré-molares que foram divididos em 6 grupos: Grupo 1- Transbond (3M/Unitek, Monrovia, USA); Grupo 2 Fill Magic Ortod (Vigodente ); Grupo 3 Enlight (Ormco, USA); Grupo 4 Ortho Solo com Enlight (Ormco, USA); Grupo 5 Super Bond (Ortho Source ); e Grupo 6 Super Bond (Aditek ). Todos os grupos seguiram um protocolo de preparação da superfície dos dentes que consistia em: profilaxia da superfície vestibular com pedra pomes e taça de borracha, em baixa rotação, por 15 segundos, renovando a taça a cada cinco polimentos; lavagem com jato de água e spray e secagem com jato de ar livre de umidade por 15 segundos; condicionamento ácido com ácido fosfórico a 37% em gel, por 30 segundos, lavagem por 20 segundos e secagem novamente. Após a preparação, os bráquetes foram colados em cada grupo com seu material, seguindo as instruções do fabricante e submetidos, após 48 horas, ao teste de cisalhamento. Os autores puderam concluir, com base nos resultados obtidos, que todos os materiais testados apresentaram força de adesão adequada para uso clínico e que a utilização de um adesivo hidrofílico de última geração (Ortho Solo) proporcionou um aumento significativo da força de adesão, quando comparado aos demais materiais analisados.

33 Patel e colaboradores (2004) avaliaram a força de resistência da resina composta quimicamente ativada Super Bond (Aditek ), com e sem prévia homogeinização, sob diferentes tempos de condicionamento ácido (15 e 30 segundos). Para isto foram selecionados 150 dentes bovinos para colagem dos bráquetes e distribuídos 25 para cada grupo, sendo que, nos grupos A e C, a pasta foi obtida diretamente da bisnaga; para os grupos B e D, foi armazenada em recipientes que permitiram sua homogeinização e, para E e F, foi obtida do final da bisnaga, ambos sem homogeinização. Inicialmente, os dentes foram limpos com jato de bicarbonato do Profi II (Dabi Atlante ), submetidos ao condicionamento ácido, aplicação de primer e, por fim, colagem com resina composta. Os autores observaram que não houve diferença estatisticamente significante com relação à força de resistência do material quando avaliados o tempo de condicionamento, a prévia homogeinização ou não da pasta e a variável final da bisnaga. Romano e colaboradores (2005) compararam a resistência ao cisalhamento de bráquetes metálicos colados com os cimentos de ionômero de vidro modificados por resina Fuji Ortho LC (GC América Corporation, USA) e Ortho Glass P (DFL, Brasil). Para isto os autores utilizaram 40 incisivos inferiores permanentes bovinos divididos em quatro grupos (n=10) aleatoriamente. No primeiro e segundo grupos, os bráquetes foram colados com Fuji Ortho LC (GC América Corporation, USA) sobre umidade em superfícies condicionadas e não condicionadas, respectivamente. No terceiro e quarto grupos, a colagem foi realizada com Ortho Glass P (DFL, Brasil), nas mesmas condições dos grupos anteriores. Todos os grupos realizaram profilaxia nas superfícies vestibulares com pedrapomes e água por 10 segundos, lavagem e secagem abundantes. O ensaio de cisalhamento foi realizado na seqüência com velocidade de 0,5 mm/min. Os autores observaram superioridade estatística do Fuji Ortho LC (GC América Corporation, USA) em relação aos grupos colados com Ortho Glass P (DFL, Brasil). Dominguez e colaboradores (2005) realizaram um estudo prospectivo, com acompanhamento de 30 meses, cujo objetivo foi quantificar a freqüência de descolagens de bráquetes metálicos durante o tratamento ortodôntico quando utilizado o sistema adesivo Transbond Plus (3M/Unitek, Monrovia, USA). Para a realização do estudo, utilizaram 278 dentes em 17 pacientes que realizaram tratamento ortodôntico regular na clínica de Ortodontia da USP. Os bráquetes foram colados de forma direta, segundo as instruções do fabricante, sobre as faces vestibulares, após a profilaxia com taça de borracha, pedra pomes e água, em baixa rotação, e, em seguida, os dentes foram lavados com água. Os resultados indicaram que houve 16 descolagens, observando-se maior incidência nos pré-molares, seguida dos incisivos e nenhuma nos caninos e cujas causas estão associadas à força aplicada, decorrente de mastigação de ítens que deveriam ter

34 sido excluídos da dieta regular. Assim os autores concluíram que o Transbond Plus (3M/Unitek, Monrovia, USA) apresenta comportamento clínico semelhante ao descrito na literatura para outros sistemas de condicionamento do esmalte tradicionais. Pithon e colaboradores (2008) avaliaram a resistência ao cisalhamento da união de bráquetes metálicos colados com o compósito Orthobond (Dental Morelli Ltda, Sorocaba, Brasil) em diferentes condições de superfície de esmalte. Para isto, foram selecionados 90 incisivos inferiores bovinos, divididos em 6 grupos: nos Grupos 1 (controle) e 2, as colagens foram realizadas com Transbond XT (3M/Unitek, Monrovia, USA) e Orthobond (Dental Morelli Ltda, Sorocaba, Brasil), respectivamente, seguindo a orientação dos fabricantes. No Grupo 3, a superfície dentária foi condicionada com ácido-primer Transbond Plus Self-Etching Primer (3M/Unitek, Monrovia, USA); no Grupo 4, a colagem foi realizada sem aplicação do Orthoprimer (Dental Morelli Ltda, Sorocaba, Brasil); no Grupo 5, previamente à colagem com o Orthobond (Dental Morelli Ltda, Sorocaba, Brasil), a superfície do esmalte foi contaminada com sangue/saliva e o Grupo 6, colagem com Orthobond homogeinizado (Dental Morelli Ltda, Sorocaba, Brasil). Previamente às colagens, todas as superfícies vestibulares dos dentes foram submetidas à profilaxia com taça de borracha, pedra pomes extra fina e água por 15 segundos e, em seguida, lavagem com spray ar/água por 15 segundos e secagem com jato de ar livre de óleo e umidade pelo mesmo tempo e, a cada 5 profilaxias, a taça de borracha era substituída para padronização do procedimento. As amostras foram submetidas, então, ao ensaio de cisalhamento à velocidade de 0,5mm/min em máquina EMIC. Os autores observaram que em todas as situações testadas, Orthobond (Dental Morelli Ltda, Sorocaba, Brasil) mostrou-se apto para colagem. Ribeiro e colaboradores (2008), em um estudo in vitro, avaliaram a resistência adesiva e o padrão de descolagem de diferentes sistemas de colagem de bráquetes. Foram utilizados 60 prémolares humanos, divididos em quatro grupos: Grupo 1 Sistema Transbond XT (3M/Unitek, Monrovia, USA); Grupo 2 Sistema Transbond XT, 3M/Unitek, Monrovia, USA) associado a verniz de clorexidina (Cervitec, Ivoclar/Vivadent); Grupo 3 Sistema Enlight (Ormco, USA); Grupo 4 - Sistema Enlight (Ormco, USA) associado a verniz de clorexidina (Cervitec, Ivoclar/Vivadent). Em todos os dentes, realizou-se profilaxia nas coroas dentárias, em baixa rotação, com taça de borracha, pedra pomes e água e secagem com jato de ar isento de umidade e óleo. A resistência adesiva foi avaliada pelo teste de cisalhamento, EMIC (0,5mm/min); o padrão de descolagem foi avaliado, através da lupa estereoscópica STEMI 2000-C / Zeiss (20x), pela observação do Índice de Adesivo Remanescente (IAR) na superfície do esmalte dentário após a descolagem dos bráquetes. Os autores observaram que não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos experimentais (Grupos 2 e 4)

35 e os respectivos grupos controles (Grupos 1 e 3) e concluíram que a resistência adesiva e o padrão de descolagem não foram alterados pela associação do verniz de clorexidina aos respectivos adesivos dos sistemas de colagem testados. Phiton e colaboradores (2008) avaliaram a resistência ao cisalhamento da união de bráquetes metálicos colados com o compósito Right-On (TP Ortho, Tokyo, Japão) em diferentes condições de esmalte. Foram utilizados 45 incisivos inferiores permanentes bovinos, divididos em três grupos (n = 15). Previamente às colagens, todos os dentes, em suas superfícies vestibulares, receberam profilaxia com taça de borracha, pedra pomes extra fina e água por 15 segundos e, em seguida, lavagem com spray água/ar por 15 segundos e secagem com jato de ar livre de óleo e umidade pelo mesmo tempo. No Grupo 1 (controle), as colagens foram realizadas com Transbond XT (3M/Unitek, Monrovia, USA), seguindo as recomendações do fabricante, ou seja, condicionamento com ácido fosfórico a 37%, lavagem, secagem, aplicação de XT primer e colagem propriamente dita. Nos outros dois grupos, os bráquetes foram colados com Right-On (TP Ortho, Tokyo, Japão), sendo que no Grupo 2 seguiu-se as instruções do fabricante, ou seja, condicionamento com ácido fosfórico a 37%, aplicação do líquido ativador do compósito na superfície condicionada e na base do bráquete e posterior inserção do compósito na base do bráquete e posicionamento. No Grupo 3, a superfície dentária foi condicionada com o ácido-primer Transbond Plus Self-Etching Primer e líquido ativador do compósito foi aplicado apenas na base do bráquete. Após a colagem, realizou-se o ensaio de cisalhamento de toda amostra, à velocidade de 0,5mm/min, em máquina INSTRON de ensaios mecânicos. Segundo os resultados, os autores puderam concluir que o Right-On (TP Ortho, Tokyo, Japão) obteve bons resultados de resistência ao cisalhamento, quando colados seguindo as orientações dos fabricantes. 2.2 PREPARO DA SUPERFÍCIE DENTÁRIA Gorelick (1977) afirmou que uma das principais considerações para a obtenção de uma boa adesão é a limpeza da superfície do dente, pois a presença de uma camada gordurosa ou de proteínas poderia ser responsável por uma pobre adesão porque impede o contato do adesivo com o esmalte e dificulta a ação do ácido. Brannstron, Nordenvall e Malmgren (1978) testaram os efeitos de diferentes métodos de pré-tratamento do esmalte (aplicação de ácido gel e ácido líquido, ambos por 1 minuto; pré-

36 tratamento mecânico, pré-tratamento químico e pré-tratamento com flúor) para colagem e avaliaram com microscopia eletrônica de varredura trinta e oito pares de pré-molares, extraídos por motivos ortodônticos. O grau de irregularidades da superfície, indicando a qualidade das microretenções foi avaliada, utilizando uma escala de 0-3: 0 (zero) representou uma superfície lisa e 3 (três) representava ótimas irregularidades. A aplicação de um minuto com um ácido gel teve o mesmo efeito de condicionamento com um ácido líquido pelo mesmo tempo. Além disso, os procedimentos de pré-tratamento mecânico, como pó de diamante e pó de óxido de alumínio, em oposição à pedra pomes, não melhoraram o efeito do ácido. O pré-tratamento químico do esmalte com solventes orgânicos, tais como 8-12% de hipoclorito de sódio, não melhorou o efeito do ácido. Também o pré-tratamento com um verniz fluoretado, Duraphat, não teve qualquer efeito negativo sobre os efeitos do ataque ácido. Os autores concluíram que uma pasta profilática ideal deveria ter propriedades de limpeza e, também, de polimento, para assegurar a eficiente remoção da placa bacteriana, corantes e película adquirida e que o polimento é desejável devido à razões estéticas e para minimizar o reacúmulo de placa. Beech e Javaly (1980) afirmaram que o esmalte pode estar coberto por debris, placa, cálculo, camada aprismática e película adquirida e que o procedimento normalmente prescrito para a limpeza de sua superfície, antes do condicionamento ácido, é o uso de pedra pomes e taça de borracha em baixa rotação. Silverstone (1983) preconizou a profilaxia com taça de borracha ou escova de Robson com uma pasta que não contenha íons flúor, nem glicerina, porque estes formariam uma barreira no esmalte dental, dificultando a etapa do condicionamento ácido. Gerbo e colaboradores (1992) compararam a resistência à tração da resina composta aplicada à uma superfície do dente que tinha sido submetida à profilaxia com um jato bicarbonato e a profilaxia com uma taça de borracha e pedra pomes.. Microscopia eletrônica de varredura (MEV) e espectroscopia de energia dispersiva (EDS) foram utilizadas para avaliar a superfície do dente para determinar se o material de bicarbonato de sódio manteve-se após a operação de limpeza. Nenhuma diferença estatística foi encontrada entre a resistência à ruptura dos laços com os dentes limpos com o aparelho de jato de ar e pó e as superfícies limpas com uma taça de borracha e pedra pomes. No entanto, uma dupla exposição dos dentes ao ácido fosfórico pode reduzir a resistência à tração de um montante significativo. Borges e Garcia-Godoy (1992), em trabalho in vitro, avaliaram a profilaxia com taça de borracha empregando quatro substâncias para verificar a resistência ao cisalhamento de um selante

37 de fóssulas e fissuras fotopolimerizável. Os produtos foram água, pedra pomes, dentifrício com fluoreto e dentifrício sem fluoreto e, ao final, concluiram que não houve diferenças estatisticamente significantes. Proffit (1995) afirmou que, antes de colar um acessório ortodôntico, é necessário remover a película adquirida do esmalte e criar irregularidades na superfície deste. Isto é obtido tornando a superfície do esmalte limpa e seca de maneira delicada, devendo evitar uma pedra pomes muito abrasiva e, a seguir, aplicar um agente de ataque que, geralmente, é o ácido fosfórico a 35% até 50%, por um minuto. O efeito é a remoção de pequena quantidade de esmalte amolecido interprismático e a abertura de poros entre os prismas de esmalte, para que, assim, a resina possa penetrar na superfície do esmalte. Lindauer e colaboradores (1997) utilizaram três métodos para analisar os efeitos da profilaxia com pedra-pomes na resistência de união de bráquetes ortodônticos: (1) a resistência ao cisalhamento de bráquetes que foram colados aos pré-molares extraídos após os procedimentos de preparação de superfície, com e sem incluir a pedra pomes na profilaxia antes da colagem; (2) microscopia eletrônica de varredura (MEV) foi utilizada para examinar as características da superfície dos dentes que haviam sido gravadas com e sem profilaxia com pedra-pomes antes da colagem; e (3) a taxa de falha de suporte em pacientes que tiveram os bráquetes colados com e sem profilaxia com a pedra pomes prévia, durante um tempo de tratamento médio de 18 meses. Os autores não observaram diferenças significativas na resistência à tração, nas características da superfície do esmalte ou nas taxas de retenção de suporte. Algumas diferenças específicas, no entanto, foram observadas em MEV em áreas localizadas da superfície do esmalte, embora estes não pareçam afetar a resistência ou as taxas de retenção de suporte finalmente alcançado. E, também, não encontraram nenhuma diferença em relação ao uso da profilaxia para polimento. Sundfeld e colaboradores (1998) afirmaram que a película adquirida filme orgânico de origem salivar interfere de maneira significativa na adesão do material resinoso ao esmalte dental, mesmo que esta superfície tenha recebido o condicionamento ácido e que as medidas de profilaxia são extremamente necessárias, para que, quando da aplicação do condicionamento ácido no esmalte dental, haja perfeita união entre o esmalte e o material resinoso. Os tipos de profilaxia mais comumente utilizados são (1) jato de bicarbonato de sódio e água, (2) pedra pomes, água e taça de borracha e (3) pedra pomes, água e escova Robson. Marta e colaboradores (1999) avaliaram clinicamente o efeito do jato de bicarbonato de sódio sob pressão, empregado na profilaxia da superfície de esmalte sadio de dentes permanentes

38 jovens. Trabalhou-se com réplicas positivas, o que permitiu a análise antes e após a realização de tal procedimento. Foram feitas sessenta moldagens da superfície vestibular de incisivos centrais superiores, as quais sofreram um preparo para a análise quantitativa da rugosidade das superfícies de esmalte. A análise quantitativa foi efetuada utilizando-se o programa para computador Diracom- 3, que mensura as sombras e penumbras das imagens dos espécimes. Estabeleceram-se três grupos experimentais com vinte crianças que nunca haviam sido submetidas à profilaxia com Profident, as quais foram moldadas em três momentos: antes do procedimento ou controle (Grupo 1); imediatamente após o procedimento (Grupo 2); e um mês após o tratamento (Grupo 3). Os autores puderam observar, diante dos resultados, que a análise quantitativa dos dados mostrou não haver diferença estatisticamente significante entre os grupos analisados. Armas vega (2001) realizou estudo a respeito da limpeza das superfícies dentais buscando melhorar, cada vez mais, a adesão dos materiais restauradores. Sua metodologia avaliou o efeito de três técnicas de limpeza do esmalte aplicadas após dois tempos de contaminação salivar, prévias ao condicionamento ácido, na resistência adesiva de uma resina composta ao esmalte de incisivos bovinos. Foram analisados quatro grupos, conforme métodos de profilaxia freqüentemente utilizados: (1) pasta de pedra pomes e água, aplicada com taça de borracha; (2) pasta de pedra pomes e água, aplicada com taça de borracha, seguida de lavagem e Tergensol, aplicado com uma bolinha de algodão sob fricção; (3) jato de bicarbonato de sódio; e (4) nenhum tratamento (grupo controle). Estas técnicas foram aplicadas depois de contaminação com saliva humana durante 10 ou 60 minutos, sob agitação, tentando simular a contaminação prévia do elemento dental que acontece durante os procedimentos restauradores sem isolamento absoluto. Entre as técnicas de limpeza, a técnica que empregou pasta de pedra pomes e água, seguida de lavagem e limpeza com tergensol, revelou-se estatisticamente mais eficiente que as demais na limpeza do esmalte. Ireland e Sherriff (2002) demonstraram ser desnecessário a profilaxia do esmalte com pedra pomes antes do contato direto do esmalte com agentes de ligação convencional. Não se sabe se este é também o caso com cimentos de ionômero de vidro modificados com resina. Os objetivos deste estudo foram dois: (a) determinar se a pedra pomes antes da colagem tem um efeito sobre o fracasso na colagem de bráquetes in vivo com os materiais Rigth-On (TP Ortho, Tokyo, Japão) e/ou Fuji II LC(GC América Corporation, USA) e (b) determinar se existe uma diferença no fracasso in vivo de bráquetes quando colados com Rigth-On (TP Ortho, Tokyo, Japão) ou Fuji II LC(GC América Corporation, USA). Para isto, um estudo clínico controlado foi realizado em um total de 60 pacientes, nos quais as variáveis do teste foram profilaxia com pedra pomes ou não do esmalte antes da colagem com dois adesivos diferentes. Os pacientes foram acompanhados por 18 meses. Os

39 autores concluíram que a profilaxia com pedra pomes, antes da colagem dos bráquetes, não influencia nas falhas nos materiais, mas que, entre os materiais, os que apresentaram um maior número de falhas foram os cimentos de ionômero de vidro modificados por resina. Hughes, Kerr e Powers (2003) testaram in vivo um novo método de preparo dos dentes previamente à colagem de bráquetes. Em uma amostra de 20 pacientes em tratamento ortodôntico da Universidade do Texas, 4 operadores dividiram os pacientes e escolheram aleatoriamente um lado da boca para ser o grupo controle e outro para testar a nova técnica que consistiu no condicionamento ácidos das faces vestibulares com taça de borracha em baixa rotação por 5 segundos, lavagem e secagem, descartando a prévia profilaxia e, em seguida, a aplicação do primer e colagem do bráquete. No lado do Grupo Controle, os dentes foram submetidos à profilaxia com pedra pomes, condicionados por 30 segundos com ácido fosfórico a 35% e, então, a aplicação do primer e colagem dos bráquetes. O material de colagem foi o Transbond XT (3M/Unitek, Monrovia, USA). O tempo durante o procedimento foi cronometrado. Os pacientes eram vistos em intervalos de 4 a 6 semanas e, se algum bráquete, caísse deveriam retornar imediatamente. A incidência e sítios de falhas na colagem foram recolhidos nos primeiros seis meses do tratamento ortodôntico. Os resultados sugeriram que aplicação do ácido fosfórico a 35% por 5 segundos com a taça de borracha em baixa rotação é suficiente para remover detritos e película, sem diferença clínica significante na força de adesão comparada ao método tradicional. Os autores ainda afirmam que a técnica não somente reduz tempo de cadeira para o profissional e paciente por mais de 50%, mas, também, reduz a exposição do esmalte ao ataque ácido. Derech, Pereira e Souza (2008) avaliaram, in vitro, o efeito do jateamento com óxido de alumínio na adesão de bráquetes ortodônticos e comparou-o à tradicional técnica de condicionamento ácido do esmalte. Para isto, utilizaram 80 incisivos inferiores bovinos distribuídos aleatoriamente entre 4 grupos onde a superfície do esmalte foi tratada distintamente. No Grupo 1, somente jateamento com óxido de alumínio; no Grupo 2, profilaxia com pedra pomes, seguida de condicionamento ácido; no Grupo 3, jateamento com óxido de alumínio e condicionamento ácido; no Grupo 4, apenas condicionamento ácido. Após o preparo das superfícies, os bráquetes foram colados com sistema adesivo e resina autopolimerizável Concise Ortodôntico (3M/ESPE, Monrovia, USA), seguindo as recomendações do fabricante e, então, armazenado em água destilada a 37 o, por 72 horas. Decorrido este período, os corpos de prova foram submetidos ao teste de cisalhamento na máquina INSTRON, em velocidade de 0,5mm/min. Os autores puderam concluir que o jateamento com óxido de alumínio não deve ser o único procedimento utilizado no preparo da superfície do

40 esmalte na colagem de bráquetes, porém, se associado ao condicionamento ácido, mostrou-se eficaz quando existe a necessidade do aumento da força de adesão do bráquete ao dente. Lill e colaboradores (2008) afirmaram que os primers autocondicionantes têm simplificado o processo de colagem ortodôntica, mas questões foram suscitadas em relação à sua confiabilidade e eficiência. O objetivo deste estudo foi avaliar a importância da profilaxia com pedra pomes, antes da colagem, na redução de falhas de ligação. Para isto, foram selecionados 30 pacientes ortodônticos e um desenho split-mouth foi utilizado. Em cada paciente, um quadrante foi aleatoriamente atribuído à profilaxia com pedra pomes (Grupo Experimental) e o quadrante contralateral ao grupo sem profilaxia (Grupo Controle). Um total de 508 dentes foi colado com o sistema Transbond Plus (3M/Unitek, Monrovia, USA) e acompanhado durante três meses. Trinta e cinco falhas (6,9%) foram registradas, com 6 (2,4%) no (Grupo Experimental) e 29 (11,4%) no (Grupo Controle). Este estudo produziu fortes evidências, sugerindo a necessidade de profilaxia com pedra pomes antes da colagem ortodôntica utilizando primer autocondicionante.

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42 3 PROPOSIÇÃO Diante do exposto, o presente estudo se propôs a avaliar a influência de diferentes métodos de profilaxia do esmalte 3 PROPOSIÇÃO dental, previamente ao condicionamento ácido, na resistência ao cisalhamento do sistema de colagem de bráquetes ortodônticos.

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45 4 MATERIAL E MÉTODO 4 MATERIAL E MÉTODO

46 4.1 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL - Estudo do tipo laboratorial Variáveis a) Independentes: Métodos de profilaxia do esmalte dental na pré-colagem de bráquetes. b) Dependente: Magnitude de força aplicada pelo teste de cisalhamento. c) Unidades experimentais: Bráquetes colados nas faces vestibulares de 60 pré-molares humanos. 4.2 ETAPAS DO EXPERIMENTO 4.2.1 ASPECTOS ÉTICOS A amostra selecionada foi constituída de 60 pré-molares humanos, com faces vestibulares hígidas, doados pelo Banco de Dentes da UNIME de Lauro de Freitas - BA, conforme Termo de Doação de Dentes (ANEXO 1). 4.2.2 SELEÇÃO DOS DENTES Foram selecionados 60 pré-molares humanos, com faces vestibulares hígidas (sem lesões cavitadas, defeitos de esmalte, restaurações, fraturas ou irregularidades visíveis). Esses dentes foram limpos e polidos com escova de Robson, sendo 1 escova de Robson para cada grupo de dez dentes.

47 Após tal procedimento, os mesmos foram lavados em água corrente e armazenados em soro fisiológico em estufa a 37 o C, cuja solução era renovada semanalmente. 4.2.3 RESISTÊNCIA ADESIVA DO SISTEMA DE COLAGEM DE BRÁQUETES. 4.2.3.1 PREPARO DOS CORPOS DE PROVA Realizou-se a inclusão de cada dente da amostra em um cilindro de PVC e, posteriormente, colagem de 01 bráquete na face vestibular desses dentes, conforme metodologia descrita por Ribeiro e colaboradores (2008). Inicialmente, foram feitas ranhuras nas raízes dos dentes selecionados com discos de aço em baixa rotação. Em seguida, foi marcado, com auxílio de um lápis grafite, uma linha vertical e uma horizontal na face vestibular de cada dente. O encontro destas linhas correspondeu ao centro da coroa de cada dente que, por sua vez, correspondeu ao local onde foi colado cada bráquete. Neste local, foi inserida uma pequena porção de cera utilidade (Figura 1). Feito isso, foi iniciada a inclusão dos dentes nos respectivos cilindros de PVC. Portanto, foram utilizados 60 cilindros de PVC (3,0cm de altura e 4,4cm de diâmetro) cujas bordas superior e inferior estavam planas e paralelas entre sí. As paredes internas dos cilindros de PVC receberam ranhuras confeccionadas com fresa de aço em baixa rotação e, em seguida, cada cilindro foi, individualmente, posicionado numa superfície de vidro; sua borda inferior externa (assentada na superfície de vidro) foi vedada com cera utilidade. A superfície de vidro localizada no interior do cilindro de PVC recebeu vaselina líquida, aplicada com pincel, sem que houvesse contato dessa substância com as paredes laterais dos cilindros de PVC. Posteriormente, esse cilindro foi preenchido, quase que totalmente

48 (3,0mm abaixo da borda superior), por resina ortofitálica cristal que, ainda em seu estado gelatinoso, recebeu um dente, conforme protocolo abaixo descrito. O processo de inclusão dos dentes nos cilindros de PVC obedeceu um rigoroso protocolo a fim de que, ao final desta etapa, os dentes estivessem posicionados de tal forma que as faces vestibulares, sobretudo o local de colagem de bráquetes (ponto central da face vestibular), tivessem uma inclinação padronizada, ou seja, uma linha vertical tangente a esse ponto fosse sempre perpendicular às bordas superior e inferior dos cilindros de PVC, bem como ao plano horizontal (solo). Para se obter esse posicionamento, foram utilizados esquadros confeccionados com acrílico. Esses esquadros eram compostos por uma parte horizontal (maior) e outra vertical (menor), dispostas em ângulo reto. Na parte horizontal do esquadro, foi desenhado um semi-círculo correspondente à metade da circunferência do cilindro de PVC com um marcador permanente preto (Figura 2). Esse desenho orientou o posicionamento do esquadro sobre o cilindro de PVC. Assim, a parte vertical do esquadro ficou, exatamente, no diâmetro do cilindro. Além disso, o esquadro tinha um orifício no centro da metade do diâmetro e, a partir dele, foi traçada uma linha na parte vertical do esquadro (Figura 3). Essa marcação correspondeu ao centro da área circular, determinada pelo centro do cilindro de PVC, onde a face vestibular de cada dente foi posicionada. Já a linha vertical teve a finalidade de orientar o correto posicionamento da coroa, sobretudo quanto à sua inclinação, de forma que o longo eixo da face vestibular estivesse com a mesma inclinação desta linha, tocandoa, pelo menos, no ponto central da face vestibular. Portanto, o centro da face vestibular de cada dente, contendo com uma pequena porção de cera utilidade, foi pressionado contra a parede vertical do esquadro; por conseguinte, o conjunto dente + esquadro (unido pela cera) foi devidamente posicionado na porção superior do cilindro, agora contendo resina ortofitálica em polimerização. Estando a resina em estágio sólido, foi removido o esquadro, permanecendo, portanto, o dente fixado ao cilindro, através da resina ortofitálica polimerizada, bem como o centro da face vestibular da coroa posicionado de forma padronizada (Figura 4). Os conjuntos foram mantidos imersos em soro fisiológico até que se iniciou a colagem dos bráquetes. Após o posicionamento dos dentes, a amostra foi numerada e dividida, aleatoriamente, em 3 grupos, cada grupo com 20 dentes. Em cada dente foi colado um bráquete Edgewise de pré-molar (Morelli código: 10.30.207). Para isso, foi utilizado o sistema de colagem de bráquetes Transbond XT (3M/Unitek ) adesivo e resina e fotopolimerizador Optilight LD MAX (Gnatus ), previamente calibrado, com intensidade de luz de 500mW/cm 2. Todo procedimento de colagem foi realizado dente a dente, ou seja, só após a

49 conclusão da colagem de um dente iniciava-se a colagem em outro dente e, assim, sucessivamente, até a conclusão da colagem dos bráquetes em todos os dentes da amostra. Previamente à colagem de bráquetes propriamente dita, foi a realizada a profilaxia das faces vestibulares de todos os dentes que compõem a amostra, conforme os grupos experimentais descritos a seguir (ítem 4.2.3.2). Finalizada a profilaxia, os dentes foram lavados com jato de água (15 segundos) e secos com jatos de ar isento de umidade e óleo (15 segundos). Em seguida, cada dente foi submetido ao condicionamento ácido com ácido fosfórico a 37% gel (FGM ) durante 15 segundos, foi feita a lavagem com água por 30 segundos e secagem com ar isento de umidade e óleo (15 segundos). Para a colagem dos bráquetes propriamente dita, foram obedecidas as recomendações do fabricante do sistema Transbond XT (3M/Unitek ). Portanto, o adesivo Transbond XT foi aplicado com auxílio de pincel na superfície de esmalte condicionado; posteriormente, a resina Transbond XT foi aplicada diretamente na base do bráquete que, por sua vez, foi pressionado contra a face vestibular do dente; os excessos foram removidos com sonda exploradora. O conjunto dente-sistema de colagem de bráquete foi fotopolimerizado por 20 segundos, sendo 10 segundos no sentido mésiodistal e 10 segundos no sentido disto-mesial. Posteriormente, os corpos de prova foram submetidos ao Teste de Resistência ao Cisalhamento em numa máquina de ensaios universal EMIC. Nela, foi avaliada a força de cisalhamento necessária para romper a união bráquete-superfície dentária proporcionada pelos protocolos distintos de profilaxia pré-colagem. Os corpos de prova, com suas bases planas, foram fixados em uma base da máquina de ensaios, de forma que a ponta ativa da máquina estava perfeitamente adaptada à superfície do bráquete (entre a base e as aletas), onde a força foi aplicada paralela ao longo eixo da coroa (Figuras 4 e 5). Após esse posicionamento, foi dado início à aplicação da força numa velocidade de 0,5 mm/min. Portanto, esse deslocamento gerou um acúmulo de força sobre o bráquete, até que ocorresse a fratura da colagem; nesse momento, o computador, acoplado à máquina de ensaios, registrava, em um programa específico, a força necessária para promover esta fratura em Newton e Megapascal. Ao ser finalizado o ensaio em um corpo de prova, era iniciado em outro e, assim, sucessivamente, até que se realizou-se o ensaio em toda amostra. 4.2.3.2 FORMAÇÃO DOS GRUPOS EXPERIMENTAIS - GRUPO 1 (G1):

50 Nos corpos-de-prova do G1, a profilaxia pré-colagem de bráquetes foi realizada, previamente ao condicionamento ácido, em baixa rotação, com taça de borracha e aplicação da mistura pedra pomes (ASFER ) e água às respectivas faces vestibulares, por 15 segundos. - GRUPO 2 (G2): Nos corpos-de-prova do G2, a profilaxia pré-colagem de bráquetes foi realizada, previamente ao condicionamento ácido, em baixa rotação, com taça de borracha e aplicação da pasta profilática Herjos-F (Vigodent S.A. ) às respectivas faces vestibulares, por 15 segundos. A pasta profilática foi colocada em um pote dappen na quantidade ideal para 20 dentes. A cada dente, encheu-se a taça de borracha com a pasta e a mesma era levada à face vestibular num ângulo de 90 graus, evitando a pressão excessiva. Durante a profilaxia, sempre continha pasta na taça de borracha para evitar aquecimento excessivo dos dentes, conforme instruções do fabricante. - GRUPO 3 (G3) Nos corpos-de-prova do G3, a profilaxia pré-colagem de bráquetes foi realizada, previamente ao condicionamento ácido, com a aplicação do jato de bicarbonato através do aparelho Jet-Sonic Four plus (GNATUS ). Essa aplicação do jato de bicarbonato de sódio, às respectivas faces vestibulares respeitou a distância da peça de mão em relação ao dente de 5mm, com inclinação de 30 a 45, descrevendo pequenos movimentos circulares, de acordo com o fabricante. A aplicação foi feita por 15 segundos em cada dente. GRUPOS MÉTODOS DE PROFILAXIA G1 Taça de Borracha + Pedra pomes + Água G2 Taça de Borracha + Pasta Profilática G3 Jato de Bicarbonato (Jet Sonic) Quadro Resumo Formação dos grupos experimentais