Promoção de Saúde na Prática Clínica Urubatan Vieira de Medeiros Doutor (USP) Professor Titular do Departamento de Odontologia Preventiva e Comunitária UERJ/UFRJ Coordenador da Disciplina de Odontologia Preventiva UFRJ 1 - Atividades Clínicas Básicas 1.1 - Consulta básica padrão 1.2 - Tratamento dos fatores causais 1.3 - Sessões subsequentes Consulta básica padrão Anamnese Necessidade de procedimentos emergenciais Exames microbiológicos e bioquímicos Identificação de placa visível e revelada Índice de exposição à sacarose Índice de sangramento gengival Educação para a saúde Profilaxia profissional Avaliação das superfícies dentárias Remoção de tecido cariado de lesões cavitadas Bochecho com antimicrobiano Adequação do meio bucal Início da terapia com fluoretos a ANAMNESE Coleta subjetiva de dados da história de saúde do paciente Roteiro previamente preparado * variáveis pessoais * motivo da consulta * história odontológica passada * história médica * antecedentes familiares b- Necessidade de procedimentos emergenciais Observação de situações de dor, sintomas agudos em casos de doenças infecciosas, fraturas dentárias, etc... Intervenção clara e precisa no sentido de aliviar de forma definitiva a sintomatologia apresentada. c - Análise da dieta do paciente Identificação do risco do paciente à doença cárie e periodontal Índice da dieta = valor do momento x valor da consistência
Valor do momento: valor 1 : durante as refeições valor 2 : entre as refeições Valor da consistência: valor 1 : alimento não retentivo valor 2 : alimento retentivo Controle da Dieta Alimentar Utilização do diário alimentar Observação da frequência de ingestão Observação da aderência e adesividade Convívio inteligente com o açúcar Açúcares alternativos não cariogênicos d - Exames Complementares Radiográficos Histopatológicos Citológicos Hematológicos Sorológicos Bioquímicos de urina Radiográfico Situações que escapam à detecção clínica Histopatológico Estudo histológico de lesões de tecidos moles ou duros Citologia Esfoliativa Análise de células que se descamam da superfície epitelial Exames Hematológicos Suspeita de alterações na hemostasia Exames bioquímicos Análise do quadro geral de saúde do paciente Exame de urina Utilizado em pré-operatórios para identificar situações sistêmicas
e - Análise Microbiológica e Bioquímica Testes Microbiológicos Contagem de Lactobacilos (LB) Contagem de Estreptococos Grupo Mutans (EGM) Testes Bioquímicos Determinação do Fluxo Salivar Capacidade Tampão da Saliva f - Identificação de Placa Bacteriana Características Remoção mecânica ou química Placa sub ou supra gengival Diferentes comunidades microbianas Visível ou revelada Hipótese da Placa Específica Placa Visível É observada a olho nu, sem a necessidade de nenhum recurso adicional. É espessa e encontra-se depositada por vários dias. Placa Revelada Só é visualizada quando aplicamos soluções reveladoras como fucsina, eritrosina, marrom de Bismarck, verde malaquita, violeta de Genciana... g - Índice de Sangramento Gengival (ISG) Verificação da integridade das estruturas periodontais através do exame da margem gengival. A sonda periodontal é introduzida com leveza no sulco gengival de cada dente, percorrendo toda a sua extensão. Anotaremos a presença ou não de sangramento, sem nos preocuparmos com sua intensidade. h - Educação do Paciente Instrumento básico de todas as ações de saúde; Ciências da saúde Ciências sociais Etapas: Criar ou mudar percepções Utilizar forças motivadoras Decisão para ação
i - Avaliação das condições dos elementos dentários CPO.S modificado - mancha branca ativa (MBA) e inativa (MBI) Condições: Hígido Com mancha branca ativa Com mancha branca inativa Com lesão cavitada em esmalte Com lesão cavitada ativa na dentina Com lesão cavitada inativa na dentina Com lesão cavitada atingindo a polpa Dente extraído j - Finalização da Consulta Básica Remoção de tecido cariado Remoção de toda a dentina cariada com instrumentos manuais e acerto de margens de esmalte com instrumentos rotatórios; Profilaxia criteriosa Pasta profilática de fina granulação com taça de borracha ou aparelhos com jatos sob pressão; Bochecho com antimicrobiano Solução de clorexidina a 0,12%; Adequação do meio bucal Com Ionômero de Vidro convencional ou modificado; Profilaxia com pasta contendo Flúor Força do método: restrita Não deve ser utilizada como única terapia baseada em fluoretos Deve exibir compatibilidade entre o agente abrasivo e o íon flúor Agente terapêutico: fluoreto de sódio, fluoreto estanhoso ou flúor fosfato acidulado k - Início da Terapia com Fluoretos Finalização da consulta básica ocorre com o início da terapia com fluoretos; Profilaxia profissional remove os glóbulos de Fluoreto de Cálcio depositados na superfície dental; O veículo ( gel ou verniz ) e a periodicidade serão definidos de acordo com o risco apresentado pelo paciente.
Gel Fluoretado Estudos iniciais: década de 60 Modificação do veículo: aquoso para gelatinoso Tipos: Neutro ou Acidulado Convencional ou Tixotrópico Técnicas: Com moldeiras Com isolamento absoluto/relativo e pincel Na escova dental. Verniz Fluoretado Estudos iniciais: década de 70, na Europa Modificação do veículo: gelatinoso para laca Maior aderência ao esmalte Maior tempo de contato do fluoreto com o esmalte dentário Maior concentração de fluoreto Método seguro para todas as idades 2. - Tratamento dos Fatores Causais a - Exposição do caso ao paciente b - Educação direcionada ao caso c - Análise da dieta d - Intervenções clínicas a - Exposição do caso ao paciente De posse de todos os dados recolhidos na consulta básica padrão temos subsídios para fecharmos o diagnóstico, expondo e discutindo detalhadamente o caso com o paciente, especificando detalhes do plano de tratamento a ser empreendido. b - Educação direcionada ao caso Transmissibilidade da microbiota cariogênica, janela de infectividade, impacto da colonização precoce e transmissão de hábitos em família; Forma de realização da escovação e da utilização do fio dental; Tipo mais adequado de escova e fio dental para o paciente em questão; Creme dental e soluções para bochecho ( com antimicrobiano e fluoretos) mais indicados para o paciente específico.
c - Análise da dieta Diário de dieta devidamente preenchido pelo paciente; Análise do risco à doença em relação a este fator; Valor do momento x valor da consistência; Consumo inteligente do açúcar; Açúcares não cariogênicos. Açúcares não cariogênicos Naturais: Stévia (steviosídeo, erva-doce), Xilitol ( framboesa, morango, ameixa, alface, couve-flor, cogumelo e castanha). Sintéticos: Aspartame ( síntese da fenilalanina), Acesulfame K (sal de potássio sintético). Adesividade x aderência Alimentos Adesivos: São aqueles que estabelecem uma forte ligação com a superfície dentária, dada pela força mastigatória. Alimentos Aderentes: É uma propriedade natural do alimento e independe da força mastigatória. d - Intervenções clínicas As intervenções clínicas necessárias, observadas através do diagnóstico do caso, estão relacionadas à remoção profissional da placa bacteriana remanescente, com o consequente prosseguimento da terapia com fluoretos; Nesta fase, já temos todas as condições para iniciarmos o tratamento restaurador, visto que o processo de infecção já foi debelado, utilizandose os princípios do tratamento minimamente invasivo. 3 - Sessões Subsequentes Controle integral da infecção cariogênica e periodontal; Ênfase na manutenção do nível de saúde adquirido; Reforço da motivação: escovar-revelar- avaliar Reversão do risco à doença; Finalização do tratamento restaurador : recuperação estética e funcional. Manutenção Doméstica Escovação: Escova dental, dentifrício e fio dental de acordo com as necessidades do paciente; Utilização de soluções para bochecho: Soluções de fluoreto de sódio ou flúor fosfato acidulado a 0,05% para utilização diária.