Relações de Trabalho Corretagem Prof. Gérson Marques
Relação do corretor com a imobiliária Sem vínculo Autônomo, profissional Corretor associado Com vínculo de emprego Empregado Contrato escrito ou verbal Observação Contrato individual de trabalho pode ser tácido
Lei 6.530/78, art. 6º Corretor associado Lei nº 13.097/2015 Possui autonomia profissional Não tem vínculo empregatício nem previdenciário Requer contrato de associação específico Contrato registrado no Sindicato dos Corretores de Imóveis ou, na sua ausência, nas delegacias da Federação respectiva Atividades Corretor e imobiliária coordenam a atividade de intermediação Ajustam os critérios para a partilha de resultados, mediante assistência da entidade sindical Vínculo de emprego Existe, quando configurados os requisitos do art. 3º da CLT.
Subordinação Elementos da Relação de emprego Onerosidade Pessoalidade Pessoa física Habitualidade Alteridade
Exclusividade Não é requisito do emprego Colaborador Não existe, juridicamente. Tal sinonímia maquia uma realidade fática e jurídica, pondo o trabalhador em plano secundário. Diarista É quem trabalha até duasvezes por semana para o mesmo tomador de serviço
Indicadores Sujeição a ordens Controle de horários Submissão a punições Definição de tarefas e fiscalização Atividades da cadeia produtiva Subordinação estrutural Inserção do trabalhador na atividade empresarial Funções na atividade fim
Jurisprudência Positiva Reconhece o vínculo de emprego
Entenda o caso A corretora fora contratada em set/2001 e despedida sem justa causa em nov/2011 sem receber os direitos decorrentes da rescisão de seu contrato de trabalho sob a alegação de que era "profissional autônoma". Para fazer prova do vínculo, juntou cópia do código de ética da imobiliária que regulava a sua atividade. Na inicial, afirmou ter ocupado o cargo de corretora, de coordenadora de plantão e gerente de equipe de vendas. Frisou que a principal atividade da empresa é a intermediação de vendas, e conta com mais de 300 corretores de imóveis "ditos autônomos", todos sem registro, distribuídos em aproximadamente 20 equipes comandadas por gerentes de vendas. Decisão (Mantida) A 5ª Vara do Trabalho de São Paulo reconheceu o vínculo de emprego. O fato de a corretora trabalhar na atividade principal da empresa e o relato das testemunhas deixaram clara a existência de subordinação na relação de trabalho, com controle de horários, sem direito a substituição por eventual falta e controle de presença durante os plantões. TST, RR 24400-77.2006.5.02.0005, Minª Delaíde Miranda Arantes, j. 18.10.2012.
A 7ª Turma não conheceu de recurso da A J. Tavares Consultoria Imobiliáriam contra decisão que reconheceu o vínculo de emprego com um corretor de imóveis e ainda a condenou ao pagamento de multa por atraso na quitação das verbas rescisórias, prevista no parágrafo 8º do artigo 477 da CLT. A Turma refutou a argumentação da empresa de que se tratava de um prestador de serviços autônomos. O vínculo foi reconhecido pelo TRT-1ª Região (RJ). O empregado foi contratado verbalmente para exercer a função de gerente comercial, liderando uma equipe de corretores de imóveis. Ele recebia salário mensal e atuava de forma subordinada, o que, segundo o Regional, é o elemento primordial da relação de emprego. TST, RR 10491-30.2013.5.01.0011, Min. Vieira de Mello Filho, j. 29.02.2016
No recurso ao TST, a empresa defendeu que não houve relação de emprego, pois estariam ausentes os requisitos da subordinação jurídica e da onerosidade, uma vez que havia apresentado em juízo contrato e recibos de prestação autônoma de serviços. O Relator, Min. Vieira de Mello Filho, afirmou que, em regra, todos os requisitos devem estar presentes para a caracterização do vínculo de emprego: habitualidade, subordinação jurídica, pessoalidade, onerosidade e alteridade. No entanto, mediante a demonstração da realidade laborativa e o descompasso entre o contrato de prestação de serviços autônomos e as demais provas, "é plenamente possível o reconhecimento do vínculo empregatício", mesmo havendo prova documental em contrário. O ministro esclareceu que vigora no Direito do Trabalho o princípio da primazia da realidade, não havendo como "transmutar a verdade factual havida entre as partes apenas pela existência de determinado documento". TST, RR 10491-30.2013.5.01.0011, Min. Vieira de Mello Filho, j. 29.02.2016
CORRETOR DE IMÓVEIS. RELAÇÃO DE EMPREGO CARACTERIZADA. Comprovado que a reclamante empregava sua força de trabalho em atividade essencialmente ligada ao objetivo principal das reclamadas, exercendo seu mister com pessoalidade, onerosidade, não eventualidade e subordinação, deve ser reconhecida a relação de emprego, não obstante a pseudo-condiçãode corretora de imóveis. TRT-3ª Reg., 2ª T., RO 706-84.2013.5.03.0012, Des. Deoclecia Amorelli Dias, DEJT 07.05.2014
Jurisprudência Negativa Nega o vínculo de emprego
Vínculo de emprego negado AUSÊNCIA DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO. CORRETOR DE IMÓVEIS. ONUS DA RECLAMADA. Admitida a prestação de serviços, imputando-lhe natureza diversa da empregatícia, ao seu tomador incumbe o ônus da prova quanto à inexistência dos elementos caracterizadores do vínculo de emprego. Desincumbindo-se de seu encargo probatório, correta a sentença que julgou improcedente o pedido de reconhecimento de vínculo empregatício, bem como dos demais consectários decorrentes. Recurso da reclamante a que se nega provimento. TRT-18ª Reg., 3ª T., RO-0010207-45.2015.5.18.0054, Rel. Israel Brasil Adourian, j. 16.11.2015
Vínculo negado Corretor de imóveis. Relação de emprego. Autonomia. Ônus da prova.admitida a prestação de serviços na defesa, cabe ao réu demonstrar a alegada autonomia, que se caracteriza no caso do corretor de imóveis, pela completa liberdade no exercício de suas funções, podendo negociar redução do percentual de comissões, do preço, dispor sobre a forma de pagamento, sendo o responsável pela publicidade do bem e podendo até mesmo recusar determinado imóvel. TRT-1ª Reg., 2ª T., RO 0011352-15.2013.5.01.0076, publ. 19.01.2016
Vínculo de emprego negado CORRETOR DE IMÓVEIS RELAÇÃO DE EMPREGO. INEXISTÊNCIA. Face aos indícios da ausência de subordinação jurídica na prestação de serviços pelo Reclamante em especial o seu afastamento das atividades por algumas semanas, a fim de trabalhar para outra empresa, de ramo diverso, sem sofrer qualquer punição impõe-se confirmada a Sentença que lhe denegara o reconhecimento da relação de emprego. TRT-7ª Reg., 1ª T., RO 0189100-26.2006.5.07.0007, Rel. Antonio Marques Cavalcante Filho, DOJTe 13.02.2009
Conclusões O corretor pode ser ou não empregado A realidade fática esclarecerá a natureza do vínculo jurídico É necessário regularizar de fato o corretor, prevenindo-se de eventual fiscalização do trabalho ou de ação judicial
Prof. Gérson Marques Procurador Regional do Trabalho (PRT/CE)