461 ANOS DE SÃO PAULO

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Transcrição:

461 ANOS DE SÃO PAULO O envelhecimento e a dinâmica populacional dos distritos paulistanos O envelhecimento é um processo progressivo na capital, passando de 6 idosos para cada 10 jovens, em 2010, a 12 idosos para cada 10 jovens em 2030, chegando a 21 idosos para cada 10 jovens, em 2050. Os distritos mais envelhecidos localizam-se no centro e no centro expandido de São Paulo e as condições propícias para o decréscimo populacional estão mais presentes nessas áreas. Introdução O processo de transição demográfica da população do Estado e do município de São Paulo, que contemplou acentuada queda da fecundidade para níveis inferiores ao da reposição e aumento progressivo da sobrevivência nas idades avançadas, provocou rápido processo de envelhecimento populacional associado, também, a rápido declínio no ritmo de crescimento da população. Esse fenômeno vem atingindo, com intensidades e temporalidades distintas, praticamente todos os Estados e municípios brasileiros, assim como a maioria dos países. A interação entre a tendência de redução do crescimento vegetativo da população (nascimentos menos mortes) e a tendência histórica de decréscimo do saldo migratório (imigrantes menos emigrantes) vem provocando a diminuição da taxa de crescimento populacional da SEADE 1

capital paulista, com importantes reflexos na distribuição da população em seus distritos. As projeções realizadas pela Fundação Seade revelam que o contingente de pessoas residindo no município de São Paulo deverá reduzir-se a partir de 2045, principalmente devido à participação do saldo entre nascimentos e óbitos que será negativo, ou seja, ocorrerão mais óbitos do que nascimentos na capital em meados do século XXI. Este fenômeno poderá ser observado em alguns de seus distritos já no final dos anos 2010 e atingirá um terço deles no final da década de 2020, com decisiva influência no ritmo de crescimento populacional futuro. Evolução populacional do município de São Paulo Em 2015, quando o município de São Paulo completa 461 anos, sua população atinge o patamar de 11,582 milhões de habitantes. Seu crescimento populacional, que fora intenso durante as oito primeiras décadas do século XX, com o maior índice registrado na década de 1950 (5,58% ao ano), apresentou rápida desaceleração a partir de 1980 e registrou apenas 0,76%, no período intercensitário de 2000 a 2010. As projeções realizadas pela Fundação Seade apontam que, em 2050, o contingente da capital será de 12,205 milhões de pessoas, após reverter a tendência e passar a decrescer depois de 2045. A redução no ritmo de crescimento populacional é resultante da interação entre acentuada queda da fecundidade, aumento da longevidade e taxas negativas de migração. SEADE 2

Gráfico 1 População e taxa anual de crescimento Município de São Paulo 1950-2050 Fonte: Fundação Seade. A queda da fecundidade destaca-se entre os principais fatores para a desaceleração da população e as mudanças ocorridas em sua estrutura etária. Muito embora tal redução seja anterior aos anos 1980, foi a partir de então que este comportamento se acentuou e atingiu valores inferiores ao nível de reposição. O número médio de filhos por mulher paulistana caiu de 3,2 para 1,7 filho, entre 1980 e 2010. A expectativa é de que, no futuro, haja maior estabilidade nos níveis já bem baixos da fecundidade, atingindo índice de 1,6 filho em 2050. A população residente na capital tem ampliado sua esperança de vida ao nascer. Para os homens, houve importante avanço entre 2000 e SEADE 3

2010, com aumento de 5,3 anos, passando de 66,7 para 72,0 anos. Para as mulheres, o incremento foi de 2,8 anos, neste período (de 76,7 para 79,5 anos,). Esperam-se novos avanços no futuro, de modo que, em 2050, a população masculina atinja 79,2 anos de vida e a feminina 84,7 anos. Do ponto de vista do movimento migratório, o município de São Paulo configurou-se como o maior polo de atração populacional do Estado de São Paulo em décadas passadas, mas reverteu esta tendência histórica no período 1980-1991, quando o saldo entre as entradas e as saídas de migrantes tornou-se negativo e assim permaneceu até hoje, apesar da redução observada no volume negativo deste saldo. Na primeira década do século XXI, a relação entre o saldo migratório e a população paulistana foi de -3,0 migrantes por mil habitantes. A hipótese considerada na projeção foi de continuidade na diminuição dos níveis negativos de migração, que registrariam, no quinquênio 2045-2050, menos de um quarto deste valor, ou seja, -0,7 migrante por mil habitantes. Vale ressaltar que a Fundação Seade adota a metodologia dos componentes demográficos para realizar as projeções populacionais método analítico que considera a interação entre os três componentes do crescimento populacional (fecundidade, mortalidade e migração) elaborando análises demográficas passadas e presentes para a áreaalvo a ser projetada, assim como construindo hipóteses de comportamento futuro para estas variáveis. Foram utilizadas as bases de nascidos vivos e óbitos processadas na Fundação Seade, a partir das informações provenientes dos Cartórios de Registro Civil, e as populações recenseadas pelo IBGE. SEADE 4

Importante resultado das projeções é a constatação do inexorável processo de envelhecimento da população da cidade de São Paulo. O índice de envelhecimento, que relaciona o total de pessoas com mais de 60 anos de idade com a população que tem menos de 15 anos, deverá dobrar em 20 anos, ao passar de 6 idosos para cada 10 jovens, em 2010, para 12 idosos para cada 10 jovens, em 2030, e novamente quase dobrar em 2050, ao atingir o índice de 21 idosos para cada 10 jovens. Isso significa que o contingente de pessoas com idades mais avançadas será sucessivamente superior ao de crianças e jovens menores de 15 anos, a partir de 2027. As taxas de fecundidade abaixo do nível de reposição geram volume de nascimentos cada vez menor. Por outro lado, a população mais envelhecida provoca volume de óbitos crescente, apesar da diminuição dos níveis de mortalidade e do consequente aumento da longevidade. A resultante é um crescimento vegetativo decrescente, tendendo a valores inferiores a zero, como indicam as projeções para o quinquênio 2045-2050. O Gráfico 2 mostra a evolução da série de nascidos vivos e óbitos observados na capital, entre 1980 e 2010, e a série destes eventos vitais projetados até 2050, assim como o saldo vegetativo resultante da diferença entre eles. SEADE 5

Gráfico 2 Evolução dos nascidos vivos, dos óbitos e do saldo vegetativo Município de São Paulo 1980-2050 Fonte: Fundação Seade. A análise da evolução da população paulistana, segundo seus componentes demográficos, mostra que as participações do vegetativo e do migratório vêm se alterando de forma marcante. O volume máximo do saldo migratório (diferença entre entradas e saídas de migrantes) na capital ocorreu na década de 1970, quando atingiu o patamar de 117 mil novos migrantes a cada ano, passando então a se reduzir numericamente até tornar-se negativo, nos anos 1980 (-62 mil ao ano). Entre 2000 e 2010, este saldo permaneceu negativo, apesar de reduzir a intensidade (-32 mil ao ano). No horizonte projetado, a expectativa é de que, embora permaneça negativo, haja redução numérica do volume anual de migrantes até atingir -11 mil pessoas. Por sua vez, também o componente vegetativo (diferença entre nascimentos e óbitos) aumentou seu volume até os anos 1970, SEADE 6

influenciado pelas altas taxas de fecundidade existentes, atingindo um saldo anual máximo de 259 mil, quando passou a decrescer paulatinamente até torna-se negativo no último período de projeção. A previsão é de que o crescimento vegetativo passe a ser cada vez mais negativo, pressionando incisivamente o decréscimo populacional da capital e de seus distritos. Esta situação se reproduz de forma diferenciada no âmbito dos distritos, influenciando a distribuição da população no interior da cidade de São Paulo. O século XXI apontou para uma maior diversificação na chegada de migrantes estrangeiros para o Brasil, com reflexos no Estado e no município de São Paulo. Contudo, as evidências estatísticas mostram que os fluxos são relativamente pequenos, longe de possibilitar uma mudança expressiva da dinâmica demográfica da capital. Por outro lado, a mobilidade espacial interna no Brasil, em particular os fluxos dirigidos tradicionalmente para o município de São Paulo, vem se reduzindo sistematicamente, tanto pela atração de novos polos de desenvolvimento no país, como pela diminuição do volume potencial de migrantes, em decorrência da queda generalizada da fecundidade nas áreas tradicionais de origem. Crescimento demográfico dos distritos da capital As projeções populacionais para os distritos, até 2030, realizadas pela Fundação Seade, revelam diferenciais demográficos marcantes, em um contexto generalizado de envelhecimento, porém espacialmente SEADE 7

desigual, resultando em importante alteração nas tendências de crescimento no horizonte da projeção. Nas hipóteses de comportamento demográfico futuro para os distritos, elaboradas para a projeção, considerou-se que: a fecundidade manteria tendência de queda diferenciada e maior convergência entre os distritos; o avanço na esperança de vida ao nascer tenderia a minimizar as diferenças existentes entre os níveis distritais; e os distritos que apresentavam saldos migratórios positivos ou negativos reduziriam sua intensidade. Vale lembrar que os processos migratórios internos da capital, que contemplam não somente a migração intermunicipal, mas também as mudanças de residência entre distritos, exercem importante influência sobre a dinâmica demográfica local. Um exemplo que ilustra a mobilidade interdistrital é a interferência do mercado imobiliário, que pode alterar pontualmente o crescimento populacional de bairros, por meio de grandes empreendimentos. No período 2000-2010, as taxas anuais de crescimento dos distritos apresentavam grande dispersão, variando entre -0,79%, em Vila Medeiros, e 5,60%, em Anhanguera. Dos 96 distritos paulistanos, 19 registraram decréscimo populacional e encontravam-se relativamente espalhados em seu território. Já os distritos com taxas positivas totalizavam 77. Entre 2025 e 2030, as taxas anuais de crescimento estarão mais concentradas no intervalo entre -0,78%, em Alto de Pinheiros, e 1,09%, em Anhanguera, que deverá ser o único distrito com crescimento populacional superior a 1%. Entre os distritos, 40 deverão SEADE 8

ter decréscimo populacional, enquanto 56 apresentarão incrementos positivos. Vários distritos registrarão taxas muito próximas de zero. O processo de envelhecimento é nítido em todas as áreas da cidade de São Paulo. Hoje, 20% da população paulistana é formada por jovens, mas, em 2030, esta participação corresponderá àqueles com mais de 60 anos. Entre os distritos este fenômeno acontece de maneira diferenciada. O Mapa 1 mostra a distribuição dos distritos segundo o índice de envelhecimento, em 2010 e 2030, revelando com nitidez o rápido processo de envelhecimento esperado para a população residente nas diversas áreas da capital. Em 2010 este índice variou de 2 pessoas com mais de 60 anos para cada 10 pessoas com até 15 anos, em Cidade Tiradentes, até 23 por 10, na Consolação, já para a população projetada em 2030 ele deverá variar de 7 idosos para cada 10 jovens, em Parelheiros, até 37 por 10, em Alto de Pinheiros. SEADE 9

Mapa 1 Índice de envelhecimento populacional Município de São Paulo 2010-2030 Fonte: Fundação Seade. Nota: O índice de envelhecimento foi calculado dividindo-se a população com mais de 60 anos pela população com menos de 15 anos, multiplicado por 10. O processo de envelhecimento espacialmente diferenciado entre os distritos está diretamente associado com a evolução do crescimento vegetativo, sendo possível constatar que: nos distritos mais envelhecidos, o saldo vegetativo diminui rapidamente e tende a ser negativo, pressionando sobremaneira o decréscimo da população; SEADE 10

nos distritos menos envelhecidos, o saldo vegetativo, embora decrescente, mantém-se positivo, contribuindo ainda para o crescimento da população. Considerando-se que os distritos mais envelhecidos localizam-se no centro e no centro expandido da capital, as condições propícias para o decréscimo populacional estão mais presentes nessas áreas. O Gráfico 3 apresenta o diagrama de dispersão entre índice de envelhecimento e crescimento vegetativo, para os períodos 2000-2010 e 2025-2030, e deixa evidente a relação entre as duas variáveis. Neste diagrama, cada ponto representa um dos 96 distritos, com seus respectivos índices de envelhecimento e taxas de crescimento vegetativo. Fica nítido que tanto no período 2000-2010, como em 2025-2030, as menores taxas de crescimento vegetativo estão associadas aos maiores índices de envelhecimento. Ressalte-se que no último período projetado, já existem 30 distritos com taxas negativas que correspondem aos maiores níveis de envelhecimento. Por outro lado, para melhor compreender a resultante da interação entre os componentes vegetativo e migratório, entre 2025 e 2030, o Mapa 2 traz a distribuição espacial do saldo vegetativo anual, do saldo migratório anual e da soma entre os dois, que representa o crescimento populacional final. O crescimento vegetativo negativo associado ao crescimento migratório positivo, ambos mais concentrados nos distritos centrais, resultaram em decréscimos populacionais no horizonte da projeção. SEADE 11

Isso significa que a presença de saldo vegetativo negativo, nos distritos mais envelhecidos, constitui forte pressão ao decréscimo populacional, mesmo na presença de saldo migratório favorável ao crescimento. Gráfico 3 Taxas de crescimento vegetativo e índice de envelhecimento populacional Município de São Paulo 2000-2030 Fonte: Fundação Seade. Nota: O índice de envelhecimento foi calculado dividindo-se a população com mais de 60 anos pela população com menos de 15 anos, multiplicado por 10. SEADE 12

Mapa 2 Saldos vegetativo e migratório e crescimento anual Município de São Paulo 2025-2030 Fonte: Fundação Seade. Entre 2000 e 2010, nenhum distrito havia apresentado crescimento vegetativo negativo, o que contribuiu positivamente para o crescimento de todos os distritos, de modo que os decréscimos populacionais registrados foram devidos tão somente ao componente migratório. Já no período projetado, como consequência direta do processo de envelhecimento, prevê-se que em 30 distritos o número de óbitos superará o de nascimentos, com estimativa de saldos vegetativos negativos. Nesta situação, tal componente passará a pressionar o SEADE 13

decréscimo populacional. Qualquer incremento no volume da população destes distritos somente será possível se o saldo migratório exceder o vegetativo. As projeções populacionais para o município de São Paulo, realizadas pela Fundação Seade, antecipam a vigência de um novo regime demográfico que se caracteriza pelo decréscimo populacional. Ele é resultante do rápido processo de envelhecimento, que passa a produzir um volume de óbitos superior ao de nascimentos. No âmbito dos distritos, deverá ocorrer uma generalização espacial do crescimento vegetativo negativo, consolidando, assim, este novo regime. Os dados detalhados da população projetada por idade e sexo, para o município de São Paulo e seus 96 distritos, até 2030, encontram-se no produto Sistema de Projeções Populacionais, no site do Seade, assim como artigos sobre o tema do crescimento da população da cidade e dos distritos, que estão no SP Demográfico e no Primeira Análise (www.seade.gov.br). SEADE 14