UM FLÂNEUR TRANSATLÂNTICO: OLHARES COMPARATIVOS SOBRE O PATRIMÔNIO CULTURAL DE CIDADES-MONUMENTOS/CIDADES-MEMÓRIAS (SERGIPE-BR/PORTUGAL).

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Transcrição:

UM FLÂNEUR TRANSATLÂNTICO: OLHARES COMPARATIVOS SOBRE O PATRIMÔNIO CULTURAL DE CIDADES-MONUMENTOS/CIDADES-MEMÓRIAS (SERGIPE-BR/PORTUGAL). Danielle de Oliveira Cavalcante (Graduanda em Museologia UFS/ PIBIC- FAPITEC) Giceli Andrade Rocha Santos (Graduanda em Museologia UFS/PIBIC- CNPQ) Profª Dr. Janaina Cardoso de Mello (Orientadora Museologia-UFS) RESUMO: A relação cidades e monumento, cidades e memória evoca refletir sobre os debates contemporâneos a respeito da interpretação do patrimônio cultural à luz da população que dele usufrui, bem como do Estado que o regula. As cidades históricas portuguesas possuem um patrimônio material refletido em diversos âmbitos como praças, pontes, palácios, fortalezas, habitações e instituições culturais capazes de conectar passado e presente às histórias de vida de portugueses e imigrantes. As cidades históricas sergipanas possuem um patrimônio material de influência portuguesa presente em suas igrejas, praças, azulejos, moradias e instituições culturais no trânsito entre a busca por uma sergipanidade marcada por hibridismos. O presente projeto busca compreender a apreensão dos aspectos simbólicos e a construção das representações sociais dos moradores e flâneurs das cidades históricas de Sergipe e de Portugal à respeito de sua própria história sob o viés teórico de Pierre Bourdieu (1989), Roger Chartier (1990), Walter Benjamin (2000) e Françoise Choay (2000), mas também traçar um roteiro comparativo das políticas de salvaguarda patrimonial nesses dois espaços para compreender de que modo a relação entre cidadão e patrimônio se desenvolve: se no campo do protagonismo consciente ou da submissão ao Estado. Entre ficção e realidade ao remontar o caminho dos personagens pelas cidades portuguesas e sergipanas é possível captar os sons de uma modernidade tardia, de uma contemporaneidade mal vista, de uma História que se faz presente em um discurso visual do monumento, das ruas, das pedras, mas fundamentalmente das pessoas que circulam dia e noite nesse cotidiano urbano. Palavras-chave: flâneur; memória; patrimônio cultural. 1

Introdução Embora seja uma prática vinculada à Era Moderna, a flanerie (ou seja, o ato de caminhar, sem pressa, observando a cidade, suas transformações e permanências) ainda suscita debates no tempo presente. Do flâneur da obra de Charles Baudelaire ao homem na multidão de Edgar Allan Poe até chegar aos passantes de Lima Barreto, Machado de Assis, João do Rio e Fernando Pessoa, a arte de andar pela cidade apreendendo seus detalhes e constituindo um mosaico poético da urbanidade cumpre um papel social que une o homem/a mulher à cidade, humanizando o concreto, edificando memórias individuais e coletivas. Álvaro Campos, heteronômio do poeta Fernando Pessoa vivencia o processo de industrialização na Portugal do século XX, enquanto Bernardo Soares (um semi-heteronômio, segundo Pessoa) é um guarda-livros de Lisboa que herda o caos e a depressão da cidade contemporânea. Nesse sentido, a literatura sergipana configurada na obra de contos Água de cabaça (2003) escrita polo sergipanovladimir Souza Carvalho que tem como pano de fundo a cidade de Itabaiana, no livro O comedor de jia (2006) de Pedrinho dos Santos sobre os costumes tradicionais do interior de Sergipe ou no clássico Roteiro de Aracaju (2002) de Mário Cabral perfazem esse caminhar. A fronteira entre o monumento e o monumento histórico é no caso deste último, a não intencionalidade de criá-lo como tal. A ele, ao monumento histórico, são atribuídas características que estariam ausentes entre executores e destinatários da obra, assim: todo objeto do passado pode ser convertido em testemunho histórico sem ter tido na sua origem um destino memorial (CHOAY, 2000:22). No caminho entre a concessão do sentido de patrimônio cultural pela população e da legitimação de áreas patrimoniais (edificações, conjuntos urbanos em cidades históricas) por políticas estatais de reconhecimento, valorização e preservação afluem do desejo de não perder as tradições de outrora : Os bens culturais apreendidos como expressões da alma dos povos conjugam as reminiscências e o sentido de pertencimento dos indivíduos, articulando-os a um ou mais grupos e lhes assegurando vínculos indenitários. Não obstante, as reiteradas ameaças às tradições culturais e ao meio, tão corriqueiras na atualidade, abalam as perspectivas da própria sobrevivência humana. Por essa razão, agentes sociais distintos, profissionais das mais diversas áreas do conhecimento e admiradores dos múltiplos 2

tesouros da humanidade se movimentam para garantir a salvaguarda de paisagens naturais e culturais, das festas profanas e religiosas, dos vestígios arqueológicos, das obras de arte, dos monumentos e bens culturais imateriais. Além disso, na esperança de promover saídas para os impasses da preservação dos patrimônios intangíveis, esses cidadãos sugerem o acautelamento e o registro de ofícios e saberes populares, de rituais e crenças. (PELEGRINI, 2009: 14-15) A salvaguarda e valorização do patrimônio cultural como atribuição do Estado português teve como referência normativa mais relevante, até ao final do século XX, a Legislação do Património Cultural Português (Lei nº 13/85, de 6 de Julho). Dois anos depois, a Lei de Bases do Ambiente (Lei nº 11/87, de 7 de Abril), no artigo 17.º, identifica a paisagem e o patrimônio natural e construído como componentes que definem, no seu conjunto, o quadro específico de vida, onde se insere e de que depende a atividade do homem, e no artigo 20.º, estabelece que o património natural e construído do País, bem como o histórico e cultural, serão objeto de medidas especiais de defesa, salvaguarda e valorização, através, entre outros, de uma adequada gestão de recursos existentes e planificação das ações a empreender numa perspectiva de animação e utilização criativa. A transição do milénio é marcada por um novo regime de proteção e valorização do patrimônio cultural português, tendo como finalidades, enquanto tarefa fundamental do Estado e dever dos cidadãos: incentivar e assegurar o acesso de todos à fruição cultural; vivificar a identidade cultural comum de Portugal e das comunidades regionais e locais a ela pertencentes e fortalecer a consciência da participação histórica do povo português em realidades culturais de âmbito transnacional; promover o aumento do bem-estar social e económico e o desenvolvimento regional e local; defender a qualidade ambiental e paisagística (Lei nº 107/2001, de 8 de Setembro). Assim, o novo quadro jurídico caracteriza o patrimônio cultural como: constituído por todos os bens (materiais e imateriais) que, sendo testemunhos com valor de civilização ou de cultura portadores de interesse cultural relevante, devam ser objecto de especial protecção e valorização, mas, também, quando for caso disso, os respectivos contextos que, pelo seu valor de testemunho, possuam com aqueles uma relação interpretativa e informativa. Desse modo, o interesse cultural relevante, designadamente histórico, paleontológico, arquitectónico, linguístico, documental, 3

artístico, etnográfico, científico, social, industrial ou técnico dos bens que integram o património cultural reflectirá valores de memória, antiguidade, originalidade, raridade, singularidade ou exemplaridade (Lei nº 107/2001, de 8 de Setembro). No Brasil a partir de 1934 as questões do patrimônio cultural começaram a ser contempladas na Constituição republicana, tendo suas disposições de proteção aos bens naturais e culturais ratificadas na Carta de 1937, submetendo o instituto da propriedade ao bem coletivo. Sendo a década de 1940 repletas de ações de incentivo no campo museológico e de tombamentos de edificações em cidades históricas pelo Instituto do Patrimônio Artístico, Histórico e Nacional (Iphan). Todavia, a Constituição de 1988 e os progressos no campo do patrimônio imaterial nos anos 2000 irão ter uma ação decisiva no alargamento da noção de patrimônio cultural brasileiro. Objetivos Geral: * Pesquisar as convergências e divergências nas concepções de patrimônio cultural entre Sergipe e Portugal, no que diz respeito às suas cidades históricas. Específicos: * Estudar as políticas de salvaguarda dos bens culturais materiais em Sergipe e Portugal do final do século XX ao início do século XXI. * Identificar as heranças culturais lusitanas nas cidades sergipanas de Laranjeiras e São Cristóvão. *Analisar as imagens fotográficas do patrimônio urbano português e sergipano * Relacionar os projetos de educação patrimonial voltados para a integração/preservação/interação com as cidades históricas propostas pelos museus sergipanos e portugueses. * Realizar um estudo comparativo à partir dos sites e blogs sergipanos e portugueses com temática voltada para o patrimônio cultural. Metodologia A metodologia do projeto proposto se desenvolverá em cinco etapas e três planos de trabalho: 4

Primeira Etapa: Discussão teórico-metodológica sobre os conceitos de patrimônio cultural, memória, representação, apropriação, cidades-históricas, memória, monumento, dentre outros. Segunda Etapa: Estudo das políticas de salvaguarda dos bens culturais materiais em Sergipe e Portugal do final do século XX ao início do século XXI, através da legislação sobre patrimônio cultural nos dois espaços. Terceira Etapa: Identificação das heranças culturais lusitanas nas cidades sergipanas de Laranjeiras e São Cristóvão através de trabalho de campo (fotografia, filmagem e seleção de documentação de arquivo). Quarta Etapa: Pesquisa de casos particulares à partir da análise da imagética das cidades portuguesas, dos projetos de educação patrimonial propostos pelos museus sergipanos e portugueses e do estudo comparativo de sites e blogs sergipanos e portugueses com temática sobre o patrimônio cultural. Quinta Etapa: Alimentação de um banco de dados Sergipe/Portugal sobre patrimônio cultural e acondicionamento no site: www.laranjeirasvirtual.com.br. Plano de Trabalho 1: UM FLÂNEUR TRANSATLÂNTICO: Pesquisa de casos particulares à partir da análise da Plano de Trabalho 2: UM FLÂNEUR TRANSATLÂNTICO: Pesquisa de casos particulares à partir da análise dos projetos de educação patrimonial propostos pelos museus sergipanos e portugueses. Plano de Trabalho 3: UM FLÂNEUR TRANSATLÂNTICO: Estudo comparativo de sites e blogs sergipanos e portugueses com temática sobre o patrimônio cultural. Resultados esperados 1. Catalogação de dados comparativos sobre memória e patrimônio cultural em Sergipe e Portugal acondicionadas em um banco de dados à serem disponibilizados no site: www.laranjeirasvirtual.com.br. 2. Formação de uma rede internacional de trocas de informações e materiais de pesquisa sobre Memória e Patrimônio. 3. Participação em reuniões, seminários e congressos das áreas de Ciências Sociais Aplicadas e Humanas para comunicar conceitos e idéias do projeto em curso. 4. Artigos de divulgação científica em revistas, jornais e periódicos especializados nacionais e internacionais. 5

Referências Bibliográficas BACHOUD, Louis et al. Patrimoine cultural bâti et paysager. Classement, conservation, valorisation. Paris: Éditions Dalloz, 2002. BENJAMIN, Walter. Charles Baudelaire, um lírico no auge do capitalismo. V. 3. 3ª. Ed. São Paulo: Brasiliense, 2000. BOURDIEU, Pierre. O Poder Simbólico. Lisboa/Rio de Janeiro: Difel/Bertrand Brasil, 1989. BRANDI, Cesare. Il Restauro: teoria e pratica. 2ª ed. Roma: Editori Riuniti, 1996. CABRAL, Mário. Roteiro de Aracaju. 3ª. Ed. Aracaju: Banese, 2001. CARVALHO, Vladimir Souza. Água de cabaça. Curitiba: Juruá, 2003. CHARTIER, Roger. História Cultural - Entre práticas e representações. Lisboa/Rio de Janeiro: Difel/ Bertrand Brasil, 1990. CHOAY, Françoise. A Alegoria do Patrimônio. Tradução: Teresa Castro, Lisboa: Edições 70, 2000.. O urbanismo. São Pulo: Perspectiva, 1992. HENRIQUES, Eduardo. Novos desafios e orientações das políticas culturais: tendências nas democracias desenvolvidas e das especificidades do caso português. Finisterra, 2002, vol. XXXVII, nº. 73, Lisboa: Centro de Estudos Geográficos, p. 61-80. LE GOFF, Jacques. História e Memória. Campinas: Ed. UNICAMP, 1994. LOWENTHAL, David. The past is a foreign country. New York: Cambridge University Press, 1995. PELEGRINI, Sandra C. A. Patrimônio cultural: consciência e preservação. São Paulo: Brasiliense, 2009. 6

PESSOA, Fernando. Ficções de interlúdio. Vol. 4: Poesias de Álvaro de Campos. 5ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira:1983.. Páginas íntimas e de auto-interpretação. (Textos estabelecidos e prefaciados por Georg Rudolf Lind e Jacinto do Prado Coelho.) Lisboa: Ática, 1996. SANTOS, Pedrinho dos. O comedor de jia. Aracaju: Info Graphics, 2006. SILVA, Augusto Santos. Cultura: das obrigações do Estado à participação da sociedade civil. Sociologia. Problemas e Práticas, 1997, nº 23, p. 37-48. TOMÁS, Paulo Manuel de Carvalho. Património cultural e estratégias de desenvolvimento em Portugal: balanço e novas perspectivas. Diez años de cambios en el Mundo, en la Geografía y en las Ciencias Sociales, 1999-2008. Actas del X Coloquio Internacional de Geocrítica, Universidad de Barcelona, 26-30 de mayo de 2008. http://www.ub.es/geocrit/-xcol/289.htm (Acesso em: 15/03/2012). ZARANKIN, Andrés. Arqueología de la arquitectura: Another brick in the wall. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia. São Paulo, Suplemento 3. 1999. pp. 119-128. 7