ENFERMEIROS. 4 e 5/Junho/2015. GREVE NACIONAL DE ENFERMEIROS do Sector Público. Um poderoso instrumento de Luta A GREVE É UM DIREITO

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Transcrição:

SINDICATO DOS ENFERMEIROS PORTUGUESES ENFERMEIROS 4 e 5/Junho/2015 GREVE NACIONAL DE ENFERMEIROS do Sector Público Um poderoso instrumento de Luta A GREVE É UM DIREITO CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA PORTUGUESA (CRP), Direitos, Liberdades e Garantias (Título II), Cap. III Direitos, Liberdades e Garantias dos Trabalhadores (art.º 57). Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas - LGTFP Lei nº 35/2014 20 de Junho Código do Trabalho CT Lei n.º 7/2009 27 Fevereiro 1

1 - Quem pode fazer Greve? Todos os Enfermeiros a trabalhar nas Instituições abrangidas pelo Pré-Aviso de Greve do SEP. (Setor Público) TODOS os Enfermeiros, independentemente da relação de emprego (RTCFP, Contrato a Termo ou Sem Termo/Tempo Indeterminado CTC e CIT), de todo o Setor Público podem fazer Greve. Sector Público: Instituições Setor Público Administrativo sem e com Gestão Empresarial/EPE e PPP (Hospitais, CHospitalares, ULSaúde, ACES/CSaúde, INEM, IPSangue, EPrisionais, HMilitares, IOGPinto, SCMLisboa, etc). 2 E os que trabalham no Sector Privado, também podem fazer Greve? NÃO. Os Enfermeiros do Setor Privado NÃO podem fazer esta GREVE Apesar de todos os problemas dos Enfermeiros do Setor Privado (elevada precariedade, baixa remuneração, ausência de dotações seguras, desregulamentação dos horários de trabalho, etc), esta Greve tem por objetivo a exigência de negociação do Caderno Reivindicativo dos Enfermeiros do Setor Público, designadamente a manutenção dos regimes de trabalho consagrados na Carreira de Enfermagem (35h semanais e outros) e as questões remuneratórias para TODOS os enfermeiros. 3 E quem exerce funções numa Instituição Pública mas tem uma relação de emprego com uma Empresa Privada de Subcontratação de Trabalho Temporário está subcontratado também pode fazer Greve? E os que estão a Recibo Verde em regime liberal também pode fazer Greve? Os SubContratados NÃO podem fazer esta Greve Os Recibos Verdes Podem faltar Os Enfermeiros SubContratados, que detêm um Contrato de Trabalho com uma Empresa de Trabalho Temporário/Prestação de Serviços (Instituição Privada), NÃO estão cobertos pelo Pré-Aviso de Greve. Logo, NÃO podem fazer esta Greve só se faltarem ao serviço. Os Enfermeiros que trabalham a Recibo Verde / Regime Liberal, numa Instituição Pública estão cobertos pelo Pré-Aviso. PODEM FALTAR. Os Enfermeiros nesta situação devem avaliar as suas condições concretas e contactar o SEP. 2

4 Os não sindicalizados também podem fazer? Podem e devem! Os não sócios e sócios de outros Sindicatos também podem aderir à Greve. Contudo, se estiver sindicalizado está mais protegido e seguro integra uma Organização/Instituição que existe para defender os seus direitos. 5 - Tenho um Contrato a Termo (Vínculo Precário). 5.1 Também posso fazer? Podem cessar-me o Contrato? Pode fazer Greve e legalmente não podem cessar o Contrato. É nulo o acto que implique coacção, prejuízo ou discriminação de trabalhador por motivo de adesão ou não à greve. (LGTFP e art.º 540/CT). Nas Greves é habitual surgirem estes boatos como forma de pressão para não aderirem às formas de luta, designadamente as Greves. Os Vínculos Precários têm razões acrescidas para fazer Greve. Quanto menos Greves fizermos mais o MSaúde/Administração está à vontade para não nos passar a efectivos e degradar as nossas condições de trabalho ; eles não reivindicam não lutam. 5.2 A pressão para não aderirmos à Greve é legal?. É, ética e legalmente, reprovável. NÃO PODEM! Mais, quem exerce a pressão/coação é susceptível de ser punido: Constitui Contra-ordenação MUITO GRAVE o acto do empregador que implique coacção do trabalhador no sentido de não aderir a greve, ou que o prejudique ou discrimine por aderir (LGTFP e art.º 540.º/CT). 6 Antes da Greve, estou legalmente obrigado a informar se adiro ou não? Legalmente não está obrigado a explicitar previamente a sua decisão. Inclusive pode decidir aderir no decurso da Greve. Contudo, há Serviços onde a equipa reúne/discute previamente a questão dos Serviços/Cuidados Mínimos, se for o caso: Quem os assegura e reflexão acerca dos Cuidados Mínimos a prestar, tendo em consideração o Pré-Aviso e Diretivas de Greve. 3

7 Estou legalmente obrigado a ir ao Serviço? APELA-SE A QUE OS ENFERMEIROS, previamente à Greve, REUNAM PARA, entre outros aspectos, DISCUTIREM COMO SE ORGANIZAM PARA A GREVE, AFERIREM OS CUIDADOS MINIMOS, etc. Nos Serviços que encerram (não têm que prestar Cuidados Mínimos), nos termos do Pré-Aviso/Directivas, não está legalmente obrigado a comparecer ao serviço (Ver Directivas). Nos Serviços onde têm que ser garantidos Serviços/Cuidados Mínimos deve comparecer para os prestar (se for o caso) ou integrar o Piquete de Greve. 8 - O que é o Pré-Aviso de Greve? Nos termos da Constituição e da Lei o Sindicato é obrigado a emitir Pré-Aviso de Greve, publicitado num órgão de comunicação social de expansão nacional. No nosso caso (Saúde), o aviso prévio é de 10 dias úteis. Este Pré-Aviso visa no essencial duas coisas: que as partes em conflito tentem ainda acordar soluções antes de efectivar a Greve; que os Serviços alvo da Greve se reorganizem (com as limitações decorrentes da Lei) para minimizar o impacto junto dos destinatários do serviço. 9 O que faz e quem constitui o Piquete de Greve? O Piquete de Greve é constituído por TODOS OS enfermeiros GREVISTAS O Piquete é constituído pelos grevistas que permanecem nos Serviços a assegurar Cuidados Mínimos, pelos grevistas sediados na sala do Piquete e pelos grevistas ausentes da Instituição. O Piquete visa, para além do levantamento rigoroso dos dados (escalados/aderentes), informar e esclarecer os grevistas sobre e mesmo os não grevistas no sentido de aderirem à greve. Intervém junto das Administrações para resolver problemas. TEM UM PAPEL FUNDAMENTAL NA INFORMAÇÃO E ESCLARECIMENTO DOS UTENTES através de ACÇÕES planeadas para esse efeito. Daí a necessidade e importância de todos os enfermeiros grevistas, à excepção dos que permanecem nos Serviços a assegurar Cuidados Mínimos, permanecerem na Instituição e integrarem o seu Piquete de Greve. 10 Enquanto grevista, qual a minha subordinação hierárquica? Os grevistas estão subordinados ao Sindicato/Piquete de Greve e às suas orientações/directivas de Greves. A greve suspende, no que respeita aos trabalhadores que a ela aderirem, as relações emergentes do contrato, em consequência, desvincula-os dos deveres de subordinação e assiduidade (LGTFP e CT) e os trabalhadores em greve são representados pelo Sindicato. 4

Significa que os grevistas estão subordinados ao Sindicato/Piquete de Greve e às suas orientações. Por isso emitimos as designadas DIRECTIVAS DE GREVE, DE LEITURA IMPRESCINDÍVEL, a que todos os grevistas estão subordinados. 11 Pode a Administração substituir os enfermeiros grevistas? Não pode O empregador não pode, durante a greve, substituir os grevistas por pessoas que, à data do aviso prévio, não trabalhavam no respectivo estabelecimento ou serviço nem pode, desde essa data, admitir trabalhadores para aquele fim e A tarefa a cargo de trabalhador em greve não pode, durante esta, ser realizada por (LGTFP e art.º 535º/CT). 12 Durante a Greve a Administração pode colher dados pessoais dos aderentes? Não pode A Administração só pode recolher os n.ºs globais - escalados e aderentes. A recolha de outros elementos, diferentes dos anteriormente citados, pode indiciar pressão com vista à não adesão. A Comissão Nacional de Protecção de Dados deliberou proibir, ao abrigo da al. b), n.º3, art.º 22º da Lei 67/98, qualquer tratamento autónomo de dados recolha de tipo de vínculo/nome/n.º mecanográfico/outros dados similares relativos aos aderentes à greve por constituir violação do disposto no art.º 13º e n.º 3 do 35º da CRP e nos n.ºs 1 e 2 do art.º 7º da Lei de Protecção de Dados Pessoais (Deliberação n.º 225/2007 de 28 de Maio). 13 Serviços/Cuidados Mínimos 13.1 São obrigatórios na Saúde? Na Saúde, a definição de Serviços Mínimos é legalmente obrigatória Nos termos da Constituição (art.º 57º) e da Lei nos órgãos ou serviços que se destinam à satisfação de necessidades sociais impreteríveis ficam as associações sindicais e os trabalhadores obrigados a assegurar, durante a greve, a prestação dos serviços mínimos indispensáveis para ocorrer à satisfação daquelas necessidades. Por isso, nos termos legais, o Pré-Aviso de Greve enquadra sempre os Serviços Mínimos e os meios (n.º de Enfermeiros) para os assegurar. 13.2 Quem os define? Para o Sector Público, Cooperativo, Social e Privado não abrangido pelo Acordo com APHP (SPA, EPE, PPP, SCML, IPSS, Misericórdias, SAMS) : Estão definidos desde 1992/1994 por Acordo estabelecido entre o SEP, MSaúde e MTrabalho. Por isso, desde essa data, constam sempre do Pré-Aviso e Directivas do SEP. 5

13.3 Onde se concretizam? Serviços de Internamento, Atendimentos Permanentes e outros que funcionam 24H00/dia, Cuidados Intensivos, Urgências, Serviços de Hemodiálise e de Tratamento Oncológico. Ver Pré- Aviso/Directivas. 13.4 Quem os concretiza? Todos ou alguns Enfermeiros da Equipa de Enfermagem? De entre TODOS OS ENFERMEIROS ESCALADOS para o(s) dia(s)/turno(s) de Greve à data da emissão do Pré-Aviso de Greve e de acordo com o número mínimo fixado nas Diretivas de Greve - número de enfermeiros igual ao que figurar para o turno da noite, no horário aprovado, a EQUIPA DE ENFERMAGEM define quais os enfermeiros que devem permanecer no Serviço para assegurar os Cuidados Mínimos a prestar. A EQUIPA DE ENFERMAGEM de qualquer serviço É CONSTITUÍDA POR TODOS os enfermeiros que fazem parte dos horários aprovados, independentemente da sua categoria ou função, PELO QUE TODOS DEVERÃO SER CONSIDERADOS PARA O NÚMERO MÍNIMO DE ENFERMEIROS QUE DEVEM ASSEGURAR O TURNO. 13.5 Quando nasce a obrigação de prestar Cuidados Mínimos pelos Enfermeiros aderentes à Greve? A OBRIGAÇÃO de prestar Cuidados Mínimos pelos Enfermeiros aderentes à Greve SÓ NASCE QUANDO O NÚMERO DE ENFERMEIROS NÃO ADERENTES FOR INFERIOR AO NÚMERO MÍNIMO FIXADO no Pré- Aviso e nas Diretivas de Greve para os assegurar - número de enfermeiros igual ao que figurar para o turno da noite, no horário aprovado à data do anúncio da greve. 13.6 Enfermeiros aderentes à Greve e adstritos à prestação de Cuidados Mínimos devem efetuar o Registo Biométrico (Registo/Controle da Assiduidade)? Surgiram algumas questões em algumas/poucas Instituições sobre esta matéria. Pretendem estas Administrações que os Enfermeiros que asseguram os Serviços/Cuidados Mínimos efetuem o Registo Biométrico. Os argumentos para esta pretensão são essencialmente dois: i) Consta do Regulamento Interno; ii) Só pagam a remuneração a quem prestou Serviços/Cuidados Mínimos se efetuarem o Registo Biométrico porque isto permite/facilita a validação, no sistema informático, pelo Enf.º Chefe/em Chefia. Sobre esta matéria o SEP reafirma a sua Orientação constante do Pré Aviso e das Diretivas de Greve 1 Nos termos da lei, a greve suspende, relativamente aos trabalhadores que a ela adiram, as relações emergentes do contrato, e, designadamente, desvincula-os do dever de assiduidade; 2 Neste quadro, o Pré-Aviso de Greve sempre fixou que A adesão à greve manifesta-se pela não assinatura do livro de ponto ou pela não marcação no relógio de ponto 3 Entretanto, legalmente, os Enfermeiros aderentes à Greve e que ficam adstritos ao cumprimento dos Serviços/Cuidados Mínimos têm direito, nomeadamente, à remuneração. 6

4 Com vista à concretização do direito à remuneração, os Enfermeiros referidos anteriormente, nos termos das Directivas de Greve do SEP, devem preencher o impresso fornecido pelo SEP (www.sep.org.pt), em duplicado, para a Instituição, e, como comprovativo da sua entrega, para o próprio. 5 Assim, os Enfermeiros aderentes à Greve e que ficam adstritos ao cumprimento dos Serviços/Cuidados Mínimos NÃO DEVEM EFETUAR O HABITUAL REGISTO BIOMÉTRICO. Notas: 1 A confirmação, por parte do Enf.º Chefe, dos Enfermeiros (aderentes à Greve) que ficaram adstritos à prestação dos Serviços/Cuidados Mínimos pode ser feita no citado impresso entregue pelos respetivos Enfermeiros; 2 A conjugação da concretização do Registo Biométrico com o fornecimento de dados de aderentes à Greve por parte das Administrações, falseia os dados de aderentes à Greve. Entrando na Instituição e efetuando o Registo Biométrico, ainda que aderente à Greve e adstrito à prestação de Serviços/Cuidados Mínimos, para efeitos de dados, para a Administração/Min. da Saúde estou ao serviço, estou a trabalhar normalmente. 13.7 O que são Cuidados Mínimos? São, EXCLUSIVAMENTE, OS CUIDADOS DE ENFERMAGEM que, quando não prestados, PONHAM EM RISCO A VIDA DO UTENTE Ver Pré-Aviso/Directivas. Manter os Serviços Mínimos/Prestar os Cuidados Mínimos não poderá entender-se como funcionamento normal. A garantia de prestação de Serviços Mínimos, em regra, não pode sequer ser aproximada a funcionamento do serviço e muito menos a funcionamento normal. (Cfr.ª Parecer da Procuradora-Geral da República, nº 100/89 in D.R., de 29/11/90). Os Serviços Mínimos não podem ter como objectivo a reposição da situação laboral que existiria se não se verificasse a greve. A ser assim dar-se-ia um boicote constitucional ao direito à greve. (Conf.ª Drs. Alexandre Sousa Pinheiro e Mário João de Brito Fernandes - in Comentário à IV Revisão Constitucional). 13.8 Pode-se fazer uma Lista de Cuidados Mínimos? NÃO! Nenhum Sindicato, Organização, Pessoa Colectiva ou Entidade Individual pode fazer uma Lista de Cuidados Mínimos Os Cuidados de Enfermagem não são padronizáveis, e porquê? Porque, AS ACÇÕES realizadas pelos Enfermeiros, SOB SUA ÚNICA E EXCLUSIVA INICIATIVA E RESPONSABILIDADE, de acordo com as respectivas qualificações profissionais, são consideradas AUTÓNOMAS (cfr.ª n.º 1, art.º 9º, REPE) - AUTONOMIA (REPE - Regulamento do Exercício Profissional dos Enfermeiros -1996) 7

De acordo com as suas qualificações inerentes (não só) à sua habilitação académica (Licenciatura), os Enfermeiros identificam fenómenos, realizam diagnósticos de enfermagem, concebem planos de prestação estabelecendo prioridades, prescrevem cuidados de enfermagem, prestam esses cuidados, monitorizam e avaliam os resultados das intervenções. Por outro lado, os destinatários das nossas intervenções são seres únicos, com necessidades únicas, perante situações e em contextos únicos. Só os Enfermeiros que, estando a prestar cuidados directos aos utentes/doentes, conhecedores da situação concreta daquela pessoa, das necessidades concretas daquela pessoa e do contexto concreto em que estão a intervir, sabem os cuidados de enfermagem que, quando não prestados, ponham em risco a vida desse utente/doente! Só eles é que sabem porque é que os cuidados que prestam a um utente são prioritários, e, esses mesmos cuidados não o serão para outro utente. Sabemos que isto requer SEGURANÇA para a DECISÃO CLINICA e que existem conceitos diferentes de Cuidados Mínimos. Por isso apelamos aos Enfermeiros para debaterem/aferirem, nas Equipas de Enfermagem, os seus conceitos e uma estratégia de intervenção harmonizada entre todos. Não devem os colegas admitir a imposição de uma qualquer lista de Serviços ou Cuidados Mínimos 13.9 Sobre a prossecução dos Cuidados Mínimos A Número de Enfermeiros adstrito aos Serviços/Cuidados Mínimos Nos termos do Pré-Aviso e das Diretivas de Greve, o número de Enfermeiros adstrito à prossecução dos Cuidados Mínimos é o número de Enfermeiros igual ao que figurar para o turno da noite no horário aprovado à data do anúncio da greve. B Aderentes e Não Aderentes à Greve e a prossecução de Cuidados Mínimos De entre os Enfermeiros escalados para o respetivo Turno, Quando o número de Enfermeiros NÃO ADERENTES for IGUAL OU SUPERIOR ao número de Enfermeiros fixado para assegurar os Cuidados Mínimos, não nasce a obrigação legal dos Enfermeiros aderentes à Greve prosseguirem Cuidados Mínimos; Quando o número de Enfermeiros NÃO ADERENTES for INFERIOR ao número de Enfermeiros fixado para assegurar os Cuidados Mínimos, de entre os Enfermeiros aderentes à Greve, permanecem adstritos à prestação de Cuidados Mínimos um número que, somado ao número de Enfermeiros não aderentes, perfaça o número fixado para assegurar os Cuidados Mínimos - número de Enfermeiros igual ao que figurar para o turno da noite no horário aprovado à data do anúncio da greve. Quando o número de Enfermeiros ADERENTES for superior ao número de Enfermeiros fixado para assegurar os Cuidados Mínimos, 8

decidem entre si quem permanece adstrito à prestação de Cuidados Mínimos e quem integra o Piquete de Greve sediado na Instituição. C - Enfermeiros-Chefes ou Enfermeiros em Chefia não aderentes: circunstâncias em que é legalmente imposta a sua afetação à prestação de cuidados Os Enfermeiros-Chefes ou em Chefia estão legalmente habilitados e capacitados para a prestação de cuidados; Não se encontram, nesta hipótese (não aderentes à Greve), desvinculados dos deveres de subordinação e assiduidade. Por isso, é aos Enfermeiros não aderentes à greve incluindo os Enfermeiros-Chefes que a entidade empregadora tem que recorrer, em primeiríssima linha, para resolver o problema do funcionamento essencial dos serviços. VER ANEXO 1 14 O exercício do direito à Greve e o direito à amamentação/aleitamento No decurso de greves anteriores têm sido levantadas questões relativamente à compatibilização do exercício do direito à greve e, simultaneamente, o exercício de outros direitos fundamentais, de que é exemplo a redução da jornada diária de trabalho para a amamentação ou aleitamento. Recordamos que este é um direito exercido pelas mães/pais mas em favor de criança (ver enfermagem nº 39, Maio/Julho 2000. págs 24-25). Relativamente a esta matéria é consensual entre nós que em dia de greve, deve ser respeitada a redução da jornada diária de trabalho. Recomendamos: A - Aderentes à greve: As enfermeiras aderentes à greve, que estão a amamentar, devem ser dispensadas da prestação de Cuidados Mínimos; Caso tal não seja possível, o seu período de prestação de Cuidados Mínimos nunca pode ultrapassar a duração da jornada diária de trabalho nos termos que tem vindo a cumprir. B - Não aderentes à greve Os períodos de amamentação têm obrigatoriamente de ser respeitados; Caso haja outros Enfermeiros não aderentes à greve a solução do problema terá de ser assegurada por eles; Caso todos os outros Enfermeiros do serviço sejam aderentes à greve, a sua substituição será garantida pelos Enfermeiros em greve, em prestação de Cuidados Mínimos. 15 Enfermeiros em Greve rendem Enfermeiros não aderentes? Enfermeiros Grevistas NÃO RENDEM Enfermeiros não grevistas Os enfermeiros grevistas não têm, o dever legal de render os enfermeiros não aderentes à greve. Ver ANEXO 2 9

16 Após o anúncio da Greve, os Horários podem ser alterados? NÃO. APÓS A EMISSÃO DO PRÉ-AVISO DE GREVE (no mínimo, 10 dias úteis antes da concretização da Greve) OS HORÁRIOS DE TRABALHO NÃO PODEM SER ALTERADOS. Nos termos da LGTFP e CT os Sindicatos devem designar os trabalhadores que ficam adstritos à prestação dos Serviços/Cuidados Mínimos. Ora, quando emitimos o Pré-Aviso de Greve com os Serviços Mínimos há muito acordados e quando é referido que os Serviços/Cuidados Mínimos são assegurados, de entre os Enfermeiros escalados para o(s) dia(s)/turno(s) de Greve e de acordo com o número mínimo fixado nas Diretivas de Greve, pelos Enfermeiros que a Equipa de Enfermagem defina, já estamos legalmente a designar os enfermeiros que ficam adstritos à prestação dos Serviços/Cuidados Mínimos: - de entre os Enfermeiros escalados para o(s) dia(s)/turno(s) de Greve; - os Enfermeiros que a Equipa de Enfermagem defina. Por esta razão, APÓS A EMISSÃO DO PRÉ-AVISO DE GREVE OS HORÁRIOS DE TRABALHO NÃO PODEM SER ALTERADOS. A Direcção 10

ANEXO 1 SINDICATO DOS ENFERMEIROS PORTUGUESES NOTA Assunto: - Greve e serviços mínimos; - Enfermeiros-Chefes não aderentes: circunstâncias em que é legalmente imposta a sua afectação à prestação de cuidados. A) DA GREVE 1 - O artº 1º da Constituição proclama que Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária. 2 - Assim, é no princípio da dignidade da pessoa humana... que repousa a unidade de sentido, de valor e de concordância prática do sistema de direitos fundamentais. A dignidade de pessoa humana, como princípio axiológico fundamental da República, fundamenta e confere unidade aos direitos fundamentais, desde os direitos pessoais (direito à vida, à integridade física e moral, etc.), até aos direitos sociais (direito ao trabalho, à saúde, à habitação) passando pelos direitos dos trabalhadores (direito à segurança no emprego, liberdade sindical, etc.), como se diz, citando autorizada doutrina, no acórdão nº 155/2004 do Tribunal Constitucional (in D.R., I-A, nº 95, de 22/Abril/2004, pág. 2460). 3 - Dispõe o artº 57º, nº 1, da Constituição, que é garantido o direito à greve, estatuindo o nº 2 do mesmo preceito que compete aos trabalhadores definir o âmbito de interesses a defender através da greve, não podendo a lei limitar esse âmbito. 4 - Aquele preceito está sistematicamente inserido no Capítulo III ( Direitos, Liberdades e Garantias dos Trabalhadores ), do Título II ( Direitos, Liberdades e Garantias ) pelo que comunga do regime dos direitos, liberdades e garantias (cfr. artº 17º). Ou seja, 4.1 - É de aplicação directa e imediata (é dizer: não necessita de mediação legislativa concretizadora) e vincula as entidades públicas e privadas (cfr. artº 18º, nº 1). 5 - Estatui o artº 18º, nº 2, da Constituição, no que para aqui interessa, que a lei só pode restringir os direitos, liberdades e garantias nos casos expressamente previstos na Constituição.... Ora, 11

6 - O direito à greve é um direito não sujeito a reserva de lei restritiva (cfr. Profs. Gomes Canotilho e Vital Moreira, Constituição, Anotada, 2ª edição, 1984, Tomo I, págs. 316). Deste modo, 7 - Os eventuais limites imanentes resultantes da determinação do seu âmbito normativo constitucional só podem ser revelados (que não constituídos ) em caso de colisão de direitos, por necessidade de defesa de outros direitos constitucionalmente protegidos (cfr. Profs. Gomes Canotilho e Vital Moreira, ob. e loc. cit; V., tb., Prof. Bernardo Lobo Xavier, Direito de Greve, Lisboa, 1984, págs. 92; Prof. J.C. Vieira de Andrade, Os Direitos Fundamentais na Constituição de 1976, Coimbra, 1983, págs. 215 e segs.). Sendo que, 8 - Para os Profs. Gomes Canotilho e Vital Moreira, o problema constitucional da greve é sobretudo uma questão das garantias do direito à greve e não de restrições dele. B) DOS SERVIÇOS MÍNIMOS : O QUE SÃO 9 - Nesta linha, o artº 57º, nº 3, da Constituição, dispõe que a lei define as condições de prestação, durante a greve, de serviços necessários à segurança e manutenção de equipamentos e instalações, bem como de serviços mínimos indispensáveis para ocorrer à satisfação de necessidades sociais impreteríveis. 10 - Esta norma foi aditada pela revisão levada a efeito pela Lei Constitucional nº 1/97, de 20 de Setembro, e resulta do Projecto do Deputado Arménio Santos e outros do PSD, e aceite pelo Acordo PS/PSD (in Uma Constituição Moderna para Portugal, edição do Grupo Parlamentar do PSD, Lisboa, 1997, pág. 106) E, 11 - Isto porque, como se diz, é uma questão de bom senso, num Estado de direito, encarar-se o direito à greve não como um direito absoluto, mas como um direito que necessariamente tem de conviver com alguns que se lhe sobrepõem as necessidades sociais impreteríveis e outros que por ele não podem ser espezinhados como o direito à segurança de equipamento e instalações. Ou seja, 12 - Diz-se também ali, trata-se de um princípio de equilíbrio e colocar o exercício do direito à greve na justa tensão com os outros direitos referidos. 13 - Deste preceito decorre que, durante a greve, há lugar à prestação de: a) Serviços necessários destinados à defesa da empresa, enquanto unidade e geradora de emprego; b) Serviços mínimos para satisfação de necessidades sociais impreteríveis. 14 - Mas, esta norma tem um limite essencial : justamente o princípio segundo o qual garantido constitucionalmente um direito, a interpretação de qualquer preceito que lhe estabeleça restrições deve ser feita em termos de não inutilizar esse direito, de garantir o seu núcleo fundamental, respeitando, naturalmente, a unidade do sistema jurídico (cfr. Parecer da Procuradora-Geral da República, nº 100/89 in D.R., II Série, nº 276, de 29/11/90). Deste modo, 15 - E como no referido Parecer se diz, manter os serviços mínimos não poderá (salvo excepcionalidade técnica) entender-se como funcionamento normal adiantando-se que a garantia de prestação de serviços mínimos em regra não pode sequer ser aproximada a funcionamento do serviço e muito menos a funcionamento normal. E, 12

16 - Também para os Profs. Gomes Canotilho e Vital Moreira só se pode visar assegurar a prestação dos serviços mínimos indispensáveis e não a prestação normal de serviços (ob. cit., pág. 317) ou, conforme os Drs. Alexandre Sousa Pinheiro e Mário João de Brito Fernandes, os serviços necessários e os serviços mínimos não podem ter como objectivo a reposição da situação laboral que existiria se não se verificasse a greve. A ser assim dar-se-ia um boicote constitucional ao direito à greve (in Comentário à IV Revisão Constitucional, edição da Associação Académica da Faculdade de Direito de Lisboa, 1999, pág. 175). Por isso, 17 - E consoante o referido Parecer nº 100/89 da Procuradoria-Geral da República, prestar serviços mínimos, será levar a cabo actividades imprescindíveis para uma cobertura no limite mínimo de praticabilidade funcional na satisfação das necessidades a que o serviço se destina. E que, 18 - No caso, são as prestações de urgência (cfr. Prof. Monteiro Fernandes, Direito de Greve, Coimbra, 1982, págs. 63). C) DOS SERVIÇOS MÍNIMOS: QUEM OS PRESTA 19 - Isto posto, vejamos o dia da greve. 20 - Dispõe o artº 598º, nº 1, do Código do Trabalho, que nas empresas ou estabelecimentos que se destinem à satisfação de necessidades sociais impreteríveis ficam as associações sindicais e os trabalhadores obrigados a assegurar, durante a greve, a prestação dos serviços mínimos indispensáveis para ocorrer à satisfação de necessidades sociais impreteríveis. É claro que, 21 - A obrigação de prestação de serviços mínimos deve ser cumprida pelos trabalhadores em greve pois os serviços só podem ser prestados por trabalhadores. Daí que, 22 - A referência às associações sindicais tem unicamente em vista a necessidade de organização (cfr., sobre o ponto, Prof. Menezes Cordeiro, Direito do Trabalho, pág. 723). Mas, 23 - Que trabalhadores? 24 - Em princípio (adiante se explicará o porquê do sublinhado) são trabalhadores que em termos de normalidade (isto é: sem ser em situação de greve) estavam afectos à prestação de serviço. Porém, 25 - E esta é a explicação para o sublinhado, a obrigação de prestar serviços mínimos pressupõe a necessidade de recorrer a trabalhadores em greve; quando o empregador possa resolver o problema do funcionamento essencial dos serviços recorrendo a trabalhadores disponíveis, não aderentes, não chega a nascer a obrigação imposta, às associações sindicais e aos trabalhadores em greve, enquanto tais (cfr., com destacado nosso, o já várias vezes citado Parecer nº 100/89 da Procuradoria-Geral da República). E, 26 - É AQUI QUE ENTRAM OS ENFERMEIROS-CHEFES, quando não aderentes à greve. Na verdade, 27 - Eles primeiro são enfermeiros e só depois são chefes (ou seja, não são chefes DE enfermeiros ). 28 - Explicando melhor. 13

29 - Como bem se sabe, a carreira é o conjunto hierarquizado de categorias às quais correspondem funções da mesma natureza e categoria é a posição ocupada no âmbito de uma carreira fixada de acordo com o conteúdo e qualificação da função ou funções (cfr., com interesse, o artº 4º do Decreto-Lei nº 248/85, de 15 de Julho). Ora, 30 - Enfermeiro-Chefe é categoria da carreira de enfermagem. E, 31 - O universo de recrutamento para a categoria de enfermeiro-chefe é preenchido pelas categorias de enfermeiro graduado e de enfermeiro especialista (cfr. artº 11º, nº 4, do Decreto-Lei nº 437/91, de 8 de Novembro). O que, 32 - Com meridiana clareza (não há recrutamento lateral para a categoria de enfermeiro-chefe ), evidencia que antes do acesso à categoria de enfermeiro chefe há obrigatória passagem pela área da prestação de cuidados : e é nesta área que estão as categorias de enfermeiro graduado e de enfermeiro especialista. E, 33 - Não é uma passagem qualquer: tem módulo de permanência e desempenho avaliado (cfr. citado artº 11º, nº 4, corpo, do Decreto-Lei nº 437/91, de 8 de Novembro, na sua actual redacção). Por outro lado, 34 - Além do módulo de permanência, e do desempenho avaliado nas categorias que são universo de recrutamento para a também categoria de enfermeiro-chefe é necessário um plus : qualquer uma das habilitações previstas nas diversas alíneas do nº 4 do artº 11º do Decreto-Lei nº 437/91, de 8 de Novembro, na sua actual redacção. Aliás, 35 - É da competência própria do enfermeiro-chefe determinar as necessidades em enfermeiros, tendo em vista os cuidados de enfermagem a prestar, propor o nível e tipo de qualificações exigidas ao pessoal de enfermagem, em função dos cuidados de enfermagem a prestar e avaliar o pessoal de enfermagem... (cfr., com destacados nossos, o artº 8º, nº 1, c), d), e n), do Decreto-Lei nº 437/91, de 8 de Novembro). O que, 36 - Como é evidente, deixa autorizadamente assente, face à lei, que o enfermeiro-chefe não pode deixar de saber fazer e que será melhor a sua prestação. 37 - E a hipótese sobre a qual estamos a trabalhar é a seguinte: enfermeiros-chefes não aderentes à greve. Ora, 38 - E como mostrado: a) Os enfermeiros-chefes estão, sem qualquer tergiversação, legalmente habilitados e capacitados para a prestação de cuidados; b) Não se encontram, nesta hipótese, desvinculados dos deveres de subordinação e assiduidade (cfr. artº 597º, nº 1, do Código do Trabalho). Por isso, 39 - É aos enfermeiros não aderentes à greve incluindo os enfermeiros-chefes que a entidade empregadora tem que recorrer, em primeiríssima linha, para resolver o problema do fundamento essencial dos serviços. É que, 14

40 - Se estes bastarem não chega a nascer a obrigação das associações sindicais e dos trabalhadores aderentes à greve. Lisboa, 25 de Outubro de 2004 O COORDENADOR DO CONTENCIOSO, ANEXO - 2 SINDICATO DOS ENFERMEIROS PORTUGUESES Exmo. Senhor Presidente do Conselho de Administração. CONT/28/2015/L/J/PC 21/05/2015 - Greve e Serviços Mínimos; - Trabalhadores não aderentes: não rendição findo o turno. 1 - Por força da lei, as entidades públicas empresariais do sector da saúde sucederam em todos os direitos e obrigações às unidades de saúde que lhes deram origem. 2 - O Regulamento Geral dos Hospitais (aprovado pelo Decreto nº 48 358, de 27/Abril/1968) dispunha ser dever especial do pessoal de enfermagem não abandonar o serviço sem ser rendido, salvo se para isso houver expressa autorização de superior responsável [artº 22º, nº 2, d)]. 3 - Em 1994 declarámos greve para o dia 25 de Janeiro e inscrevemos no pré-aviso que os grevistas não têm, como princípio, o dever legal de render não aderentes, findo o turno destes. 15

4 - Então entre o Ministério da Saúde, o Ministério do Emprego e da Segurança Social e o SEP Sindicato dos Enfermeiros Portugueses foi celebrado acordo quanto aos serviços mínimos e quanto aos meios necessários para os assegurar. 5 - E aí, no que para aqui interessa, o acordo salvaguarda o inscrito no pré-aviso (ou seja, os grevistas não têm, como princípio, o dever legal de render não aderentes, findo o turnos destes ), como tudo bem consta da Circular Informativa nº 2/94, de 21/Janeiro/1994, do Departamento de Recursos Humanos da Saúde, junta em anexo. 6 - O Decreto-Lei nº 161/96, de 4 de Setembro, também consignou para os enfermeiros a obrigação de manter-se no seu posto de trabalho, enquanto não forem substituídos, quando a sua ausência interferir na continuidade de cuidados (artº 12º, nº 6) o que foi transposto para o Estatuto da Ordem dos Enfermeiros: o enfermeiro, no respeito do direito ao cuidado na saúde ou doença, assume o dever de manter-se no seu posto de trabalho enquanto não for substituído, quando a sua ausência interferir na continuidade de cuidados [artº 83º, e), do Estatuto, aprovado pelo Decreto-Lei nº 104/98, de 24 de Abril]. 7 - O direito à greve constitucionalmente garantido não está sujeito a reserva de lei restritiva (artºs 17º, 18º, nº 2, e 57º, nº 1, da CRP) pelo que o enfoque é de garantias e não de restrições. O que, 8 - Não quer dizer que o direito à greve seja um direito absoluto: na nossa arquitectura constitucional há que recorrer a um critério de concordância prática em ordem a evitar a colisão de um direito fundamental com outros direitos fundamentais ou entre um direito fundamental com outros valores comunitários essenciais. E, 9 - No caso do exercício do direito à greve, isso é apontado no nº 3 do artº 57º da Constituição da República Portuguesa: têm de ser assegurados serviços mínimos indispensáveis para ocorrer à satisfação de necessidades sociais impreteríveis. Ora, 10- Impreterível analisa-se no que não pode deixar de ser feito ou executado (cfr. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, Tomo X, pág. 4547) isto é, o que carece da imediata utilização ou aproveitamento para que não ocorra prejuízo irremediável (o que é recondutível à prestação de urgência). Assim, 11- A prestação de serviços mínimos não pode sequer ser aproximada a funcionamento do serviço e muito menos a funcionamento normal. Sendo certo que, 16

12 - A obrigação de prestar serviços mínimos pressupõe a necessidade de recorrer a trabalhadores em greve; quando o empregador possa a resolver o problema do funcionamento essencial dos serviços recorrendo a trabalhadores disponíveis, não aderentes, não chega a nascer a obrigação imposta, às associações sindicais e aos trabalhadores em greve, enquanto tais (Parecer nº 100/89 da Procuradoria- Geral da República in Diário da República, II Série, nº 276, de 29/Novembro/1990). 13 - É aqui que entra a questão dos enfermeiros não aderentes todos eles, seja qual for a sua categoria profissional. 14 - À face da lei, os enfermeiros não aderentes à greve mantêm a sua subordinação a todos os deveres funcionais: estão em exercício normal de funções. E, 15 - Porquanto em exercício normal de funções, continuam subordinados ao dever inscrito no artº 83º, e), do Estatuto da Ordem dos Enfermeiros: ( ) manter-se no seu posto de trabalho enquanto não for substituído. Ou seja, 16 - Quando não há aderentes (e, por isso, não desvinculados do dever de subordinação), é a eles que, em primeira linha, a Entidade Empregadora tem de recorrer para a cobertura no limite mínimo da praticabilidade funcional orientadamente à satisfação de necessidades sociais impreteríveis. 17 - Sendo assim o direito aplicável, mantivemos no aviso prévio da greve proclamada que os grevistas não têm o dever legal de render não aderentes, findo o turno destes. 18 - Apresentamos a V. Exª os nossos melhores e mais respeitosos cumprimentos. Anexo: O mencionado no texto. Pel A DIRECÇÃO, 17