A ÁFRICA NO MARANHÃO: A INFLUÊNCIA DE LÍNGUAS AFRICANAS NO LÉXICO DO PORTUGUÊS MARANHENSE

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Transcrição:

IV Encontro Internacional de Literaturas, Histórias e Culturas Afro-brasileiras e Africanas Universidade Estadual do Piauí UESPI A ÁFRICA NO MARANHÃO: A INFLUÊNCIA DE LÍNGUAS AFRICANAS NO LÉXICO DO PORTUGUÊS MARANHENSE Flávia Pereira Serra (UFMA) RESUMO Este trabalho é resultado da segunda fase de uma pesquisa iniciada em 2013 intitulada Atlas Linguístico do Maranhão: em busca do léxico de origem africana, que teve por objetivo investigar as lexias de origem africana presentes no português maranhense. Neste segundo momento, após a coleta do corpus no banco de dados do Projeto Atlas Linguístico do Maranhão (ALiMA), fez-se a verificação do reconhecimento dessas lexias e de sua equivalência semântica, junto a estudantes falantes da língua portuguesa e de nacionalidade africana que residem na capital do estado, São Luís. Os dados foram obtidos primeiramente por meio da aplicação do questionário semântico-lexical (QSL) do ALiMA, com foco nas questões concernentes aos campos semânticos fauna, corpo humano, ciclos da vida, convívio e comportamento social, religião e crenças, jogos e diversões infantis, alimentação e cozinha, que possibilitam investigar o uso de lexias oriundas de línguas africanas que contribuíram para a formação do léxico do português brasileiro. Posteriormente, com base nos resultados da aplicação do QSL, fez-se em recorte desse questionário, que privilegiou apenas as perguntas que, de fato, suscitaram a realização de lexias de etimologia africana. Esse recorte, com 26 questões, foi aplicado a africanos nativos e, com base em suas respostas, foi possível, por um lado, confrontar os dados obtidos na primeira e na segunda fases da pesquisa, e, por outro lado, examinar a existência ou não de variáveis sociais condicionadoras do uso das lexias. O corpus analisado evidencia o aparecimento de palavras como catinga, corcunda, macumba, finado e caçula que foram realizadas tanto por africanos como por maranhenses. Palavras-chave: léxico, africanismos, Maranhão. 1

INTRODUÇÃO O presente trabalho é um recorte de uma pesquisa mais ampla 1, desenvolvida como um subprojeto do Atlas Linguístico do Maranhão ALiMA, que teve como principais objetivos (i) pesquisar as relações existentes entre as línguas africanas e o português brasileiro, já que estas contribuíram de maneira significante para sua formação, e (ii) também oferecer subsídios à investigação das bases linguísticas do léxico da língua portuguesa, principalmente, de sua variedade maranhense. O tema do trabalho, importante para uma melhor compreensão do português brasileiro, justifica-se, por um lado, porque a história de uma língua se explica por meio da história social e política do povo que a usa e, por outro, porque são os africanos e os afrodescendentes os agentes principais da difusão do português no território brasileiro, na sua face majoritária, a popular ou vernácula. (MATTOS E SILVA, 2004, p.106). Apesar da inconteste evidência da herança africana na formação da sóciohistórica do Brasil e da variedade do português falado no País, ainda há muito por investigar e muitos desafios por vencer, tanto com relação à etimologia de vocábulos de origem africana como à vitalidade e distribuição diatópica desses vocábulos. Nessa perspectiva, os atlas linguísticos, ao oferecerem aos estudiosos, ao mesmo tempo, uma visão sincrônica e uma visão diacrônica dos fatos da língua, proporcionam a reconstituição de antigas fases da língua que podem ajudar-nos a situar as palavras diatópica e cronologicamente e a reconstituir-lhes a gênese (cf. SILVA NETO, 1957). Nesse sentido, os dados dos atlas linguísticos brasileiros constituem-se em uma importante ferramenta para dar respostas às questões postas sobre a presença das línguas africanas na formação do português brasileiro. Sendo assim, com o intuito de investigar a presença africana no português falado no Maranhão, o presente artigo se organiza da seguinte forma: no primeiro tópico, apresentamos algumas ideias de estudiosos que investigam a presença africana no léxico 1 A pesquisa intitulada Atlas Linguístico do Maranhão: em busca do léxico de origem africana foi financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão FAPEMA (processo BIC-02655/13), de setembro de 2013 a agosto de 2014, e, posteriormente, sob o título O Atlas Linguístico do Maranhão: em busca do léxico de origem africana, uma segunda abordagem, a pesquisa recebeu o apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq (processo 147357/2014-4) de agosto de 2014 a julho de 2015. 2

do Português Brasileiro e sobre a vinda de africanos às terras maranhenses; no segundo, apresentamos os procedimentos teórico-metodológicos que orientam nosso estudo; no terceiro, examinaremos a amostra que compõe o trabalho; e, por fim, teceremos considerações relativas à presença de lexias africanas no português falado no Brasil e, mais especificamente, no Maranhão. A INFLUÊNCIA DE LÍNGUAS AFRICANAS NO PORTUGUÊS BRASILEIRO Considerando a realidade Brasil Colonial, na qual um grande número de africanos escravizados, falantes de diferentes línguas étnicas, foram trazidos ao País, estudiosos como Mattos e Silva (2004), Ilari & Basso (2012) afirmam que a influência africana na criação do português popular ocorreu paralelamente à importação de escravos africanos. Estes trouxeram consigo sua língua e cultura, mas foram forçados a viver outra realidade e a conviver com uma língua diferente das diversas línguas étnicas que para cá trouxeram. Assim, nesse contexto de contato linguístico, que se estabelece no Brasil, a partir da segunda metade do século XVI, os empréstimos linguísticos foram inevitáveis, como evidencia Bonvini (2008, p. 103): Na ocasião de sua ocorrência, trocas de termos entre falantes de línguas africanas e falantes da língua portuguesa multiplicaram-se porque as exigências de trabalho ligadas à escravidão obrigavam uns e outros a uma constante relação de interdependência em função das numerosas facetas da vida quotidiana. Sobre empréstimos linguísticos, Bonvini (2008), afirma: O empréstimo linguístico é um fenômeno sociolinguístico normal e frequente. Resulta do contato de línguas. Desse contato, ocorre habitualmente uma troca bilateral entre falantes que usam línguas diferentes. Os termos originários de línguas africanas, atestados no léxico do português do Brasil, testemunham esse contato e dependem dele. (BONVINI, 2008, p.103) A partir dessas tentativas de comunicação, novos vocábulos foram introduzidos progressivamente no português falado no Brasil e, ainda segundo Bonvini (2008, p. 142), desses vocábulos emprestados, muitos passaram por um (...) profundo remanejamento tanto no plano formal quanto no plano semântico. Por isso, eles se integraram totalmente ao português.. É, assim, vasta a influência do negro em nosso 3

português, como afirma Raimundo (1933), um dos primeiros a estudar as línguas africanas e sua presença no Português Brasileiro. Hoje, é notável a grande riqueza de africanismos palavras oriundas de línguas africanas resultantes de empréstimos linguísticos -, principalmente nas línguas-de-santo e nas manifestações culturais de comunidades negras. De acordo com Petter (2007), As línguas africanas, utilizadas hoje ritualmente, mantêm-se como veículo de expressão dos cânticos, saudações e nomes iniciados, principalmente, podendo também servir como meio de comunicação entre os adeptos da mesma comunidade de culto. (PETTER, 2007, p. 1) Convém ressaltar que a influência de línguas africanas no português falado no Brasil não se faz presente apenas no acervo lexical do português. São muitos os estudiosos que se dedicam à pesquisa da presença africana em outros níveis de análise linguística, como, por exemplo, no nível morfossintático, em que examinam questões como a concordância de gênero e de número, a concordância verbal, a negação, o emprego do subjuntivo, dentre outros tópicos (cf. LUCCHESI; BAXTER; RIBEIRO, 2009). É, contudo, o nível semântico-lexical que nos interessa nesta pesquisa. Os africanismos são itens que ajudam a compor grande parte do acervo lexical do Português Brasileiro (cf. PETTER, 2002), e, mais especificamente, contribuem também para a formação da variedade do português falada no Maranhão. O NEGRO AFRICANO EM TERRAS MARANHENSES A grande incidência de palavras de origem africana no português maranhense pode ser explicada pelo fato de que o Maranhão tem sido um dos maiores importadores de negros africanos na época da escravidão, atingindo seu ápice nos séculos XVIII e XIX, devido ao desenvolvimento da lavoura ocasionando a necessidade da mão-de-obra e contribuindo, assim, para o crescimento da população negra no Estado, no período colonial. Segundo Mário Meireles (apud SANTOS NETO, 2004, p. 99), a maioria dos negros trazidos para o Maranhão era proveniente de Angola e dos reinos da África Ocidental, onde hoje estão localizadas a Nigéria, a Guiné-Bissau, Togo e o Benin. 4

Houaiss (1992), ao se referir a um quadro estatístico de 1819, estima que o Maranhão foi o estado com maior número de escravos negros na época, apresentando 66,6% da população negra em relação ao total populacional provincial. Apesar de não existirem estatísticas confiáveis ou diagnósticos conclusivos sobre a importação de escravos africanos para as terras maranhenses, Santos Neto (2004) considera três grupos étnicos que podem ter sido os principais componentes do contingente de escravos: O dos sudaneses, que engloba os nagôs ou iorubás, os jejes ou daomeanos e os fanti-ashanti; O dos bantos, que compreende os angolas, congos, moçambiques e cambindas; O dos sudaneses islamizados, que envolve os hauçás, tapas, mandingas e fulatas (SANTOS NETO, 2004, p. 99). Vale destacar que os iorubás foram trazidos em grande quantidade para o Estado e, possivelmente, foram os principais responsáveis pela inserção da religião dos orixás que, atualmente, faz parte da cultura maranhense, sobretudo, nas comunidades negras. Tendo em vista esse panorama, foi possível observar forte presença do negro no Brasil e no Maranhão. Além da importância social, econômica e cultural, a presença africana contribuiu para a formação do português popular, principalmente na área do léxico. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Para investigar a presença e a vitalidade de lexias oriundas de línguas africanas que contribuem para formação do léxico do português brasileiro, em particular da variedade falada no Maranhão, estruturamos a pesquisa da seguinte forma: 1. Pesquisa bibliográfica no âmbito de línguas africanas e sua presença no português brasileiro, com base principalmente nos trabalhos de Castro (2001), Bonvini (2002 e 2008) e Petter (2002); e pesquisas que investigam a vinda de africanos para o estado do Maranhão na época da escravidão, destacando os trabalhos de Santos Neto (2004) e Meireles (2009). 5

2. Coleta de parte do corpus no banco de dados do Projeto ALiMA, realizada a partir da identificação de perguntas do Questionário Semântico-Lexical (QSL) do ALiMA que poderiam suscitar o aparecimento de lexias de base africana. 3. Pesquisa de campo realizada a partir da aplicação do QSL reduzido, a africanos nativos, falantes de língua portuguesa, moradores da cidade de São Luís, capital do Maranhão. 4. Análise comparativa dos dados. Para a escolha dos informantes, selecionamos doze falantes, sendo eles seis informantes maranhenses e seis informantes africanos, contabilizando dois para cada localidade investigada. Os informantes maranhenses são identificados por uma numeração estabelecida pelo Projeto 2, enquanto os informantes africanos são identificados por letras para facilitar a compreensão dos dados. Os informantes africanos são reconhecidos como informantes A, B, C, D, E e F. Até o momento da pesquisa, os informantes africanos tinham residência fixa no Brasil e estavam matriculados em cursos de ensino superior. Cada um apresenta uma língua étnica diferente 3 e todos, com exceção dos informantes angolanos 4, possuem o crioulo como língua de contato. Para seleção do corpus, selecionamos três localidades 5 do Maranhão, sendo elas São Luís (MA1), Caxias (MA 12) e Codó (MA17); e três localidades africanas, a saber Cabo-Verde (AFR1), Guiné-Bissau (AFR2) e Angola (AFR3). Na imagem a seguir, podemos observar o mapa do Maranhão e o da África e a demarcação dos pontos linguísticos selecionados para a pesquisa. 2 A numeração atribuída pelo ALiMA aos falantes traz informações extralinguísticas. O inf. 2, por exemplo, é do sexo feminino, primeira faixa etária de 18 a 30 anos -, tem baixa escolaridade. O inf. 3 é do sexo masculino, segunda faixa etária de 50 a 65 anos -, também de baixa escolaridade. Os infs. 7 e 8, por sua vez, pertencem à segunda faixa-etária, possuem nível superior de escolarização, mas são divergentes quanto ao fator sexo, sendo este do sexo feminino e aquele, do masculino. 3 São elas: crioulo de barlavento (inf. A e B), crioulo de sotavento (inf. A), balanta (inf. C), manjaco (inf. D), quimbundo (inf. E e F). 4 Para os angolanos, a língua de contato é o português. 5 As localidades maranhenses foram selecionadas por fatores históricos, enquanto as localidades africanas foram escolhidas por terem a língua portuguesa como língua oficial. 6

Figura 1: Mapas do Maranhão e África e seus respectivos pontos linguísticos. Fonte: Wikipédia Os dados das localidades maranhenses foram coletados pelo Projeto ALiMA por meio da aplicação do QSL, enquanto os dados das localidades africanas foram colhidos a partir da aplicação de uma forma reduzida do QSL, na qual foram selecionadas apenas as questões que suscitaram o aparecimento de lexias de origem africana. O QSL do ALiMA, instrumento usado para recolha dos dados, é composto por 227 questões que se distribuem em 14 campos semânticos. Para a pesquisa, selecionamos seis perguntas que nos possibilitaram perceber a presença de lexias africanas no português do Maranhão, expostas no quadro a seguir. 7

PERGUNTA RESPOSTA (09) Como se chama a parte alta do pescoço do homem? Gogó (10) Como se chama a pessoa que tem um calombo grande nas costas? Corcunda (11) Como se chama o mau cheiro embaixo dos braços? Catinga (14) Como se chama o órgão sexual feminino? Xoxota (16) Como se chama o filho que nasceu por último? Caçula (22) O que as pessoas fazem e botam nas encruzilhadas? Macumba Tabela 1: Perguntas do QSL selecionadas para a pesquisa e suas respectivas respostas. Elaborado pelo próprio autor. Dessa forma, após a seleção do corpus, partimos para análise dos dados. LEXIAS DE ORIGEM AFRICANA Iniciamos a análise fazendo a verificação das lexias que apresentam etimologia africana. Para comprovar a etimologia dos vocábulos selecionados, a pesquisa teve como base de consulta o vocabulário elaborado por Yeda Pessoa de Castro, encontrado no livro Falares Africanos na Bahia (2001), o Dicionário Banto do Brasil (1993-1995), elaborado por Nei Lopes e o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, um dos dicionários históricos de maior destaque e também demonstra atenção especial à etimologia dos vocábulos. Vale ressaltar que selecionamos para esta pesquisa apenas as lexias que foram proferidas por informantes maranhenses e africanos. Portanto, não foram consideradas as lexias que foram realizadas apenas por um dos grupos de informantes. No Quadro 2, podemos observar as lexias de origem africana selecionadas para a pesquisa distribuídas diatopicamente. 8

Lexia SÃO LUÍS CAXIAS CODÓ CABO- VERDE GUINÉ- BISSAU ANGOLA 7 8 2 3 2 3 A B C D E F Corcunda X X X X X X X X X Caçula X X X X X X X X Catinga X X X X X X X X Gogó X X X X X X Macumba X X X X X X Xoxota X X X Tabela 2: Divisão diatópica das lexias de origem africana. Elaborado pelo próprio autor. No quadro 2, é possível observar mais detalhadamente a ocorrência das lexias de acordo com sua variação diatópica. Convém destacar que nos deparamos com diferenças na grafia de alguns vocábulos, pois, pedimos aos informantes que falassem e escrevessem suas respostas. Especulamos que seja pelo fato de algumas línguas africanas ainda não possuem um sistema de escrita estabelecido ou talvez porque há divergências entre a escrita de algumas palavras em diferentes línguas étnicas. As lexias apresentam semelhanças fonológicas e fonéticas, como, por exemplo, corcunda, que se assemelha às formas cacunda, karacunda e caracunda, que foram realizadas pelos informantes angolanos, todas, segundo esses informantes, compõem o acervo lexical de línguas étnicas africanas, segundo as obras de referência consultadas. O mesmo acontece com a lexia caçula, proferida por quatro dos seis informantes maranhenses, o que evidencia seu uso comum entre os falantes do português 9

maranhenses. A palavra foi escrita pelos estudantes africanos da seguinte forma: kasula, kassula e kassule, todas essas formas têm a mesma acepção apresentada pelos maranhenses. O vocábulo caçula foi realizado em todos os pontos linguísticos maranhenses aqui investigados e em duas das três localidades africanas; no entanto, os informantes de Angola declararam não reconhecer essa forma. Este fato torna-se curioso, já que, segundo Castro (2001, p. 187), a lexia caçula pode ter sua origem no kikongo kasuka, no Kimbundo kasule e/ou no umbundo okwasula, todas línguas pertencentes a grupos étnicos da Angola. É importante ressaltar que os informantes angolanos responderam codé e kodé para se referir ao filho que nasceu por último. Essas mesmas respostas foram repetidas também pelos informantes de Cabo-verde, o que sugere que esta é uma lexia comum em meio às duas realidades linguísticas africanas. No que concerne aos dados do Maranhão, a lexia catinga, que se refere ao mau cheiro embaixo dos braços, foi realizada apenas por informantes de São Luís, entretanto, ao consideramos os informantes africanos, percebemos que a lexia foi realizada por todos eles, sem variação fonológica. Segundo Castro (2001, p.206), a lexia é de origem banto, podendo ser oriunda do quicongo kaminga ou do quimbundo katinga, e Lopes (1993-1995, p. 81) acredita ser de étimo banto, do quicongo katinga, que significa cheiro repugnante de louça mal lavada ou reveladora falta de asseio, ou do umbundo okatinga, que segundo Guennec & Valente, se refere a mau cheiro do corpo de alguns negros. Porém autores como Corominas e Cunha, citados por Lopes (1993-1995) e Houaiss e Villar (2001) afirmam que a lexia pode ter sua origem no guarani kati, que significa odor pesado. Interessante ressaltar que, apesar da suposta origem tupi-guarani, houve maior ocorrência entre os falantes africanos, pois todos os informantes desse grupo reconheceram a lexia com a mesma acepção apresentada acima, enquanto apenas informante de São Luís fizeram esse reconhecimento. O vocábulo gogó, que se refere à parte protuberante do pescoço dos homens, foi utilizado por informantes de duas das três localidades maranhenses. A lexia também foi proferida por dois do total de seis informantes africanos. Para a mesma pergunta, os 10

informantes E e F realizaram a lexia cancoloch; o informante F disse gudogudu e uma das informantes cabo-verdianas respondeu maçã de adão. A lexia, que tem origem no banto ou kwa, dois dos maiores troncos linguísticos africanos, pode provir do umbundo ngongo ou do yorubá gògóngò. Vale ressaltar que, de todas as lexias estudadas nessa pesquisa, gogó é a única que os autores supõe não vir do grupo banto. Segundo Santos Neto (2004), as línguas do grupo kwa não interferiram no fala cotidiana tanto quanto às línguas banto, pois estas contribuíram mais para a linguagem do meio religioso, estando mais presente nos cânticos dos centros de manifestações afro-religiosas. A lexia macumba foi proferida nos municípios maranhenses Codó e Caxias e também em Cabo-verde e Angola, não havendo realização por parte dos informantes de Guiné-Bissau, que realizaram expressões como tira esmola, tira cimola e feitiço para denominar o que as pessoas fazem e colocam nas encruzilhadas para prejudicar alguém 6. Vale ressaltar que para os informantes Guiné-Bissau, macumba não é algo feito com a intenção de prejudicar alguém, e sim algo para dar sorte para si mesmo. Quando a pessoa coloca o objeto na encruzilhada, a intenção é atrair sorte para si, porém, segundo eles, se outra pessoa passar e retirar ou mover o objeto, essa pessoa acabará roubando a sorte que seria do autor da macumba. Talvez por isso os informantes atribuem a expressão tirar esmola para algo feito com a intenção de prejudicar. Os informantes também salientaram a diferença entre macumba e feitiço. Para eles, o feitiço é feito apenas quando a intenção é prejudicial. A lexia xoxota foi realizada pelos informantes 2 e 3, de Caxias, e pelo informante C, de Guiné-Bissau. Porém, para responder a mesma pergunta, o informante D proferiu a lexia chuchuta, que apresenta estrutura fonológica similar a lexia citada anteriormente. A partir disso, é possível inferir que esta seja apenas uma variação da lexia xoxota, já que o sistema de escrita das línguas étnicas africanas ainda não está estabelecido. 6 Esta pergunta foi posteriormente reformulada no QSL do ALiMA. A expressão para prejudicar alguém foi retirada, pois poderia ser ofensiva. 11

Segundo o Dicionário Houaiss da língua portuguesa (2001, p. 2898) a forma xoxota é um brasileirismo tabuizado que tem sua origem nas línguas banto, como supõe Nei Lopes. Talvez por ser uma forma tabu, alguns informantes não fizeram a realização da lexia. O informante C, por exemplo, que realizou a lexia kunu para se referir ao órgão sexual feminino, mostrou-se incomodado ao responder a pergunta. Desconfortável, o falante concordou apenas em escrever e não pronunciar a palavra. Convém destacar que, apesar das poucas realizações da lexia xoxota, é possível perceber que ouve uma variedade considerável de lexias para se referir ao órgão sexual feminino entre outros informantes africanos. O informante D, por exemplo, realizou as lexias kunu e kidiki. O informante F se referiu à parte da anatomia feminina como mambo dela e chibita. O informante E, por sua vez, proferiu a lexia rata. Já o falante C proferiu as lexias pipita, catota, caxinha, bria, garon e bol. O informante B, proferiu catota, pipita e tutuca. CONSIDERAÇÕES FINAIS A língua, como destaca Levi-Strauss (apud CÂMARA JÚNIOR, 1995, p.188), (...) é a um tempo resultado, parte e condição da cultura.. É justamente essa natureza da língua que possibilita a seus usuários, por meio dela, veicularem seus valores, sua cultura. Nessa perspectiva, e considerando a presença maciça de línguas étnicas africanas no Brasil colonial, comungamos com a ideia de Fiorin e Petter, quando afirmam, ao prefaciar o livro África no Brasil: a formação da língua portuguesa (2008, p. 9), que As palavras africanas que aqui se perpetuaram não fazem parte apenas de uma lista de lexemas, mas constituem, antes, uma maneira de conceituar, de categorizar a realidade, cuja presença pode ser observada até mesmo quando nenhuma forma linguística africana pode ser identificada.. Pois a língua que falamos hoje é o resultado do contato que aqui se deu/dá entre povos, línguas e culturas diversas; da contribuição, muitas vezes anônima, de todos aqueles que construíram/constroem este Brasil de muitos rostos e muitas vozes. Muitas das palavras que fazem parte de nosso cotidiano têm sua origem em diferentes grupos 12

linguísticos africanos e muitas outras podem ser citadas além das que foram listadas neste trabalho, e isso é uma prova cabal de que não podemos negar o papel que o negro representa na realidade histórica, linguística cultural do Brasil e, principalmente, do Maranhão. REFERÊNCIAS BONVINI, Emílio. Palavras de origem africana no português do Brasil: do empréstimo à integração. In: NUNES, José Horta; PETTER, Margarida. (Orgs.). História do saber lexical e constituição de um léxico brasileiro. São Paulo: Humanitas, FFLCH, USP; Pontes, 2002, p. 147-162.. Os vocábulos de origem africana na constituição do português falado no Brasil. In: FIORIN, José Luiz; PETTER, Margarida. África no Brasil: a formação da língua portuguesa. São Paulo: Contexto, 2008, p. 101-144. HOUAISS, Antônio. O português no Brasil. Rio de Janeiro: Revan, 1992. HOUAISS, Antonio; VILLAR, Mauro de Sales. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. ILARI, Rodolfo; BASSO, Renato. O português da gente: a límgua que estudamos, a língua que falamos. São Paulo: Contexto, 2014. LOPES, Nei. Dicionário banto do Brasil. Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Centro Cultural José Bonifácio, 1995. LUCCHESI, Dante; BAXTER, Alan; RIBEIRO, Ilza. O português afro-brasileiro. Salvador: EDUFBA, 2009. MATTOS E SILVA, Rosa Virgínia. Ensaios para uma sócio-história do português brasileiro. São Paulo: Parábola Editorial, 2004. MEIRELES, Marinelma Costa. As conexões do Maranhão com a África no Tráfico do Atlântico de escravos na segunda metade do século XVII. In: Revista Outros Tempos: Dossiê Escravidão. v. 6, n 8, São Luís: UEMA, 2009. PETTER, Margarida Maria Taddoni. Africanismos no português do Brasil. In: NUNES, José Horta; PETTER, Margarida. (Orgs.). História do saber lexical e constituição de um léxico brasileiro. São Paulo: Humanitas, FFLCH, USP; Pontes, 2002, p. 223-234. 13

. Línguas africanas no Brasil. África: Revista do Centro de Estudos Africanos. São Paulo: USP, n. 27/28, 2006/2007, p. 63-89. RAIMUNDO, Jacques. O elemento afro-negro da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Renascença Ed., 1933 SANTOS NETO, Manoel. O negro no Maranhão: a trajetória da escravidão, a luta por justiça e por liberdade e a construção da cidadania. São Luís, 2004. SILVA NETO, Serafim da. Guia para estudos dialetológicos. 2. ed., Belém: Conselho Nacional de Pesquisa, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, 1957. 14