PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO MARANHÃO

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Transcrição:

AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA Requerente: MINISTERIO PUBLICO FEDERAL Requeridas: MARIA DEUSDETE LIMA, MARIA IRENE DE ARAUJO SOUSA, RAIMUNDA DAMIANA PEREIRA DECISÃO Trata-se de Ação Civil Pública por ato de improbidade administrativa ajuizada pelo MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL contra MARIA IRENE DE ARAÚJO SOUSA, ex-prefeita Municipal de Centro do Guilherme/MA, no período de 2005/2008, MARIA DEUSDETE LIMA, ex-prefeita do mesmo Município, no período de 2009/2012, e RAIMUNDA DAMIANA PEREIRA, ex-secretária de Saúde na gestão da segunda demandada, alegando irregularidades na aplicação de recursos públicos do Sistema Único de Saúde SUS repassados ao Município pelo Ministério da Saúde, conforme Auditoria realizada pelo DENASUS. Pede a condenação das Requeridas nas penas previstas no art. 12 da Lei 8.429/92. Junta documentos (fls. 09/220 e anexos). 222/222-verso). Indeferido o pedido de tutela liminar (fls. demanda (fls. 232/235). Intimada, a União disse não ter interesse na Pág. 1/6

Notificada, a Requerida MARIA DEUSDETE LIMA apresenta manifestação prévia com alegação preliminar de ilegitimidade passiva e incompetência absoluta do juízo. No mérito, aduz que não existe justa causa para ação de improbidade, que não se pode pautar em meros indícios de irregularidades e vícios formais (fls. 260/277). A Requerida RAIMUNDA DAMIANA PEREIRA, por sua vez, apresenta defesa prévia com alegação preliminar de ilegitimidade passiva e, no mérito, diz, tal como a segunda demandada, que ausentes elementos mínimos a comprovar a ocorrência de ato de improbidade (fls.280/287-verso). Às fls. 294/295, a Requerida MARIA DEUSDETE LIMA requer a juntada de relatório complementar emitido pelo DENASUS e noticia a existência de demanda ajuizada pela União (processo n. 70124-73.2015.4.01.3700) em que discutidos os mesmos fatos aqui tratados. Por fim, a Requerida MARIA IRENE DE ARAÚJO SOUSA, apresenta defesa prévia através da Defensoria Pública da União em que requer justiça gratuita e diz que não há comprovação de conduta dolosa, rebatendo por negativa geral os fatos trazidos na peça inicial (fls. 387/400). (fls. 403/413). Manifestação do Autor sobre as defesas preliminares Pág. 2/6

É o relatório. Passo a DECIDIR. Inicialmente, analiso as preliminares arguidas nas defesas prévias das Requeridas MARIA DEUSDETE LIMA e RAIMUNDA DAMIANA PEREIRA. No que se refere à impossibilidade de aplicação da Lei de Ação Civil por Improbidade Administrativa contra agente político, não têm razão as peticionárias, eis que a diretriz do STF a respeito da inaplicabilidade da Lei 8.429/1992 aos agentes políticos, firmada nos autos da Reclamação 2.138-6/DF, aplica-se tão somente ao caso debatido naqueles autos, em que ministro de Estado figurava como réu, uma vez que a decisão não foi proferida em controle abstrato de constitucionalidade, não possuindo, assim, efeito vinculante ou eficácia erga omnes. Ademais, conforme pacificado entendimento jurisprudencial, não existe foro por prerrogativa de função nas ações de improbidade administrativa envolvendo prefeitos (TRF/1ª Região, unânime, AC 0003257-16.2006.4.01.3603, rel. Des. Federal Olindo Menezes, em 03/11/2014). Em relação à competência do juízo federal, a presença do Ministério Público Federal tem o condão de atrair a competência ratione personae da Justiça Federal, em matéria cível, nos termos do art. 109, I, da CF/88. Ademais, os recursos alegadamente desviados são federais, o que justifica de modo cabal Pág. 3/6

a competência do juízo. Assim superadas as questões preliminares, passo a verificar se a ação deve ou não ser admitida para regular processamento (art. 17, 8º, da Lei 8.429/92). Analisado o conteúdo da peça inicial e documentação que a acompanha, em contraposição às peças de resistência, concluo que é de ser garantido ao Autor o regular curso da demanda. Os argumentos trazidos pelas Requeridas em suas defesas preliminares não são suficientes para afastar desde logo a ocorrência de ato de improbidade, sendo necessário o avanço da causa para a fase instrutória. Bem examinada a petição inicial apresentada pelo Ministério Público Federal e documentação vinda, verifico que a peça se reveste dos requisitos legais necessários para instauração do litígio, pois aponta de modo claro os fundamentos fáticos e jurídicos nos quais se embasam os pedidos, apresentando-se suficientemente escorada em lastro probatório documental (procedimento administrativo autuado sob nº 1.19.000.000664/2010-21, conforme fls. 09/220 e anexos), que contém, sim, indícios da existência de atos de improbidade administrativa cometidos pelas Requeridas no manuseio das verbas públicas federais. Evidentemente que o exame dessa documentação, neste momento, não representa, em absoluto, prejulgamento da matéria Pág. 4/6

posta em Juízo, até porque realizado de modo sumário. Com o advento da fase probatória poder-se-á concluir de modo diferente, aplicando-se, se o caso, a disposição contida no 11 do mesmo art. 17 da Lei 8.429/92 já referido, que determina a extinção do feito sem julgamento do mérito em qualquer fase do processo. Portanto, neste momento processual, afigura-se adequado o recebimento da peça inicial, para que se propicie a devida instrução processual, onde restará efetivamente demonstrado se praticados ou não atos de improbidade administrativa pelas Requeridas, considerando que o relatório complementar trazido às fls. 297/359 refere-se apenas à Constatação n. 213581, quando a inicial trata das Constatações 65055, 65233, 65235 e 67008. Isto posto, não convencido da inexistência dos atos de improbidade nem da antecipada improcedência da demanda e sendo adequada a via eleita, DECIDO receber a petição inicial, determinando, por conseguinte, nos termos do art. 17, 9º, da Lei 8.429/92, regular citação das Requeridas. Retificar a autuação para corrigir o nome da demandada RAIMUNDA DAMIANA PEREIRA. Intimem-se. Cite-se. São Luís, 14 de junho de 2017. Pág. 5/6

NELSON LOUREIRO DOS SANTOS Juiz Federal Pág. 6/6