Direito Trabalhista 1 Organização da Justiça do Trabalho Emenda Constitucional n. 24 de 09/12/99 colocou fim à representação classista A Emenda Constitucional n. 24 de 9/12/99 pôs fim à representação classista na Justiça do Trabalho, instituindo assim, o juiz singular ou juiz unipessoal, tal como ocorre na Justiça Estadual (Juiz de Direito) e na Justiça Federal (Juiz Federal). Em virtude desse fato, as juntas de conciliação e julgamento foram transformadas em Varas do Trabalho. Assim, a Justiça do Trabalho passa a ser integrada por uma só espécie de juiz: o juiz togado. O juiz togado O juiz dá à lei a sua interpretação, entretanto não pode ser mero aplicador de textos a casos concretos. É necessário observar a realidade, a dinâmica do dia-a-dia. Acima de tudo, o juiz é o garante da Justiça, um avalista do Direito, um protagonista dos anseios da sociedade. Deve, portanto, desenvolver suas atividades com discrição em todos os sentidos: no falar, no escrever, nas reuniões e audiências e nos compromissos. Nas sentenças, juiz deve ser claro, conciso e preciso. O juiz, no ato de julgar submete-se exclusivamente à sua consciência; entretanto deve muita submissão à lei no momento de decidir, justamente para submeter a lei aos fins sociais a que ela se destina. Deve também ser humilde, nunca se esquecendo de que todos são falíveis e de que ninguém é perfeito ou tem o dom da verdade. Por fim, podemos dizer que ninguém nasce juiz, mas que o juiz se forma no decorrer do tempo e, além disso, tem uma grande missão: o de bem servir à comunidade. As Varas do Trabalho As Varas do Trabalho são órgãos de 1o grau, tais como as cíveis e criminais da Justiça Estadual. Onde estão localizadas? Nos grandes centros urbanos, onde se concentra um número maior de
Direito Trabalhista 2 empregados. Em São Paulo, o fórum trabalhista se chama fórum Ruy Barbosa. É composto atualmente por 90 varas do trabalho e está localizado na Av. Marquês de São Vicente, no bairro da Barra Funda. Composição das Varas do Trabalho Cada Vara do Trabalho possui: a. Um Juiz Titular O Juiz Titular eventualmente poderá contar com um Juiz Auxiliar, recrutado entre os juízes substitutos do trabalho (1o grau na carreira de magistrado trabalhista). b. Uma secretaria A secretaria equivale ao cartório da Justiça Estadual. A secretaria é dirigida por um diretor cujas funções estão declinadas nos artigos 711 e 712 da CLT. c. Oficial de Justiça Além dos servidores de praxe, a Vara do Trabalho conta ainda com os Oficiais de Justiça. A eles incumbe a realização dos atos decorrentes da execução dos julgados, funcionando, concomitantemente como avaliadores. (Artigo 721, CLT) As Varas do Trabalho, depois da extinção da representação classista, compõem-se de uma única espécie de juiz o Juiz do Trabalho. O Juiz do Trabalho O Juiz do Trabalho é, necessariamente, um bacharel em Direito recrutado para magistratura por meio de concurso de títulos e provas. Uma vez aprovado no concurso, é nomeado para o cargo de Juiz do Trabalho substituto.
Direito Trabalhista 3 As funções do Juiz do Trabalho substituto O Juiz do Trabalho substituto auxilia o Juiz Titular, substituindo-o no período de férias e eventuais afastamentos. Promoção do Juiz substituto a titular O Juiz do Trabalho substituto é promovido a titular por antiguidade ou merecimento. Artigo 654 da CLT O ingresso na magistratura do trabalho far-se-á para o cargo de Juiz do Trabalho substituto. As nomeações subsequentes por promoção, alternadamente, por antiguidade ou merecimento. Para ingressar na magistratura é preciso: Ser maior de 25 anos e menor de 45 anos de idade. Deverá ainda ter absoluta idoneidade para o exercício dessas funções. Os Tribunais Regionais do Trabalho TRT Os tribunais são órgãos de segundo grau; ou seja, de segunda instância. Ninguém se conforma com uma única decisão que lhe seja desfavorável. Assim, o duplo grau de jurisdição satisfaz uma exigência humana. Ademais, não se pode olvidar a possibilidade de sentenças injustas ou ilegais, daí a segurança da Justiça aconselhar o reexame das causas por meio de recursos. Competência dos Tribunais Regionais do Trabalho Os Tribunais Regionais funcionam como verdadeiras cortes de apelação e possuem duas competências: Recursal
Direito Trabalhista 4 Confere ao vencido a possibilidade de obter a reforma da sentença de primeira instância, por meio da interposição de recursos que visa à modificação das sentenças proferidas pelas varas. Originária Diz respeito a questões que devem ser propostas, processadas e julgadas pelos próprios tribunais, as quais cabe conhecer originariamente. Ex.: dissídios coletivos. Tribunal Superior do Trabalho TST A Justiça do Trabalho, ao contrário do que acontece com a Justiça comum, possui três graus: a. Varas do Trabalho. b. Tribunais Regionais do Trabalho. c. Tribunal Superior do Trabalho. O Tribunal Superior do Trabalho é o órgão superior da Justiça do Trabalho, tendo jurisdição por todo país. Está sediado na capital da República. É composto por juízes togados, denominados ministros. Competência do Tribunal Superior do Trabalho Cabe ao TST, em grau de recurso, rever as decisões dos Tribunais Regionais; decidindo originariamente os dissídios coletivos que extravasem os limites de jurisdição desses tribunais. Competência territorial da Justiça do Trabalho Competência territorial ( ratione loci ) Conforme já mencionado, as questões oriundas dos contratos de trabalho devem ser dirimidas perante a Justiça do Trabalho. No processo do trabalho
Direito Trabalhista 5 O Direito do Trabalho é flagrantemente protecionista e assegura ao trabalhador as condições indispensáveis à satisfação de suas necessidades básicas. Em virtude disso, o legislador, ao fixar o foro onde deve ser proposta a reclamação trabalhista, decidiu pelo local da prestação de serviço. Local da prestação de serviço Artigo 651 da CLT: A competência das Varas do Trabalho é determinada pela localidade onde o empregado, reclamante ou reclamado prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido contratado em outro local ou no estrangeiro. Assim sendo, deve a reclamatória ser proposta no foro ou no local da prestação de serviço, muito embora tenha o serviço sido contratado ou ajustado em outro local ou no estrangeiro. Atenção! Não devemos confundir local do trabalho com local da prestação de serviço. A regra é uma só: A competência em razão do local diz respeito à localidade onde o empregado trabalhou ou trabalha e não à localidade onde o serviço foi ajustado. Exemplo: Um empregado é recrutado em São Paulo para trabalhar em Manaus. A reclamação tem de ser movida em Manaus se for movida em São Paulo haverá incompetência. Não é o local onde a empresa está estabelecida que determina a competência, mas sim o local onde o serviço foi desenvolvido. Foro optativo Local da prestação de serviço ou da contratação Toda regra comporta exceção. Em se tratando de empregador que desenvolva atividades em locais diversos, é facultado ao empregado propor ação no local da admissão ou da prestação de serviços.
Direito Trabalhista 6 Na mesma situação estão os trabalhadores de empresas que, em razão de sua atividade, deslocamse de um lugar para o outro. Ex.: espetáculos circenses, teatros etc. Empregados que trabalham no exterior ( optativo ) O empregado contratado no Brasil para prestar serviços no exterior poderá propor a reclamação nas Varas da Justiça do Trabalho ou na própria Justiça do país em que se encontre. O foro dos viajantes e agentes Para o empregado viajante ou agente, há regra especial quanto à competência do foro. Deverá propor a reclamação perante à Vara do Trabalho da agência ou filial a que esteja subordinado; caso contrário, na Vara de seu domicílio ou não havendo, na localidade mais próxima. Exemplo: Empregado da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (que desenvolve atividades em todo o Estado de São Paulo) foi contratado em Campinas e logo depois, transferido para São Paulo. Onde propor a reclamação trabalhista? Poderá optar pelo foro de Campinas ou São Paulo qualquer desses locais terá competência ratione loci. Exemplo: Empregado da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (que desenvolve atividades em todo o Estado de São Paulo) foi contratado em Campinas e logo depois, transferido para São Paulo. Onde propor a reclamação trabalhista? Poderá optar pelo foro de Campinas ou São Paulo qualquer desses locais terá competência ratione loci. Quando for parte no dissídio agente ou viajante comercial, a competência será da vara da localidade em que a empresa tenha agência ou filial e a esta o empregado esteja subordinado e, na falta, será competente a vara da localização em que o empregado tenha seu domicílio ou a localidade mais próxima.