Panorama da fruticultura temperada brasileira

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Transcrição:

Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz Panorama da fruticultura temperada brasileira Prof. Marcel Bellato Spósito

Fruticultura no Brasil 3º Produtor mundial (45,6 mi t); Exporta 3% da produção; Área: 2,3 mi de ha; 27% da mão-de-obra agrícola; 30 polos de produção (Chapada do Apodi e VSF).

Produção de Frutas no Brasil Área total produtora das principais frutas no Brasil de acordo com o clima Frutas Área (ha) % Tropicais 1.034.708 49,3 Subtropicais 928.552 44,2 Temperadas 135.857 6,5 Total 2.099.117 100,0 IBGE (2007)

Frutas de clima temperado no Brasil Produção (t): 3.016.148 (7,5 % do total) Fruta Produção (t) (%) Uva 1.365.490 45,3 Maçã 1.222.890 40,7 Pêssego 216.236 7,2 Caqui 171.555 5,7 Figo 24.146 0,8 Pera 14.856 0,5 Marmelo 975 0,03 Fonte: Faostat (2011)

Estados produtores de frutas de clima temperado no Brasil Equador PB 0,1% PE 5,3% MT 0,1% GO 0,1% BA 3,0% MG 1,8% Trópico capricórnio SP 10,3% PR 6,2% RJ 0,6% 30 º S Fonte: ABF, 2007. SC 23,2% RS 49,3%

Características de fruteiras de clima temperado

Abscisão Foliar Balanço hormonal: [auxina] < [etileno] Dias curtos de inverno diminuição na produção de auxina Estímulo das células a produzirem etileno produção de celulase e pectinase Lise na lamela média e formação da zona de abscisão queda das folhas

Abscisão Foliar Balanço hormonal: [auxina] < [etileno] O AIA é produzido no meristema apical de gemas, folhas jovens e sementes. O movimento da auxina é unidirecional, do ápice dos meristemas para a base.

Dormência - estratégia adaptativa - sobrevivência das frutíferas de clima temperado em suas regiões de origem, caracterizadas pelas baixas temperaturas durante o período de outono e inverno.

Dormência Zapata et al. (2004)

Dormência das plantas de clima temperado Diminuição da temperatura ambiente, associada ou não ao fotoperíodo, - inicialmente há paralisação do crescimento; - posteriormente há entrada em dormência das plantas. A ação contínua de baixas temperaturas por determinado período permite a superação da dormência. Assim, as baixas temperaturas agem em duplo processo: - contribuem para a paralisação do crescimento, aclimatação ao frio e indução à dormência - posteriormente, atuam na superação deste estado.

Quebra de dormência - Um novo ciclo vegetativo/reprodutivo - iniciado somente após as plantas sofrerem a ação das baixas temperaturas. - A quantidade de frio requerida para o término do repouso é conhecida como Número de Horas de Frio (NHF). - NHF: o número de horas em que a temperatura do ar permanece abaixo de determinada temperatura crítica durante certo período, durante o inverno. Essa temperatura crítica é considerada igual a 7 o C por ser aplicável à maioria das espécies mais exigentes em frio. Sentelhas e Angelocci

Quebra de dormência das plantas de clima temperado Caso o inverno de determinado ano ou do local de cultivo não tenha NHF suficiente para atender à exigência da espécie/variedade, poderão ocorrer as seguintes anomalias nas plantas: a) Queda de gemas frutíferas; b) Atraso na brotação e floração; c) Ocorrência de florescimento irregular e prolongado. Sentelhas e Angelocci

Quebra de dormência das plantas de clima temperado Para mensurar a quantidade de frio necessária para superar a dormência das gemas, o modelo mais utilizado é a soma diária das horas com temperaturas iguais ou inferiores a 7,2º C, durante o período de maio a setembro. Entretanto, este modelo não tem sido muito satisfatório, uma vez que o número de horas requeridas para a superação da dormência não é o mesmo em anos com regimes diferentes de temperatura, além de não considerar qualquer acúmulo de frio para temperaturas acima de 7,2º C

Número de Horas de Frio Estimativa do NHF médio normal para o Estado de São Paulo (Pedro Jr et al., 1979) Exemplo da estimativa do NHF Piracicaba, SP Tjul = 17,9 o C NHF<7 o C = 401,9 21,5 * 17,9 = 17,1 h NHF<7 o C = 401,9 21,5*Tjul Exemplo de aplicação do NHF no planejamento agrícola Jundiaí Tjul = 17,1 o C NHF<7 o C = 401,9 21,5*17,1 = 34,3 h Capão Bonito Tjul = 16,2 o C NHF<7 o C = 401,9 21,5*16,2 = 53,6 h Cpos do Jordão Tjul = 11,5 o C NHF<7 o C = 401,9 21,5 *11,5 = 154,6 h Nenhuma das localidades analisadas apresenta NHF suficiente para o cultivo da maçã, cereja e ameixa. Campos do Jordão possibilitam o cultivo de variedades de amora preta com menores exigências de NHF. Já o figo, o pêssego e a uva podem ser cultivados sem restrição, desde que se utilize as variedades que não exigem muitas horas de frio. Sentelhas e Angelocci

Número de Horas de Frio Métodos mais acurados: Unidades de Frio (UF) Utah para Pessegueiro Carolina do Norte para Macieira

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