COMÉRCIO DE OVINOS DA BAHIA PARA OUTROS ESTADOS BRASILEIROS

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Transcrição:

III SIMPÓSIO MINEIRO DE OVINOCULTURA: CADEIA PRODUTIVA OVINOCULTURA. Anais... p.227-234. Lavras, MG, 2003. COMÉRCIO DE OVINOS DA BAHIA PARA OUTROS ESTADOS BRASILEIROS Evandro V. Holanda Júnior 1, Iram S. Ferrão 2, Gherman Garcia L. Araújo 3, Daniel M. Nogueira 4, Carlos Tadeu S. Guedes 5, Carlos Alberto V. Oliveiera 4. Resumo As rotas de comercialização de animais vivos da Bahia para os demais estados do Brasil foram estudadas por meio de informações mensais obtidas dos Guias de Trânsito Animal em 2002 pela Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB). Para estimar a renda obtida com a comercialização dos animais para outros estados, utilizaram-se os valores médios de venda de animais obtidos através de entrevistas com 655 produtores baianos no ano de 2002, sendo de: R$ 44,50 a cabeça para abate e de R$ 100,37 a cabeça para recria. Foram vendidos 74.972 cabeças de ovinos, sendo desse total 60% para abate. As vendas para abate representaram cerca de R$ 2.004.013,00/ano e a recria representa cerca de R$ 3.004.977,00/ano. Os animais para abate foram vendidos para os seguintes Estados (siglas e porcentagem): PE, 41%; SP, 29%; SE, 14%; RJ, 7%; RN, 6%; CE, 2%; AL, 1%. Os estados da PB, MG, ES, GO, TO e PR comparam juntos somente 1% do total de animais vendidos para abate. Os animais para recria foram vendidos para SE, 24%; PE, 20%; SP, 13%; MG, 7%; RJ, AL, CE e GO, 4% cada; PI e ES, 3% cada; PA, TO, AM, MA e PR, 2% cada; e o RN, 1%. Juntos o DF e o MG compraram 2% do total vendido para recria; e PB, RO e AP, 1%. Segundo a ADAB, nos estados de MS e RS foram vendidos somente dois animais para abate e um para recria. Os resultados sugerem que existe redefinição dos espaços de produção de ovinos no Brasil. Palavras-chave: cadeia produtiva, economia, ovinocaprinocultura, agronegócio, sanidade. SHEEPS TRADE FROM BAHIA TO ANOTHER BRAZILIAN STATES Abstract Commercialization routes were studied for animal exploration and its abates (for slaughterhouse) from Bahia to others states of Brazil, by averages obtained from monthly information of Animal Trafic Guides emitted in 2.002 in the Agency of Agricultural Defense of Bahia. To evaluate the incomes obtained with animals commercialization to another states of Brazil, it was used medium sale values of animals by interviews with 655 producers from Bahia in 2.002, as: animal for slaughterhouse = R$ 44,50 and animal for exploration = R$ 100,37. It were sold 74.972 ovino`s heads, being 60% for slaughterhouse. Sales for slaughterhouse were considered to representing R$ 2.004.013,00 and, for its exploration R$ 3.004.977,00. Animals for slaughterhouse were sold to the following States: PE, 41%; SP, 29%; SE, 14%; RJ, 7%; RN, 6%; CE, 2%; AL, 1%. The following States of PB, MG, ES, GO, TO and PR bought together only 1% of the total of animals sold for slaughterhouse. The animals for its exploration were sold for SE, 24%; PE, 20%; SP, 13%; MG, 1 Pesquisador, Embrapa Semi-Árido. Doutorando em Ciência Animal da Escola de Veterinária da UF MG. Caixa Postal 567, 30123-970 Belo Horizonte, MG. Endereço eletrônico: evandro@cpatsa.embrapa.br. 2 Veterinário, Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia. Endereço eletrônico: iramferrao@adab.ba.gov.br. 3 Pesquisador, Embrapa Semi-Árido, Bolsista do CNPq. Endereço eletrônico: ggla@cpatsa.embrapa.br 4 Pesquisador, Embrapa Semi-Árido. Endereço eletrônico: daniel@cpatsa.embrapa.br 5 Extensionista, Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrário.

7%; RJ, AL, CE and GO, 4% each; PI and ES, 3% each; PA, TO, AM, MA and PR, 2% each; and RN, 1%. Together, DF and MG bought 2% of the total sold for its exploration; and PB, RO and AP, 1%. According to ADAB, in MG and RS were sold only two animals to slaughterhouse and one for its exploration. The results indicated that there are changes in the places of ovino s production in Brazil. Keywords: Productive chain, Economy, Sheep, Agribusiness, Sanity. INTRODUÇÃO Dados das pesquisas Pecuárias Municipais do IBGE, no período entre 1990 e 2001, sugerem ama elevação nos efetivos de ovinos em regiões com pouca tradição para ovinocultura, como as regiões Norte e Centro-Oeste. A região Nordeste do Brasil detinha, em 2001, o maior rebanho nacional. A Bahia era o estado que detinha o maior rebanho do Nordeste, 37% do total da região, e o segundo do Brasil, 20% do total nacional (IBGE, 2003). A consolidação do estado da Bahia como Zona Livre de Febre Aftosa; o crescimento da demanda por carnes de ovinos; a inexistência de abatedouros com Inspeção Federal (SIF) na Bahia; o reconhecimento da qualidade genética dos rebanhos existentes na Bahia; a necessidade econômica dos produtores de outras regiões do país de diversificar ou mudar suas atividades pecuárias (BORGES et al., 2003); os novos investimentos provenientes de indivíduos interessados em diversificar suas atividades econômicas ou que saem das grandes cidades para se dedicarem à produção agrícola de especiarias (GIULIANI, 1990; citado por SCHNEIDER, 1999) parecem ser os motivos para que exista grande saída de ovinos vivos da Bahia para outros estados do Brasil, o que credencia este estado ao título de principal fornecedor de ovinos vivos do país. Porém, inexistem dados que confirmem essas tendências (A TARDE, 2003). Objetivando subsidiar o planejamento da cadeia produtiva da ovinocultura nacional, foram estudadas as rotas de comercialização de ovinos da Bahia para outros estados brasileiros. MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizados os registros mensais das quantidades de ovinos vivos vendidos para recria e para abate e os destinos destas vendas constantes dos Guias de Transito Animal (GTAs) emitidos por todas as coordenadorias regionais da Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia, no ano de 2002. Para estimar a renda obtida com a comercialização dos animais para outros estados, utilizaram-se os valores médios de venda de animais obtidos de entrevistas com 655 produtores baianos dos municípios de Andorinhas, Campo Formoso, Canudos, Casa Nova, Curaçá, Jaguarari, Juazeiro, Monte Santo, Remanso, Sento Sé, Sobradinho, Uauá e Tucano. Estes municípios detinham 34,40% do rebanho da Bahia, estando entre os municípios mais importantes e representativos da ovinocultura do sertão baiano. As entrevistas foram realizadas por técnicos da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrário (EBDA) no ano de 2002. Para o cálculo dos valores médios de venda dos animais para recria e abate, utilizou-se do pacote estatístico Analysis Statistical System for Windows (SAS).

RESULTADOS E DISCUSSÃO No ano de 2002 foram vendidos 45.034 ovinos para abate e 29.938 ovinos para recria. Somadas estas vendas e considerando o efetivo de 2.986.224 cabeças existentes na Bahia, em 2001 (IBGE, 2003). Estas vendas correspondem a 3% do total de animais. Estimou-se que as vendas para abate representaram R$ 2.004.013,00/ano e, para recria, R$ 3.004.977,00/ano. Estas vendas de ovinos vivos para abate representam perdas financeiras para todos os elos da cadeia produtiva no Estado, pois não ocorre, na Bahia, a agregação de valor à carne e às peles dos ovinos aí produzidos. As vendas de ovinos para abate foram realizadas, principalmente, para estados Nordestinos, 63%, e para o Sudeste, 37%. Os principais estados compradores do Nordeste foram Pernambuco e Sergipe, e do Sudeste foi São Paulo (Tabela 1). A média mensal de animais vendidos para abate foi de 3.808 cabeças, sendo que mais de 1/3 das vendas ocorreram entre outubro e dezembro de 2.002. Isto se deve à concentração das vendas para alguns estados nestes meses, como foi o caso de Sergipe, Rio de Janeiro, Paraná e São Paulo. Este comportamento pode representar que existe aumento de consumo de carne ovina nos festejos de final de ano (Figura 1). As vendas para o estado de Pernambuco foram mais estáveis ao longo do ano, sendo, em média, de 1.522 cabeças/mês. Porém, nos meses de julho, agosto e outubro as vendas foram inferiores, sendo, em média, de 568 cabeças/mês. Nos meses de setembro e dezembro, as vendas foram muito superiores à média, sendo de 3.414 cabeças/setembro e 2.261 cabeças/dezembro. Nos demais meses, as venda foram reduzidas de 593 cabeças, com relação aos meses anteriores. A ocorrência dos festejos juninos no Nordeste pode ter influenciado as vendas para Rio Grande do Norte e Pernambuco. As vendas para o Rio Grande do Norte foram concentradas no mês de junho. Neste mês, em Pernambuco, as vendas cresceram em mais de 843 cabeças/mês em relação à maio, ocorrendo decréscimo no meses seguintes de 1.529 cabeças. A existência de animais em condições corporais desfavoráveis para o abate nos estados nordestinos pode, também, influenciar o comércio de ovinos na Bahia, pois se observa que 50% das vendas ocorreram entre setembro e dezembro. Nesse período de maior escassez de forragens, os animais são vendidos da Bahia por falta de condições para manutenção alimentar dos animais. No comércio de animais para recria, foram vendidos para o Nordeste, 58%; Sudeste, 28%; Centro- Oeste, 7%; Norte, 6%; e Sul, 2% (Tabela 1). Nota-se que, no caso de animais para recria, as regiões Centro-Oeste, Norte e Sul aparecem como importantes compradores, o que confirma a tendência do crescimento dos efetivos no rebanho apresentado por outras regiões que não têm tradição na criação de ovinos, conforme indica a Pesquisa Pecuária Municipal do IBGE em 2003. No Nordeste, os principais compradores foram Sergipe, 24% e Pernambuco, 20%. Sugerindo que os criadores destes estados estão recompondo os rebanhos ovinos (IBGE, 2003). Os estados de Sergipe e da Bahia são os únicos estados nordestinos a serem considerados Zona Livre de febre aftosa, isto faz com que, na região, os criadores de Sergipe tenham, oficialmente, a Bahia como único fornecedor animais para recria.

CONCLUSÕES As informações obtidas através dos Guias de Trânsitos Animal da Bahia caracterizam o Estado como um importante pólo exportador de ovinos, para diferentes estados do Brasil, seja para o abate ou para recria. Todavia, faz-se necessário organizar a cadeia produtiva da carne e da pele de ovinos, para que os animais possam ser abatidos na Bahia e seus produtos sejam exportados com maior valor agregado. Ressaltando-se, que devem ser estabelecidos programas de melhoramento e de conservação de animais nativos, sob risco de que as vantagens competitivas dos rebanhos baianos sejam superadas por outros estados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS A TARDE (Jornal eletrônico). Pele pode ser saída para a ovinocaprinocultura do NE. Disponível no site: http://www.caprinet.com.br/noticia07062002-01.shtml. Acesso em: 06/JUN/ 2003. BORGES, I., MACIEL, A.G., ORZIL, R. Caprino-ovinocultura: Organização da cadeia produtiva. IN: OLIVEIRA, G.J.C., BARBOSA, J.A.; ZACHARIAS, F. (Ed.). Encontro de Caprinoovinovultores de Corte da Bahia, 2003. Anais. Salvador: Associação dos Criadores de caprinos e Ovinos da Bahia, 2003. p.16-39. SCHNEIDER, S. Agricultura familiar e industrialização: pluriatividade e descentralização industrial no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 1999. 205p. IBGE - Sistema IBGE de Recuperação Automática. Disponível em: http://www.sidra.ibge.gov.br/. Acesso em: 01/JUN/2003.

TABELA 1. Quantidades e porcentagens de ovinos da Bahia vendidos para abate e recria para outras regiões e estados brasileiros. Ovinos para abate Ovinos para recria Região/Estado Destino/ Destino/ Cabeças Cabeças Total do estado, % Total do estado, % Sudeste 16.508 37 8245 27,5 São Paulo 12.983 29 3917 13,1 Rio de Janeiro 3.329 7 1250 4,2 Espírito Santo 75 0 880 2,9 Minas Gerais 121 0 2198 7,3 Nordeste 28.193 63 17.443 58,3 Pernambuco 18.264 41 6078 20,3 Sergipe 6.081 14 7255 24,2 Rio Grande do Norte 2.556 6 331 1,1 Alagoas 459 1 1126 3,8 Ceará 785 2 1157 3,9 Paraíba 48 0 73 0,2 Maranhão - 0 637 2,1 Piauí - 0 786 2,6 Centro-Oeste 202 0 1964 6,6 Distrito Federal 122 0 323 1,1 Goiás 80 0 1298 4,3 Mato Grosso 0 0 341 1,1 Mato Grosso do Sul 0 0 2 0,0 Norte 47 0 1654 5,5 Pará 0 0 493 1,6 Tocantins 47 0 564 1,9 Amazonas 0 0 480 1,6 Rondônia 0 0 35 0,1 Amapá 0 0 82 0,3 SUL 84 0 633 2,1 Paraná 84 0 632 2,1 Rio Grande do Sul 0 0 1 0,0 TOTAL 45.034 100 29.939 100,0 Fonte: Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (2002).

Cabeças vendidas, % 100% 80% 60% 40% 20% jan-mar abr-jun jul-set out-dez 0% SP RJ PE RN SE Outros TOTAL Estados FIGURA 1. Destinos dos animais e porcentagens de cabeças vendidas para o abate provenientes da Bahia distribuídos nos trimestres de 2002.