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Transcrição:

COMPARAÇÃO ENTRE TOPOLOGIAS PARA CONTROLE DE TENSÃO TERMINAL E POTÊNCIA REATIVA DE UM GRUPO MOTOR GERADOR DIESEL CONECTADO À REDE DE DISTRIBUIÇÃO Rodolpho V. A. Neves, Giann B. Reis, Cassius R. Aguiar, Renan F. Bastos, Ricardo Q. Machado, Vilma A. Oliveira Laboratório de Controle LAC Laboratório de Fontes Alternativas e Processamento de Energia LAFAPE Departamento de Engenharia Elétrica e Computação USP - São Carlos São Carlos, SP, Brasil Emails: rodolphon@sc.usp.br, giann@sc.usp.br, caroaguiar@gmail.com, renan_elt2005@hotmail.com, rquadros@sc.usp.br, vilma@sc.usp.br Abstract This paper presents a comparison between a coordinated control strategy for terminal voltage and reactive power with a classic PI controller for terminal voltage or reactive power control applied to a diesel generating set for a distributed generation system (DG). The coordinated fuzzy PD+I controller adjusts, automatically, the terminal voltage at the generator and the reactive power supplied to the grid. The coordinated strategy is given by a adjust parameter that regulates the reactive power control loop through the voltage error, priorizing the voltage level and pondering the reactive power control loop. Results for the DG connected to the grid and submitted to events such load acceptance and load rejection were considered. Results for terminal voltage, power factor and reactive power exchange between the DG and the grid illustrate the efficiency for the strategy presented, improving the power factor from the bus in which the DG is connected, without harm the terminal voltage, keeping the operation in safety limits. Keywords Fuzzy controller, Synchronous generator, Excitation control, Terminal voltage and reactive power control Resumo Este trabalho apresenta a comparação uma estratégia de controle coordenado para potência reativa e tensão terminal e um controlador clássico PI para controle de potência reativa ou tensão terminal, de um grupo moto gerador (GMG), para uso em um sistema de geração distribuída (GD). O controlador coordenado fuzzy PD+I ajusta automaticamente a tensão nos terminais da máquina e a potência reativa fornecidas à rede de distribuição. A estratégia coordenada é dada através de um parâmetro que regula a malha de potência reativa a partir do erro de tensão terminal, priorizando o ajuste da tensão e ponderando a malha de controle de potência reativa. Para avaliar o desempenho do sistema de controle, a GD é conectada a uma rede de distribuição e submetido a eventos como entrada e saída de cargas locais. Resultados para tensão terminal, fator de potência e fluxo de potências entre o sistema, as cargas e a rede, ilustram a eficiência da estratégia de controle apresentada, melhorando os índices de fator de potência do barramento em que a GD estava conectada, sem prejudicar a tensão terminal do GMG, mantendo a GD em limites seguros de operação. Keywords Controlador fuzzy, Gerador síncrono, Controle de excitação, Controle de potência reativa e tensão terminal 1 Introdução Grupos geradores diesel têm sido largamente utilizados para reduzir custos em horários de ponta de consumo de energia quando o valor tarifado é maior (McGowan et al., 2003; Chambers et al., 2007; Best et al., 2007; Ray et al., 2010) ou como sistemas de back-up, devido à sua simplicidade, larga escala de potência de geração e ao baixo custo envolvido na sua aquisição, comparado à outras fontes alternativas de potências equivalentes (Rashed et al., 2008; Cooper et al., 2010). Ao associar o sistema de geração a diesel com o biodiesel, obtém-se uma alternativa sustentável para sistemas de geração distribuída (GD) (Kennedy et al., 2010; Best et al., 2011). O grupo gerador diesel (GMG) é formado por um motor diesel acoplado ao eixo de um gerador síncrono. Um regulador de velocidade atua na válvula de combustível para ajustar a velocidade de rotação do motor diesel de acordo com a velocidade síncrona do gerador. Ao utilizar o GMG como sistema de GD é necessário estabelecer o sincronismo com a rede além de sintonizar o controle da tensão do GMG, caso contrário, o sistema pode sofrer instabilidades de ângulo ou de tensão (Kundur, 1994) na presença do GMG. Os sistemas de excitação dos geradores síncronos têm um papel importante no aumento da estabilidade de sistemas elétricos de potência (SEP) (Bulic et al., 2010) e da qualidade da energia fornecida pelo gerador (Gunes and Dogru, 2010). Através de reguladores automáticos de tensão, do inglês Automatic Voltage Regulator (AVR), a tensão terminal do gerador síncrono é controlada. Entretanto, o AVR necessita de um sistema de controle em cascata para controlar a potência reativa fornecida pelo gerador. Várias topologias de controlador estão modeladas em IEEE Std 421.5 (2005). Muitos estudos têm desenvolvido AVRs adap-

tativos ou com sintonia automática para que o controlador tenha respostas rápidas e mais precisas nos pontos de operação (Eker and Altas, 2007). O uso de inteligência computacional para controladores de sistemas de excitação tem se tornado uma tendência (Bulic et al., 2010). Controladores baseados em lógica fuzzy têm se destacado e despertado interesse dos pesquisadores em sistemas elétricos (Eker and Altas, 2007). Este trabalho propõem a utilização de um controlador fuzzy PD+I para controle de tensão terminal e potência reativa utilizando uma excitatriz do tipo AC1A de um grupo motor gerador a diesel como sistema de GD. Para isso, foram projetados controladores fuzzy PD+I que ajustam, automaticamente, a tensão nos terminais do gerador e a potência reativa fornecida pela GD. Comparações de desempenho entre os sistemas com controlador clássico e os controladores propostos ilustram a eficiência da estratégia de controle fuzzy diante entradas e saídas de cargas comuns encontradas no SEP. 2 Descrição do sistema O sistema estudado neste trabalho é composto por um GMG conectado à uma rede de distribuição e transmissão e um conjunto de cargas locais. A rede é composta por um alimentador principal de 100 MVA operando em 69 kv conforme IEEE Std 1547.2 (IEEE Std 1547.2, 2009). Para representar algumas cargas típicas encontradas na rede de distribuição foram escolhidas três cargas com diferentes respostas dinâmicas, um motor de indução trifásico (MIT) cujos paâmetros são apresentados na Tabela 1, uma carga RLC cujos valores são apresentados na Tabela 2 e um retificador não controlado trifásico cuja resistência é de 2,5 Ω, consumindo aproximadamente 250 kw. Tabela 2: Dados da carga RLC Elementos P Q Valores 154 kw +149 kvar valor é fornecida pela malha de controle de velocidade. Figura1: Diagramadeblocosdomodelodomotor a diesel, extraído de Boldea e Nasar (1999). O gerador síncrono foi representado neste trabalho por um modelo de máquina síncrona obtido na biblioteca do software PSCAD R configurado seguindo os parâmetros de um gerador da fabricante Caterpillar e pode ser analisado com mais detalhes em Neves et al. (2012) e Kundur (1994). 2.1 Topologias para controle de tensão terminal e potência reativa Para analisar o desempenho do controlador proposto neste trabalho foram abordadas três topologias de sistemas. Na primeira topologia é utilizado o regulador de tensão AC1A. Para esta configuração, o controlador do regulador de tensão automático é um controlador proporcional, responsável pelo controle da tensão terminal (V t ). A Fig. 2 apresenta o primeiro sistema. Tabela 1: Dados do motor de indução Número de fases 3 Número de pólos 4 Tensão de linha 480 V Corrente de fase 140 A Base de frequência angular 377 rad/s Potência 215 hp Modo de controle Torque Torque 1, 00 pu Velocidade de entrada 0, 98 pu O GMG é composto por um motor a diesel e um gerador síncrono. A Fig. 1, extraída de Boldea and Nasar (1999), exibe o diagrama de blocos da representação do motor a diesel e a dinâmica de seu atuador. A entrada do diagrama, Gate, representa a abertura da válvula de combustível e o Figura 2: Diagrama referente ao sistema com controle de tensão terminal do AVR. A segunda topologia de sistema é exibida na Fig.3. Nestatopologia, oavrécolocadoemsérie com um controlador que, além de regular a tensão nos terminais do gerador, regula também a potência reativa por meio de uma malha externa. Neste trabalho será utilizado dois controladores para a topologia 2, um controlador clássico PI e um controlador coordenado fuzzy PD+I (CCFPD+I).

para a referência do AVR é 0,1 pu. 3 Estratégia de controle fuzzy para o GMG A superfície fuzzy utilizada, assim como as estruturas do tipo fuzzy PD+I das malhas de controle deste trabalho são detalhadas em Neves et al. (2012). Figura 3: Diagrama referente à segunda topologia de sistema com controle de potência reativa através da referência de tensão terminal. Por último, a terceira topologia do sistema é apresentada na Fig. 4 e um controlador coordenado fuzzy PD+I é inserido no modelo da AC1A, como é exibido na Fig. 5, resultando em um AVR coordenado (AVR C) que controla tanto a tensão terminal quanto a potência reativa nos terminais da GD. 3.1 Controle de potência ativa O controlador fuzzy PD+I para potência ativa do GMG é representado pela Fig. 6. Neste caso, a saída do controlador fornece o sinal de atuação para a válvula de combustível (Gate) conforme pode ser observado pela Fig. 1. Figura 6: Diagrama de controle da potência ativa. 3.2 Controlador de tensão terminal e potência reativa Figura 4: Diagrama referente à terceira configuração de sistema com controle de tensão terminal e potência reativa. A potência reativa e a amplitude da tensão nos terminais da máquina são controladas por meio da alteração da excitação de campo do gerador síncrono. Para esta aplicação são utilizadas duas malhas de controle interligadas que são apresentadas na Fig. 7. A excitatriz do modelo AC1A, o AVR e o AVR C foram configurados com parâmetros conforme exemplo disposto em IEEE Std 421.5 (2005). 2.2 Controlador clássico PI O controlador PI, utilizado para comparação de desempenho com os controladores fuzzy, foi retirado de IEEE Std 421.5 (2005) e é denominado Controlador VAr tipo II. O controlador PI possui saturadores anti wind-up na ação do bloco integrador. Os limites de excitação foram configurados respeitando os limites de fornecimento de potência reativa dada pela ficha técnica do gerador (-446 kvar e 892 kvar). Caso algum dos limites de potência reativa fosse atingido, a condição de limite de excitação é dada como verdadeiro e o integrador do PI pára de somar até que a condição de limite seja falsa novamente. Os ganhos proporcional e do integrador são, respectivamente, 0,09 e 2 e o módulo do valor limite da tensão de saída Figura 7: Diagrama de controle de coordenado para potência reativa e tensão terminal. A malha de controle superior é responsável pelo controle da tensão terminal do gerador e a malha inferior pelo controle da potência reativa produzida no gerador síncrono. A soma dos dois sinais de saída das duas malhas de controle resultam na ação de controle do controlador coordenado de tensão terminal e potência reativa (Neves et al., 2012).

Figura 5: Diagrama de blocos do controlador coordenado fuzzy PD+I inserido do modelo da excitatriz AC1A, AVR-C. 4 Descrição dos eventos Os cenários são iniciados com a GD desconectada da rede de distribuição.a GD inicia o processo de sincronismo levando em torno de 5 a 7 segundos para ser realizado. Neste instante a GD é conectada à rede de distribuição. Logo após ocorrer a conexão com a rede de distribuição, inicia-se a transferência de potência em rampa com inclinação de 0,1 pu/s até atingir 0,3 pu, aproximadamente 330 kw. Quando a simulação alcança 10 s ocorre a conexão do MIT, que é conectado a vazio e, após 1 s, é adicionado um torque em rampa a uma taxa de 0,3 pu/s ao eixo da máquina até alcançar 1 pu. Aos 20 s o motor é desconectado do sistema. A carga RLC é conectada ao barramento da GD aos 30 s e desconectada aos 40 s. O retificador não controlado trifásico é conectado aos 50 s da simulação e desconectado aos 60 s. com o balanço de potência do sistema para que a tensão terminal seja ajustada pela GD. Figura 8: Cenário 1: Potência ativa e reativa. 5 Resultados dos Cenários Simulados As simulações foram realizadas no software Power Systems CAD/Electro-magnetic Transients including DC (PSCAD/EMTDC). O passo de tempo da simulação é 75 µs. Os cenários de simulação foram definidos como: Cenário 1: topologia 1, somente AVR; Cenário 2: topologia 2, com controlador PI VAr tipo II; Cenário 3: topologia 2, com CCFPD+I; Cenário 4: topologia 3, AVR C; Os resultados do Cenário 1 são apresentados nas Figs. 8 e 9. Neste resultado há um erro de regime na tensão terminal pois o controlador é apenas proporcional e não há controle de reativo. A potência reativa aumenta ou diminui de acordo Figura 9: Cenário 1: Tensão terminal e fator de potência. Os resultados dos Cenários 2, 3 e 4 são para quando há controle de tensão terminal e potência reativa com a referência da potência reativa igual a potência reativa requisitada pelas cargas locais. As Figs. 10, 11, 12 e 13 apresentam as respostas destes cenários. Nos três cenários, a potência reativa fornecida pela GD às cargas sempre alcançam o valor de referência, porém o Cenário 2 (controlador PI) é o mais lento na acomodação do sistema. Os sobressinais no Cenários 3 e 4 são praticamente os mesmos, mas são menores do que dos cenários anteriores. O distúrbio de potência reativa no

Figura 10: Cena rio 2: Pote ncia ativa e reativa. Figura 11: Cena rio 3: Pote ncia ativa e reativa. Figura 12: Cena rio 4: Pote ncia ativa e reativa. momento da conexa o da GD com a rede de distribuic a o foi menor no Cena rio 4, depois no Cena rio 3 e por u ltimo no Cena rio 2. O mesmo distu rbio foi extinto mais ra pido na mesma ordem de cena rios. Figura 13: Comparac a o da tensa o terminal e fator de pote ncia para os Cena rios 2, 3 e 4. A Fig. 13 apresenta a comparac a o entre a tensa o terminal e o fator de pote ncia para os tre s cena rios. A tensa o terminal alcanc a valores acima de 1 devido a troca de reativo da GD com a rede. Os Cena rios 3 e 4 sa o mais ra pidos para estabilizar a tensa o do que o Cena rio 2. A velocidade dos controladores tambe m e mostrada na comparac a o do fator de pote ncia nos tre s cena rios. De maneira geral, para ambos os casos em que ha controle da gerac a o de pote ncia reativa, o AVR C (Cena rio 4) apresentou melhor resposta diante os eventos considerados neste trabalho. Este fato e explicado pela posic a o do controlador na malha de controle. Como o controlador do Cena rio 4 esta interno na estrutura da excitatriz, e esperado que ele seja mais ra pido do que os controladores que atuam sobre a refere ncia que outro controlador seguira. As curvas de pote ncia ativa de todos os cena rios foram ide nticas pois em todos os cena rios foram utilizados o mesmo controlador de pote ncia ativa apresentado na Sec a o 3.1. As oscilac o es presentes nas curvas acontecem devido a variac a o da tensa o terminal decorrente da entrada ou saı da de carga. 6 Concluso es A superfı cie fuzzy se mostrou versa til para o controle das varia veis da planta. A mesma superfı cie, utilizada para pote ncia reativa e tensa o terminal, foi capaz de controlar a pote ncia ativa que o sistema fornecia para a rede de distribuic a o. O controlador fuzzy PD+I teve tempos de acomodac a o e sobressinais iguais ou menores nos eventos demonstrados quando comparados com o controlador PI. Os cena rios com o CCFPD+I e o AVR C foram mais eficientes do que o controlador PI. A maior variac a o nos nı veis de tensa o foi registrado para o controlador de tensa o do Cena rio 1, cerca de 1,5 % quando houve a conexa o do MIT, respeitando ainda os limites de variac a o de tensa o propostos pela ANEEL (ANEEL, 2007). Dentre os outros cena rios, a maior variac a o de tensa o tambe m ocorreu na entrada do MIT, chegando a 1,0 % nos Cena rios 2 a 4. O uso do CCFPD+I e recomendado quando e necessa rio o controle da pote ncia reativa fornecida pelo gerador sem fazer modificac o es no sistema de excitac a o, desde que o mesmo tenha uma entrada auxiliar ou seja possı vel alterar a tensa o de refere ncia. Caso seja possı vel modificar a estrutura da excitatriz, o AVR C pode ser utilizado para obter um melhor desempenho. As estruturas de controladores fuzzy podem ser aplicadas em outros portes de geradores sı ncronos sendo necessa rio somente a sintonia dos ganhos das topologias apresentadas. Agradecimentos Os autores agradecem a FAPESP pelo auxı lio 2011/02170-5, a CAPES e CNPq pelas bolsas concedidas.

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