B O L E T I M OFERECIMENTO QUARTA-FEIRA, 7 DE ABRIL DE 016 NÚMERO DO DIA R$ 1.98,90 é o custo da tocha olímpica para os condutores que quiserem comprá-la após poder conduzi-la EDIÇÃO 89 A cem dias do Rio-016, país vive desafio de fazer Jogos pegar POR ERICH BETING A cerca de nove anos, o Brasil entregou ao mundo um de seus mais bem-estruturados projeto de venda internacional do país. O projeto de candidatura do Rio de Janeiro à sede dos Jogos Olímpicos de 016 era, naquele de outubro de 009, um dos mais bem-feitos projetos do que queríamos como país já apresentados. Agora, a cem dias da realização da primeira edição de Jogos Olímpicos na América do Sul, o país ainda tem o desafio de fazer o evento cair no gosto da população e ser um sucesso. Nesta edição especial do Boletim Máquina do Esporte, procuramos listar os motivos que fazem o Rio de Janeiro e o país já considerarem a realização dos Jogos Olímpicos como um marco na história brasileira. Mas também trazemos dez motivos de preocupação para a realização do evento de maneira tal qual o país foi vendido ao mundo em 009. Um resultado positivo que já começa a ser visto é que a efeméride serviu para que as marcas, de forma mais concreta, começassem a ativar seu patrocínio aos Jogos Olímpicos, ampliando o engajamento da população com o evento, mais ou menos como foi no período pré-copa de 01. Apesar da crise, da instabilidade política e dos atrasos que ainda atrasam a vida brasileira, os Jogos Olímpicos entram em seu período crucial no nosso país. A partir do próximo dia 3 de maio, terça-feira, a chama dos Jogos também acenderá mais um pouco, com o início do revezamento da tocha olímpica e um aumento natural da cobertura da mídia sobre o evento que terá a cerimônia de abertura dia de agosto, no Rio. Ainda restam 100 dias para os Jogos Olímpicos e ao mesmo tempo faltam só 100 dias para o maior evento esportivo do mundo. A missão de marcas, mídia e organizadores é fazer com que o evento caia no gosto popular a tempo de criar, no Rio, uma atmosfera propícia para o Brasil justificar o fato de ter sido o país sul-americano a abrigar os Jogos. O relógio está correndo. Rápido. 1
Chegou a hora de falar sobre os Jogos Olímpicos POR DUDA LOPES Diretor de Novos Negócios da Máquina do Esporte Faltam cem dias para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro e, agora, será inevitável: o assunto da mídia, torcedores e patrocinadores será o evento. E, para as empresas, o desafio será se destacar na multidão. O problema foi enfrentado também na Copa do Mundo. Em meio aos excessos de empresas vestidas de verde e amarelo, é difícil para o público identificar os patrocinadores. Para isso, o tempo faz diferença. Não é por acaso que algumas companhias martelam o aporte olímpicos há bastante tempo, ainda que sejam exceções. É o caso do Bradesco, que tem usado o aporte em comunicação e em eventos, e da Nissan, que tem usado o time de atletas até para promover lançamento de carro. Time de atletas, por sinal, tem sido estratégia comum para diversas empresas, mas isso não significa que o uso deles tenha sido constante até o momento. Ainda assim, serve como amostra de como algumas marcas vão se posicionar durante o evento. Com cem dias para os Jogos, quem tem interesse em se comunicar por meio dele não poderá mais hesitar. Até agora, há um tom negativo ao falar do evento, envolto às desconfianças da organização. Além disso, o momento político do país tem polarizado os meios de comunicação. Mas, na proximidade dos Jogos, já tem sido inevitável a virada de chave. Basicamente, chegou a hora de falar sobre o Rio-016. E, para os patrocinadores, há também um pouco da responsabilidade em tornar a agenda olímpica cada vez mais positiva. Essa é a hora de lembrar do quão excitantes serão as histórias a serem contadas em agosto. Chama Olímpica ganha conta em redes sociais pela primeira vez na história POR REDAÇÃO O revezamento da tocha olímpica ganhou conta no Twitter e no Facebook. Os perfis oficiais da chama entraram no ar na última quinta-feira (dia 1) e serão atualizados até o dia 1 de agosto, data do encerramento da Olimpíada do Rio de Janeiro. Pela rede social, será possível acompanhar os bastidores do percurso da chama olímpica, com fotos, vídeos e atualizações em textos. No Twitter, a conta é gerenciada em parceria com o Comitê Organizador. O perfil @Chama- Olímpica se apresenta como um andrógeno da Geração Y que, com espírito aventureiro, carismático e caloroso, fala diretamente com o público, e está constantemente se modificando ao morrer e renascer para cada edição. A ação é similar ao que foi feito na Copa do Mundo, quando a Adidas criou o perfil oficial da bola, a Brazuca. É a primeira vez que a tocha olímpica ganha voz própria nas redes sociais. A ideia é que o perfil continue ativo enquanto a chama real esteja acesa. É desativada com o encerramento do Rio 016, e ativada no próximo revezamento, diz Benjamin Paz, gerente de engajamento digital do Comitê Organizador dos Jogos. A primeira crise, porém, já está colocada: nas redes, pessoas que serão condutores da tocha têm reclamado do preço que o comitê cobra para que a pessoa compre a peça que carregar durante o percurso. O valor, de quase R$ mil, será cobrado via boleto bancário do condutor. O pagamento só poderá ser feito à vista.
POR DUDA LOPES 10 motivos para dizer que o Rio-016 já é um sucesso 1 8 ARENAS PRONTAS A maior parte do Parque Olímpico já está pronta. A organização segue o prazo das estruturas e muitas já receberam eventos testes, como o Centro Olímpico de Esportes Aquáticos. A preparação tem causado bem menos preocupação ao COI do que os Jogos de Atenas, por exemplo. SEGURANÇA Há um mês, o Governo Federal declarou ter investido R$ 30 milhões em segurança aos Jogos. A preocupação é um problema distante da realidade brasileira: terrorismo. Para prevenir a situação, foi criado o Comando Conjunto de Prevenção e Combate ao Terrorismo, com agências internacionais. 3 LEGADO NOS CLUBES Os grandes clubes do país têm se preparado para receber delegações internacionais. E, para isso, têm ganhado investimento de federações esportivas de países tradicionais nos Jogos Olímpicos. A estadia será temporária, mas a modernização das estruturas ficará para os atletas do país. TURISMO RENOVADO O Rio de Janeiro passa por diversas reformas para os Jogos. E a cidade, conhecida pela beleza, ganha novos cartões postais com o evento. O exemplo máximo dessa mudança é o Porto Maravilha, projeto de revitalização do porto. O Museu do Amanhã, no local, já é um novo símbolo da cidade. HOTÉIS RENOVADOS Para receber os Jogos, o Rio de Janeiro deveria oferecer 0 mil quartos durante o evento. Hoje, com o aumento de turismo na cidade, a meta já foi ultrapassada. Em comparação, eram 8 mil quartos disponíveis em 010. Além disso, muitos hotéis foram reformados e modernizados nos últimos anos. 6 ESPORTE MAIS RICO O esporte nacional nunca viu tanto investimento quanto agora. COB, federações e atletas têm recebido uma atenção do setor privado como nunca antes. Só o Bradesco apoia seis confederações. O judô tem seis parceiros. Em 009, só havia uma empresa privada que apoiava esportes olímpicos. 7 ESPORTE RENOVADO Consequência do maior investimento e do anseio da organização em ter o Brasil no top 10 de medalhas, houve um salto de investimento em profissionais com maior capacitação, inclusive com técnicos estrangeiros. O Brasil tem renovado como nunca seu elenco de atletas. Prova disso foi a não ida de Cesar Cielo ao Rio. VOLUNTARIADO Por corte no orçamento, o Comitê Organizador dos Jogos reduziu o número de voluntários de 70 mil para 0 mil. Ainda assim, isso não apaga o sucesso do programa, que teve mil inscritos. Ainda em 01, foi aberto um Centro de Formação para os voluntários, em parceria com a apoiadora Estácio, reforçando a capacitação dos envolvidos no evento. 9 INGRESSOS Até agora, 6% dos ingressos dos Jogos já foram vendidos. O favorito do público brasileiro tem sido o vôlei, a modalidade com as entradas mais procuradas. Neste mês, a organização anunciou uma nova venda para o futebol, que terá o ingresso mais barato do evento. Na área sem assentos na Arena Corinthians, por exemplo, a entradas custará apenas R$ 0. 10 AÇÕES SOCIAIS Ação social é uma ativação segura para qualquer patrocinador. Não por acaso, elas são recorrentes entres os parceiros do Rio-016. Apoio da Omega a Ongs, iniciativa da Nissan no Caju, curso de inglês da Education First, aulas de ciências da Dow, espaços esportivos da Nike... O social tem sido medalha de ouro nos Jogos Olímpicos.
10 motivos que preocupam a organização do Rio-016 POR ADALBERTO LEISTER FILHO 1 8 ARENAS INACABADAS Duas construções estão atrasadas: o Velódromo, no Parque Olímpico, e a pista de atletismo, no Engenhão. A arena de ciclismo tem o problema do delicado transporte de pinho siberiano, usado no piso, que cancelou o evento-teste. Já a pista de atletismo do Engenhão está sendo toda reconstruída. CRISE POLÍTICA Não se sabe quem será o presidente do Brasil no dia de agosto. Até lá, o processo de impeachment já deve ter sido resolvido. Mas a instabilidade política pode gerar uma onda de manifestações de rua, e a Olimpíada é o palco ideal para que esses movimentos ganhem uma visibilidade mundial. 3 CRISE ECONÔMICA O Brasil fechou 01 com queda de 3,8% no PIB. Para este ano, as previsões seguem pessimistas. A estagnação econômica já afetou o Estado do Rio de Janeiro, um dos principais responsáveis pela conta dos Jogos, que atrasou o pagamento de funcionários e ainda prejudicou serviços básicos, como atendimento nos hospitais. CRISE DO ZIKA Embora a Organização Mundial da Saúde tenha divulgado que a epidemia de zika está em regressão no Brasil, o problema ainda preocupa. Todas as instalações esportivas dos Jogos serão vistoriadas diariamente. Vários atletas já expressaram preocupação com o problema. METRÔ INACABADO Obra fundamental para o transporte durante os Jogos, a conclusão do primeiro trecho da linha do metrô, que liga Ipanema à Barra da Tijuca, sede da maioria das competições, está ameaçada de não ficar pronta. Caso a obra não seja entregue, a organização terá que fazer uma solução paliativa. 6 RISCO DO TERROR A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) já divulgou alerta de que o Brasil seria um dos alvos do Estado Islâmico. A visibilidade dos Jogos Olímpicos e o número de turistas e delegações internacionais faz com que o evento seja o palco ideal para a atuação de grupos terroristas, o que preocupa governo e organizadores. 7 POLUIÇÃO DA BAÍA Um dos principais legados seria a despoluição da Baía de Guanabara. No entanto, o poder público já admitiu a impossibilidade de finalização da obra. Com isso, os atletas que forem disputar a competição terão que conviver com o cheiro fétido e tomar cuidado com detritos acumulados na orla. A IMAGEM DO RIO À série de problemas que têm arranhado a imagem do Rio, soma-se o desabamento de parte da ciclovia Tim Maia, na última quinta-feira (dia 1). A obra de infraestrutura viária era uma das meninas dos olhos de divulgação da cidade por conta do belo trecho de orla que a cerca. No entanto, o acidente aconteceu pouco mais de três meses após sua inauguração. 9 A ORGANIZAÇÃO Finalizadas as grandes obras, o Comitê Organizador dos Jogos do Rio passa a conviver com milhares de microproblemas. E eles já apareceram. Houve apagão durante os eventos-teste de ginástica e natação, gerando reclamações de dirigentes. Houve protesto também da Federação Internacional de Tiro, que pediu ajustes na arena erguida em Deodoro. 10 QUAL O LEGADO? Boa parte das obras de infraestrutura será inaugurada às vésperas ou após os Jogos. É o caso de parte do Veículo Leve sobre Trilhos. A linha entre Praça XV e rodoviária Novo Rio, por exemplo, só deve ficar pronta depois do evento. Já os BRTs (ônibus articulados) terão só um trecho de 7 km da linha que vai de Deodoro à Av. Brasil (centro) em operação.