CONTROLE DE MOFO CINZENTO COM O USO DE Trichoderma C.A.R.DEMANT 1, E.L.FURTADO 2, M.D.ZANOTTO 3 e A.A.CHAGAS 4 Unesp Botucatu 1carlosdemant@terra.com.br, 2 elfurtado@fca.unesp.br, 3 hachagas@fca.unesp.br, 4 zanotto@fca.unesp.br RESUMO - Nas diversas tentativas de isolamento de Amphobotrys ricini a partir de plantas de mamona com sintomas, constatou-se com freqüência a presença do fungo Trichoderma sp. Nos levando a realizar este trabalho, pois já há diversos relatos do uso de Trichoderma sp para controlar fungos do gênero Botrytis gênero muito próximo deste. O objetivo do trabalho foi verificar a eficiência da aplicação de Trichoderma sp. para controle de mofo cinzento em plantas de mamona para isso foram plantadas 30 plantas da variedade AL guarani, 30 plantas do híbrido Savana e 30 plantas do híbrido Íris, que foram divididas em 6 parcelas sendo 3 parcelas tratadas com trichodermil (produto comercial contendo Trichoderma sp) e 3 sem tratamento, e todas elas recebendo inoculo da doença.sendo avaliada a severidade da doença pode-se verificar que Trichodermil se mostrou eficiente no controle de mofo cinzento da mamoneira em condição de estufa.tendo uma media de 1,35 de severidade contra 2,62 da testemunha não tratada. INTRODUÇÃO Nas diversas tentativas de isolamento de Amphobotrys ricini a partir de plantas de mamona com sintomas, constatou-se com freqüência a presença do fungo Trichoderma sp. nas culturas em placas de Petri, isso nos intrigou e ao fazer uma revisão sobre o tema, nos deparamos com o uso deste fungo no controle de várias espécies do gênero Botrytis sp. pode-se verificar, em alguns lugares do mundo, que este fungo é utilizado no controle deste fungo em diversas culturas. O mofo cinzento, causado pelo fungo Amphobotrys ricini, encontrada no Brasil desde 1932, sendo considerada hoje a doença mais importante da mamoneira, devido a rápida e completa destruição dos cachos, principalmente quando as condições climáticas são favoráveis (MASSOLA JR e BEDENDO, 1995). Esta doença foi ganhando importância com à medida que foi se intensificando a exploração comercial da mamona passando a causar grandes prejuízos, no estado de Pernambuco, onde pode-se constatar índices de doenças variando de 9,02 a 80,99 %variando de acordo com a cultivar utilizada (LIMA e SOARES1990), prejuízos estes que se agravaram ao se utilizar novos híbridos e cultivares, objetivando uma maior produtividade, porém a maioria destes materiais se mostram altamente susceptíveis a mesma.
Sua distribuição é praticamente generalizada ocorrendo praticamente em todas as regiões cultivadas no Brasil, com exceção de algumas regiões do Acre (LIMA et al. 2001). Segundo Anjani et al. (2002) o mofo cinzento assim como a murcha de Fusarium e Macrophomina phaseolina podem causar de 80 a 100% perdas nas lavouras indianas, país que hoje é o maior produtor de mamonas. O fungo ataca a inflorescência e os frutos da mamoneira em qualquer fase de desenvolvimento, começando como manchas de coloração azulada com exsudação amarela nas folhas, caules e cachos, e em condições climáticas ideais (temperaturas próximas de 25 o C e umidade elevada) o fungo continua a sua colonização podendo envolver todo o cacho com sua massa micelial olivácea (MASSOLA JR e BEDENDO,1995). Nesta massa ocorre uma esporulação abundante formando uma nuvem cinzenta de conídios quando os cachos se agitam. Como conseqüência desta colonização ocorre a completa deterioração das inflorescências e frutos, e quando as sementes chegam a serem formadas apresentam redução no teor de óleo. Infecção das folhas e caules podem ocorrer porem é menos comum. Segundo Kolte (1995) a planta começa mostrando os mesmos sintomas descritos, mas as manchas azuis começam a soltar um exsudato com aparência de mel e depois começam a necrosar o tecido envolvido e ressalta que o sintoma aparece mais em partes jovens da planta. O fungo causador do mofo cinzento foi tratado até 1973 como Botrytis ricini, quando foi transferido para o gênero Amphobotrys (HENNNEBERT, 1973apud HOFFMAN, 2003), passando a adotar o nome de Amphobotrys ricini, denuncia que existem muitas semelhanças entre os gêneros. Luca et al. (2002); Silva-Ribeiro et al. (2001) verificaram que quando foi feita uma aplicação de Trichoderma em pequenas frutas (morango, blueberry e framboesas diversas Berry ) uma semana antes da colheita isso diminuiu satisfatoriamente a infestação destas por Botrytis cinerea, mas quando a aplicação foi feita no momento da colheita não pode se observar nenhum controle Concha e Enrique (1995); Pinto e Daniel-Alexandro (2001) verificaram que a aplicação de Trichoderma harzianum sobre cachos de uva, no Chile, controlaram de maneira satisfatória a incidência de Botrytis cynerea e ainda diminuiu a indução de resistência a fungicidas no patógeno. Jalil et al. (1997) verificaram que existe o efeito antagônico de Trichoderma spp. sobre Botrytis e que a melhor temperatura para que o Trichoderma realize este controle é de 20 o C. Apablaza et al (1998) vericiaram que o melhor controle para Botrytis em tomate é a aplicação de pirimethanil com Trichoderma sp.
Por acreditar no potencial deste fungo num controle limpo e eficiente do mofo cinzento foi realizado este trabalho para verificar a eficiência da aplicação de Trichoderma sp. para controle de mofo cinzento em plantas de mamona MATERIAL E MÉTODOS Obtenção e manejo das plantas: Na estufa pertencente ao Setor de Defesa Fitossanitária, da faculdade de Ciências Agronômicas de Botucatu, foram colocadas 2 sementes de mamona por vaso de 2 litros, contendo solo autoclavado, irrigadas por 1 minuto, de hora em hora, com o auxílio de nebulizadores. Totalizando 30 plantas da variedade AL guarani, 30 plantas do híbrido Savana e 30 plantas do híbrido Íris. As plantas foram divididas em dois lotes: um pulverizado e outro não pulverizado e depois distribuídas de forma casualizada, sendo assim cada genótipo considerado como uma repetição, sendo o experimento constituído de 3 variedades, com e sem Trichoderma e 15 repetições. As plantas foram cultivadas até iniciarem a florada, quando 30% das plantas iniciaram a emissão da inflorescência pulverizou-se Trichoderma sp na forma do produto comercial Trichodermil, produzido pela empresa Itaforte S/A, utilizando-se a dosagem de 2 l/ha. do produto semanalmente. Na terceira semana foi feita uma inoculação com uma solução de 10 4 esporos/ml em todas as plantas, continuando a pulverização semanal de trichodermil. Após uma semana, outra inoculação foi efetuada, agora utilizando-se cachos infectados colhidos no campo e distribuídos em volta da área do experimento afim de fornecerem inóculo. Na sexta semana as plantas foram avaliadas. Preparo, isolamento e manutenção do inóculo O inóculo foi obtido em amostras coletadas num plantio experimental de mamona do híbrido Savana, em Botucatu, isolados em meio de cultura Agar Batata Dextrose (BDA). O mesmo foi repicado quinzenalmente afim de se manter e multiplicar o inóculo, sendo este mantido a 25 o C com fotoperiodo de 12 horas. Após a obtenção de culturas puras, os esporos foram retirados água destilada com auxilio da alça de Drigalski e quantificado em uma câmara de Newbauer fazendo diluições até se obter10 4 esporos /ml, esta suspensão foi então pulverizada sobre todas as plantas.. Avaliação do experimento: Para avaliar este experimento foram estabelecidas notas para a severidade da doença da seguinte forma:nota 1- ausência de necroses e sinais na planta, 2- folhas baixeiras ou cacho com necrose em menos de 50% de sua área, 3- folhas baixeiras ou cacho com necrose em 50% de sua
área, 4- folhas baixeiras ou cacho com necrose em mais de 50% de sua área, 5- folhas baixeiras ou cacho totalmente necrosado Os dados coletados foram submetidos a análise estatística pelo teste de Tukey a 5% RESULTADOS E DISCUSSÃO A média final das notas foi de 1,35, onde foi aplicado Trichodermil semanalmente. Enquanto onde não foi aplicado o produto a média das notas foi de 2,62, resultando em um controle próximo a 50%, levando-se em consideração a severidade da doença. Quando avaliamos a incidência da doença, notamos uma diferença ainda maior: nas plantas tratadas a incidência foi de 26,6% (12 plantas em 45) e nas plantas não tratadas a incidência foi de 86,6% (39 plantas em 45), sendo 60% maior que a não tratada. Diante destes resultados podemos afirmar que Trichodermil foi efetivo no controle do mofo cinzento, nas condições do presentre experimento. Neste experimento verificou-se a presença de sintomas e sinais de Amphobotrys ricini nas folhas, o que é difícil de ser evidenciado no campo. Se faz necessário a repetição destes testes em campo para verificar a dosagem e a freqüência ideais para a aplicação do produto. CONCLUSÃO estufa. Trichodermil se mostrou eficiente no controle de mofo cinzento da mamoneira em condição de REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANJANI, K. ; RAOOF, M. A.; REDDY, P.A.V.; RAO, C. H. Sources of resistance to major castor (Ricinus communis L.) diseases. Bulletin de Ressources n. 137, p. 46-48, 2002 APABLAZA H. et al Efectividad de Trichoderma harzianum y Pirimetanil en el control del moho gris Botrytis cinerea en tomate en invernadero. Ciencia e Investigation Agraria (Chile). (Ene-Abr 1998). v. 25(1) p. 51-58. CONCHA,L ENRIQUE, J. Efectividad de Trichoderma spp. para el control biologico de Botrytis cinerea en vid. Universidad Catolica de Chile, Fac. de Agronomia, Santiago (Chile), 1995. JALIL, C.; et al Efecto de la temperatura sobre el crecimiento micelial de Botrytis cinerea y de su antagonista Trichoderma harzianum.ciencia e Investigacion Agraria (Chile). (May-Dic 1997). v. 24(2-3) p. 125-132.
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