TRABALHO DE RECUPERAÇÃO - PORTUGUÊS - 2º TRIMESTRE Produção de texto As notícias a seguir foram publicadas com quase dois anos de intervalo: em janeiro de 2012 e outubro de 2013, respectivamente. Leia-as com atenção. Notícia 1 Desmatamento abre crateras em Goiás Polícia intimou proprietários de terra para conter o avanço das voçorocas, que engolem tudo o que está entorno. No sudoeste do Estado, foram encontrados 50 desses buracos; maioria está em pastagens e áreas agrícolas HTTP://JOAOCABRAL.WORDPRESSCOM/2009/06/ Enorme cratera aberta por causa do desmatamento e da ação das chuvas no solo arenoso, chamada de voçoroca, em Planaltina, Goiás. A Delegacia do Meio Ambiente de Goiás vai intimar proprietários de terra para conter o aumento das voçorocas, crateras provocadas por desmatamento e por más práticas agrícolas que atingem o lençol freático e engolem o que está ao redor. Só no sudoeste do Estado, a polícia encontrou 50 novas voçorocas no ano passado, durante monitoramento feito via satélite e em sobrevoos na região. A maioria está em áreas particulares, no meio de pastagens ou em produções de soja, cana e milho. Se os donos das terras não adotarem medidas como permitir a regeneração natural da área, serão indiciados sob suspeita de crime ambiental. O delegado [ ] diz que eles não podem ser responsabilizados por provocar as voçorocas, mas responderão por impedir ou difi cultar a regeneração do solo. A pena é de multa e até um ano de prisão. A ideia é frear o crescimento das crateras que existem, já que não é possível recuperar as áreas erodidas. Alan Marques/Folhapress
Notícia 2 Ensino Infantil - Ensino Fundamental Tamanho não é documento A área das crateras varia. Uma das mais conhecidas é a Chitolina, no município de Mineiros, com 20 m de profundidade e 800 m de comprimento. Originada nos anos 1980 e hoje sob controle, a cratera surgiu após chuvas intensas, segundo pesquisadora da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). O buraco surgiu com 120 m de comprimento, tamanho que dobrou no ano seguinte. As voçorocas são mais comuns em locais de solo arenoso e surgem quando chove muito e a água não consegue se infiltrar no solo. É possível encontrá-las também em São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e na região Sul. O Parque Nacional das Emas, na divisa com MT e MS, já sente os impactos de três incômodas vizinhas. O trio de voçorocas leva solo e areia ao leito do rio, o que altera a qualidade da água e atinge animais que vivem ali. A responsabilidade por multar os proprietários que permitem o avanço de voçorocas é do Ibama1 e da Semarh2, que não souberam informar se fizeram esse tipo de autuação nos últimos anos. LUCHETE, Felipe. Desmatamento abre crateras em Goiás. Folha Online, São Paulo, 23 jan. 2012. Disponível em: <www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/21514-desmatamento-abre-crateras-em-goias.shtml>. Acesso em: 24 nov. 2013. Adaptado. Vocabulário Ibama1: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, órgão federal responsável pelo meio ambiente, cuida da preservação, controle, fiscalização e conservação da fauna e flora. Também realiza estudos sobre o ambiente e atua na área de licenças ambientais. Semarh2: Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos de Goiás. Notícia 3 Erosão de 300 metros de extensão preocupa moradores de Cravinhos Segundo fazendeiros, voçoroca na zona rural se expande desde 2000. Construtora que abriu loteamento alega ter plano para recuperar área. Erosão ameaça bairros em Cravinhos, afirmam moradores.
Uma erosão de 300 metros de extensão, 32 de profundidade e com uma área total de 8 mil metros quadrados vem causando preocupação aos moradores da zona rural de Cravinhos (SP) e ameaça pelo menos dois bairros. Segundo fazendeiros que vivem na área, a voçoroca começou a se formar em 2000 após a abertura de um loteamento. Desde então, uma adutora que despeja o esgoto das moradias tem prejudicado o terreno, afirmam moradores. A Prefeitura diz que encomendou um estudo para avaliar de quem é a responsabilidade sobre o problema. A empresa responsável pelo loteamento comunicou já ter um plano para recuperar a área. Um fazendeiro, dono de uma propriedade na região há 80 anos, está indignado com a situação. O buraco era pequeno no início e já era causado pelo loteamento. A água dos bairros continuou sendo despejada na área verde e o problema só foi aumentando, contou. A erosão fez com que os fazendeiros da região pleiteassem na Justiça uma solução para o caso. Em 2005, outro fazendeiro que mora ao lado da erosão entrou com uma ação pelos danos causados em sua propriedade. A água atinge uma lagoa que ele utiliza para a criação de peixes e que virou somente barro, disse um vizinho. Em junho do ano passado, o juiz determinou que a Prefeitura de Cravinhos e a ex-proprietária da área do loteamento fizessem as obras necessárias para acabar com a voçoroca, mas as partes entraram com recurso e o prazo de cumprimento foi suspenso até o julgamento. Disponível em: <http://g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/noticia/2013/10/erosao-de-300-metros-de-extensaopreocupamoradores-de-cravinhos.html>. Acesso em: 24 nov. 2013. Seu trabalho agora será escrever uma carta, comentando (elogiando, criticando) o conteúdo desses textos. Outras instruções Sua carta poderá ser destinada: ao editor do site que publicou a última notícia; ao presidente do Ibama; a qualquer dos envolvidos no problema (fazendeiros, proprietários do loteamento de Cravinhos, juiz ). Lembre-se de que as cartas de leitores caracterizam-se: pela estrutura bem definida; pela adequação da linguagem ao destinatário. Em sua carta, você poderá concordar/elogiar ou discordar/criticar. Em qualquer dos casos, porém, você certamente emitirá alguma opinião. Não deixe de apresentar argumentos (pelo menos dois) que a justifiquem. Interpretação de texto O padeiro 1 Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho a chaleira no fogo para fazer café e abro a porta do apartamento mas não encontro o pão costumeiro. No mesmo instante me lembro de ter lido alguma coisa nos jornais da véspera sobre a greve do pão dormido. De resto não é bem uma greve, é um lockout, greve dos patrões, que suspenderam o trabalho noturno; acham que obrigando o povo a tomar seu café da manhã com pão dormido conseguirão não sei bem o que do governo. 2 Está bem. Tomo o meu café com pão dormido, que não é tão ruim assim. E enquanto tomo café vou me lembrando de um homem modesto que conheci antigamente. Quando vinha deixar o pão à porta do apartamento, ele apertava a campainha, mas, para não incomodar os moradores, avisava gritando: 3 -- Não é ninguém, é o padeiro. 4 Interroguei-o uma vez: como tivera a ideia de gritar aquilo? 5 Então você não é ninguém?
6 - Ele abriu um sorriso largo. Explicou que aprendera aquilo de ouvido. Muitas vezes lhe acontecera bater a campainha de uma casa e ser atendido por uma empregada ou outra pessoa qualquer, e ouvir uma voz que vinha lá de dentro perguntando quem era; e ouvir a pessoa que o atendera dizer para dentro: não é ninguém, não, senhora, é o padeiro. Assim ficara sabendo que não era ninguém... 7 Ele me contou isso sem mágoa nenhuma, e se despediu ainda sorrindo. Eu não quis detê-lo para explicar que estava falando com um colega, ainda que menos importante. Naquele tempo eu também, como os padeiros, fazia o trabalho noturno. Era pela madrugada que deixava a redação do jornal, quase sempre depois de uma passagem pela oficina e muitas vezes saía já levando nas mãos um dos primeiros exemplares rodados, o jornal ainda quentinho da máquina, como pão saído do forno. 8 Ah, eu era rapaz, eu era rapaz naquele tempo! E às vezes me julgava importante porque no jornal que levava para casa, além de reportagens ou notas que eu escrevera sem assinar, ia uma crônica ou artigo com o meu nome. O jornal e o pão estariam bem cedinho na porta de cada lar; e dentro do meu coração eu recebi a lição de humildade daquele homem entre todos útil e entre todos alegre; não é ninguém, é o padeiro! 9 E assobiava pelas escadas. BRAGA, Rubem. O padeiro. In: Ai de ti, Copacabana. 11a ed. Rio de Janeiro: Record, 1996, p.18.) 1. Considerando a ordenação temporal da narrativa, faça o que se pede a seguir. a) Divida o texto da crônica em três segmentos, indicando o parágrafo em que se inicia e termina cada segmento. b) Justifique a divisão que você realizou, explicando a mudança de assunto e a mudança de tempo verbal de um segmento para outro. 2. Na crônica O padeiro, temos o seguinte encadeamento: um acontecimento do cotidiano; uma recordação (lembrança reavivada), provocada pelo acontecimento; uma comparação, em torno da qual se explicita o tema central da crônica. a) Escreva um pequeno parágrafo, explicando a comparação. b) Encontre, no 8º parágrafo, uma expressão que traduz o tema central da crônica. Prática gramatical Texto para as questões 1 a 3. Infantil O menino ia no mato e a onça comeu ele. Depois o caminhão passou por dentro do corpo do menino e ele foi contar para a mãe. A mãe disse: mas se a onça comeu você, como é que o caminhão passou por dentro do seu corpo? É que o caminhão só passou renteando meu corpo e eu desviei depressa. Olha, mãe, eu só queria inventar uma poesia. Eu não preciso de fazer razão. BARROS, Manoel de. 1. Identifique os pronomes pessoais do caso reto empregados no poema.
2. No segundo verso, o pronome pessoal do caso reto foi empregado como sujeito ou complemento do verbo? Explique por que seu uso está adequado ao contexto. 3. O predicado verbal emprega verbos transitivos, isto é, aqueles que se acompanham de complemento verbal. a) No verso e ele foi contar para a mãe, o objeto direto do verbo contar não está explícito, mas é possível perceber o que o menino foi contar para a mãe. Como esse complemento poderia ser nomeado, levando em conta o contexto do poema? b) Releia os versos: O menino ia no mato Depois o caminhão passou por dentro do corpo do menino e eu desviei depressa É correto afirmar que, nos três versos, os verbos são do mesmo tipo, em relação a serem de ligação, transitivos ou intransitivos? Justifique. 4. Observe a oração: Recorro às minhas reservas florestais. a) Qual é a predicação verbal? b) Qual é a função sintática do termo às minhas reservas florestais? c) Reescreva a oração substituindo o verbo recorrer por apelar. Identifique a alteração sintática ocorrida. 5. O acento grave indica a existência de crase. Use-o quando necessário nas frases a seguir. a) Saímos a pé e começamos a procurar o fugitivo. b) A noite descia, mas já chegávamos a fazenda de Pedro. c) O presente que demos a ela foi enviado pelos correios as duas horas daquele dia.