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Transcrição:

O Sistema de Deposicão

O sistema de deposição é acumulação de detritos num determinado local, transportados pelas águas, ventos, erosão, glaciares, etc.; Os resultados do ambiente deposicional actual são usados na comparação com os ambientes passados para inferir as suas condições; Depósitos fluviais são originários dos rios, contudo, a sua competência de transporte decresce com acumulação no seu leito de elementos costeiros (pedregulhos, pedras arredondadas, seixos), mas os elementos finos (areia, lodo, lama) são transportados rio a baixo; Os sedimentos são formados em dois tipos básicos: Clásticos e precipitados: i. Sedimentos Clásticos-são formados a partir de fracturas de rochas pré-existentes que podem ser ígneas, metamórficas, arenitos, sedimentares, etc. ;

Sedimentos Precipitados são formados pelas precipitações biogénicas ou inorgânicas que provêm das soluções marinhas ou de água doce; Os Depósitos Lacustres são formados no fundo dos lagos e a variação de sedimentação é na ordem de milímetros por ano (mm/a) são superfícies muitos lisos e normalmente conhecidos por playas compostos por níveis de seixos, areia grossa, lodo e argila; As linhas costeiras dos lagos antigos assim como depósitos das bacias hidrográficas são áreas com maior potencial de existência de estacões arqueológicas.

As mudanças no tamanho das partículas dos materiais clásticos, nos lagos salgados podem estar associados com a deposição de precipitados químicos, carbonatos (calcite, aragonite e dolomite); O calcite é o mineral dominante quimicamente depositado nos lagos da água doce; A erosão, transporte e deposição do material grosso é sobretudo confinado nas zonas baixas do lago perto da costa que também é a área onde as evidências da ocupação humana normalmente ocorrem; As plantas são abundantes nas bacias baixas ou nas orlas dos lagos e eram recursos indispensáveis para as comunidades pré-históricas, razão pela qual regista-se quantidade considerável de evidências nestas zonas.

Formação das estações no contexto das bacias hidrográficas Contextos relacionados com os lagos têm variedades de ambientes micro-deposicionais que protegem e destroem as estações arqueológicas; Ambientes de baixa energia associados às inundações das margens podem enterrar e proteger as estações, enquanto que os artefactos nos regimes de alta energia (ondas) ao longo da linha da costa, delta do rio e entrada das águas são susceptíveis a erosão e a redeposição, provocando assim a mistura de vários níveis de ocupação ou artefactos; As características da linha costeira lacustre possuem maior potencial para localizar evidências arqueológicas, mas o nível de alta energia (ondas) pode modificar o contexto sistemático destas ocorrências.

Sistemas deposicionais de desertos um conjunto diverso de depósitos sedimentares existem nos desertos áridos ou semiáridos e o que distingue o sistema de deserto dos outros sistemas é ausência de água perto o que afecta directamente a habitabilidade das regiões desérticas; Efeitos do vento-pode enterrar locais de manufactura de artefactos ou evidências associadas ao contexto do comportamento ocupacional da estacão subforma de duna ou outra forma de depósitos conservando-os. As evidencias da ocupação humana são localizadas nas zonas onde no passado havia água.

Sistemas deposicionais de cavernas e abrigos rochosos As cavernas têm sido fontes inportantes na informação arqueológica no velho e no novo mundo; Como em outros cenários deposicionais, muitos processos sedimentares são envolvidos na criação do material que enchem cavernas e abrigos rochosos; Onde existem cavernas e abrigos rochosos, ocorrem ambos os processos clásticos e químicos; Em adição com restos depositados pela ocupação humana ou animais, material clástico inclui deposição fluvial, deposição eólica, lavagens, a queda da pedra, etc. enquanto que precipitados químicos são vários, deposição de calcites (fluidos da pedra e gotas de água que caem da pedra).

A maior parte do material clástico que enchem as cavernas, abrigos rochosos e grutas provêm de desagregação ou desgaste das rochas devido ao tempo; A maior parte das cavernas e abrigos rochosos são formados pela pedra calcária que são sistemas deposicionais importantes para estudos arqueológicos devido ao seu potencial de enterramento e preservação das evidências; Nas cavernas de pedra de calcária as águas que penetram no seu interior produzem estalactites e estalagmites quando o calcite é precipitado. Esses depósitos têm sido usado extensivamente para cronologias relacionados com os artefactos e paleoclimas;

As cavernas e abrigos rochosos da pedra de calcária são formadas pela dissolução através das águas subterrâneas; As águas subterrâneas criam cavernas primeiramente no leito da pedra de calcária dissolvendo o carbonato que pode ser redepositado como travertino e tufas quando a evaporação satura a solução; Na África do Sul séries de cavernas, como Sterkfontein, Taung, Swartkrans e Kromdraai foram formados de dolomite e carbonato cálciomagnésio.

Os mecanismos de sedimentação dentro das cavernas e abrigos rochosos de arenitos incorpora 4 processos que podem ser reconhecidos pela distribuição do tamanho dos grãos e estruturas sedimentares; Os 4 processos incluem caída da pedra, atrito (desintegração), lavagem de superfície e as cheias; Cavernas das rochas ígneas são de origem vulcânica e em muitos dos casos possuem evidências da ocupação humana;

O Sistema Glacial Os glaciares são acumulações de gelo no cume das montanhas que também afectaram a localização da ocupação humana; Os glaciares movem-se do cimo da montanha para a superfície, formando vales em forma de U transportando no seu percurso vários elementos que vai depositando. Existem periodos proglacial e periglacial Os glaciares de pleistoceno cobriu vastas áreas da terra onde correu e depositou os sedimentos. As flutuações de glaciares influenciaram a habitabilidade de certas áreas;

Os três tipos de glaciares são: i. Os formados no cimo das montanhas; ii.os que se espalham e correm nos vales até encostas montanhosas; iii.camadas de gelo que cobrem os continentes. As rochas incorporadas dentro de glaciares corroem a superfície da terra e o material corroído é transportado e depositado como tilito (sedimento glacial sem estrato) enquanto que a fusão glacial pode produzir depósito fluvial glacial estratificado; Tilito depositado na orla dos glaciares criam moraina acumulação de rochas detríticas provenientes do transporte realizado pelas geleiras.

Sistemas deposicionais marinhos e costeiros As margens das grandes porções de água (grandes lagos, mares e oceanos) contém vários ambientes sedimentares com maior significância arqueológica; Os sedimentos são depositados como praias, as dunas da costa do litoral, deltas, cabos, etc. as mudanças no nível de água pode inundar ou deixar praias formando linhas costeiras abandonadas; Essas margens foram locais preferidos pela sociedade humana, a ausência de estações nas zonas costeiras podem ser explicadas que muitas delas estão submersas.

Nas áreas costeiras combinam tres processos geológicos para conduzir a mudança geomorfológica: i. Mudanças no nível do mar com impacto imediato na zona costeira; ii.movimentos tectónicos verticais; iii.erosão ou deposição pode conduzir às migrações transgressionais ou regressionais da linha costeira.

Os processos costeiros e a formação das estações Os processos costeiros da linha da costa podem erodir e redepositar ou enterrar os locais com evidências das actividades humanas do passado; As sequências progradacionais podem organizar as estações localizadas ao longo da linha costeira cronologicamente (as estações mais antigas estarão longe das margens actuais e as mais recentes nas margens actuais) enquanto que episódios transgressivos podem resultar nas superfícies erodidas e a redeposição de artefactos.

Formação dos contextos do registo arqueológico Para entender de forma completa os processos que contribuem na formação dos contextos do registo arqueológico é necessário estudar as actividades humanas e outros processos naturais; Uma das abordagens conceptuais mais poderosas na geoarqueologia é a aplicação da toponímia do artefacto. A interpretação do registo arqueológico baseada na abordagem geoarqueológica da formacao da estacao é fundada na metodologia direccionada na toponímia do artefacto

Toponímia é perspectiva da interpretação baseada no estudo dos processos de formação que afecta os padrões espaciais finais e o carácter composicional do registo arqueológico.