Capacidade de Pilhas Recarregáveis. Relatório Projeto FEUP

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Transcrição:

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Relatório Projeto FEUP Armando Sousa & Manuel Firmino Projeto FEUP 2014/2015 -- MIEEC: J.N.Fidalgo Equipa 3023: Supervisor: Paulo Costa Monitor: Manuel Silva Estudantes & Autores: João Fonseca up201403802@fe.up.pt Alexandre Pinto up201406090@fe.up.pt Pedro Cova up201403635@email.com Francisco Mora up201404294@email.com M. Alexandra Oliveira up201404813@fe.up.pt 1

Resumo No âmbito da Unidade Curricular Projeto FEUP, foi elaborado pelo grupo 3 da turma 2 de MIEEC, este relatório com o tema A capacidade disponível em Pilhas Recarregáveis. Com o objetivo de estudar a verdadeira capacidade disponível em Pilhas Recarregáveis, comparou-se essa capacidade com o valor esperado segundo o fabricante e as várias tecnologias de pilhas. Numa primeira parte é apresentada um pouco da história das pilhas, a sua estrutura, o seu funcionamento e as diferenças relevantes entre pilhas recarregáveis níquel cadmio e níquel metal e não recarregáveis alcalinas. Posteriormente estuda-se a capacidade disponível nas várias pilhas de diferentes tecnologias, comparando esses valores entre si e com o valor que seria esperado segundo as especificações do fabricante. Assim, é possível avaliar qual a melhor tecnologia de pilhas para cada caso e verificar se as especificações do fabricante são ou não algo otimistas. Acabando por se chegar a conclusão que a capacidade-efetiva da pilha é menor do que as especificações do fabricante. As pilhas Alcalinas têm uma maior capacidade do que as pilhas Ni-MH, tendo a desvantagem de não serem recarregáveis. Palavras-Chave Pilha; Recarregável; Níquel-Metal; Níquel Cádmio; Alcalinas; Tensão; Capacidade; Energia; Corrente; Intensidade de corrente; auto-descarga; ciclos de carga/descarga; Bateria; 2

Agradecimentos O grupo 1MIEEC02_3 agradece desde já ao supervisor, professor Paulo Costa, pela ajuda prestada, pela orientação eficiente durante a realização do projeto, assim como o esclarecimento de dúvidas sobre qualquer tópico relacionado com o tema. Em segundo lugar, manifesta também a sua gratidão ao monitor Manuel Silva pela preocupação revelada para com o melhoramento do projeto e o seu cuidado em dispor um pouco do seu tempo para a preparação da apresentação. Por último, agradece a todos os envolvidos na elaboração do projeto FEUP, pelas competências formais e informais adquiridas ao longo da execução do trabalho. 3

Índice Resumo... 2 Palavras-Chave... 2 Agradecimentos... 3 Lista de figuras... 5 1. Introdução... 6 2. História das Pilhas... 6 2.1. Invenção/Descoberta das Pilhas... 6 2.2. Invenção das Pilhas Recarregáveis... 7 3. Pilhas... 7 3.1. Funcionamento e composição... 7 3.2 Características principais de uma pilha... 8 3.3 Pilhas recarregáveis... 13 3.3.1 Cuidados a ter com as pilhas recarregáveis em geral... 15 3.3.2 Vantagens e Desvantagens das pilhas recarregáveis... 16 3.4 Diferenças entre as pilhas primárias e as pilhas secundárias... 17 4.Estudo... 17 4.1.Métodos/Procedimentos... 17 4.2. Resultados... 18 4.3. Discussão... 21 5. Conclusões... 22 6. Referências bibliográficas... 23 4

Lista de figuras Lista de Gráficos Gráfico 1... 18 Gráfico 2... 20 Lista de Imagens Figura 1: Circuito Elétrico... 9 Figura 2: Pilha Alcalina... 11 Lista de Tabelas Tabela 1... 14 Tabela 2... 17 Tabela 3... 19 Tabela 4... 19 Tabela 5... 19 Tabela 6... 20 Tabela 7... 20 Tabela 8... 20 5

1. Introdução Desde a sua invenção têm assumido um papel muito significativo no nosso quotidiano estando presentes na maioria dos dispositivos portáteis que utilizamos. Com os seus inúmeros tamanhos e características, estes objetos têm sido constantemente melhorados e têm evoluído até aos dias de hoje. Existem dois tipos de pilhas, as não recarregáveis e as recarregáveis. Cada tipo tem as suas próprias características, vários tipos de tecnologia e diferenças entre si, sendo desenvolvidas com diferentes intuitos. Na base dessas diferenças está a capacidade de cada pilha, sendo este o foco principal deste relatório, avaliar a capacidade das pilhas recarregáveis, comparando com as especificações técnicas do vendedor e com as pilhas não recarregáveis. 2. História das Pilhas Ocorreu há dois séculos a descoberta de um aparelho com uma importância considerável no desenvolvimento da Eletricidade a pilha elétrica. Foi durante o ano de 1799 que Alessandro Volta realizou um conjunto de experiências que levaram à invenção da pilha e promoveram a revisão das considerações teóricas que fundamentavam o galvanismo. (Vaz 1999) 2.1. Invenção/Descoberta das Pilhas Em 1780, Luigi Galvani observou que o contacto de dois metais diferentes com o músculo de uma rã criavam corrente elétrica. Alessandro Volta interessou-se pelo trabalho de Galvani e começou a fazer experiências somente com metais, na hipótese que o tecido muscular animal não era necessário para produzir corrente elétrica. Em 1800 realizou com sucesso a demonstração do funcionamento da primeira pilha elétrica, validando a sua hipótese. ( Alessandro Volta, Inventor Da Pilha Elétrica (1745-1827) - Notícia Inmesol Gensets 2013) A pilha de Alessandro Volta consiste em metais de dois tipos separados por panos humedecidos em sal ou ácido fraco. Os discos de metal ficavam empilhados, por isso o nome pilha. Os primeiros metais usados por Volta foram a prata e o zinco. (Elétrico and Jar) 6

2.2. Invenção das Pilhas Recarregáveis Bateria de chumbo-ácido foi a primeira bateria re-carregável da história inventada por Gaston Planté. O seu uso inicial foi em sinalizações ferroviárias, e hoje é largamente usado em automóveis. Essa bateria utiliza o chumbo (Pb) e dióxido de chumbo (PbSO 4 ) imersos em uma solução de ácido sulfúrico (H 2 SO 4 ). Repare que uma substância composta é usada em um dos elétrodos. Cada célula da bateria gera 2V. (Elétrico and Jar) 3. Pilhas A pilha mais antiga, que ainda funciona, encontra-se num laboratório em Inglaterra. Desde 1840 que não parou de emitir uma fraca corrente elétrica. (vives malondro 2004) A grande vantagem das pilhas é que estas são capazes de fornecer energia elétrica em locais isolados da rede (ex: mp3), dentro dos limites da potência máxima, sendo possível ligar e desligar sempre que se desejar. Geralmente não é necessário qualquer tipo de assistência técnica. 3.1. Funcionamento e composição Uma pilha é um dispositivo, que através de uma reação química, produz eletricidade. Foi inventada por Alessandro Volta em 1800 o físico descobriu que ao introduzir um pedaço de tecido previamente mergulhado numa solução ligeiramente ácida (o eletrólito) entre um disco de cobre e um de zinco, gerava-se uma tensão elétrica entre estes dois metais e consequentemente, produzia-se uma corrente elétrica. Este dispositivo eletroquímico é constituído por três substâncias químicas: o eletrólito (solução química), o responsável pela reação entre os dois metais (elétrodos o ânodo e o cátodo) mergulhados nele. Aquando este momento, os eletrões dos seus átomos movemse freneticamente e uma grande parte deles são acumulados no cátodo, que ficou reduzido graças à ocorrência de uma reação química de oxidação no ânodo. Assim, ambas as substâncias ficam carregadas eletricamente, mas com cargas opostas. Posto isto, a eletricidade está gerada. No eletrólito, existe apenas movimento dos iões que garantem a continuidade da reação química. 7

3.2 Características principais de uma pilha Capacidade: A capacidade de uma pilha refere-se à quantidade de energia que é possível reter no processo de carga e que posteriormente será usada. Esta informação encontrase impressa na pilha e é medida em Ampère - hora (Ah). É um factor a ter em consideração no momento da compra, dependendo da utilidade que lhe será empregue. Capacidade nominal: refere-se à capacidade da pilha que é possível obter em condições normais de utilização Capacidade específica/volúmica: é caracterizada pelo volume da massa ativa (a substância que mais contribuiu para o fornecimento de energia na reação). É medida em Ah/Kg. A capacidade específica do Zinco é de 820 Ah/Kg. Carga: é o fator determinante no funcionamento de uma pilha. Para a obter é necessário carregar a pilha, isto é, fazer com que esta seja atravessada por uma corrente elétrica num determinado sentido, de forma a que, no seu interior, as reações química absorvam e armazenem a energia fornecida. Tensão: Corresponde à diferença de potencial que se gera nos terminais de uma bateria. A este termo associa-se a força eletromotriz (f.e.m), que é uma diferença de potencial, necessária para se gerar corrente elétrica Pode ser medida (em Volts) ligando ambos os elétrodos através de um voltímetro. É influenciada por vários fatores, como a natureza dos elétrodos, dos iões, da sua concentração e temperatura. A tensão decresce com o tempo. O ideal seria ter uma pilha cuja tensão se mantivesse constante ao longo do mesmo. Todavia, na realidade isso não é possível, pois a pilha vai descarregando. Tal pode ser concluído se se traçar as curvas de descarga de uma pilha. Potência: a potência de uma pilha é medida em Watts (W) e resulta do produto da tensão dos extremos, pela intensidade da corrente: P=V*I. Tal como é possível deduzir através da expressão, para uma tensão constante, quanto mais forte for a intensidade da corrente maior é a potência, e vice-versa. 8

Para melhor se entender este conceito recorre-se ao seguinte esquema: Figura 1: Circuito Elétrico (Circuito eléctrico alimentado por uma fonte de tensão real. 2003. Física Laboratorial. Departamento de Física da FCTUC) VAB - variação da tensão entre os terminais: diferença de potencial; E- força eletromotriz associada à pilha; ri resistência interna da pilha; I intensidade da corrente; VAB = RI= E(V pilha ) - V resistência = E ri.i Através desta expressão conclui-se que quanto maior for a tensão, maior é a resistência interna da pilha. Consequentemente, maior será a potência dissipada que será transformada em calor dentro da pilha. Assim, se a tensão da pilha for muito alta, menor será a potência útil. Mesmo que a tensão seja metade da tensão nominal, continua a ser demasiado. O ideal será fazer funcionar uma pilha a um quarto da sua potência máxima. 9

Energia: a energia (W) fornecida por uma pilha corresponde ao integral, em relação ao tempo, da potência que é fornecida para o exterior: W= U*I. dt A energia é máxima quando a potência é fraca para uma tensão elevada o que equivale a uma descarga completa. Influência da temperatura: na maioria das pilhas, quanto maior for a temperatura, maior é condutibilidade do eletrólito e a velocidade da difusão dos reagentes e produtos. Consequentemente, a potência máxima (porque a potência dissipada é menor) da pilha aumenta, o que indica que esta varia de acordo com a temperatura. Se for atingida uma temperatura abaixo de uma certa temperatura limite (varia consoante o tipo de pilha), o funcionamento da pilha é condicionado. O mesmo acontece se for utilizada uma temperatura superior à sua temperatura de funcionamento. Auto descarga: este fator está relacionado com o separador existente nas pilhas. Se este for eficaz, à partida será mais resistente. A corrosão do ânodo é o principal problema aliado à auto descarga. Pilha descarregada: Quando a pilha deixa de produzir corrente elétrica, é sinónimo que esta já se gastou. Isto acontece quando a reação química cessa devido ao esgotamento das substâncias químicas que nela intervinham, como o zinco. A sua corrosão está associada sobretudo à presença do mercúrio na pilha. Até 1989, as pilhas alcalinas continham mais de 1% de mercúrio, até que no ano a seguir começaram a ser fabricadas pilhas alcalinas com menos 0,025% de mercúrio. Se a quantidade desta substância permanecesse superior a 1%, a corrosão do zinco seria muito mais rápida. Além disso, o mercúrio é um metal prejudicial à saúde humana e ao meio ambiente. Por esta razão, já foram desenvolvidas tecnologias para controlar e diminuir os poluentes contidos na pilha alcalina. Portanto, depois de gastas, estas pilhas não necessitam de ser colocadas em aterros especiais, podendo ser despejadas junto com os resíduos domiciliares. 10

Figura 2: Pilha Alcalina Dicionário Visual Da Química. 1996. n o 2403 ; v. VERBO. 11

Essencialmente, existem dois tipos de pilhas, as recarregáveis e as não recarregáveis. Pilhas não recarregáveis alcalinas Também designadas por pilhas primárias. De uso descartável, pois não aceitam recarga. Direcionadas para aparelhos eletrónicos e portáteis com motor (ex: gravadores) O eletrólito é um bom condutor, conduzindo a corrente elétrica a temperaturas que podem atingir os 40ºC negativos. De acordo com o seu estado de carga, a tensão em circuito aberto varia de 1.55V a 1.0V. Em circuito fechado, a tensão decai em função da intensidade da descarga. As pilhas alcalinas são mais caras do que as pilhas secas comuns, dado que mantêm a voltagem constante por um período mais longo e duram cinco vezes mais. Pilhas recarregáveis Também designadas por pilhas secundárias ou acumuladores. Direcionadas para dispositivos eletrónicos mais avançados, eletrodomésticos e indústrias de robótica e telecomunicações. Pilhas robustas e de baixa resistência interna, sendo por isso capazes de oferecer elevadas correntes. Apresentam baixa capacidade de carga. Auto descarga alta. A sua tensão nominal é 1.2V e a voltagem terminal só muda ligeiramente aquando o seu descarregamento. 12

3.3 Pilhas recarregáveis Efeito de memória Este efeito acontece quando a pilha dá sinal de que a bateria está totalmente carregada, quando na verdade isso não se verifica. Então, esta deixa de ser carregada até estar completa. Imagina-se, por exemplo, que uma pilha deste tipo é afetada pelo efeito de memória em cerca de 15% da sua capacidade. Isto significa que quando a carga atingir os 85%, a pilha irá indicar que a carga está completa. Porque e como é que ocorre? A sua ocorrência deve-se ao facto de a pilha ser constantemente recarregada sem estar totalmente descarregada, ou seja, quando ainda existe um resíduo de carga. Com isto, a pilha perde parte da sua capacidade, que corresponde àquele resíduo. Este efeito dá-se devido à formação de pequenos cristais de cádmio, que é estimulada por altas temperaturas. Como evitá-lo? A melhor forma de contornar este obstáculo é não carregar a bateria quando esta ainda não se encontra totalmente descarregada. Além disso, é importante manter as pilhas longe de altas temperaturas, pois as pilhas recarregáveis não se dão sob altas temperaturas. Não obstante, existe um problema relacionado com esta prática as pilhas de NiCd não podem ser totalmente descarregadas, caso contrário danificam-se. A sua descarga completa significa que a tensão que irá ficar abaixo de 1V e as baterias geralmente são formadas por pilhas de 1,2V deste tipo. A tensão nas pilhas de NiCd permanece 1,2V até que a bateria seja descarregada. A título de exemplo, mesmo que na bateria ainda restem 40% da sua carga, cada pilha irá continuar a fornecer 1.2V. Isto não se verifica nas pilhas não recarregáveis, dado que a sua descarga apresenta um gráfico linear, ou seja, se a bateria estiver a 50%, a pilha de 1.5V estará a fornecer não a sua totalidade, mas sim 0.75V. 13

NiMH NiCd Capacidade + - Tensão 1.2V 1.2V Efeito de memória Não tem Tem Poluição Poluente Mais poluente devido à presença do Cádmio. Ciclos de carga e descarga 1000 Ciclos 500 Ciclos, por isso mais económicas Auto descarga 2x mais alta* 1 Alta Densidade energética Cargas e descargas da corrente 140-300W.h/dm 3 50-150W.h/dm 3 Não lidam com cargas/descargas muito rápidas Uso Em baterias de veículos elétricos e dispositivos mais sofisticados. São também exploradas nas indústrias de robótica e telecomunicações. Aguentam cargas/descargas mais rápidas *2 Em telemóveis e outros dispositivos eletrotécnicos Tabela 1: Diferenças entre Pilhas NiCd e NiMH (O conteúdo da tabela resultou da recolha de informação de diversas fontes. O mesmo se aplica à tabela presente na página 17.) *1: Este facto constituiu uma desvantagem dado que esta pode chegar a perder 4% da sua carga por dia, ao passo que as de NiCd perdem cerca de 1% por dia. *2: Estas pilhas estão melhor adaptadas a correntes que exigem um maior descarregamento - até 2 amperes - do que as de NiMH. Por isso, as baterias NiMH não são aconselháveis para dispositivos com altas taxas de descarregamento, uma vez que apenas ofereciam uma pequena fração da sua capacidade. 14

3.3.1 Cuidados a ter com as pilhas recarregáveis em geral Não devem ser expostas ao calor Não devem sofrer choques mecânicos (Ex: queda) A sua utilização para o fornecimento de elevadas correntes, pode constituir um problema de segurança caso algo corra mal. Quer isto dizer que se forem usadas pilhas num determinado equipamento que apresente uma falha, estas irão entrar em curto circuito e, se não existir um dispositivo de segurança que limite a corrente, irão advir graves consequências. Além disso, irá gerar-se um enorme calor no interior da pilha, que sendo secundária não suporta altas temperaturas. Isto irá conduzir a uma diminuição do tempo de vida útil da pilha, ou seja, o número de ciclos carga-descarga diminuirá. Não devem continuar a ser descarregadas abaixo de 1V, sob o risco de se danificarem. As pilhas recarregáveis devem ser guardadas à temperatura ambiente, de forma a evitar que estas entrem em curto-circuito. Não se deve misturar as pilhas, mesmo que elas tenham a mesma capacidade, pois podem ter diferentes tempos de carga e descarga. Assim, só devem ser usadas em conjunto se foram essas que vieram na embalagem. Dado que as pilhas recarregáveis apresentam uma alta taxa de auto descarga, estas devem ser armazenadas em caixas de plástico tipo colmeia com separadores. Este material oferece uma boa proteção. Após o seu carregamento completo, se a corrente de carga for elevada, esta tem ser imediatamente interrompida, caso contrário irão formar-se gases no interior da pilha, sob o risco de esta explodir. Mesmo que isto não aconteça, pois existe um sistema de segurança para evitar a explosão, a liberação dos gases conduzirá à perda de material interno e consequente uma perda significativa de capacidade. 15

3.3.2 Vantagens e Desvantagens das pilhas recarregáveis Vantagens O ciclo completo de uma pilha deste tipo baseia-se na descarga e subsequente recarga. A grande vantagem deste ciclo reside no facto de este poder ser repetido várias vezes, tornando as pilhas secundárias mais económicas. Têm uma resistência interna muito baixa, sendo por isso ideias para o fornecimento de elevadas correntes Ex: motores de ferramentas elétricas Desvantagens A cada ciclo de descarga e carga a capacidade da pilha decresce, ou seja, a sua capacidade de retenção diminui. Normalmente o utilizador apercebe-se deste facto quando a pilha não aguenta muito tempo após ter sido carregada. A perda de capacidade pode resultar do uso incorreto da pilha. 16

3.4 Diferenças entre as pilhas primárias e as pilhas secundárias Alcalina NiMH NiCd Tensão nominal 1.5V 1.2V 1.2V Capacidade de fornecimento da corrente Média Alta Alta Ciclos de recarga Não é recarregável 1000 Ciclos 500 Ciclos Auto descarga Muito baixa Alta Alta Densidade energética 230W.h/dm 3 140 300W.h/dm 3 50-150W.h/dm 3 Poluição Não é Poluente Poluente A mais poluente Descarregamento Sucessivo e linear. A sua tensão decai durante o uso e considera-se descarregada quando esta diminuiu para 60% (0,9V) Mantem o valor da sua tensão durante a maior parte do funcionamento. Considera-se descarregada quando esse valor atinge 1V Tabela 2: Diferenças entre pilhas primárias e secundárias Mantem o valor da sua tensão durante a maior parte do funcionamento. Considera-se descarregada quando esse valor atinge 1V 4.Estudo 4.1.Métodos/Procedimentos Descarregaram-se três tipos de pilhas: A e B, ambas de níquel e metal e X, alcalinas Cada uma delas foi descarregada com três intensidades diferentes Um dos tópicos a variar foi a tensão, por isso, registou-se os seus valores com intervalos de 5 em 5 segundos Outro fator em estudo foi a energia, pelo que se registou, após o descarregamento das pilhas, o valor total de energia, ou seja, o que estas disponibilizaram 17

4.2. Resultados Gráfico 1 Pilha A 300mA 550mA 1100mA Tensão inicial (mv) 1414 1445 1434 Tensão final (mv) 897 891 890 Duração (s) 6840 3905 1975 Intervalos de 5 5 5 tempo Intensidade média 301,511 553,612 1046,51 da corrente (ma) Tabela 3 Pilha B 300mA 550mA 1100mA Tensão inicial (mv) 1416 1466 1424 Tensão final (mv) 896 885 896 Duração (s) 6760 4165 2115 Intervalos de 5 5 5 tempo Intensidade média 300,736 552,22 1039,71 da corrente (ma) Tabela 4 18

Pilha X X1 X2 X3 Tensão inicial (mv) 1524 1532 1500 Tensão final (mv) 900 900 900 Duração (s) 2725 3045 2355 Intervalos de 5 5 5 tempo Intensidade média 546,99083 545,97865 547,12314 da corrente (ma) Tabela 5 X1 - AAA Ultra Alkaline ToyRus; X2 - AAA Alkaline Philips Powerlife; X3 - AAA Alkaline Simply Duracell; 19

Gráfico 2 Pilha A 330mA 550mA 1100mA Energia total (J) 2488,3 2501,4 2164,7 Tabela 6 Pilha B 330mA 550mA 1100mA Energia total (J) 2450,1 2632,6 2217 Tabela 7 Pilha X X1 X2 X3 Energia total (J) 1527,6 1689,3 2217 Tabela 8 20

4.3. Discussão As tabelas 3, 4 e 5 compilam os resultados obtidos do gráfico 1, relativos à variação da tensão em função do tempo. Deste modo, com base nas tabelas, é possível verificar que tanto na pilha A como na pilha B, quando estas são descarregadas com uma intensidade de 550mA, a tensão inicial é superior do que se a sua intensidade fosse de 300mA ou 1100mA, sendo que esta última segue-se no valor maior de tensão inicial. Em contrapartida, a tensão final atingida por cada pilha é maior quando esta é descarregada a 300mA, apesar da diferença ser pouco significativa e, no caso da pilha B, o resultado é igual à pilha descarregada a 1100mA. Contudo, em geral, a pilha que inicialmente tinha uma tensão superior, é a que termina com uma tensão inferior. Por conseguinte, esta apresenta uma auto-descarga mais alta do que as restantes. Comparando com a pilha não recarregável, os seus valores de tensão inicial, como esperado, são superiores às pilhas de níquel e metal. As pilhas alcalinas têm tensões que normalmente rondam os 1,55V, tal como se pode observar na tabela 5. Outro facto importante de mencionar é que, as pilhas alcalinas, após terem sido descarregadas, apresentam todas o mesmo valor de tensão final, o que confirma uma das suas características. Não obstante, com tempos de descarga diferentes. No caso das pilhas recarregáveis, é possível também deduzir que o tempo de descarga das pilhas é tanto maior quanto menor for a intensidade inicial das mesmas, o que não significa que por isso disponibilizem mais ou menos energia. A intensidade média da corrente que atravessa as pilhas, como seria de esperar, aumenta com a intensidade com que estas são descarregadas (tabelas 3 e 4). Porém, as pilhas alcalinas são atravessadas por correntes de intensidade significativamente mais elevadas (tabela 5). As tabelas 6, 7 e 8 apontam para a energia total disponibilizada pelas pilhas (em joules), sendo que, equiparando a pilha A com a pilha B, a última referida apresenta sempre valores superiores de energia. Por outro lado, avaliando a energia em função da intensidade com que foram descarregadas, as pilhas de 550mA são as que exibem maior energia disponibilizada, seguindo-se-lhes as de 300mA e, por último, as de 1100mA. Dentro das pilhas alcalinas, a X2 apresenta maior tempo de descarga e, consequentemente, a que disponibiliza mais energia. Todavia, avaliando a capacidade das recarregáveis com as não recarregáveis, conclui-se que estas últimas, fornecendo menos energia, têm menor capacidade. 21

5. Conclusões Sabe-se que quanto maior for a tensão da pilha, maior será a sua resistência interna, assim como também a potência dissipada, diminuindo, logicamente, a potência útil. Deste modo, conclui-se que tanto na pilha A como na pilha B, a pilha que foi descarregada com uma intensidade de 550mA é a que apresenta maior capacidade, pois é que que tem uma tensão inicial maior e, como foi também a que forneceu mais energia, de acordo com as tabelas 6 e 7, a sua tensão final foi a menor. Posto isto, esta pilha é a que tem uma maior resistência interna, mas também aquela que dissipa mais energia, sob a forma de calor. Assim, são preferíveis as pilhas com correntes de descarga mais baixas pois têm um melhor rendimento. Tal como se pode averiguar através dos dados disponibilizados nas tabelas 6 e 7, as pilhas de 300mA (auto - descarga mais baixa) disponibilizam mais energia do que as pilhas de 1100mA, tendo por isso uma maior capacidade, desperdiçando menos energia útil. Contudo, tudo depende do objetivo do utilizador no momento da compra. Confrontando agora as pilhas alcalinas com as NiMH, conclui-se que as pilhas não recarregáveis apresentam menor capacidade, pois a energia total disponibilizada é menor. Além disso, é visível que os valores relativos à duração dos descarregamentos das pilhas alcalinas é bastante menor, logo a energia disponibilizada também. Comparando a pilha A com a pilha B, observa-se que esta tem ligeiramente uma maior capacidade, tendo fornecido um pouco mais de energia do que a pilha A. 22

6. Referências bibliográficas Alessandro Volta, Inventor Da Pilha Elétrica (1745-1827) - Notícia Inmesol Gensets. 2013. http://www.inmesol.pt/blog/alessandro-volta-inventor-da-pilha-eletrica-1745-1827. Características de Uma Pilha. 2001. Dicionário Visual Da Química. 1996. n o 2403; v. VERBO. Elétrico, C, and CL Jar. Pilhas E Baterias. Ccead.puc-Rio.br, 0 39. Física Laboratorial Ano Lectivo 2003/04 T. 2003. Infopédia. 2014. Pilha Alcalina. Porto: Porto Editora. Accessed October 2. http://www.infopedia.pt/$pilha-alcalina. Nickel cadmium Battery. 2014. http://en.wikipedia.org/wiki/nickelcadmium_battery#memory_effect. Pilha Alcalina. 2007. Eletroquímica. http://eletroquimica223.blogspot.pt/2007/11/pilhaalcalina.html. Rabitti, Antonio. 2014. PILHAS RECARREGÁVEIS. Accessed October 4. http://iflr.tripod.com/. Torres, Gabriel. 2006. A Verdade Sobre as Baterias NiCd. Clube Do Hardware. http://www.clubedohardware.com.br/artigos/a-verdade-sobre-as-baterias-nicd/1207/2. Vaz, Manuel. 1999. Bicentenário Da Invenção Da Pilha Por Alessandro Volta. ELECTRICIDADE, n o 367, June. vives malondro, montserrat. 2004. Electricidade E Magnetismo. Enciclopédia Do Charlie Brown. 84-9789-419-7. 23