NÍVEL DE SAÚDE E ACESSO AOS CUIDADOS DE SAÚDE NAS COMUNIDADES IMIGRANTES DE ORIGEM AFRICANA E BRASILEIRA RESULTADOS PRELIMINARES

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Transcrição:

NÍVEL DE SAÚDE E ACESSO AOS CUIDADOS DE SAÚDE NAS COMUNIDADES IMIGRANTES DE ORIGEM AFRICANA E BRASILEIRA RESULTADOS PRELIMINARES Marta Godinho 1, Mário Carreira 1-2, Violeta Alarcão 1, Noura Abukumail 1, Tatiana Plantier 2, Rui Portugal 1 1 Instituto de Medicina Preventiva, Faculdade de Medicina de Lisboa 2 Direcção-Geral da Saúde

CONTEXTO O conhecimento do nível de saúde das comunidades imigrantes e a caracterização do seu acesso aos cuidados de saúde são importantes para o desenvolvimento de políticas de saúde especificas para estes grupos. Em geral, os estudos realizados em comunidades imigrantes são baseados em amostras de conveniência, obtidas em comunidades relativamente fechadas e mais carenciadas.

OBJECTIVOS 1. Avaliar o nível de saúde das comunidades imigrantes de origem africana dos PALOP e brasileira. 2. Avaliar o seu acesso aos cuidados de saúde e identificar as principais barreiras a um acesso equitativo. 3. Comparar o estado de saúde destas populações com o da população em geral.

POPULAÇÃO E MÉTODOS POPULAÇÃO Comunidades imigrantes de origem africana dos PALOP e brasileira, residentes nos Distritos de Lisboa, Setúbal e Faro. Foram considerados como pertencentes às comunidades imigrantes: todos os imigrantes, mesmo que já naturalizados; descendentes de imigrantes até à terceira geração.

POPULAÇÃO E MÉTODOS AMOSTRAGEM Amostragem por aglomerados (clusters) geográficos em três etapas: Selecção de Concelho Selecção aleatória simples de 20 quadrículas 50 x 50 m por Concelho Selecção sistemática por domicílios na quadrícula

AMOSTRA

FLUXOGRAMA DAS OPERAÇÕES

POPULAÇÃO E MÉTODOS SOFTWARE DE AMOSTRAGEM ARCGIS 9.1 (ESRI) ARCMAP Extensão ET Geowizards (Vector Grid) Extensão Hawth s Analysis Tools ArcToolbox Multimap Google Earth

POPULAÇÃO E MÉTODOS Instrumento de recolha de dados Questionário baseado no Inquérito Nacional de Saúde, com algumas adaptações, composto pelos seguintes módulos: 1. Caracterização demográfica e sócio-económica 2. Trajectória migratória 3. Acesso aos cuidados de saúde 4. Saúde reprodutiva e planeamento familiar 5. Informações gerais de saúde 6. Doenças crónicas

POPULAÇÃO E MÉTODOS Instrumento de recolha de dados (cont.) 7. Consumo de tabaco 8. Consumo de alimentos e bebidas 9. Actividade física 10. Saúde mental e bem-estar geral 11. Saúde oral 12. Despesas de saúde e rendimentos

POPULAÇÃO E MÉTODOS Recolha de dados Os dados foram recolhidos por entrevista aos maiores de quinze anos Os dados dos menores de quinze anos foram fornecidos por um informador privilegiado Os dados dos ausentes foram também fornecidos por um informador privilegiado

RESULTADOS Amostra 4106 entrevistas realizadas até à uma semana nos Distritos de Setúbal e Lisboa Taxa de adesão: 92,9% Analisadas: 2617 África dos PALOP: 1797 Brasil: 810

RESULTADOS Caracterização etária e sexual Idade África dos PALOP: H 47,4% M 52,6% Média da idade 26,4 anos Brasil: H 50,5% M 49,5% Média da idade 28,6 anos

RESULTADOS Estado de saúde % 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 África Brasil Total Origem Muito bom/bom Razoável Mau/Muito mau

RESULTADOS Estado de saúde - PALOP % 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 <15 15-24 25-34 35-44 45-54 55-64 Age groups Muito bom/bom Razoável Mau/Muito mau

RESULTADOS Estado de saúde - Brasil % 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 <15 15-24 25-34 35-44 45-54 55-64 Age groups Muito bom/bom Razoável Mau/Muito mau

RESULTADOS Alteração estado de saúde com a imigração 60 50 40 % 30 20 10 0 África Brasil Total Origem Muito melhor/melhor Nem melhor nem pior Pior/Muito pior

RESULTADOS Índice de massa Corporal % 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 África Brasil Total Origem Normal Excesso de peso/obesidade

RESULTADOS Anti-concepção 70 60 50 40 30 20 10 0 África Brasil Coito interrompido Calendário Vasectomia Laqueação Implante % Anticoncepção oral DIU Preservativo Anticoncepção injectável

CONCLUSÕES A metodologia usada demonstrou uma alta taxa de adesão. Dado ainda não haver resultados definitivos não será recomendável tirar conclusões sobre tendências e diferenças relativamente à população em geral. Contudo, em alguns indicadores parece haver uma tendência para serem semelhantes ou melhores que a população em geral. A análise definitiva será realizada até ao final do ano.