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O RNA As ribozimas Reações catalisadas por ribozimas História Auto- splicing X splicing Íntrons: Grupo I e II Clivagem do RNA Auto Clivagem Estrutura da Ribozima Ribozima Artificiais Conceito da Ribozima Estabilidade Estrutural Reconhecimento do substrato Cinética da Reação Aplicações Quebra de paradigmas Sumário

O RNA O Ácido ribonucléico e sua função (dogma na bioquímica); RNA mensageiro, RNA transportador e RNA ribossômico; Síntese e formação de proteínas. Figura 1. Dogma da bioquímica

As ribozimas RNA é formado por íntrons e éxon e sofre o processo de maturação para se tornar ativo; O termo ribozimas vem da junção do ácido RIBOnucleico com as enzimas; O RNA catalítico apresenta todas as capacidades de RNA acrescidas da capacidade enzimática; Dentre as reações que a ribozima catalisa tem-se: 1. Reação intramolecular (autosplicing); 2. Reações intermolecular.

Reações catalisadas por ribozimas Tabela 1. Reações catalisadas por ribozimas associadas aos respectivos RNAs Atividade Clivagem de RNA, ligação de RNA Formação da ligação peptídica na síntese proteica Clivagem de DNA Fosforilação de RNA Rotação de ligação C-C (isomerização) Ligação do DNA Ribozima RNAs de autosplicing RNAs ribossomal RNAs autosplicing RNA selecionado in vitro RNA selecionado in vitro RNA selecionado in vitro

História Em 1980, na Universidade do Colorado, Thomas Cech e colaboradores desenvolviam estudo com genes do RNA ribossosomico (RNAr) da Tetrahymena thermophila (protozoário); Condições mínimas para ocorrência splicing; Na ausência total de proteínas ocorria o splicing; Necessitava apenas de íons Mg e guanina; Figura 2. Prof. Dr. Thomas Cech.

Figura 3. Prof. Dr. Sidney Altman. História Em 1983, Grupo de Sidney Altman, confirmou a existencia de ribozima; Realizou-se estudos com a ribunuclease P (RNase P) de E. Coli; In vitro catálise por RNA independe da subunidade protéica; In vivo não se tem a confirmação de que a parte ribonucléica atua sozinha; Ribossomo é uma ribozima; Thomas e Sidney receberam juntos o nobel de quimica 1989.

Auto Splicing x Splicing Retirada dos íntrons; Seleção das partes codificantes (éxons); Facilitar a tradução dos peptídeos e proteínas; Tornar o RNA funcional; Íntrons e éxons. Figura 3. Processo de Splicing

Pode ocorrer no núcleo, mitocôndrias, cloroplasto e bactérias; Catalisados pelos íntrons (ribozimas); Ocorre no spliceossoma; snrnas e snrnps.

Íntrons: Grupo I e II I rrna de protozoários; Requer um nucleotídeo ou nucleosídeo de guanina como cofator. Figura 4. Auto splicing Íntron Grupo I

Íntrons: Grupo I e II II O nucleófilo inicial é o grupo hidroxil 2 de um resíduo de adenina dentro do próprio íntron; Forma-se um estrutura em forma de laço como intermediário. Figura 4. Auto splicing Íntron Grupo II

Clivagem Pareamento de base Clivagem Liberação do produto

Auto clivagem (direita) Ribozima que realiza reação de autoligação forma ligação fosfodiéster, librerando pirofosfato (esquerda) Ribozima que realiza autoclivagem Figura 10. Molécula de RNA que se dobra em duas diferente ribozimas10

A estrutura das Ribozimas Figura 11. Exemplos de estruturas de ribozimas

Ribozimas artificiais A primeira ribozima artificial foi descoberta em 1990; Uma nova variedade de reações catalisadas; Aplicações para entender melhor ribozimas naturais e também para diversas outras aplicações.

Ribozimas artificiais Figura 12. Exemplos de reações com ribozimas artificiais

Como surgiu o conceito de ribozima? Transcrição in vitro testou a atividade de RNAs catalíticos modificados; Resultado: obtenção de íntrons com comportamento enzimático; Ação sobre outras moléculas sem ser modificado e ser recuperado ao final.

Estruturas das ribozimas Possui estrutura primária, secundária e terciária, assim como as proteínas; Estrutura primária: sequência de nucleotídeos; Estrutura secundária: pareamento entre sequências complementares; Estrutura terciária: produto de interações eletrostáticas em regiões distantes na sequência primária; A estrutura tridimensional do RNA exerce papel essencial na excisão. Figura 13. Estrutura da ribozima.

Estabilidade Estrutural Em enzimas: interações terciárias e de interações hidrofóbicas no interior das moléculas; No RNA: estruturas secundárias, enquanto as terciárias são fracas; Ribozimas: precisam do auxílio de íons bivalente.

Reconhecimento do substrato O centro ativo é uma estrutura tridimensional onde o substrato se liga por atrações fracas; Reconhecimento por complementaridade de bases e interações por pontes de hidrogênio; Alta especificidade. Figura 14. Ribozima.

Cinética da Reação Comportamento se ajusta ao modelo de Michaelis- Menten, assim como o comportamento das enzimas; Exceção: auto splicing; Exemplo: ribozima L-19 IVS RNA; Reversibilidade afirma o poder de catálise, pois diminui a energia de ativação; Reação in vivo é mais rápida do que in vitro. [SS] VV = VV mmmmm [SS]KK MM

Enfim, quais são os RNA catalíticos? Atualmente se tem conhecimento de inúmeros outros RNAs cataliticos, sendo alguns deles: RNA ribossomal; RNA satélites; RNase P; RNAs autocatalíticos de: mamíferos, E. Coli, Saccharomyces cerevisae, genoma do vírus da hepatite delta (HDV) e demais; Estudos a respeito das ribozimas estão sendo realizados e as descobertas permitem conhecer cada vez mais tipos de RNAs catalíticos.

Figura 16. Ilustração Aplicações Figura 15. Engenharia genética Degradando RNA; Passagem do in vitro para in vivo; Desenvolvimento de condições específicas para as ribozimas melhor atuarem. Engenharia genética; Desenvolvimento de ribozimas artificiais; Aplicações terapêuticas na luta contra vírus do HIV; Inativando certos genes;

Quebra do paradigma Com o conhecimento das ribozimas pode-se concluir o paradigma ácidos nucléicos ou proteínas; Acredita-se que no mundo pré biótico o RNA catalítico foi o primeiro material genético. Figura 17. Relação paradigma da vida e da bioquímica

Referências NELSO, D. L; COX, M. M.; Princípio de Bioquímica de Lehninger, 5ª ed., Artmed, Porto Alegre, 2011. Santos, D., Ribozima: RNA Super star, 2011. ALBERTS, B. et al. Biologia Molecular da Célula. 5 ed. Porto Alegre: ArtMed, 2010. 1054p VOET, Donald; VOET, Judith G. Bioquímica. 4. ed. Porto Alegre, Artmed, 2013.