Assédios moral e sexual também acontecem na TI

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Transcrição:

Assédios moral e sexual também acontecem na TI À primeira vista, pode parecer contraditório que em um setor altamente tecnológico, como o de TI (Tecnologia da Informação), possa existir práticas retrógradas no ambiente do trabalho e no relacionamento com os trabalhadores. No entanto, a realidade nos mostra que não é. CLIQUE AQUI para ver a cartilha sobre assédio moral do Sindppd/RS Independente de ser da TI ou não, no mundo moderno do trabalho os assédios, entre eles o ASSÉDIO MORAL, têm inclusive aumentado com o emprego de máquinas cada vez mais novas, mais rápidas e mais produtivas. Infelizmente, quanto mais as empresas empregam tecnologia, mais exigem produtividade e cumprimento de metas a fim de bater a concorrência ou compensar o dinheiro investido nas máquinas ou nos sistemas modernos. E essa pressão acaba estourando nos trabalhadores. Numa situação de crise financeira e de desemprego como a que enfrentamos no Brasil (e no Rio Grande do Sul também), o aperto e a pressão sobre os trabalhadores para conseguir uma maior produtividade em menos tempo é mais densa. E ocorre de forma ainda mais perversa, pois muitos empresários se utilizam do desemprego e do temor das pessoas em ficarem desempregadas para precarizar as condições de trabalho e economizar um pouco mais.

Nessa realidade, a prática de assédio moral, que já tem se tornado comum, em tempos de crise ocorre quase que de forma deliberada. O Sindppd/RS recebe inúmeras reclamações de trabalhadores da TI, tanto da Capital quanto de empresas do interior, que acabam configurando situações de assédio moral. O que é o assédio moral e quando acontece É uma forma de violência no trabalho que consiste na exposição prolongada e repetitiva dos trabalhadores a situações vexatórias, constrangedoras e humilhantes, praticadas por uma ou mais pessoas. Ocorre por meio de comportamentos com o objetivo de humilhar, ofender, ridicularizar, inferiorizar, culpabilizar, amedrontar, punir ou desestabilizar emocionalmente os trabalhadores, colocando em risco a sua saúde física e psicológica, além de afetar o seu desempenho e o próprio ambiente de trabalho. Para que sejam caracterizadas como assédio, essas ações devem ser um processo frequente e prolongado; se ocorre apenas uma vez, é classificada como DANO MORAL. O assédio pode assumir tanto a forma de ações diretas (acusações, insultos, gritos, humilhações públicas) quanto indiretas (propagação de boatos, isolamento, recusa na comunicação, fofocas e exclusão social). Pode se dar do chefe para seu(s) subordinado(s), do(s) subordinado(s) para seu(s) superior(es), entre os colegas de trabalho ou podem ser mistas (entre superiores, colegas e/ou subordinados). O assédio também pode ocorrer de forma INTERPESSOAL (entre trabalhadores, no sentido de um eliminar o outro) ou de forma ORGANIZACIONAL, quando configura uma política da empresa (tem a finalidade de atingir o trabalhador por meio de estratégias organizacionais de constrangimento, com o objetivo

de melhorar a produtividade e reforçar o controle). Inúmeros são os exemplos de casos de assédio moral no trabalho, tais como: ameaça constante de demissão, preconceito contra trabalhadores doentes ou acidentados, constrangimento e humilhação públicas, autoritarismo e intolerância de gerências e chefias, imposição de jornadas extras de trabalho, espionagem e vigilância de trabalhadores, desmoralização e menosprezo de trabalhadores, assédio sexual, isolamento e segregação de trabalhadores por parte de gerências e chefias, desvio de função, insultos e grosserias de superiores, demissões por telefone, telegrama e e-mail, perseguição através da não promoção, calúnias e inverdades dissimuladas no ambiente de trabalho por chefias, negação por parte da empresa de laudos médicos ou comunicações de acidente, estímulo por parte da empresa à competitividade e ao individualismo, omissão de informações sobre direitos do trabalhador e riscos de sua atividade, discriminação salarial segundo sexo e etnia, ameaça a sindicalizados, punição aos que recorrem à Justiça, dificultar a entrega de documentos ao trabalhador. Na nossa área da TI, os relatos que recebemos é de assédio moral praticado, em sua grande maioria, por chefias ou gerências que efetivam a política e os objetivos da empresa de maior lucro e do atingimento de metas. Muitas empresas controlam a ida ao banheiro, como especialmente ocorre no suporte, dificultando a saída do funcionário ou até mesmo chegando ao absurdo de estipular os horários que os trabalhadores poderão fazê-lo (como se o biológico do corpo humano respeitasse horários de forma geral). Uma prática que é totalmente ILEGAL, conforme trata a Norma Regulamentadora Nº17 (NR-17), que tem força de lei: Com o fim de permitir a satisfação das necessidades fisiológicas, as empresas devem permitir que os operadores saiam de seus postos de trabalho a qualquer momento da jornada, sem repercussões sobre suas avaliações e remunerações (NR-17 anexo 2, item 5.7). Em diversos casos, os funcionários que não se submetem a essas

ordens ilegais das empresas são repreendidos e advertidos, acabando por entrar na lista negra das demissões, ou são descontados. Já é comprovado por estudos e, inclusive, advertido por médicos que não ir ao banheiro quando se tem vontade e se segurar por tempo prolongado pode provocar infecção ou incontinência urinária e, inclusive, a formação de pedra na bexiga. Ainda na parte do suporte, é comum também a falta de cuidado com a manutenção e o uso de fones de ouvido (se utilizado por horas ininterruptas com volume alto, a pessoa pode desenvolver zumbido ou perda auditiva); o desrespeito com a altura das cadeiras e a incidência de energia elétrica das lâmpadas, não permitindo ou deixando de conceder a pausa legal durante a jornada (no mínimo 1h e no máximo 2h). Um sério problema enfrentado por todas as áreas da TI é a obrigação do cumprimento de metas (seja de produção, seja de atendimento) e de prazos que as empresas determinam e que não são humanamente tangíveis ou que, para serem alcançadas, é preciso que o funcionário trabalhe além de sua jornada várias vezes e fique com fadiga física e mental. A pressão para alcançar as metas e os prazos ocorre explicitamente, via xingamentos e ordens orais ou escritas; via qualquer tipo de repreensão, exposição ou penalidades para times ou grupos de trabalhadores que não atingiram as metas. E também de forma subjetiva, escondida, com a ameaça de desemprego caso não sejam alcançadas, algum tipo de perda de remuneração entre outros. As consequências são físicas, como lesões por esforços repetitivos (as LER), tendinites e burcites, dores de cabeça, dores e inflamações no estômago e no fígado, problemas na coluna, e principalmente psicológicas, que também acabam por atingir o físico: transtorno de ansiedade, síndrome do pânico, depressão, alcoolismo, uso deliberado de medicamentos contra a dor (alguns podem provocar dependência) e de narcóticos.

Assédio moral não acontece por CULPA do trabalhador Outra face perversa do assédio moral é que atinge diretamente a autoestima do trabalhador. Ao não conseguir atingir as metas ou prazos desumanos, o funcionário acha que não conseguiu devido à incapacidade sua, ou por falta de mais qualificação, de mais cursos, por não ter trabalhado ainda mais tempo em cima de determinado projeto etc. E assim surge a CULPA, que entra no bolo e só contribui para deixar o trabalhador ainda mais vulnerável às doenças. E o deixa mais vulnerável a se submeter aos desmandos da empresa que se utiliza ou que permite a prática do assédio moral. Muitas vezes, as empresas se utilizam ou permitem o assédio moral para resolver alguns problemas, como forçar um trabalhador indesejável a pedir demissão, o que evita custos à organização (como não pagar multas rescisórias). Esse tipo de assédio geralmente se dá por meio de práticas abusivas, tais como cobranças exageradas e persistentes ou o estabelecimento de metas abusivas e crescentes por parte de gestores ou representantes da organização, com o intuito de alcançar objetivos organizacionais. Não por acaso, a maior parte das trabalhadoras brasileiras já foi vítima de assédio nos locais de trabalho Historicamente, as mulheres ocupam uma posição social em desigualdade de condições em relação aos homens. As mulheres ainda hoje são consideradas como inferiores, embora

formalmente tenham adquirido os mesmos direitos civis e políticos. Uma das maiores provas disso é o fato de que o aumento de escolaridade da mulher não significou em aumento da valorização profissional. Apesar de ela estar muitas vezes mais qualificada do que o colega, ela não ocupa a mesma posição na empresa e nem recebe salário igual, embora exerça as mesmas funções. São as mulheres que possuem maior índice de rotatividade no emprego e, em muitas vezes, são bastante suscetíveis ao absenteísmo. A obrigação de cuidado da família e da casa, que ainda cabe à mulher na maioria dos lares brasileiros, implicou no ingresso tardio delas no mercado formal de trabalho, o que fez com que elas usufruíssem de condições mais desvantajosas em relação ao trabalhador do sexo oposto. O fato de as mulheres poderem engravidar e ter filhos leva, por vezes, as empresas a imporem as trabalhadoras a não engravidarem, deixando-as assim com receios e medo da perda ou garantia do emprego. A colocação profissional das mulheres negras também é reflexo do papel social que lhes fora imposto na formação da sociedade brasileira. Em diversas empresas em que predomina a mão de obra feminina, a maior parte das vítimas de assédio moral são as mulheres negras. O assédio se dá a partir de práticas discriminatórias reiteradas, na forma de piadas e comentários pejorativos, entre outros, além de elas já realizarem as tarefas mais pesadas em relação às tarefas destinadas às mulheres brancas.

Mulheres e o assédio sexual Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) indicam que 52% das mulheres economicamente ativas já foram assediadas sexualmente. Ainda hoje, as mulheres são consideradas como objeto do prazer sexual masculino, prevalecendo a ideia enganosa de que dizem não, querendo dizer sim. Em uma pesquisa intitulada de Elefante no Vale, que detalha experiências de assédio sexual e moral em empresas do Vale do Silício, 60% das mulheres que trabalham com T.I. já sofreram assédio sexual. O assédio sexual é constituído por atos, insinuações, contatos físicos forçados, convites inconvenientes, que se apresentem como condição clara para manter o emprego, influenciar em promoções, em prejuízo ao rendimento profissional, que causam humilhação, insulto ou intimidação. Diferente das mulheres, os casos de assédio sexual contra os homens é minoria. Quando ocorre, eles possuem dificuldades para exporem a violência sofrida, predominando o sentimento de fracasso, de inutilidade. Já nas mulheres, predomina o sentimento de tristeza, ansiedade, sentem vontade de chorar, sofrem alterações no sono, têm tremores e medo ao avistar o agressor e buscam, nas bebidas alcoólicas, a forma de esquecerem o ocorrido. O assédio sexual é difícil de ser comprovado pelo fato de envolver apenas duas pessoas: o assediador e o assediado. Sem contar que muitas vítimas, por receio, preferem o silêncio, com medo de perder o emprego principalmente se dependem dele para seu sustento e o da família, e aí são inevitáveis as consequências psicológicas, como a depressão.

Empresas de TI impedem entrada do Sindppd/RS para falar com os trabalhadores. Por que será? Outra prática muito comum de assédio moral, que também é antissindical, é o cerco que muitas empresas, chefias e até mesmo trabalhadores fazem aos seus próprios colegas, de inibir a organização sindical. Especialmente no setor privado impera a CULTURA DO MEDO, na qual, por meio da ameaça explícita ou velada de demissão, as empresas não permitem que o Sindppd/RS entre em contato com os trabalhadores; de cercear e marcar quem participa de assembleias em frente às empresas ou até mesmo quem sequer para para falar com o sindicato. Os trabalhadores têm MEDO de até mesmo entrar em contato com o Sindppd/RS, pois temem que a empresa descubra ou desconfie disso e o coloque no meio da rua. Tanto é que a alta tecnologia empregada no nosso setor não é sinônimo de relações trabalhistas mais avançadas, já que as empresas usam essa própria tecnologia para monitorar as ações de seus funcionários em seus locais de trabalho. Além disso, os maiores polos de tecnologia e da TI do RS, que são o TECNOPUC (PUCRS/ Porto Alegre) e o TECNOSINOS (Unisinos/ São Leopoldo) não permitem a entrada do Sindppd/RS nem no pátio, o que dificulta bastante a comunicação do sindicato com os trabalhadores do polo. Nesses dois locais, por exemplo, estão a STEFANINI e a HCL, duas empresas que recorrentemente descumprem a Convenção Coletiva da TI do RS e leis trabalhistas. Polos tecnológicos, locais que são celeiro de novas tecnologias, com posturas antissindicais do século 19.

O que fazer se você é vítima de ASSÉDIO MORAL OU SEXUAL O trabalhador ou a trabalhadora vítima de assédio deve coletar o máximo de dados que comprovem essa prática. Anote a data do ocorrido, os nomes e contatos das pessoas que presenciaram o fato e o que aconteceu exatamente. Faça cópias dos e-mails que registram a situação de assédio moral, grave vídeos do assédio ou das conversas. Não atue de forma isolada, mas sim COLETIVA. Informe aos seus colegas que você está sendo assediado (a). Una-se aos colegas que também sofreram assédio. E denuncie o caso à Secretaria Geral do Sindppd/RS pelo e-mail secretariageral@sindppd-rs.org.br ou pelo telefone (51) 3213-6122 ou à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE), que fica na Avenida Mauá, 1013 Centro de Porto Alegre/RS ou pelo telefone (51) 3213-2800. No interior do RS, as denúncias podem ser feitas nas Gerências Regionais do Trabalho, nas Procuradorias do Ministério Público do Trabalho (MPT) e também na Justiça do Trabalho da sua cidade. Além disso, nos casos de assédio sexual as denúncias devem ser feitas por meio de registro em Boletim de Ocorrência (BO) policial nas Delegacias de Polícia mais próximas. O Sindppd/RS dispõe de assessorias em SAÚDE e JURÍDICA, as quais podem ajudá-lo a detectar o problema e dar o melhor encaminhamento em sua defesa e na de seus colegas. Na assessoria em SAÚDE, contamos com o serviço do psicólogo Antonio Jane Cardoso. Acesse o plantão com atendimento gratuito no sindicato: http://www.sindppd-rs.org.br/saude/ Veja aqui como acessar o plantão jurídico do Sindppd/RS: http://www.sindppd-rs.org.br/juridico/

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