FERIADO EM SÃO PAULO NA COPA

Documentos relacionados
Curitibanos são a favor de feriados em dias de jogos da Copa, mas decisão foi adiada

Ano I Nº 5 Dezembro de 2004 Para pensar o Salário Minimo


Gerência de Estudos Econômicos

Pedro Trengrouse: A Copa e o Brasil

Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul. M A N I F E S T O sobre o art. 64 da Lei de 05 de junho de 2012

O MTUR e a Copa 2014 Copa do Mundo da FIFA 2014 Encontro Econômico Brasil- Alemanha 2009 Vitória ES - Brasil 30 de agosto a 1º de setembro

Análise Projeto de Lei ao Orçamento (PLOA) ano 2012

Nova gestão nem começou e governo federal já ataca direitos trabalhistas

Copa do Mundo 2014: Oportunidades e uma síntese da preparação do país

Estudo prevê potencial para reforma trabalhista criar 2,3 milhões de vagas

OS DESAFIOS DO CONGRESSO PARA 2017 LEGISLAÇÃO TRABALHISTA HÉLIO ZYLBERSTAJN FEA/USP E FIPE

Exploração sexual infantil no entorno do Itaquerão

DESCRIÇÃO DO PROJETO. 1 1 Segundo Cooper (2001), os efeitos diretos das atividades turísticas são os gastos realizados

56% dos empresários esperam vender mais com a realização da Copa do Mundo, mostra SPC Brasil

Prioridades e Recomendações ( ) Relações do Trabalho

FECOMÉRCIO VEÍCULO: BLOG TRIBUNA DE NOTÍCIAS DATA:

Mais de 50 propostas para tornar. As empresas mais competitivas A economia mais produtiva O País mais atrativo

PESQUISA DE FINAL DE ANO 2012

VICE-PRESIDENTE DA FIESP PRESIDENTE DO CONSIC CONSELHO SUPERIOR DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO PRESIDENTE DO SINPROCIM / SINAPROCIM

OS VERDADEIROS MOTIVOS E CONSEQUÊNCIAS DA ATUAL PROPOSTA DE REFORMA DA PREVIDÊNCIA

Variação do Produto Interno Bruto - PIB no ano de 2010

Expectativas para o Carnaval Área de Estudos Econômicos

Indicador de vendas e de inadimplência

Impacto do aumento do salário mínimo nas contas municipais

EM NEGÓCIOS DOIS CONCEITOS SÃO FUNDAMENTAIS

O Desafio da Competitividade: Plano Brasil Maior

Encontro de Lideranças 17/08/2015 APRESENTAÇÃO DO SINICON SOBRE O EMPREGO E OS IMPACTOS DA CONSTRUÇÃO PESADA NA ECONOMIA

O PREPARO DO MICRO E PEQUENO EMPRESÁRIO PARA A APOSENTADORIA

Expectativas para o Carnaval

MICROECONOMIA PARA ADM* MARIA ISABEL BUSATO

SALÁRIOS, REAJUSTES E PAGAMENTO

A UNIÃO EM PROL DAS EMPRESAS DO AGRONEGÓCIO

MUNDIAL DE FUTEBOL MOVIMENTARÁ R$ 252 MILHÕES NO SEGMENTO DE BARES E RESTAURANTES NO BRASIL

Debate Menos Gargalos e Mais Empregos Grandes obras e sua capacidade de geração de empregos

VII SITRAER Simpósio de Transporte Aéreo. Rio de Janeiro 27 de novembro de 2008

O aumento dos Senadores e Deputados Federais e seu impacto nas outras esferas

TEMA : SIMPLIFICAÇÃO E DESBUROCRATIZAÇÃO. REGIONAL OESTE Ação: SALA DO EMPRESÁRIO EM CASCAVEL PR. 1.Breve caracterização municipal

SALÁRIOS, REAJUSTES E PAGAMENTO

Em defesa da manutenção do salário mínimo vinculado às aposentadorias

Modernização da Lei Trabalhista Brasileira

Ajuste Fiscal em 2011.

milhões e milhões para os bancos, aquisições/privatizações de serviços, PPP s, pagamento de juros da dívida.

O AUMENTO DOS SENADORES E DEPUTADOS FEDERAIS E SEU IMPACTO NAS OUTRAS ESFERAS

FECOMÉRCIO VEÍCULO: NOVO JORNAL DATA: EDITORIA: VICENTE SEREJO

Coordenação de Serviços e Comércio COSEC 07/2017

O levantamento constatou que 58,7% dos consumidores de Assú pretendem realizar compras no período natalino, tendo um gasto médio de

ILAESE. GERDAU Siderúrgica Açominas e Mineração

Copa das Confederações

Número 75 Setembro de A geração de riqueza no setor bancário e seu impacto na renda do trabalho

A TERCEIRIZAÇÃO NO BRASIL

Estratégia social-desenvolvimentista ( ) e o ano Brasília, Junho de 2015 Ricardo Bielschowsky, IE-UFRJ

CARTILHA EXPLICATIVA DA CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO DO COMERCIO VAREJISTA DE PETRÓPOLIS ANO 2018/2019

Pesquisa Anual de Comércio 2010

TBELA DA CONTRIBUIÇÃO SINDICAL

INTENÇÃO DE GASTOS DE COMEMORAÇÃO DURANTE O FERIADO DE CARNAVAL DE RESIDENTES DE CAMPO GRANDE - MS

Novo estudo mostra que universalização do saneamento básico em 20 anos traria ao país benefícios econômicos e sociais de R$ 537 bilhões

Setor de Construção Pesada no Brasil. 27 de abril de 2015

Panorama Geral da crise grega:

EVOLUÇÃO DO EMPREGO E IMPACTOS DA CONSTRUÇÃO PESADA NA ECONOMIA

Intenção de Compras Dia dos Namorados 2016

Resultados de agosto 2018

Potencial da Indústria do Esporte no Brasil

REFORMA TRABALHISTA A FECOMÉRCIO EXPLICA PARA VOCÊ. COMO FICA COM A REFORMA?

Condições sociais e de emprego dos trabalhadores do grupo Endesa no Brasil


12 cidades-sede; sede;

Avaliação dos Impactos econômicos. do Turismo de Eventos em Porto Alegre

BOA TARDE!! Obrigado pelo convite e pela presença.

FEDERAÇÃO DO COMÉRCIO DO ESTADO DA BAHIA

Resultado de Vendas do período de volta às aulas 2016

Copa das Confederações

Cost Plus Fee Assessoria e Consultoria Empresarial

Algumas notas sobre o Orçamento de Estado para 2014

Dados estatísticos revelam o perfil da mão-de-obra, o desempenho e a participação no contexto nacional do setor gráfico do Estado de Minas Gerais

Número 106 Dezembro de 2011 Revista e atualizada em Janeiro de Política de Valorização do Salário Mínimo:

Resultados de junho 2014

Expectativas do Comércio Varejista Dia das Crianças 2018

Pesquisa de Opinião do Comércio Varejista. Impacto das Manifestações em Belo Horizonte

Pesquisa de. Final de Ano. Pesquisa realizada pelo Instituto Fecomércio de Pesquisa Fecomércio-RS

EVOLUÇÃO DO EMPREGO E IMPACTOS DA CONSTRUÇÃO PESADA NA ECONOMIA

Cartões de Crédito A Visão do Comércio Varejista. Fecomercio

Mobilidade Urbana. Opinião do empresário Área de Estudos Econômicos

BENCHMARKING EM TURISMO

O Brasil tem jeito? Prof. José Pio Martins - Economista Reitor da Universidade Positivo

EVOLUÇÃO DO EMPREGO E IMPACTOS DA CONSTRUÇÃO PESADA NA ECONOMIA

Metalúrgicos da CUT injetarão R$ 2 bilhões na economia com o pagamento do 13º salário de 2011

Resultados de agosto 2014

Relatório de Intenção de compras de Natal

Companhias de 56 segmentos que desde 2011 foram beneficiadas com redução de encargos sobre a folha de pagamento agora perdem parte dessa vantagem

A perversidade da Terceirização para os trabalhadores

RECURSOS FINANCEIROS PARA AS COMPRAS DE NATAL NOVEMBRO 2017

CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO 2015/2016

Setor Externo: Otimismo Incipiente

Douglas Fabian. Bacharel em Administração. MBA Gestão Estratégica de Pessoas

1-Inflação acumulada desde junho de 2006 até maio de

ANTECIPAÇÃO SALARIAL ABRIL/2014

FONTES DE RECURSOS FINANCEIROS DOS SINDICATOS PATRONAIS PÓS REFORMA TRABALHISTA - ASPECTOS JURÍDICOS E LEGAIS

ESPECIALISTAS EM PEQUENOS NEGÓCIOS

Transcrição:

FERIADO EM SÃO PAULO NA COPA O projeto de Lei do Executivo relativo aos feriados na Copa, só pode ser uma brincadeira de mau gosto. O PL 185/2014, que declara feriado municipal no dia 12 de junho, data da abertura dos jogos, mas que também abre a possibilidade do prefeito declarar feriado os demais dias de jogos em São Paulo, tem como principal argumento atender exigências técnicas de fluxo para evitar concentração de pessoas que retornam do trabalho com aquelas que se dirigem ou voltam dos aludidos eventos, garantindo a redução expressiva do trânsito, impedindo eventual colapso do sistema viário. A Prefeitura pensou numa possível solução, mas não as consequências desastrosas que isso vai gerar. Se o Executivo fosse um médico, seria um péssimo profissional, pois iria administrar um remédio sem se importar com os efeitos colaterais arrasadores. Neste caso, se o feriado for aprovado, causará um forte impacto na economia da nossa cidade, com grandes prejuízos à indústria, ao comércio e aos serviços. Estudo desse impacto junto ao empresariado foi feito Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FECOMERCIO-SP), entidade Sindical que congrega 154 Sindicatos, e nos causa preocupação. Intitulado "Custos dos feriados no período da Copa do

Mundo", o documento ressalta o aumento do valor da hora que o empresariado terá de pagar para quem trabalhar nessas ocasiões. A Fecomércio destaca ainda que o funcionamento de empresas nos dias decretados feriados durante a Copa do Mundo resultará em pesados custos adicionais ou seja 100% pelo trabalho em cada feriado e mais 37% pelos encargos sociais. Por outro lado, se não houver atividade, o PIB nacional será reduzido em virtude do não funcionamento das empresas, e dificilmente será recuperado. Especificamente em relação à cidade de São Paulo, o estudo mostra que o custo diário dos salários neste ano de 2014, com 252 dias trabalhados, será de R$ 410,7 milhões. Caso seja decretado feriado, cada dia custará a mais ao empresariado nada menos que R$ 152 milhões de encargos. Ou seja, cada feriado na Copa passará a custar ao empresariado cerca de R$ 563 milhões por dia aos empresários. Caso tenha cinco feriados, o custo totalizaria a R$ 2,8 bilhões! Por outro lado, o PIB perdido pela cidade de São Paulo se 10% das empresas deixassem de trabalhar será de R$ 192 milhões por dia ou R$ 958 milhões caso sejam cinco feriados na nossa cidade.

A estimativa da FECOMERCIO de São Paulo indica que as cidades-sede da Copa do Mundo reúnem quase 36 milhões de habitantes, das quais 17 milhões têm empregos formais, o que representa R$ 1,2 trilhão em PIB e mais de R$ 300 bilhões anuais em rendimentos salariais. O País tem PIB de R$ 4,5 trilhões, quase 100 milhões de pessoas empregadas e uma massa de rendimentos salariais de R$ 1,1 trilhão. Se ocorrerem os 54 feriados previstos, considerando as 12 cidades-sedes, relativos ao evento esportivo e, se ainda fossem decretados feriados nacionais e a seleção brasileira chegasse à final, teríamos o equivalente a 64 dias de feriados. A soma dos gastos adicionais com salário apenas nos 57 feriados nas cidades-sedes da Copa chega a R$ 94 bilhões. Com a adição dos feriados nacionais, o custo de todos os dias de feriados trabalhados atinge nada menos que R$ 136 bilhões. Esse montante mostra o quanto já é penalizada a classe produtiva, que gera emprego e contribui para o crescimento do nosso país, mas que não está sendo ouvida pela Prefeitura. Caso não haja trabalho nos feriados, não haverá custo adicional na folha de pagamento, mas ocorrerá uma quebra de produção que, em tese, será convertida em aumento de custo unitário e de comercialização, resultando na redução da competitividade nacional.

O estudo aponta ainda que, para cada 10% de trabalhadores ou de empresas que não funcionem nos feriados nacionais, caso decretados, a perda para as cidades-sede da Copa e para o País seria de quase R$ 15 bilhões ou pouco mais de 0,3% do PIB. Se fosse considerada a totalidade das empresas, a perda atingiria mais de 3% do PIB. Caso sejam decretado feriados, muitas empresas terão apenas duas alternativas ou fecham para não aumentar seus custos, levando à redução do crescimento do País, ou arcam com o custo adicional para manter as portas abertas. É inegável que a sequência de feriados em função da Copa do Mundo traz benefícios para alguns setores e locais, mas também grandes prejuízos para outros. Diante desse gigantesco impacto na economia da cidade, a prefeitura, que já provou não ser um bom administrador, deveria interferir o menos possível no setor produtivo. Assim, ao invés de decretar feriados em São Paulo, deveria sim decretar ponto facultativo, deixando a critério dos empresários a possibilidade da redução da jornada trabalho. A instituição do feriado também causa apreensão ao Sindilojas, que congrega 40 mil empresas do comércio varejista. Um documento divulgado

pela entidade afirma que há tempos o setor se preparou para receber muito bem o turista, oferecendo-lhe toda comodidade, mas também visando a lucratividade. O documento do Sindilojas também observa que os 40 mil lojistas já fizeram todo o planejamento para permitir que seus funcionários assistam aos jogos e, ao final, reiniciem o trabalho e os lojistas continuem suas atividades normalmente. Não se deve atingir a classe empresarial de toda cidade e tentar tapar com a peneira um problema crônico de São Paulo que é a falta de mobilidade. O custo dos feriados para a cidade é alto demais e esse projeto de Lei 185/2014 precisa ser repensado. A Prefeitura precisa reconhecer que preparou a Copa, mas não preparou a cidade para a Copa. Da mesma forma, a Prefeitura precisa repensar sobre a suspensão da aplicação do dispositivo do artigo 1º da Lei nº 12.402/1997 e no artigo 1º da Lei nº 14.726/2008, que vedam a venda de bebidas alcoólicas dentro dos estádios. Apesar de todo clima de festa e confraternização que deve prevalecer nas arenas é no mínimo temeroso essa liberação, pois pode levar a abuso daquela pequena parcela de torcedores. Para coibir esses casos é preciso desde já estabelecer medidas de prevenção e de contenção desse tipo de torcedor.